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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Graduação em Contabilidade Disciplina: Analise de Balanço Professora: Mônica Lima TÉCNICAS DE ANÁLISES Exame e padronização das demonstrações contábeis • Análise das demonstrações contábeis conforme a legislação das sociedades anônimas: – balanço patrimonial; – demonstração de resultado do exercício. Determinadas contas podem ser apresentadas com nomenclaturas diferentes pelas empresas, como disponível ou caixas e bancos. Outros exemplos são clientes ou duplicatas a receber ou contas a receber, em que todas as contas têm os mesmos objetivos, ou os casos de tributos a recolher, IPI, ICMS a recolher, INSS a recolher e encargos previdenciários a recolher. Somente analistas experientes e/ou de acordo com as notas explicativas poderão elucidar tais dúvidas. Na conta clientes, muitas empresas já subtraem a provisão de devedores duvidosos, enquanto outras preferem apresenta‑lá junto ao ativo circulante como conta devedora. Exame e padronização das demonstrações contábeis Matarazzo (2003) recomenda: Antes de iniciar a análise, devem‑se examinar detalhadamente as demonstrações financeiras. Esse trabalho é chamado padronização e consiste numa crítica as contas das demonstrações financeiras, bem como na transcrição delas para um modelo previamente definido. A padronização e feita pelos seguintes motivos: Simplificação: cada empresa tem seu plano de contas e na apresentação do balanço não há uma padronização. A utilização de um modelo simplificado auxilia muito a analise. Comparabilidade: havendo divergências na composição das contas, a comparação se torna muito difícil. Enquadrando‑se os valores em um modelo, a comparabilidade se torna viável. Adequação aos objetivos da análise: a reclassificação de algumas contas de ocorrer na demonstração contábil de acordo com o objetivo da análise. Precisão nas classificações de contas: ha empresas que “maquiam” as contas, a fim de “embelezar” o balanço patrimonial. Diante desse fato, ao utilizar a padronização evita‑se a “maquiagem”. Descoberta de erros: na utilização de modelos padronizados, torna‑se fácil verificar a existência de erros intencionais ou não intimidade do analista com as demonstrações contábeis. A padronização facilita a analise das demonstrações contábeis, criando, para o analista, facilidades na compreensão e análise (MATARAZZO, 2003, p. 135). Quocientes ou Índices de balanço Quociente e uma razão entre duas grandezas: Análise por índices: Um índice é uma relação entre duas grandezas. Os índices são extraídos das demonstrações contábeis por meio de confrontos entre contas ou grupos de contas. Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômico‑financeira de uma empresa. A interpretação dos quocientes pode ser feita em três etapas: 1. interpretação isolada; 2. interpretação conjunta; 3. comparação com quocientes padrão. Apos a obtenção de um índice, não podemos afirmar de imediato se ele e ruim, regular ou bom. O índice obtido não é análise em si. Essa se dará a partir da obtenção de um conjunto de índices suficientes para se fazer juízo da demonstração analisada. E necessário, portanto, ao tratarmos com um índice: compará-lo com índices do setor de atividade da empresa (padrão); verificar se ele foi apurado de forma consistente; examinar uma série histórica (vários exercícios). As análises a seguir estão levam em consideração o balanço consolidado da Votorantim S. A Participações Para análise das demonstrações contábeis, os índices podem ser divididos em dois grandes grupos: • Índices financeiros, compreendendo os seguintes grupos: – índices de liquidez; – índices de endividamento. • Índices econômicos, compreendendo o seguinte grupo: – índice de rentabilidade. 1. Índices de liquidez Os índices de liquidez tem como objetivo demonstrar a capacidade da empresa de saldar suas obrigações com terceiros em geral, ou seja, pagar seus passivos (dividas). Os quocientes de liquidez são obtidos pelo confronto dos elementos do ativo circulante e do ativo realizável em longo prazo com as contas do passivo circulante e passivo exigível em longo prazo, e servem para saldar os compromissos de curto e longo prazo e dividem-se em: quociente de liquidez imediata; quociente de liquidez corrente; quociente de liquidez seco; quociente de liquidez geral. 1.1 Quociente de liquidez imediata Indica quanto a empresa possui de disponibilidade imediata para cada unidade monetária de passivo circulante. Disponibilidade Passivo circulante De acordo com a formula apresentada, no numerador temos a conta das disponibilidades (caixas e bancos conta corrente), total de liquidez existente. No denominador temos o passivo circulante, as obrigações de curto prazo. Uma vez que o índice indica a capacidade de pagar as contas com recursos financeiros existentes, denota‑se que, na análise, quanto maior o quociente, melhor para a empresa. No exemplo, temos: Índice de liquidez imediata 2009 2010 Disponibilidade = 3.252 = 0,07 7.208 = 0,21 Passivo Circulante 44.165 33.630 No caso do exemplo, a análise é, em 2010: para cada R$1,00, temos R$0,07 de recursos financeiros de imediato. Enquanto que, no ano de 2009, tem‑se: R$0,21 de recursos disponíveis para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo. 1.2 Quociente de liquidez corrente Indica quanto a empresa possui de ativo circulante para cada unidade monetária de passivo circulante. Ativo circulante Passivo circulante Quanto maior a capacidade de pagamento, melhor para a empresa, ou seja, quanto mais alto for o índice, melhor. Indica quanto à empresa possui de ativo circulante para cada unidade monetária de passivo circulante. Esse quociente demonstra a capacidade de recursos financeiros líquidos de curto prazo para cobrir as obrigações de curto prazo. Índice de liquidez corrente 2009 2010 Ativo circulante 48.595 39.618 Passivo circulante 44.165 = 1,10 33.630 = 1,18 Na analise, para cada R$1,00 de obrigações de curto prazo, a empresa tem recursos de curto prazo de R$1,10 para os anos de 2010 e de 2009, sua capacidade de pagar as obrigações de curto prazo era de R$1,18 para cada R$ de dívida. 1.3 Quociente de liquidez seca Indica quanto a empresa possui de ativo circulante liquido para cada unidade monetária de passivo circulante. Semelhante ao índice de liquidez corrente, esse índice não considera os estoques, em face da dificuldade do nível de liquidez da conta. Os estoques são um item manipulável no balanço, devido à possibilidade de obsolescência ou por ser composto de produtos perecíveis. Ativo circulante – Estoque Passivo circulante Nem sempre um índice de liquidez seca demonstra uma situação negativa, pois ha casos em que o nível de estoques e elevadíssimo, como o caso do comercio varejista, em que ha necessidade de estoques elevados devido ao giro das vendas. Índice de liquidez seca 2009 2010 Ativo circulante – Estoque 44.878 39.618 Passivo circulante 44.165 = 1,10 33.630 = 1,18 Para cada R$1,00 temos recursos financeiros de R$1,02 no decorrer de 2010, e R$1,08 para R$ 1,00 de obrigações de curto prazo. 1.4 Quociente de liquidez geral Indica quanto a empresa possui de ativo circulante mais o ativo não circulante para cada unidade monetária de divida geral (passivo circulante mais o passivo não circulante). Interpretação: quanto maior o índice, melhor, pois indica a capacidade da empresa em liquidar as obrigações total. Todos os recursos, de curto e longo prazo, são comparados para liquidar as obrigações totais – curto e longo prazo. Índice de liquidez geral 2009 2010 Ativo circulante + Ativo Não Circ. 125.648 102.091 Passivo circulante + Passivo NC 89.428 = 1,41 72.033 = 1,42 Considerandoos valores de liquidez que em empresa tinha em 2009 e 2010, para cada R$1,00 de obrigações totais – dívidas de curto e longo prazo, a empresa tinha aproximadamente R$1,42 de recursos para liquidação. Resumo dos quocientes ou índices de liquidez, calculado com os dados do exemplo: Tabela 1: Índices ou quocientes de liquidez Índices 2009 2010 Índice de liquidez imediata 0,07 1,18 Índice de liquidez corrente 1,10 1,18 Índice de liquidez seca 1,02 1,08 Índice de liquidez geral 1,41 1,42 Índices ou quocientes de liquidez 2010 2009 Analisando‑se a tabela‑resumo dos índices de liquidez, verifica‑se que, do ano de 2009 para o ano de 2010, houve uma ligeira diminuição da capacidade de saldos das obrigações por parte da Votorantim S.A. Participações. Na concessão de créditos, as instituições financeiras se baseiam nos índices de liquidez. 2. Índices de endividamento ou estrutura de capital Os quocientes ou índices de endividamento demonstram a relação de capitais próprios e de terceiros que compõem o capital da empresa. Esse tipo de analise e importante para verificar se a empresa recorreu a capitais de terceiros para complementar as aplicações no ativo e se foi necessário fazer mais dividas para pagar outras obrigações que estão por vencer. Índices de endividamento ou índices de estrutura de capital mostram a composição e a aplicação dos recursos da empresa. Verificamos que o ativo (aplicação de recursos) e financiado por capitais de terceiros (passivo circulante mais passivo exigível em longo prazo) e por capitais próprios (patrimônio liquido), sendo essas, portanto, as origens dos recursos. Os quocientes de estrutura de capitais, também conhecidos por quocientes de endividamentos, são obtidos mediante a confrontação das contas que representam as contas do capital de terceiros com o patrimônio liquido e com o ativo permanente, e servem para aquilatar o grau de endividamento da entidade. Os principais índices ou quocientes de endividamentos são: • Quocientes de estruturas de capital: – quociente de composição das exigibilidades; – quociente de capital de terceiros/capital próprios; – quociente de imobilização do patrimônio liquido. 2.1 Quociente de composição das exigibilidades Composição do endividamento: esse índice mostra o grau de dependência que os ativos da empresa tem aos capitais de terceiros, separando as exigibilidade de curto prazo – circulante em comparação com os de longo prazo – não circulante. Indica quanto as dividas de curto prazo representam para cada unidade monetária do total da divida com terceiros. Esse quociente demonstra a composição do endividamento de curto prazo em relação ao total, logo, a diferença corresponde ao longo prazo. Quanto menor, mais favorável, ou seja, o endividamento de longo prazo facilita o pagamento da empresa. Interpretação: quanto menor, melhor. E importante que as dividas de longo prazo sejam maiores, pois ha tempo para a empresa planejar suas finanças e programar o pagamento das obrigações. Caso as obrigações de curto prazo – passivo circulante – sejam maiores que a de dividas de longo prazo – passivo não circulante –, a empresa terá que captar mais recursos – empréstimos e financiamentos – para saldar suas obrigações, portanto criando mais dividas. Composição das Exigibilidades 2009 2010 Passivo circulante 44.165 33.630 Passivo circulante + Passivo NC 89.428 = 0,49 72.033 = 0,47 No balanço patrimonial em analise, verifica‑se haver praticamente um equilíbrio entre as dividas de curto e longo prazo. 2.2 Quociente de capital de terceiros/capital próprio Esse quociente evidencia qual e a proporção da participação dos capitais de terceiros em relação aos recursos totais e indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada unidade monetária de capital próprio. Esse índice mostra o grau de dependência que os ativos da empresa têm aos capitais de terceiros. Demonstra a proporção entre o capital de terceiros e o capital próprio: quanto mais próxima de 1, demonstra mais dependência exagerada de recursos de terceiros. Participação de capital de terceiros 2009 2010 Passivo circulante + Passivo NC 89.428 72.033 Patrimônio Líquido 36.220 = 2,47 30.058 = 2,40 Interpretação: quanto menor, melhor. No exemplo, temos que, para cada $1,00 de capital próprio – patrimônio liquido –, são utilizados respectivamente $2,40 (2009) e $2,47 (2010). Ha uma grande dependência de recursos de terceiros para a operacionalização da empresa. 2.3 Quociente de imobilização do patrimônio líquido Imobilização do capital próprio: esse índice mostra quanto do capital próprio esta investido no ativo permanente e evidencia quanto à empresa investiu no ativo permanente para cada real de patrimônio liquido. Imobilização do Patrimônio Líquido 2009 2010 Ativo Imobilizado 25.997 22.541 Patrimônio Líquido 36.220 = 0,72 30.058 = 0,75 Esse índice demonstra o investimento em ativo imobilizado que a empresa esta fazendo, explicitando sua capacidade de geração de capacidade produtiva, decorrente do investimento nesse ativo. Verifica‑se que aproximadamente 70% do patrimônio liquido são aplicados em investimentos com ativo imobilizado. Lembrete: Os índices de endividamento ou de capital demonstram a composição do patrimônio próprio e de terceiros existente na empresa. 3. Índices de rentabilidades Os índices de rentabilidade ou lucratividade demonstram qual foi a rentabilidade dos capitais investidos na empresa. São considerados índices econômicos, os que indicam margens de lucro (rentabilidade), de retorno do capital investido e a velocidade das operações realizadas. Evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na empresa. São calculados com base em valores extraídos da demonstração do resultado do exercício e do balanço patrimonial. São exemplos de índices de rentabilidades: • retorno sobre o investimento; • retorno sobre o patrimônio liquido; • margem líquida; • giro do ativo. 3.1 Retorno sobre o investimento Esse quociente evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa, isto e, quanto a empresa obteve de lucro liquido para cada real de investimento totais. Retorno s/ o Investimento 2009 2010 Lucro Líquido 4.870 6.159 Ativo Total 125.648 = 0,04 102.091 = 0,06 Esse índice mostra quanto a empresa obteve de lucro para cada 100 reais de investimento, sem considerar as despesas e impostos. Indica o percentual que o lucro liquido representa para cada unidade monetária do ativo. Interpretação: quanto maior, melhor. Para cada R$1,00 de ativo, temos um lucro de R$0,06 e R$0,04 para os anos 2009 e 2010 respectivamente. Quanto mais próximo de R$1,00 o retorno (lucro), mais interessante seria aos acionistas. 3.2 Retorno sobre o patrimônio líquido O quociente revela qual foi a taxa de rentabilidade obtida pelo capital próprio investido na empresa, isto e, quanto a empresa ganhou de lucro liquido para cada real de capital próprio investido. Retorno s/ o Patrimônio Líquido 2009 2010 Lucro Líquido 4.870 6.159 Patrimônio Líquido 36.220 = 0,13 30.058 = 0,20 Semelhante ao índice do retorno sobre o ativo, quanto maior o índice do retorno sobre o patrimônio líquido, melhor. Para cada R$1,00 de ativo, temos um lucro de R$0,20 e R$0,13 para os anos 2009 e 2010 respectivamente. Quanto mais próximo de R$1,00 o retorno (lucro), mais interessante seria aos acionistas, pois seu retorno seria quase o valor do investimento. Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária do patrimônio liquido. 3.3 Margem líquida O quociente revela a margem de lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real vendido. Indica o percentual de lucrolíquido em cada unidade monetária vendida. Margem Líquida 2009 2010 Lucro Líquido 4.870 6.159 Vendas Líquidas 29.497 = 0,17 29.231 = 0,21 3.3 Giro do Ativo Esse quociente evidencia a proporção existente entre o volume das vendas e os investimentos totais efetuados na empresa, isto e, quanto a empresa vendeu para cada real de investimento total. Giro do Ativo 2009 2010 Vendas Líquidas 29.497 29.231 Ativo Total 125.648 = 0,23 102.091 = 0,29 Esse índice mostra quanto a empresa vendeu para cada R$1,00 do investimento total. Lembrete: Os índices de rentabilidade demonstram a capacidade da empresa em gerar resultados positivos ou negativos. RESUMO: O objetivo da análise das demonstrações contábeis, predominantemente, e fornecer informações e dados para a tomada de decisões por parte dos usuários das informações contábeis. Cabe ao analista contábil, de acordo com sua experiência e com o objetivo do usuário, elaborar relatório simples ou complexo. As variáveis necessárias para elaborar a analise e emitir o relatório são os constantes das demonstrações contábeis exigidos pela legislação societária e pelos órgãos contábeis. Os principais demonstrativos são o balanço patrimonial, as notas explicativas e a demonstração de resultado do exercício, fundamentais para a análise de balanço. A demonstração da mutação do patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa e a demonstração do valor adicionado são relatórios que demonstram os detalhes da ocorrência contábil no decorrer do exercício social. São uteis na medida em que as informações não encontradas no balanço patrimonial e na demonstração do resultado são explicadas minuciosamente nesses demonstrativos. Entre as técnicas de análises, a mais comum e a determinação de índices ou quocientes, cuja técnica se resume em encontrar o resultado da divisão de contas dos demonstrativos contábeis. A quantidade e a qualidade dos índices são fixadas pelo analista no cumprimento do objetivo fixado pelo usuário. O grupo básico de índices e formado pelo tripé liquidez, endividamento e rentabilidade: cada grupo fornece vários índices e, nesta unidade, demonstramos os índices usuais. Contudo, podem ser calculados outros índices de acordo com a necessidade. A correta interpretação dos quocientes depende da experiência do analista, pois não há um padrão de interpretação ou utilização. Os conceitos determinam o grau de utilidade, porém, relacionados aos objetivos, não definem sua interpretação. O grupo de índices de liquidez demonstra a capacidade da empresa em liquidar suas dívidas, enquanto que o grupo de índices de endividamento demonstra a composição do patrimônio (próprio ou de terceiros). Por fim, o grupo de índices de rentabilidade esta relacionado com a capacidade da geração de resultados positivos. Portanto, esse tripé de índices (liquidez, endividamento e rentabilidade) é o ponto de partida para a análise de balanços baseada no conceito de índice ou quocientes.
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