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NT 488 2009

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MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO 
Secretaria de Recursos Humanos 
Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais 
Coordenação-Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas 
 
 
NOTA TÉCNICA No 488/2009/COGES/DENOP/SRH/MP 
 
 
ASSUNTO: Requisição 
 
Referência: Processo nº 04500.004299/2008-57 
 
 
SUMÁRIO EXECUTIVO 
 
1. No presente processo, a Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e 
Administração do Ministério da Fazenda, por meio do Ofício nº 483/2008/SPOA/SE/MF, de 26 
de maio de 2008, às fls. 1, solicita parecer conclusivo sobre a irrecusabilidade das requisições de 
empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista efetivadas pela Advocacia-
Geral da União. 
 
ANÁLISE 
 
2. Por intermédio do Ofício em pauta, aquela Subsecretaria questionou se a 
prerrogativa de requisição irrecusável disposta no art. 47 da Lei Complementar nº 73, de 10 de 
fevereiro de 1993, permanece em virtude da composição do quadro de pessoal constituído 
conforme disposto na Lei nº 10.480/2002, em contraposição ao art. 5º da Lei nº 8.682, de 14 de 
julho de 1993: 
 
“ Art. 5º As requisições do Advogado-Geral da União, na forma do art. 47 da Lei 
Complementar nº 73, de 1993, serão irrecusáveis até que seja constituído o quadro de 
pessoal de atividades auxiliares da Advocacia-Geral da União.” 
 
3. Tal questionamento tem o condão de dirimir a dúvida referente aos ditames do art. 
11 do Decreto nº 4.050/2001, que dispõe: 
 
“ Art. 11. As cessões ou requisições que impliquem reembolso pela Administração Pública 
Federal direta, autárquica e fundacional, inclusive empresas públicas e sociedades de 
economia mista, à exceção da Presidência e da Vice-Presidência da República, somente 
ocorrerão para o exercício de : (Redação dada pelo Decreto nº 5.213, de 2004) 
 
 
 
(Fls. 2 da Nota Técnica nº /2009/COGES/DENOP/SRH/MP, de de de 2009). 
 
TC 
 I - cargo em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 
6, e de Natureza Especial ou equivalentes; e (Incluído pelo Decreto nº 5.213, de 2004) 
 
 II - cargo em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível 3, ou 
equivalente, destinado a chefia de superintendência, de gerência regional, de delegacia, de 
agência ou de escritório de unidades descentralizadas regionais ou estaduais. (Incluído pelo 
Decreto nº 5.213, de 2004)” 
 
4. Pela redação do dispositivo em tela, a Advocacia-Geral da União não poderia 
requisitar empregados públicos de Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista, que não 
recebem recursos do Tesouro para custeio da folha de pessoal, independentemente da ocupação 
dos cargos em comissão descritos no supratranscrito dispositivo, nos contornos do art. 47 da Lei 
Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, in verbis: 
 
“ Art. 47. O Advogado-Geral da União pode requisitar servidores dos órgãos ou 
entidades da Administração Federal, para o desempenho de cargo em comissão ou 
atividade outra na Advocacia-Geral da União, assegurados ao servidor todos os 
direitos e vantagens a que faz jus no órgão ou entidade de origem, inclusive 
promoção”. 
 
5. Em virtude da demanda, esta Secretaria de Recursos Humanos encaminhou os 
autos à Consultoria Jurídica deste Ministério para questionar se havia razoabilidade na recusa do 
pedido de requisição pelo AGU, quando causar embaraços ao órgão ou entidade cedente. 
Destacou que o quadro de pessoal daquela Advocacia fora constituído sob a égide da Lei nº 
10.480, de 2002, por intermédio do Concurso Público realizado em 2006, em que foram 
ofertadas 318 vagas em ampla concorrência, na forma do Edital nº 1/2006 – AGU/SGAGU, de 
18 de setembro de 2006, logo, em consonância ao art. 5º da Lei nº 8.682, de 1993, a requisição 
não seria mais irrecusável, restando somente a possibilidade de os empregados de empresas 
públicas e sociedades de economia mista ocuparem os cargos definidos no rol do art. 11 do 
Decreto nº 4.050, de 2001. 
 
6. A matéria foi submetida à apreciação da Consultoria-Geral da União que, por 
meio da Nota DECOR/CGU/AGU Nº 339/2008 – MCL, concluiu estar mantido o caráter 
irrecusável das requisições da AGU, desde que atendidos os critérios de excepcionalidade e da 
temporariedade, in verbis: 
 
“18. Com efeito, resta evidente que a requisição no âmbito da AGU, além de observar 
as hipóteses taxativamente previstas no art. 47 da LC nº 73/93, deverá atender aos critérios da 
excepcionalidade e da temporariedade. 
 
19. Ante o exposto, é possível concluir, que: 
 
(Fls. 3 da Nota Técnica nº /2009/COGES/DENOP/SRH/MP, de de de 2009). 
 
TC 
a) em conformidade com o Parecer nº CQ-162, do Consultor da União, Dr. Wilson Teles de 
Macedo, aprovado pelo Presidente da República e publicado no DOU de 23.09.08, ao termo 
requisitar, previsto no art. 47 da LC nº 73/93, foi conferido o caráter irrecusável;” 
 
7. Diante das elucidações, a Douta Consultoria, em fecho à matéria, manifestou-se 
por meio da NOTA/MP/CONJUR/PLS Nº 2447 – 3.17/2009, de 19 de maio de 2005, às fls. 
42/45, das quais destacamos os seguintes trechos: 
 
“4. Nesta Consultoria Jurídica, foi proferido o PARECER/MP/CONJUR/PLS Nº 
1508 - 3.17/ 2008, acostado às fls. 16/23, no qual esboçou-se opinião no sentido de que “a 
‘requisição’ prevista no art. 47 da Lei Complementar nº 73/93 não mais estaria, na atualidade, 
revestida do atributo da irrecusabilidade” (fl. 22), sob o argumento de que a condição trazida 
pelo art. 5º da Lei nº 8.682/93 para que o caráter irrecusável deixasse de existir teria sido 
atendida pela realização do concurso mencionado no item anterior. 
 
5. Porém, apesar de ter esposado tal entendimento, considerou-se por bem remeter 
os autos ao Exmo. Sr. Advogado-Geral da União, a fim de que restasse assentado o alcance do 
art. 47 da Lei Complementar nº 73/93 em cotejo com o art. 5º da 5º da Lei nº 8.682/93. Isso em 
razão de a hipótese sob exame referir-se à interpretação dos limites de ato cuja prática é da 
competência do Chefe da mencionada instituição, da qual a presente Consultoria é órgão 
integrante, nos termos do art. 2º, inciso II, alínea “b” da Lei Complementar nº 73/93, que 
institui a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União. 
 
6. Recentemente o presente processo retornou a esta CONJUR/MP, acompanhado 
da manifestação de fls. 27/34, aprovada pelo Exmo. Sr. Consultor-Geral da União (fl. 35), na 
qual foram estabelecidas as seguintes conclusões: 
 
 I)- de acordo com o Parecer vinculante nº GQ-162 (D.O.U. de 23/09/98), norma de categoria 
inferior (no caso, o art. 5º da Lei nº 8.682/93) não pode alterar o caráter irrecusável previsto 
no art. 47 da LC nº 73/93; 
 
 II)- ainda que a condição imposta pelo referido art. 5º (constituição do quadro de pessoal da 
AGU) pudesse alterar a natureza da requisição prevista no art. 47 da LC nº 73/93, mesmo 
assim tal instituto poderia ser utilizado na atualidade, já que a AGU ainda não possui quadro 
de pessoal efetivo para o atendimento de suas demandas; 
 
III)- “a requisição no âmbito da AGU, além de observar as hipóteses taxativamente previstas no 
art. 47 da LC nº 73/9, deverá atender aos critérios da excepcionalidade e da temporariedade” (fl. 
33). 
 
7. Diante desse pronunciamento da Consultoria-Geral da União, com o qual este 
órgão setorial de execução da Advocacia-Geral da União deve guardar consonância, nos 
termos do que dispõe o art. 11, III da LC nº 73/93, imperioso reconhecer que “ao termo 
requisita, previsto no art. 47 da LC nº 73/93, foi conferido o caráter irrecusável” (fl.33), 
o qual permanece mesmo com advento das Leis nºs 8.682/93 e 10.480/02.” 
 
8. Face às orientações da Consultoria-Geral da União e da ConsultoriaJurídica deste 
Ministério, referendamos tais disposições, no sentido de que seja mantida a prerrogativa de 
requisição irrecusável concedida ao Advogado-Geral da União estabelecida no art. 47 da LC nº 
73/93 em obediência ao Parecer vinculante nº GQ-162, independentemente de ocupação de 
(Fls. 4 da Nota Técnica nº /2009/COGES/DENOP/SRH/MP, de de de 2009). 
 
TC 
cargos em comissão, ainda que se trate de empregados públicos de entidades com a folha de 
pagamento de pessoal não custeadas pela União. 
 
9. Entretanto, o instituto deve ser utilizado de forma razoável para que não cause 
embaraços aos serviços prestados pela entidade ou órgão de origem, devendo a Advocacia-Geral 
da União requerer em caráter temporário, por prazo certo e sem identificação nominal, de acordo 
com a recomendação do Acórdão nº 1571/2008-Plenário do Tribunal de Contas da União, do 
qual citamos: 
 
“ 9.2. recomendar à Advocacia-Geral da União que: 
 
 9.2.1. empenhe-se na adoção de providências tendentes a suprir-se de quadro de 
pessoal efetivo, de modo que o instituto da requisição passe a ser utilizado tão somente pelo 
tempo necessário ao atendimento do interesse público específico e pontual que motivou a 
requisição, deixando de servir como forma de preenchimento permanente dos quadros 
funcionais do órgão requisitante, cujos cargos devem ser providos por meio de concurso 
público; 
 
 9.2.2. até que obtenha as autorizações legais para suprir as suas carências de 
recursos humanos mediante a implantação de quadro de pessoal efetivo, adote providências no 
sentido de que as requisições de servidores para atuarem na área de apoio sejam, via de regra, 
feitas em caráter temporário, com prazo previamente determinado e sem identificação nominal 
do servidor, em observância aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade, 
deixando a cargo do órgão ou entidade cedente a escolha, entre aqueles que atendam os 
requisitos para o desempenho das atividades pretendidas pelo requisitante, do servidor a ser 
cedido à AGU; ” 
 
CONCLUSÃO 
 
10. Em síntese, a requisição pela AGU de empregados públicos oriundos de Empresas 
Públicas ou Sociedades de Economia Mista, que não recebem recursos do Tesouro para despesas 
relativas à folha de pagamento de pessoal, são irrecusáveis e independem da ocupação dos cargos 
em comissão determinados pelos incisos I e II do art. 11 do Decreto nº 4.050/2001. 
 
11. Contudo, diante das balizas fixadas pelo Plenário do Tribunal de Contas da União, 
no Acórdão nº 1571/2008, a requisição deve atender aos critérios da excepcionalidade e da 
temporariedade, razão pela qual em sua autorização precisa constar período certo e previamente 
determinado. Além disso, visando resguardar os princípios constitucionais da impessoalidade e 
da moralidade, o órgão ou entidade que recebeu o pedido de requisição não está obrigado a 
disponibilizar servidor nominalmente identificado, ficando sob sua responsabilidade a escolha, 
entre aqueles que detenham as qualidades técnicas necessárias para desempenhar as atividades 
pretendidas pelo requisitante, daquele servidor que irá para a Advocacia-Geral da União. 
 
(Fls. 5 da Nota Técnica nº /2009/COGES/DENOP/SRH/MP, de de de 2009). 
 
TC 
12. Finalmente, cumpre registrar que a despeito do caráter irrecusável da requisição 
formalizada pela Advocacia-Geral da União, deverá esse órgão promover o reembolso dos 
valores correspondentes ao salário dos empregados requisitados de empresas públicas e 
sociedades de economia mista, que não recebam recursos financeiros do Tesouro Nacional para o 
custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal. 
 
13. Diante do exposto, encaminhamos os autos à Subsecretaria de Planejamento, 
Orçamento e Administração do Ministério da Fazenda, para conhecimento e adoção das medidas 
necessárias. 
 
Brasília, 30 de outubro de 2009. 
 
 
MARIA REGINA FERREIRA DA CUNHA 
Chefe da Divisão de Movimentação de Pessoal 
 
 
De acordo. À consideração da Senhora Diretora de Normas e Procedimentos 
Judiciais. 
Brasília, 30 de outubro de 2009. 
 
 
VANESSA SILVA DE ALMEIDA 
Coordenadora-Geral de Elaboração, Sistematização 
e Aplicação das Normas 
 
Aprovo. Encaminhe-se à Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e 
Administração do Ministério da Fazenda, como proposto. 
 
Brasília, 30 de outubro de 2009. 
 
 
DANIELE RUSSO BARBOSA FEIJÓ 
Diretora do Departamento de Normas 
e Procedimentos Judiciais

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