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![LIVRO DE ECONOMIA RURAL Utilizado na UFRAACS - Livro gtz[1]](https://files.passeidireto.com/Thumbnail/d485f6f6-0545-4c39-8efd-3ebb9fa0b94a/210/1.jpg)
LIVRO DE ECONOMIA RURAL Utilizado na UFRAACS - Livro gtz[1]
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de produção até a fábrica. No caso da cadeia de carne, encaminha-se o produto acabado (boi gordo e animais descartados) em caminhões ou balsas gaiolas para o frigorífico. As frutas podem ser acondicionadas em caixas, sacos ou a granel e embarcadas em caminhões. O peixe é capturado e acondicionado no gelo para conservar em barcos-geleiros. A madeira é transportada em toras por caminhões ou balsas. iv) Recebimento do produto: o produto ao chegar no pátio da agroindústria é descarregado, conferido o peso e feito o teste de qualidade para aceitação do produto. Depois de completado o ciclo, o produto é destinado ao processamento, padronização, embalagem e armazenamento, de acordo com as demandas dos clientes. Pelo que se observa, a gestão da cadeia de suprimento, dada a complexidade da rede de conexões que se estabelecem entre as empresas que operam dentro de um mesmo elo da cadeia e/ou entre elos da cadeia. Em função disso, se faz necessário utilizar métodos eficientes para fazer a integração setorial entre fabricantes e fornecedores e entre distribuidor e clientes, ou seja, deve-se implantar um modelo de governança da cadeia de suprimento. 5.5.5 Governança A governança é uma ação coordenada por uma estrutura institucional, onde a integralidade das operações comerciais ou o conjunto das relações envolvendo transações comerciais são decididas. Para cada transação efetivada, acompanha-se o processo do início até o desfecho final, para que as ameaças não inviabilizem a completude da transação. Na verdade, a governança coordena os fluxos real e monetário, envolvendo produtos, serviços, tecnologia e informações, que conectam os elos da cadeia de suprimento indicados na Figura 5.5. 106 Sabe-se que cada transação envolve um custo operacional e a sua generalização, como é tratada na economia dos custos de transação, se materializa na governança dos contratos consensual, clássico e à vista, que regem tais transações. A governança não é uma ação isolada, podendo seus modos de atuação variar de acordo com o ambiente institucional e com os atributos comportamentais dos agentes econômicos. A Figura 5.5 ilustra a funcionalidade da governança, estruturada em três níveis: individual, de onde partem as iniciativas para a formalização de alianças estratégicas, envolvendo os termos dos contratos de transações comerciais a que devem se submeter os produtores; institucional, onde as regras do jogo são delineadas e os parâmetros que regem os contratos são estabelecidos, de forma geral (leis, regulamentos) e específica (metas, compromissos, preços, redução de risco, ganhos de parcela de mercado, crédito, etc.); governança, grupo institucional que coordena as ações, acompanha seus desdobramentos e conduz ao objetivo traçado entre as partes (produtor e industrial; produtor, industrial e instituição, etc.). Figura 5.5 – Esquema de funcionamento da governança. As questões macro são ordenadas no ambiente institucional e as questões micro são mais aderentes às atribuições individuais dos agentes (produtores e empresas). A interação entre os agentes econômicos, parte do ponto em que as transações não são compreendidas (ou honradas) por todos ou não estão evoluindo de acordo com o esperado pelos agentes econômicos. O ambiente institucional é o lócus onde as questões são tratadas e solucionadas, fazendo alteração nos parâmetros institucionais, portanto, de acordo com as alterações nos custos comparativos da governança e o ambiente individual é onde as ações e o atributo comportamental dos agentes econômicos se originam. No momento em que o agente individual formula seus atributos, definindo o interesse para a integração, a organização institucional se movimenta para criar oportunidades ou restrições para cada ação individual. Na realidade, o ambiente institucional define as regras do jogo e, em muitos casos, são regras impostas. De modo geral, alterações como os direitos de propriedade, lei de contratos, legislações e normas, tendem a induzir mudanças nos custos de governança e nova configuração econômica é induzida a partir daí. A dinâmica dessa articulação se estabelece para criar estratégias que atendam às preferências endógenas dos agentes é compreendida como governança. No caso do leite, a governança deve se efetivar para acompanhar o curso das transações entre produtores de leite e fornecedores de insumos (contratos de suprimento), entre produtores e laticínios (contratos de fornecimento, adoção tecnológica, preços, qualidade e quantidade do produto) Ambiente Institucional Governança Ação individual dos agentes econômicos Atributo comportamental Mudança de parâmetros Estratégia Preferências endógenas 107 e entre estes e as instituições reguladoras (Secretaria de Finanças, Ministério do Trabalho, Ibama, etc.). No caso da cadeia produtiva do leite, açaí, carne, peixe, muitos fatores estão influenciando negativamente o seu desenvolvimento. Fatores como a margem de comercialização, sazonalidade de preço, informalidade do mercado, estagnação da produtividade, instabilidade de preço e frágil integração, podem ser minimizados por meio da ação eficiente de uma governança para coordenar as transações entre os segmentos da cadeia. Há também a necessidade de promover a integração vertical dessas cadeias de suprimento, uma vez que há grande oferta de matéria-prima de um lado e um forte poder de mercado exercido por grupos empresariais, que operam no beneficiamento e distribuição de outro lado. A governança deve criar uma estrutura institucional onde o comportamento oportunista, riscos e ameaças ao cumprimento integral das regras estabelecidas nos contratos de integração vertical podem ser descobertos com antecipação, para que ações apropriadas sejam implementadas para conter esses desvios de conduta e demais ameaças à integração. Para criar uma governança eficiente, é necessário quebrar as barreiras que estão comprometendo o desempenho simultâneo dos agentes da cadeia. O ponto de interesse imediato é a integração entre produtores de matérias-primas. Inicialmente é preciso organizar os produtores para receberem treinamento e capacitação empresarial, manejo de fazenda, emprego de tecnologia (irrigação, pós-colheita, inseminação artificial, ordenha mecânica, armazenamento do leite, tanques-rede para peixe) e determinar os objetivos e metas a serem negociadas com os industriais, no momento da formação das alianças estratégicas. Por exemplo, o preço do leite de R$ 0,20/l é muito baixo e poderia ser, caso houvesse uma governança efetiva para otimizar as relações comerciais entre produtores e laticínios, com impacto insignificante nos lucros dos laticínios, de pelo menos R$ 0,30/l. Estes R$ 0,10/l que os produtores estão deixando de receber por simples incapacidade de negociação, corresponde a um montante R$ 64.800 mil por ano, que representa o custo da ausência de governança da cadeia de leite da Região Norte. Na Região Norte, não há uma governança eficiente, exercendo a coordenação das cadeias produtivas. Para que as cadeias produtivas alcancem a integração horizontal e/ou vertical plena, por meio da criação de vantagens competitivas dinâmicas, a competitividade deve se pautar na inovação tecnológica e de gestão empresarial, diferenciação e qualidade dos produtos, recursos humanos de qualidade e formação de redes de interdependência entre empresas, instituições e atividades ligadas aos mercados locais. Isto, necessariamente, carece de uma governança estabelecida e operacional para que as forças competitivas sistêmicas sejam canalizadas para o desenvolvimento local. A formação de governança é um ponto crítico das cadeias produtivas regionais, dado que os valores dos agentes são, geralmente, investidos em prol das elites de maior poder de barganha política, econômica