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mercado no agronegócio

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MERCADO NO 
AGRONEGÓCIO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Ludmila Luísa Tavares e Azevedo
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Profa: Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Omar Inácio Benedetti Santos
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 331.12
 A994m Azevedo, Ludmila Luísa Tavares e
 Mercado no agronegócio / Ludmila Luísa Tavares e Azevedo. 
Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 160 p. : il.
 
 ISBN 978-85-53158-02-7
 1.Mercado de trabalho.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Ludmila Luísa Tavares e Azevedo
Graduada e Mestre em Economia pela 
Universidade Federal de Uberlândia, Especialista 
em Agronegócio pela Universidade do Norte do Paraná. 
Principais trabalhos: Direito Humano à Alimentação 
Adequada: o debate mundial e o posicionamento da 
América do Sul (capítulo do livro Direitos fundamentais em 
pauta: discussões necessárias para o século XXI).
Desenvolvimento Territorial Sob a Perspectiva 
da Nova Sociologia Econômica e Constrangimentos 
internos e externos para um novo modelo de 
desenvolvimento: análise dos governos Dilma.
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................01
CAPÍTULO 1
Introdução ao Mercado do Agronegócio .........................09
CAPÍTULO 2
O Mercado do Agronegócio no Mundo ..............................43
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
Mercado do Agronegócio no Brasil ..................................69
Comercialização de Produtos Agroindustriais ...............89
Comércio Exterior ..............................................................119
APRESENTAÇÃO
A disciplina “Mercado do Agronegócio” é fundamental para o aluno que quer 
se especializar no setor, porque apresenta uma visão global sobre diferentes 
tópicos do funcionamento do agronegócio como um todo. Contudo, a disciplina 
apresenta um grande e empolgante desafio, visto que trata, na verdade, sobre 
os vários e diferentes mercados que o agro engloba, cada um com suas 
características e estruturas próprias.
Buscando apresentar ao aluno, de maneira coordenada e integrada, os 
tópicos relevantes sobre esses mercados, a presente apostila se divide em 
cinco capítulos. O primeiro capítulo, “Introdução ao mercado do agronegócio”, 
se propõe a apresentar conceitos relevantes sobre o mercado e o agronegócio. 
Assim, o aluno retomará referências de economia, sistema econômico, formação 
de preços, oferta e demanda para os mercados de maneira geral. Em seguida, 
adentraremos na caracterização do mercado do agronegócio, especificamente.
A partir das bases teóricas formadas no primeiro capítulo, o segundo 
capítulo, “O mercado do agronegócio no mundo”, buscará traçar as grandes 
mudanças que ocorreram em toda a cadeia produtiva do segmento: antes, dentro 
e depois da porteira, buscando trazer dados e discussões para o aluno, instigando 
seu senso crítico. Dessa forma, o terceiro capítulo, “Mercado do agronegócio no 
Brasil”, trata especificamente das características próprias do pujante agronegócio 
brasileiro, elencando e destacando perspectivas para as principais culturas, as 
oportunidades e os grandes desafios a serem enfrentados.
O quarto capítulo, de ordem mais técnica, denominado “Comercialização 
de produtos agroindustriais”, buscará situar o aluno no que tange às atividades 
situadas “depois da porteira”, as quais têm, a cada dia, ganhado maior relevância 
nos resultados econômicos da produção. Assim, buscamos apresentar os 
principais canais, mecanismos, estratégias e instrumentos públicos relacionados 
à comercialização existente.
O quinto e último capítulo, intitulado “Comércio Exterior”, busca tratar do 
comércio externo do agronegócio. Nesse capítulo, que comporta parte relevante 
da importância do agronegócio brasileiro para o mundo e para a economia local, 
são apresentados dados a respeito da composição da balança comercial agrícola 
brasileira, bem como a estrutura do comércio exterior, os regimes aduaneiros 
especiais e os diferentes tipos de financiamentos à exportação.
Ao fim desse material, espera-se que o aluno tenha adquirido noções acerca 
da dimensão, complexidade e importância do agronegócio no Brasil e no mundo, 
sendo capaz de buscar, através dos mecanismos de análise mais genéricos, 
alternativas viáveis específicas para a realidade local.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
Introdução ao Mercado do
Agronegócio
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer o conceito de mercado e as diferentes classificações existentes.
�	Identificar as características dos mercados agroindustriais.
�	Apontar os fatores que afetam os mercados.
�	Analisar e identificar as estruturas de mercado, entendendo o seu funcionamento 
e os fatores relevantes.
10
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
11
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Contextualização
O agronegócio é um mercado pujante e relevante para a economia nacional 
e mundial, tendo em vista a geração de emprego e renda. É do agronegócio que 
vem boa parte dos produtos essenciais para nossa vida, como alimentos, vestuário 
e combustíveis. Assim, conhecer o funcionamento dos mercados pertencentes 
ao agronegócio em franca expansão, bem como identificar as particularidades 
e os desafios, nos permitirá continuar numa rota de desenvolvimento, levando 
alimentação e qualidade de vida à população mundial.
Contudo, os mercados do agronegócio estão condicionados às leis que regem 
a economia como um todo. É necessário entender os fatores que afetam a oferta, a 
demanda, as fronteiras de mercado, bem como conhecer as diferentes estruturas 
de mercado existentes. Resgataremos, para isso, a literatura econômica, que é 
base necessária para o estudo de qualquer mercado específico.
Apesar disso, as bases para o entendimento do funcionamento dos mercados 
apenas alicerçam o entendimento do funcionamento deste mercado em especial, 
que possui tantas particularidades e que vem sofrendo grandes modificações. 
Assim, este primeiro capítulo busca introduzir o aluno na disciplina “Mercado do 
Agronegócio”, e desse modo retomará, apresentará e explorará diversos conceitos 
relevantes que o aluno deverá ter em mente na sequência da disciplina.
Sistemas Econômicos e Mercado
Sistemas econômicos e mercado, de forma geral, foram assuntos 
tratados anteriormente na disciplina “Economia Rural”. Contudo, para entender 
especificidades dos mercados do agronegócio, é pertinente que revisemos 
rapidamente alguns dos conceitos de mercado, especialmente no que diz 
respeito ao seu contexto, determinantes e diferentes tipos de estruturas. Portanto, 
voltaremos brevemente a essa discussão, para que possamos entender os 
elementos do mercado do agronegócio na sequência.
O problema econômico fundamental de qualquer sociedade decorre da 
existência da escassez. A escassez existe porque enquanto as necessidades 
humanas são ilimitadas, os recursos produtivos disponíveis para satisfazê-las são 
limitados. Tal situação nos leva a fazer escolhas (trade-offs) para as diferentes 
alternativas existentes. 
As escolhas econômicas fundamentais que uma sociedade deve fazer são 
“o que”, “quanto”, “como” e “para quem” produzir.
12
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Recursosprodutivos, também nomeados fatores de produção, 
são tudo o que precisamos para produzir os bens e serviços que 
satisfazem as necessidades humanas. Os fatores de produção são 
terra, capital e trabalho, em que o aluguel remunera a terra, os juros 
o capital e o salário o trabalho.
A resposta a essas questões não é simples e varia de acordo com o sistema 
econômico em que a sociedade está inserida. De acordo com Passos (2005, p. 
59), “Sistema Econômico pode ser definido como a forma na qual uma sociedade 
está organizada em termos políticos, econômicos e sociais para desenvolver as 
atividades econômicas de produção, troca e consumo de bens e serviços”.
 
As duas principais formas de organização econômica são economia de mercado 
(ou descentralizada do tipo capitalista) e economia planificada (ou centralizada do 
tipo socialista). Nas economias planificadas os problemas econômicos fundamentais 
são resolvidos por um órgão de planejamento central do Estado, que identifica as 
necessidades existentes e os recursos disponíveis na sociedade e, com base nisso, 
elabora planos de produção para todos os setores. Nas economias de mercado, por 
sua vez, “o que” produzir é definido pelo desejo dos consumidores, “quanto” pelo 
encontro da oferta e da demanda (procura), “como” pela solução que permita maior 
eficiência alocativa e “para quem” é decidido pelo encontro da oferta e da demanda 
no mercado dos fatores de produção.
 O mecanismo de preços resolve as questões fundamentais em um 
movimento contínuo da oferta e da demanda em direção ao equilíbrio de 
mercado. Se há excesso de demanda, há pressão para elevação de preço, visto 
que os compradores estarão dispostos a pagar um preço elevado para continuar 
a consumir a mesma quantidade de produtos, ao passo que os vendedores 
percebem que existem mais compradores do que produtos disponíveis e por isso 
podem elevar seus preços. 
Mercado pode ser definido como o espaço em que demandantes 
(compradores) e ofertantes (vendedores) se encontram para realizar 
transações.
13
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Por outro lado, se há excesso de oferta, há pressão para queda nos preços, 
visto que os vendedores percebem que não estão vendendo tudo o que desejam e 
começam a formar estoques, enquanto os compradores notam que podem exigir 
um preço mais baixo do vendedor. Assim, há um movimento contínuo de ajuste 
da oferta e da demanda em direção ao preço de equilíbrio. Os agentes, tomando 
decisões individuais, conseguem chegar a uma organização econômica com boa 
alocação de recursos, como ilustra a figura abaixo.
Preço de equilíbrio é aquele em que a quantidade ofertada se 
iguala à quantidade demandada.
Figura 1 - Equilíbrio de mercado
Preço de equilíbrio
Q1
P1
D
OExcesso de oferta
Preço
Excesso de demanda
Fonte: Adaptado em Pindyck (2002).
Contudo, esse seria o funcionamento de uma economia pura de mercado. 
Como existem falhas de mercado, nas economias capitalistas vive-se em uma 
economia de mercado misto, com papel importante desempenhado pelo Estado, 
podendo ser mais, ou menos interventor.
O Estado pode atuar na formação de preços por meio de leis, impostos, 
subsídios, políticas de renda e cambial, pode complementar a iniciativa privada, 
fornecer bens e serviços públicos, entre outras formas de intervenção, de modo 
a impactar o “que” e “quanto” produzir na sociedade. Da mesma forma, o “como 
produzir” de uma empresa estatal não possui a eficiência alocativa e a maximização 
Quantidade
14
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Falhas de mercado 
são caracterizadas 
por fatores existentes 
que impedem que o 
sistema de preços 
funcione sempre 
e leve sempre à 
melhor solução 
social.
Na ciência econômica, em especial na microeconomia, utiliza-
se o método de análise estática comparativa, que nada mais é que 
a comparação de dois resultados econômicos diferentes antes e 
depois de uma mudança em algum parâmetro exógeno. Assim, o 
termo em latim coeteris paribus é o indicativo de que aquela análise 
será estática comparativa, ou seja: entenderemos o impacto de uma 
variável, deixando todas as demais constantes (estáticas).
de lucros como finalidade, mas sim a harmonia social, mesmo que 
apenas teoricamente. “Para quem” produzir continuará sendo um fator 
determinado pela oferta e demanda do mercado de fatores, mas o Estado 
poderá intervir com políticas acomodatícias para as classes mais baixas.
Conceitualmente, falhas de mercado são caracterizadas por 
fatores existentes que impedem que o sistema de preços funcione 
sempre e leve sempre à melhor solução social. De acordo com 
Vasconcellos (2001), podemos listar como falhas de mercado: 
• Existência de sindicatos e monopólios e oligopólios que não permitem a 
livre flutuação de preços; 
• A incapacidade do mercado de sempre promover uma alocação ótima de 
recursos, em especial em países pobres que exigem atuação estatal para 
desenvolver a infraestrutura e a capacidade produtiva local e, por último;
• A ineficiência do mercado em não em promover distribuição justa de renda.
 Sabendo que vivemos atualmente em um mundo globalizado, em que 
até as nações planificadas, como a China, que integram o mercado mundial do 
agronegócio, o fazem dentro da lógica de economias de mercado mistas, em que 
vigora o modo de produção capitalista, devemos entender o que é mercado e 
suas diferentes estruturas existentes.
Como mencionado, mercado é definido pelo espaço em que demandantes 
e ofertantes se encontram para realizar transações. Em uma economia de mercado 
as decisões ocorrem no âmbito individual e os agentes econômicos agem buscando 
o benefício próprio. Assim, agindo livremente, as empresas são guiadas pelo preço 
e entram e saem dos mercados, em um movimento constante em direção ao “ponto 
de equilíbrio”. Dessa forma, mesmo sabendo que o Estado pode atuar, buscaremos 
entender o funcionamento das curvas de oferta e de demanda, considerando que todas 
as outras variáveis se mantenham constantes, condição denominada coeteris paribus.
15
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Os fatores que impactam a demanda podem ser listados a seguir:
Preço do bem → imagine que o preço do tomate aumentou, isso 
impacta negativamente a demanda por tomate. Assim, o preço do bem 
e a quantidade demandada possuem relação inversa. Ou seja, se o 
preço sobe, a demanda cai.
Preço de bens relacionados (complementares ou substitutos) 
se o preço da carne de porco se elevou coeteris paribus (ou seja, 
considerando as demais coisas constantes), há tendência de aumento 
na demanda por carne de frango, por exemplo (bens substitutos). De 
outra forma, se, por exemplo, houver elevação do preço do ovo coeteris 
paribus, pode haver uma pressão para queda na demanda por trigo, 
considerando que são ingredientes comuns das panificadoras (bens 
complementares). Assim, enquanto o preço de bens complementares 
impacta diretamente a demanda, o preço de bens substitutos impacta 
na direção oposta à quantidade demandada.
Renda do consumidor → em regra, elevação do aumento da renda 
do consumidor leva ao aumento da demanda por produtos. Contudo, 
existem exceções, como o caso do consumo por determinado produto 
já estar saciado, ou o consumidor considerar o bem inferior. Vamos aos 
exemplos: imagine que você ganhe um aumento de salário. Sua demanda 
por sal deve aumentar? Provavelmente não, já que a quantidade de sal 
que você consome é pouco influenciada por variações na renda. Esse 
caso poderia ser um exemplo de consumo saciado, visto que como você já 
consumia toda a quantidade de sal que desejava, uma elevação da renda 
não impactará sua demanda. Agora imagine que você ganhe um aumento 
de salário: sua demanda por carne de frango aumentará? Se você gostar 
muito de carne de frango e tiver com um consumo represado pela renda, 
pode ser que sim, mas a carne de frango é recorrentemente vista como um 
produto inferior, em que a demanda cresceem momentos de crise, visto 
que os consumidores ficam sem dinheiro para comprar opções de proteína animal mais 
caras, como carne de porco, de gado ou peixe. Assim, um aumento na renda pode 
levar à redução do consumo de frango, porque o consumidor migra seu consumo para 
outros produtos de sua preferência que antes eram represados pelo valor.
Preferências dos consumidores → as preferências dos 
consumidores são fatores que impactam fortemente a demanda. 
Essas preferências são condicionadas pela cultura, idade, sexo, 
região geográfica, época do ano etc. Imagine uma região com 
predomínio de cidadãos muçulmanos ou judeus. O consumo 
de carne de porco, nessas regiões, pouco será afetado pelos 
Preço do bem 
e a quantidade 
demandada possuem 
relação inversa.
Enquanto o 
preço de bens 
complementares 
impacta diretamente 
a demanda, o preço 
de bens substitutos 
impacta na direção 
oposta à quantidade 
demandada.
Preferências são 
condicionadas pela 
cultura, idade, sexo, 
região geográfica, 
época do ano etc
Em regra, elevação 
do aumento da 
renda do consumidor 
leva ao aumento 
da demanda por 
produtos. Contudo, 
existem exceções, 
como o caso do 
consumo por 
determinado produto 
já estar saciado, 
ou o consumidor 
considerar o bem 
inferior.
16
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
determinantes anteriores, visto que há um impedimento religioso e cultural ao 
consumo. Assim, mesmo que o preço da carne fique muito barato, todas as 
outras opções fiquem caras ou o indivíduo modifique sua renda, o consumo de 
carne de porco nessa região continuará irrelevante e pouco será afetado. O 
mesmo ocorre com carne de vaca por hindus. Da mesma maneira, a demanda 
por peru é mais forte no Natal, pequi é mais fortemente demandado em Goiás, 
leite por crianças etc.
Diante disso, os fatores que impactam a oferta podem ser listados como: 
Preço do bem → um preço mais elevado incentiva a produção do 
bem, menos elevado, desincentiva. Imagine que você é um produtor, se o 
produto que você produz está com preço elevado, há tendência de elevar 
a produção para maximizar ganhos. Se por acaso seu produto está com 
preço muito reduzido, pouco lucrativo ou dando prejuízo, a tendência é 
sair desse mercado e migrar para outro, com maiores lucros.
Preço dos fatores e insumos de produção (mão de obra, 
capital e matéria-prima) → se por algum motivo o salário ou o preço 
dos insumos aumentarem, há um impacto negativo na quantidade 
ofertada de produtos, visto que a elevação de custos impacta 
negativamente os lucros do produtor. Com elevação do preço 
de defensivos agrícolas para cana, por exemplo, há tendência de 
redução da oferta de cana.
Preço de bens relacionados → se a soja estiver mais cara do 
que o milho, há tendência de o produtor optar por produzir mais soja do 
que milho, por exemplo (bens substitutos). De outra forma, a queda do 
preço da carne bovina leva à redução da quantidade ofertada de couro 
(bens complementares). Assim, a oferta é impactada diretamente com 
variação do preço de um bem substituto e inversamente com variação 
do preço de um complementar.
Tecnologia → com melhoria tecnológica, o aumento da produtividade pode 
levar à redução de custos por unidade, e melhorar a oferta.
Expectativas → em um cenário com boas expectativas de elevação 
de demanda, preço do bem de insumos, bens relacionados ou melhorias 
tecnológicas, há maior incentivo à produção de bens, do que em um cenário com 
expectativas deprimidas.
Condições climáticas → as condições climáticas são especialmente 
importantes na oferta de produtos agrícolas, visto que podem afetar diretamente 
Um preço mais 
elevado incentiva a 
produção do bem, 
menos elevado, 
desincentiva
Se por algum motivo 
o salário ou o 
preço dos insumos 
aumentarem, há um 
impacto negativo na 
quantidade ofertada 
de produtos
A oferta é impactada 
diretamente com 
variação do preço de 
um bem substituto e 
inversamente com 
variação do preço de 
um complementar.
17
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
a quantidade ofertada no mercado com uma superssafra, possibilitada por 
condições climáticas favoráveis, ou quebra de safra em virtude de secas, 
enchentes, geadas etc. Não previstas estas alterações, por exemplo, os fatores 
que afetam as fronteiras de mercado serão melhor analisados.
Lembra-se de quando o preço do tomate ficou muito caro? Quais 
os motivos que você consideraria relevantes para esse comportamento?
Esses são os fatores que impactam a oferta e a demanda dos agentes individuais. 
Agora, entraremos na análise dos determinantes dos preços e das quantidades 
sob condições de mercado distintas. A estrutura de mercado em que os agentes 
individualmente conseguem se organizar e encontrar ótimas soluções ocorre em um 
sistema de concorrência perfeita. Contudo, não é regra, especialmente no agronegócio, 
que existe uma tendência crescente de mercados concentrados. Discutiremos de 
maneira breve as diferentes estruturas de mercado existentes e suas características.
Classificação dos Mercados
De acordo com Vasconcellos (2001), as diferentes estruturas de mercado 
estão condicionadas essencialmente por três variáveis: 
• Número de firmas produtoras no mercado.
• Nível de diferenciação dos produtos. 
• Existência de barreiras à entrada.
No mercado de bens e serviços, as estruturas de mercado existentes, de acordo 
com essas três características, são: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e 
concorrência monopolística. No mercado de fatores de produção, de maneira similar, 
podemos encontrar concorrência perfeita, monopsônio e oligopsônio. 
De acordo com a teoria econômica neoclássica, o objetivo final da firma é 
maximizar lucros, sendo que lucro é definido pela receita total (preço x quantidade 
vendida) menos custos totais (custos fixos + custos variáveis). Quando imaginamos 
um mercado em concorrência perfeita, os lucros são considerados normais, visto 
que se eles fossem extraordinários, haveria tendência de aumento de produção 
com a entrada de novas firmas, e se houvesse prejuízo ou lucros irrisórios, haveria 
tendência para redução da produção com saída de firmas do mercado. 
18
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Em economia existem diferentes escolas de pensamento, 
que entendem de maneira distinta o modo como as pessoas se 
comportam economicamente. A principal escola na atualidade é a 
escola neoclássica, mas existem muitas outras. Pesquise sobre as 
demais escolas econômicas!
Assim, se o mercado possuir poucas firmas e por isso produzir em uma 
quantidade menor do que a demanda, as empresas estabelecidas podem aferir 
lucros extraordinários no curto prazo. Contudo, em um mercado ideal, esses 
lucros rapidamente deixariam de existir devido à entrada de novas firmas no 
setor, atraídas pela recompensa de mercado. Da mesma forma, se houver 
diferenciação de um produto, podem existir lucros extraordinários no curto 
prazo, até que outras firmas acompanhem a diferenciação, a oferta se eleve e 
os lucros voltem a ser normais. 
Entretanto, a impossibilidade da livre entrada e saída de firmas em mercados pode 
ocasionar lucros extraordinários não apenas no curto, mas também no longo prazo.
Barreiras à entrada são fatores que impedem a livre entrada de 
firmas no mercado. Bain (1956) “debruçou-se sobre o tema específico 
das barreiras à entrada, deslocando a análise da concorrência do 
curto para o longo prazo, desviando o foco da concorrência real para 
a potencial”. Assim, o autor buscou responder qual a natureza das 
vantagens que as firmas estabelecidas possuem e que circunstâncias 
tecnológicas ou institucionais dão origem a essas vantagens.
São três as principais circunstâncias que ocasionam barreiras à entrada:
a) Vantagens absolutas de custos das firmas estabelecidas. Podem 
decorrer de:
• Controle de técnicas de produção, a exemplo de patentes.
• Imperfeições no mercado de fatores de produção (vantagem com 
fornecedores).
• Limitações na oferta de fatoresprodutivos.
• Condições no mercado de dinheiro (facilidade de financiamento para as 
estabelecidas).
Barreiras à entrada 
são fatores que 
impedem a livre 
entrada de firmas no 
mercado.
19
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
b) Vantagens de diferenciação de produto das firmas estabelecidas. 
Podem decorrer de:
• Preferência dos consumidores (marca e reputação).
• Controle de desenhos superiores de produtos (via patentes).
• Controle de melhores pontos de distribuição.
c) Significativas economias das firmas de grande escala. Podem 
decorrer de:
• Economias reais de produção e distribuição (quando a economia decorre 
da quantidade de insumos).
• Economias pecuniárias (quando a economia decorre da redução do preço 
do insumo).
• Economias reais ou pecuniárias (propaganda e promoção).
Importante enfatizar que essas circunstâncias que conferem vantagens às 
empresas estabelecidas refletem as características estruturais de longo prazo dos 
mercados. Não são imutáveis, mas são estáveis e modificam-se lentamente, com 
exceção de inovações eficazes de produtos. 
Com base nessas informações, apresentaremos brevemente as 
características das estruturas de mercado.
a) Concorrência Perfeita
De acordo com Passos (2005), o modelo de concorrência perfeita se baseia 
em quatro hipóteses:
1. Existência de um grande número de compradores e vendedores: 
a grande quantidade de compradores e vendedores impossibilita que 
apenas um ou um grupo pequeno de agentes econômicos tenha poder 
sobre a determinação de preços.
2. Os produtos são homogêneos: os produtos oferecidos em um mercado 
de concorrência perfeita são homogêneos, dessa forma, os consumidores 
são indiferentes quanto a consumir produtos de qual empresa ou firma.
3. Livre entrada e saída de firmas: inexistência tanto de barreiras legais e 
econômicas à entrada e à saída de firmas.
4. Transparência de mercado: todos os compradores e vendedores 
possuem informações perfeitas sobre os produtos e o mercado.
20
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
De forma breve, temos o mercado de concorrência com uma 
estrutura grande, número de compradores e vendedores excelente, 
produtos homogêneos, com perfeita simetria de informações e sem 
barreiras à entrada. Portanto, o movimento em direção ao equilíbrio 
de mercado visto anteriormente ocorre sem impedimentos e de forma 
natural. Neste mercado há maximização do bem-estar na economia, 
com maior oferta e a preços mais baixos.
No mercado de fatores de produção (mercado de trabalho, matérias-
primas e capitais – tudo necessário para produzir bens e serviços), a 
concorrência perfeita possui as mesmas características: grande número de 
compradores e de vendedores, os fatores de produção são homogêneos e 
existe transparência de mercado.
b) Monopólio
Monopólio tem origem grega da palavra MONOPOLION, significa 
“direito exclusivo de comércio”. MONO - “um, único”, mais POLEIN, 
“vender”. Assim, é um mercado em que existe apenas um vendedor 
e por isso ele possui poder de mercado na determinação de preços. 
Esse poder confere ao monopolista lucros extraordinários, visto que ele 
determina a quantidade ofertada em um ponto inferior ao que existiria 
em um mercado de concorrência perfeita, elevando os preços e, por 
esses motivos, reduzindo o bem-estar dos consumidores. O lucro é mantido 
pela existência de barreiras à entrada para novas firmas entrarem no mercado e 
expandirem a oferta.
 Principais características que determinam a existência de um monopólio, 
segundo Passos (2005), são: 
1. Apenas uma firma opera no mercado: ao contrário do que ocorre na 
concorrência perfeita, na qual existem infinitos compradores e vendedores, 
no monopólio apenas uma firma oferta o produto.
2. Não há substitutos próximos para esse produto: além de ser o único 
ofertante de determinado produto, este não enfrenta competição com 
produtos similares.
3. Existem barreiras à entrada: a condição para a existência de um 
monopólio é a existência de barreiras à entrada, tornando difícil ou quase 
impraticável a entrada de novas firmas atraídas pelos lucros extraordinários 
do mercado. Como vimos, as barreiras à entrada podem decorrer da 
existência de “economias de escala”, controle sobre o fornecimento de 
matérias-primas, barreiras legais ou monopólios estatais.
Mercado de 
concorrência com 
uma estrutura 
grande, número 
de compradores 
e vendedores 
excelente
Monopólio tem origem 
grega da palavra 
MONOPOLION, 
significa “direito 
exclusivo de 
comércio”.
21
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
 No monopólio de forma diametralmente oposta ao que ocorre na 
concorrência perfeita, a firma é formadora de preços, não tomadora de preços 
do mercado. Isso ocorre porque, enquanto no mercado de concorrência perfeita 
o preço é o mecanismo de ajuste para igualar as quantidades ofertadas às 
demandadas e, assim, garantir o maior bem-estar econômico, no monopólio a 
firma conscientemente determina a quantidade ofertada abaixo da quantidade 
demandada a fim de praticar preços maiores e com isso auferir lucros extraordinários. 
 
Essa estrutura ocorre no mercado de bens e serviços, quando 
ocorre no mercado de fatores, chamamos de monopsônio. Monopsônio é a 
estrutura de mercado caracterizada pela existência de um único comprador. 
Neste caso, quem tem poder de determinação de preços é o comprador, 
não o vendedor. No agronegócio há a tendência de empresas que são 
monopolistas, monopsonistas, também conhecido por monopólio bilateral.
c) Concorrência monopolista
 
Concorrência monopolista, como o próprio nome indica, possui 
características tanto de um modelo de concorrência, como de um 
monopólio. As hipóteses desse modelo, segundo Passos (2005), são:
1. Grande número de compradores e vendedores: assim como 
na concorrência perfeita, na concorrência monopolista existe 
grande número de vendedores e compradores.
2. Os produtos ofertados na indústria são diversificados, 
embora existam substitutos próximos: os produtos possuem 
diferenciação entre si. Na verdade, essa é uma característica bastante 
comum à maioria dos mercados, em que as firmas podem diferenciar 
de várias maneiras para tornar seus produtos distintos dos demais 
existentes no mercado. Essa diferenciação pode ser tanto a respeito da 
composição do produto, ou na forma como o bem ou serviço é oferecida 
aos clientes, classificada como diferenciação real, como pode ser apenas 
a embalagem, o design ou a marca, fatores que não mudam a essência do 
produto ofertado, classificada como diferenciação artificial. Ainda existem 
os casos em que, embora não exista de fato nenhuma diferença entre os 
produtos existentes no mercado, o consumidor pode ser levado a acreditar 
na supremacia de produtos em relação a outra via, como estratégias 
de marketing, quando a firma cria diferenças no produto apenas no 
imaginário do consumidor, assim deverá ter um produto diferenciado. É 
essa característica que aproxima o mercado da concorrência monopolista 
de um monopólio, permitindo que os vendedores tenham algum poder de 
fixação de preços, visto que, pelo menos no curto prazo, são os únicos a 
ofertarem especificamente aquele tipo de bem ao mercado.
Monopsônio 
é a estrutura 
de mercado 
caracterizada pela 
existência de um 
único comprador.
Concorrência 
monopolista, como o 
próprio nome indica, 
possui características 
tanto de um modelo 
de concorrência, 
como de um 
monopólio.
22
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
3. Existência de livre entrada e saída de firmas: por não existirem 
barreiras à entrada, como no mercado de concorrência perfeita, a 
existência de lucros extraordinários no curto prazo, possibilitados pelo 
poder de determinação de preços conferido pelo grau de diferenciação, 
não se mantém no longo prazo. Isso ocorre devido à entrada de novas 
firmas naquele nicho diferenciado, atraídas pelos lucros extraordinários 
conseguidos naquele período. 
Da mesma forma que ocorreno mercado de bens e serviços, a concorrência 
monopolística existe no mercado de fatores de produção. Essa diferenciação 
pode ocorrer tanto no mercado de insumos, de capital, como na mão de obra 
especializada.
d) Oligopólio 
Se o termo monopólio vem da junção de MONO-, “um, único”, 
mais POLEIN, “vender”, oligopólio vem de OLIGO - “poucos”, mais 
POLEIN, “vender”. Assim, oligopólio é caracterizado por ser uma estrutura 
de mercado com poucos vendedores, ou em que poucos vendedores 
possuem poder de mercado. É uma estrutura de mercado que ocupa 
posição intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio. 
De acordo com Passos (2005), as características dessa estrutura de 
mercado são:
1. Existência de poucas firmas: existem poucas firmas, geralmente 
interdependentes entre si, ou existe um grande número de firmas, mas 
um grupo pequeno detém poder de mercado. Passos (2005) afirma que 
uma maneira adequada de se verificar se a indústria possui a estrutura 
de mercado oligopolista é por meio da verificação de seu índice de 
concentração, que informa qual parcela da produção total é controlada 
pelas maiores indústrias do mercado.
2. Produto homogêneo ou diferenciado: o oligopólio pode tanto 
apresentar produtos homogêneos, como os encontrados na concorrência 
perfeita, como produtos diferenciados, característica do monopólio e da 
concorrência perfeita.
3. Existência de barreiras à entrada: o que determina a existência e 
permanência de oligopólios é a existência de barreiras à entrada. Assim, 
com produtos homogêneos, que seria o caso de oligopólios do setor 
de alumínio, por exemplo, uma grande barreira à entrada seria tanto o 
acesso às fontes de matérias-primas como os elevados custos para entrar 
no mercado. De outro lado, em um mercado de produtos diferenciados, 
como o automobilístico, patentes, tradição, marca ou alta tecnologia se 
constituem barreiras à entrada no setor.
Oligopólio é 
caracterizado por 
ser uma estrutura 
de mercado com 
poucos vendedores, 
ou em que poucos 
vendedores possuem 
poder de mercado.
23
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
No setor oligopolista, as empresas, que geralmente são interdependentes 
podem adotar posturas colaborativas para impedir a entrada de novas firmas no 
setor e manter os lucros extraordinários no longo prazo. Tais acordos podem ser 
via cartel, truste, dumping, dentre outros.
 As principais características das estruturas de mercado. O Quadro 1 busca 
sumarizar as características principais de cada uma delas, em especial para o 
mercado de bens e serviços.
Quadro 1 – Resumo das estruturas de mercado
Estrutura Número de firmas
Tipo de 
produto
Acesso 
de novas 
empresas 
ao mercado
Influência 
sobre os 
preços
Lucros no 
longo prazo
Exemplos 
(aproximados)
Concorrência 
perfeita Infinitas Homogêneo
Não 
existem 
Barreiras à 
entrada
Nenhuma 
(empresas 
tomadoras 
de preços)
Lucros 
normais Hortifrutigranjeiros
Monopólio Uma
Único sem 
substituto 
próximo
Existem 
barreiras há 
entrada
Forte Lucros extraordinários
Palha de Aço 
(Bombril)
Concorrência 
monopolística Muitas Diferenciado
Não 
existem 
Barreiras à 
entrada
Leve Lucros normais
Médicos, 
Dentistas, 
Comércio 
varejista, 
Restaurantes etc.
Oligopólio
Poucas 
que 
dominam 
o setor
Homogêneo 
ou 
diferenciado
Existem 
barreiras há 
entrada
Considerável Lucros extraordinários
Homogêneo: 
alumínio 
Diferenciado: 
automóveis
Fonte: Adaptado em Vasconcellos (2001, p. 172) e Passos (2005, p. 353).
Atividades de Estudos:
1) O que é mercado?
 ____________________________________________________
___ _________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
24
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
2) Quais são as estruturas de mercado existentes, e quais são as 
principais características que as diferenciam?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Se você quiser conhecer mais sobre as diferentes estruturas de 
mercado, existem bons livros sobre este assunto.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 7. ed. 
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.
POSSAS, Mario Luiz. Estruturas de mercado em oligopólio. 
São Paulo: Editora Hucitec, 1987.
Sobre estruturas de mercado aplicadas ao agronegócio, leia:
Sobre a cadeia de leite, veja: BARROS, F. L. A.; DE LIMA, J. R. 
F.; FERNANDES, R. A. S. Análise da estrutura de mercado na cadeia 
produtiva do leite no período de 1998 a 2008. Revista de Economia 
e Agronegócio–REA, v. 8, n. 2, 2015. Disponível em: <https://
ageconsearch.umn.edu/bitstream/95067/2/Artigo%202.pdf>. Acesso 
em: 18 out. 2017.
Sobre a agroindústria de cana-de-açúcar: SIQUEIRA, P. H. D. 
L.; CASTRO JUNIOR, L. G. D. Fusões e aquisições das unidades 
produtivas e da agroindústria de cana-de-açúcar no Brasil e nas 
distribuidoras de álcool hidratado etílico. Revista de Economia e 
Sociologia Rural, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0103-20032010000400009&script=sci_arttext&tlng=pt>. 
Acesso em: 18 out. 2017.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20032010000400009&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20032010000400009&script=sci_arttext&tlng=pt
25
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Diferentes formas de mercado respondem a diferentes características em que estão 
condicionadas. Importante destacar que enquanto indústria refere-se a um conjunto de 
firmas que produzem mercadorias semelhantes, mercados são determinados por um 
conjunto de mercadorias substitutas próximas entre si (POSSAS, 1985).
Outro ponto relevante para a compreensão das formas de mercado 
encontra-se na Teoria dos Custos de Transação (TCT). Coase (1937) 
chama atenção para a existência de um tipo de custo que até então era 
considerado desprezível para a análise econômica: o denominado custo 
de transação (CT). O custo de transação pode ser definido como custo 
para se recorrer ao mercado, e por não ser custo atrelado à produção, 
muitas vezes era desconsiderado da análise econômica. 
Pode-se dizer que os custos de transação equivalem à fricção ou 
atrito da física para a economia. Não reconhecer a existência desse atrito 
pode nos levar a crer que práticas como vendas em blocos, integração 
vertical etc. sejam consideradas atividades monopólicas, portanto, 
geradoras de mal-estar na economia. 
 
Esses custos, conhecidos também por custos de contrato, existem, 
pois, no momento da realização das transações, existem ainda fatores 
como incerteza, racionalidade restrita e assimetria de informações, 
oportunismo e especificidade dos ativos. Nesse cenário pouco favorável, 
as partes tendem a se proteger e, nesse processo, precisam incorrer em 
custos. Quanto mais específico for o ativo, ou menor for a frequência 
das transações realizadas entre as duas partes, maior será o risco e a 
possibilidade de oportunismo, encarecendo os custos de transação. 
O custo de 
transação pode ser 
definido como custo 
para se recorrer ao 
mercado
Esses custos, 
conhecidos também 
por custos de 
contrato, existem, 
pois, no momento 
da realização das 
transações, existem 
ainda fatores 
como incerteza, 
racionalidade 
restrita e assimetria 
de informações, 
oportunismo e 
especificidade dos 
ativos.
Sobre a Teoria dos Custos de Transação aplicado ao 
agronegócio, leia: 
ARBAGE, Alessandro Porporatti. A Competitividade no 
Agronegócio: Uma Contribuição à Luz da Economia dos Custos 
de Transação e da Noção de Coordenação. In: CONGRESSO 
INTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTÃO DE REDES 
AGROALIMENTARES. 2001. Disponível em: < https://goo.gl/
PFoTH1>. Acesso em:17 out. 2017.
https://goo.gl/PFoTH1
https://goo.gl/PFoTH1
26
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
FATORES DETERMINANTES DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO
a) Racionalidade limitada, complexidade e incerteza: o 
comportamento humano, ainda que sendo intencionalmente 
racional, enfrenta limitações que limitam a capacidade de acumular 
e processar informações, bem como limitações de linguagem, 
que limitam transferir informações. Caso a racionalidade fosse 
ilimitada, os contratos poderiam incorporar cláusulas antecipando 
qualquer circunstância futura. Contudo, racionalidade limitada só 
é um problema em condições de complexidade e incerteza.
b) Oportunismo: racionalidade limitada, ambiente complexo e 
incerteza criam condições adequadas para os agentes adotarem 
iniciativas oportunistas. O oportunismo na TCT está essencialmente 
associado à manipulação de assimetrias de informação, 
visando apropriação de fluxos de lucros. Existem duas formas 
de oportunismo: ex-ante (já sabe de antemão que não possui 
capacidade para cumprir), seleção adversa, e ex-post (problemas 
na execução de uma transação contratada), problema moral.
c) Especificidade dos ativos: racionalidade limitada, complexidade, 
incerteza e oportunismo não bastam para gerar problemas no 
funcionamento dos mercados. É necessário que as transações 
ocorram em pequeno número. O vínculo entre produtor e 
comprador, derivado da especificidade dos ativos envolvidos na 
transação, pode dar origem ao “problema de refém”, que ocorre 
quando uma das partes torna-se vulnerável a ameaças da outra de 
encerrar relações. Em uma situação inicial com grande número de 
agentes por meio “vantagens da primeira a se mover” pode, com o 
tempo, se converter no caso de barganhas recorrentes envolvendo 
ativos específicos em transações com pequenos números. Essa 
transformação é denominada transformação fundamental.
Fonte: Adaptado de Fiane (2002).
Esses custos podem ocorrer ex-ante, na realização e elaboração do 
contrato, pesquisas para previsões e salvaguardas, ou ex-post, com a adaptação 
de contratos a novas circunstâncias ou perdas e custos judiciais decorridos da 
ineficiência da transação. 
27
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Ex-ante: baseado em suposição e prognóstico, sendo 
fundamentalmente subjetivo e estimativo. Antes do fato acontecer.
Ex-post: baseado em conhecimento, observação, análise, 
sendo fundamentalmente objetivo e factual. Depois do fato acontecer.
Quanto maiores os custos, maior o incentivo econômico à verticalização da 
produção, e quanto menores, maiores os incentivos de se recorrer ao mercado. 
Um exemplo: se uma indústria produz móveis e as transações com o fornecedor 
de madeira são frequentes e o ativo é muito específico, é mais rentável para 
a empresa fazer uma verticalização para trás na cadeia produtiva e produzir a 
madeira que antes demandava de um fornecedor. Agora, se uma empresa precisa 
de um insumo, mas ele é pouco específico e não encontra grandes dificuldades 
em comprá-lo no mercado, ela deve continuar recorrendo ao mercado, por não 
haver incentivos à internalização da produção.
A cadeia de suínos é um exemplo em que a integração vertical 
geralmente ocorre. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/
PortalSebrae/artigos/a-importancia-da-integracao-dos-atores-da-
cadeia-produtiva-de-suinos,5e199e665b182410VgnVCM100000b27
2010aRCRD>. Acesso em: 17 out. 2017.
Redes de firmas colocam-se como um arranjo intermediário entre mercado e 
hierarquia (formas híbridas de governança, do tipo bilateral ou trilateral). As principais 
características encontradas em redes são relações de longo prazo, baseadas em 
confiança com reconhecimento da interdependência. Os principais tipos de redes são:
• Verticais: geralmente a partir de estratégias de externalização de atividades 
por parte de grandes empresas;
• Horizontais: atividades específicas ou complementares de produção 
de bens e serviços; pode haver aglomeração espacial, contemplada em 
análises de arranjos produtivos locais;
• Tecnológicas: geralmente ligadas às atividades tecnológicas de fronteira;
• Globais: que buscam reforçar posicionamentos competitivos.
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-importancia-da-integracao-dos-atores-da-cadeia-produtiva-de-suinos,5e199e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-importancia-da-integracao-dos-atores-da-cadeia-produtiva-de-suinos,5e199e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-importancia-da-integracao-dos-atores-da-cadeia-produtiva-de-suinos,5e199e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-importancia-da-integracao-dos-atores-da-cadeia-produtiva-de-suinos,5e199e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD
28
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Se você quiser conhecer mais sobre a Teoria dos Custos de 
Transação, leia:
FIANI, Ronaldo. Teoria dos custos de transação. Economia 
industrial: fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro: 
Campus, p. 267-286, 2002.
Atividades de Estudos:
1) O que são custos de transação?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Quais os fatores que levam à existência de custos de transação?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Fatores que Afetam as Fronteiras 
de Mercado
 Anteriormente aprendemos sobre os fatores que afetam a demanda e a oferta 
de mercado. Algumas mudanças podem ser momentâneas, em que rapidamente 
a oferta e a demanda se reequilibram, ou podem ser mudanças que deslocam a 
oferta de produtos no longo prazo. Esses fatores deslocam a denominada fronteira 
de mercado ou curva de possibilidades de produção.
29
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Os fatores de produção são tudo aquilo que é necessário para a produção 
de bens e serviços. Os principais fatores de produção são: a terra (produtos 
primários), capital e trabalho. Imagine um fazendeiro que em determinado período 
do tempo tenha que escolher a cultura que irá produzir em suas terras. Naquele 
exato momento, ele tem quantidade delimitada de hectares de terra, quantidade 
fixa de trabalho (ele, a esposa e o filho) e capital limitado. Assim, ele tem que 
fazer uma escolha, dados os fatores de produção disponíveis, a respeito das 
possibilidades de produção.
De acordo com nosso exemplo, visualizado na Tabela 1, o fazendeiro pode 
escolher entre usar toda sua área, capital e trabalho para produção de soja, em 
que ele conseguiria produzir 5.000 kg de soja, ou usar toda sua área, capital e 
trabalho para a produção de milho, que renderia uma produção de 8.000 kg do 
cereal. Ainda existem as possibilidades intermediárias, que seriam os infinitos 
pontos existentes entre as duas opções extremas. 
Tabela 1 – Possibilidades de produção
Quantidade 
máxima de 
milho
Possibilidades intermediárias
Quantidade 
máxima de 
soja
A B C D E F
0 1000 2000 3000 4000 5000
8000 7500 6500 5000 3000 0
Fonte: Adaptado de Passos (2005, p. 49).
Os pontos A, B, C, D, E e F estão sob a fronteira de possibilidades de 
produção. Se por acaso o produtor resolver que a produção esteja num ponto 
inferior a ela, como o ponto G, existe capacidade ociosa. Neste caso, o fazendeiro 
optou por não produzir em toda a fazenda, não aplicar todo o capital disponível 
(técnicas, defensivos, fertilizante etc.) ou não empregou toda a mão de obra 
que possuía disponível. Por outro lado, caso o fazendeiro quisesse elevar sua 
produção acima da fronteira, comono ponto H ilustrado na figura abaixo, ele 
não teria recursos produtivos suficientes disponíveis. Ele precisaria elevar sua 
quantidade de terra, capital ou trabalho para alcançar um novo nível de produção.
30
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Figura 2 – Curva de possibilidades de produção
M
ilh
o 
(q
ui
lo
s)
Soja (quilos)
6000
6000
7000
8000
9000
0
0
1000
A
B
C
D
G
H
E
F
1000
2000
2000
3000
3000
5000
5000
4000
4000
Fonte: Adaptado de Passos (2005, p. 50).
Agora imagine essa fronteira para toda uma economia ou setor. Existem, 
contudo, fatores que conseguem afetar essa fronteira de mercado, como:
a) Tempo: mudança nas preferências dos consumidores: O tempo pode levar à 
elevação gradual da produção ou redução gradual da produção, com os incentivos 
de acordo com as mudanças e hábitos e preferências dos consumidores.
b) Mudanças tecnológicas: As mudanças tecnológicas podem afetar 
definitivamente a fronteira de mercado. No caso do exemplo, com 
melhorias na tecnologia, com o mesmo capital, terra e trabalho, pode 
haver aumento da produção graças a elevações na produtividade, fator 
que tem contribuído bastante nas últimas décadas para que a produção 
de alimentos consiga acompanhar o crescimento populacional.
c) Logística: A melhoria na logística também pode afetar positivamente as 
fronteiras do mercado. Melhorias no transporte e na comunicação permitem 
que o mercado expanda suas fronteiras e que as transações sejam realizadas 
de maneira mais rápida e eficiente, com redução de desperdícios.
d) Instituições: As instituições são outro fator que pode afetar as fronteiras de 
mercado, visto que elas determinam a segurança de transações e possibilitam 
avanços na comercialização, facilidade de financiamento (elevação de capital) 
etc. Isso porque as instituições, em especial as estatais, reúnem um conjunto 
relevante de instrumentos, tais quais defesa da concorrência, política de 
comércio exterior, política de marcas e patentes, oferta de financiamentos de 
longo prazo, incentivos fiscais e compras governamentais etc.
31
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
e) Incerteza: Por fim, a redução de incertezas reduz os riscos dos agentes em 
trabalhar aplicando todos os recursos disponíveis e permite o avanço em direção 
à melhoria de novos fatores de produção. Em um ambiente estável, o produtor 
pode querer elevar sua produção comprando mais terras, investindo mais capital 
ou contratando mais trabalhadores. Contudo, em um ambiente incerto há o receio 
do risco de se elevar a capacidade produtiva e um incentivo de trabalhar inclusive 
abaixo da fronteira de possibilidades, com capacidade ociosa.
Assim, dado esse retrospecto sobre o funcionamento geral dos mercados, 
a próxima seção buscará apresentar características específicas do mercado do 
agronegócio.
Características dos Mercados 
Agroindustriais
Agronegócio (agrobusiness) é um conceito criado na década de 
1960 por Davis e Goldberg, na Universidade de Harvard, nos Estados 
Unidos. De acordo com esses autores, agronegócio envolve o conjunto 
de todas as operações e transações envolvidas desde a fabricação 
dos insumos agropecuários, das operações de produção nas unidades 
agropecuárias, até o processamento e distribuição e consumo dos 
produtos agropecuários ‘in natura’ ou industrializados.
 Segundo Batalha e Silva (2012), o conceito abrange “o conjunto de 
negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico”. 
Dessa forma, enquanto agricultura refere-se a atividades que ocorrem no 
âmbito da produção de produtos agrícolas, o agronegócio engloba toda a 
cadeia de valor relacionada à agricultura, desde os insumos à comercialização.
Em meados da década de 1960 surgiram dois conjuntos de ideias que 
impulsionam o estudo de mercados agroindustriais: a cadeia de produção 
agroindustrial (CPA) e o commodity system approach (CSA). O primeiro, de origem 
francesa, também nomeado de Análise de Filière, busca analisar os caminhos que um 
produto agroalimentar percorre desde sua produção até o consumo final, ressaltando 
a especificidade desse mercado, visto a diversidade não só na comercialização, 
industrialização e produção, como também na localização da produção, do consumo 
e das técnicas. A segunda, de origem norte-americana, que tem sua origem com os 
criadores do termo agrobusiness, fundamenta-se na economia industrial e enfoca a 
interdependência setorial no mercado do agronegócio. As duas vertentes consideram 
os diferentes estágios da produção, realizam uma visão sistêmica do agronegócio e 
ressaltam o papel de instituições, organizações e do Estado para o setor.
Enquanto agricultura 
refere-se a 
atividades que 
ocorrem no âmbito 
da produção de 
produtos agrícolas, 
o agronegócio 
engloba toda a 
cadeia de valor 
relacionada à 
agricultura, desde 
os insumos à 
comercialização.
32
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Apesar de as duas vertentes guardarem muitos pontos em comum, elas 
partem da análise de pontos divergentes. Enquanto a escola de origem norte-
americana commodity system aprroach (CSA) parte da análise da origem do 
produto, no início da cadeia, o método de análise de origem francesa Filière parte 
do produto final, disponível ao consumidor.
Falamos em agroindústria porque, especialmente pós-década de 1960, 
vivemos a constituição de complexos agroindustriais, em que a agricultura e, por 
sua vez, o agronegócio moderno está intimamente ligado à indústria. Os complexos 
agroindustriais surgem como produto da modernização, mecanização e expansão da 
agricultura. Portanto, é necessário compreender que o agronegócio surge no contexto 
do desenvolvimento do sistema capitalista, em que o mercado busca responder aos 
problemas econômicos fundamentais enumerados na primeira seção deste capítulo.
A Figura 3 mostra como esse processo de modernização ocorreu, sempre 
pautado pela articulação do Estado, via políticas públicas, com interesses privados.
Figura 3 – Processo de modernização da agricultura
DESENVOLVIMENTO E
CONSOLIDAÇÃO DE
EMPRESAS DE
PROCESSAMENTO E 
DISTRIBUIÇÃO
INTEGRAÇÃO
FINANCEIRA VIA
SISTEMA BANCÁRIO.
CRÉDITO RURAL E
GESTÃO DE RISCO
DESENVOLVIMENTO E
CONSOLIDAÇÃO DE
EMPRESAS
FORNECEDORAS DE
INSUMOS
DISSEMINAÇÃO DE
USO DE INSUMOS NA
AGRICULTURA
ARTICU
LAÇÃO 
DE POL
ÍTICAS P
ÚBLICA
S E INTE
RESSES
 PRIVAD
OS
Fonte: A autora.
 Apesar de conceitualmente agronegócio fazer referência a qualquer 
atividade relacionada ao setor agrícola, no Brasil o termo é, por vezes, associado 
a atividades de grande escala, com grande rendimento.
Contudo, os diferentes corpos teóricos e algumas características são comuns 
a todos e relevantes para o entendimento do atual funcionamento do mercado do 
agronegócio. Neves et al. (2000) sugerem o uso do termo sistema agroindustrial para 
agroalimentar (SAG), a fim de incorporar as indústrias de bebidas e alimentos sem 
excluir os demais setores do agronegócio que não têm relação com a produção de 
alimentos e bebidas, como as indústrias de papel, couro, borracha etc. Isso decorre 
da intensificação desse tipo de indústria, que avança no grau de processamento e de 
distância do consumidor final. Essa tendência será melhor abordada no Capítulo 2. 
33
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
Dados os esclarecimentos dos conceitos, vale ressaltar as especificidades 
existentes nos sistemas agroindustriais. Segundo Batalha e Silva (2012), as 
principais particularidades são:
• Sazonalidade de disponibilidade de matéria-prima: como a maioria 
dos produtos agroindustriais vem da atividade agropecuária, a oferta fica 
refém dos períodos de safra e entressafra, tornando os processos de 
planejamento e controle de investimentos mais trabalhosos.
• Variações de qualidade de matéria-prima: apesar de muitas vezes 
enquadrarmos os produtos agrícolas na categoria de produtos homogêneos, 
existe diferença de qualidade dos produtos finais, muito em virtude doclima 
e de técnicas de manejo.
• Perecibilidade da matéria-prima: além de sazonais, os produtos oriundos 
da atividade agropecuária são perecíveis e impõem custos e cuidados 
adicionais no processo de logística, desde o transporte e armazenagem a 
tempo de comercialização. 
• Sazonalidade de consumo: a sazonalidade não ocorre apenas na 
disponibilidade de matérias-primas, mas também no maior consumo de 
produtos em épocas específicas, como peru no Natal, sorvete no final do 
ano etc.
• Perecibilidade do produto final: não apenas a matéria-prima do produto 
agroindustrial é perecível, mas ele mesmo o é. Além da preocupação com a 
formação de estoques, recorrentemente a “frescura” do produto é atrelada 
à melhor qualidade.
O leite é um alimento altamente perecível e facilmente sofre 
alterações. Por isso, até os anos 1950, a produção em grande 
escala era inviável, o que se tornou possível após o advento da 
chamada tecnologia antisséptica das embalagens. Assim, graças 
ao leite UHT, tornou-se viável a conservação do produto, mantendo 
sua qualidade e propriedades, graças às embalagens multicamadas 
onde é armazenado, além de outros processos empregados na 
industrialização, que permitem a produção do alimento em grande 
escala, com padronização na qualidade, fato que alçou o setor à 
condição de ramo produtivo e promissor do agronegócio brasileiro.
34
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Tipos de Produtos e Serviços 
Agroindustriais 
 Dado o contexto de modernização da agricultura, da criação do conceito do 
agronegócio, existem três grupos de atividades a serem analisados: as atividades 
que ocorrem “antes da porteira”, “dentro da porteira” e “depois da porteira’. 
Figura 4 - Segmentos do agronegócio
Antes da Porteira
• Produção e fornecimento de insumos, máquinas, equipamentos e 
serviços especializados.
Dentro da Porteira
• Preparo e manejo de solos, tratos culturais, irrigação, colheira e 
 criação animal.
Depois da Porteira
• Transporte, armazenagem, industrialização, distribuição e comer 
 cialização.
Fonte: Adaptado de Batalha (2012).
a) Antes da porteira 
“Antes da porteira” refere-se às atividades ligadas aos 
insumos e bens de produção e serviços para a produção agropecuária. 
Os principais insumos são:
• Máquinas e equipamentos: roçadeiras, adubadeiras, podadeiras, 
triturador, trimpot, pá carregadeira, tratores, colheitadeiras, plantadeiras etc.
• Água e Energia.
• Corretivos de solos: calcário, cal virgem agrícola, cal hidratada agrícola ou 
cal extinta, escórias de siderurgia etc.
• Defensivos agrícolas ou agroquímicos: inseticidas (contra insetos), 
acaricidas (contra ácaros), fungicidas (contra fungos), herbicidas (contra 
ervas daninhas) etc.
• Materiais genéticos: mudas, sêmen, óvulo etc.
“Antes da porteira” 
refere-se às 
atividades ligadas aos 
insumos e bens de 
produção e serviços 
para a produção 
agropecuária.
35
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
• Hormônios e inoculantes.
• Rações.
• Sal.
• Produtos veterinários.
Os principais serviços “antes da porteira” são:
• Pesquisa (com destaque para o relevante papel da Embrapa, secretarias 
de Agricultura e universidades).
• Elaboração de projetos.
• Análises laboratoriais.
• Créditos e financiamento.
• Defesa agropecuária.
• Proteção e defesa ambiental.
• Incentivos governamentais.
• Comunicações.
• Infraestrutura.
• Treinamento de mão de obra.
• Assentamentos dirigidos. 
Para conhecer diferentes tipos de máquinas agrícolas, acesse. 
Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/
noticia/2013/04/dicionario-do-campo-tem-nomes-incomuns-de-
maquinas-agricolas.html>. Acesso em: 18 out. 2017.
b) Dentro da porteira 
“Dentro da porteira” refere-se às atividades realizadas 
dentro da propriedade rural pelos diferentes tipos de produtores rurais 
(pequenos, médios, grandes produtores na forma de pessoa física ou de 
pessoa jurídica), ou seja, a produção agropecuária.
Segundo Waquill et al. (2010), as atividades agropecuárias podem ser 
divididas nos seguintes grupos, com seus respectivos mercados:
• Grãos: arroz, cevada, milho, soja e trigo, sendo todos direcionados à alimentação 
humana, cevada, milho e soja também à alimentação animal e à indústria de 
bebidas, e milho e soja ainda alcançam o mercado de combustíveis. 
“Dentro da 
porteira” refere-
se às atividades 
realizadas dentro 
da propriedade rural 
pelos diferentes tipos 
de produtores rurais
36
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
• FVLs (Frutas, verduras e legumes): todos direcionados à alimentação 
humana e as frutas também ao setor de bebidas.
• Outras lavouras: algodão (fibras), cana-de-açúcar (alimentação humana 
e animal, bebidas e combustíveis), café (bebidas), ervas (bebidas, 
fitoterápicos e fibras), fumo (cigarros), pastagem (alimentação animal), 
pinus e eucalipto (celulose, madeira e combustíveis). 
• Produção animal: aves (alimentação humana, adubos e combustíveis), 
apicultura (alimentação humana e terápicos), bovinos (alimentação 
humana, lácteos, couro e adubos), ovinos (alimentação humana, lácteos, 
couro e adubos), pesca e piscicultura (alimentação humana) e suínos 
(alimentação humana, adubos e combustíveis).
c) Depois da porteira
“Depois da porteira” refere-se às atividades de transporte, 
processamento, armazenagem, comercialização e distribuição até 
chegar ao consumidor final. Esse ramo do agronegócio é o que mais 
cresceu nos últimos anos. 
• Agroindústrias, mercados produtores e concentradores.
• Representantes, distribuidores e vendedores.
• Atacadistas centrais de abastecimento, bolsas de mercadorias e outros, 
como Cédula de Produto Rural, governo, internet.
• Supermercados, pontos de venda, feiras livres e outros, inclusive 
exportação.
• Logística de suprimento.
• Logística das operações de apoio à produção agropecuária.
• Logística da distribuição.
“Depois da porteira” 
refere-se às atividades 
de transporte, 
processamento, 
armazenagem, 
comercialização e 
distribuição até chegar 
ao consumidor final.
Atividades de Estudos:
1) O que é agronegócio? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
37
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
2) Quais são os segmentos do agronegócio?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
3) Quais são as particularidades do mercado agroindustrial?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Vista a complexidade do agronegócio, que muito se estende para antes e para 
depois da porteira do produtor rural, podemos agora avançar na análise da estrutura 
de mercado existente para cada segmento da cadeia agroindustrial. Se voltarmos 
à primeira parte do capítulo, nos lembraremos como o número de firmas, nível de 
diferenciação dos produtos e a existência ou não de barreiras à entrada determinam 
a estrutura de mercado. Enquanto em grande parte os produtos agropecuários são 
considerados homogêneos, os hortifrútis são o exemplo tradicional de um mercado 
praóximo ao de concorrência perfeita. Podemos destacar outros segmentos em 
que a diferenciação existe, como: barreiras à entrada e pequeno número de firmas 
controlando o mercado em que estão presentes. 
 Enquanto os produtos “mais” padronizáveis, como as commodities, podem ser 
estocados e comercializados internacionalmente com baixa restrição do consumidor daorigem do produto, produtos “mais” processados ganham maior diferenciação e possuem 
estrutura diferente de comercialização do que os empregados nas commodities.
Quadro 2 – Caracterização de segmentos que compõem uma cadeia produtiva
Segmento Setor Estrutura Tipos de organizações Estratégia Exemplos
Insumos 
agrícolas
Química-
farmacêutica
Oligopólios 
diferenciado e 
concentrado 
(Compete 
em custos e 
inovações)
Conglomerados 
multinacionais 
diversificados 
e empresas 
regionais que 
atuam em nichos
Pacotes 
tecnológicos 
com 
incorporação 
de serviços 
e avanço da 
biotecnologia, 
representando 
o agronegócio 
apenas uma 
parcela de 
seus mercados
Bayer, Dupont, 
Monsanto, Vallé
Metal-
mecânica
Ford, 
Semeato,AGCO
Genética e 
nutrição
Agroceres PIC, 
Cargill, Purina
38
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Agropecuária
Agricultura
Não 
oligopolístico 
(Em alguns 
casos 
semelhante à 
concorrência 
perfeita)
Agricultura 
empresarial, 
patronal e familiar, 
cooperativas 
e participação 
marginal da 
agricultura de 
subsistência
Desde 
commodities 
até bens de 
especialidade, 
com diversos 
níveis de 
diversificação e 
especialização 
e formas de 
transação
Produtores de 
cereais, FVLs, 
outras lavouras 
e pecuáriaPecuária
Agroindústria
Processamento 
primário (Abate, 
esmagamento, 
classificação)
Oligopólio 
competitivo 
(Em custos)
Conglomerados 
diversificados, 
em presas e 
cooperativas 
regionais e 
inúmeras micro 
e pequenas 
empresas locais 
que atuam em 
nichos (Inclusive 
agroindústrias 
familiares)
Produz bens 
commodities, 
com diversos 
níveis de 
diversificação e 
especialização 
e formas de 
transação com 
produtores, com 
produtores, com 
destaque para 
a integração da 
produção
Açúcar e álcool, 
suco de laranja, 
soja (Farelo e 
óleo), papel e 
celulosem carne 
em carcaça
Indústria de 
alimentos e 
bebidas
Processamento 
secundário 
(Mais próximas 
do consumidor 
final)
Oligopólios 
competitivo 
(Em custos) e 
diferenciado 
(Em inovação 
e marca)
Conglomerados 
diversificados 
com empresas 
e cooperativas 
regionais e 
inúmeras micro 
e pequenas 
empresas locais 
que atuam
Produtos com 
valor agregado 
(Processados, 
prontos para 
o consumo, 
embalados) 
que exploram 
a marca
Arisco, Aurora, 
JBS Friboi, 
Nestlé, BR 
Foods, Salton
Distribuição
Atacado e 
varejo
Oligopólios 
competitivo 
(Em custos) e 
diferenciado 
(Em marca)
Conglomerados 
multinacionais 
e nacionais, 
com empresas 
regionais 
que atuam 
em nichos, 
inpumeras 
micro, pequenas 
e médias 
empresas e 
estruturas 
públicas
Marca com 
serviço ou 
baixo custo
Carrefour, Pão 
de Açúcar, 
WalMart, 
padarias, 
pequeno varejo, 
feiras, sacolões
Serviços de 
alimentação
Não-
oligopolístico
Inúmeras 
pequenas 
e médias 
empresas redes 
multinacionais
Restaurantes, 
fast-food, 
catering
Fonte: Waquill, Miele e Schultz (2010, p. 31).
O setor “depois da porteira” se complexifica e a comercialização dos pro-
dutos agrícolas será tema de um capítulo específico da disciplina. A distribuição, 
por sua vez, passa a ser altamente especializada e hoje subdivide-se em ataca-
do, varejo, bares, restaurantes, hotéis etc. Esse processo não se limita mais a 
39
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
cadeias locais e nacionais de distribuição, os grandes conglomerados transacio-
nais operam no setor, com vendas que não ocorrem apenas fisicamente, mas 
também digitalmente.
Varejo
Varejo, que é definido pela venda de produtos em pequenas quantidades, 
tem se expandido no setor agroalimentar como um todo. Pode-se citar como 
exemplos desses agentes desde mercearias, padarias, açougues, adegas, 
empórios, panificadoras, feiras, como supermercados, hipermercados, lojas de 
conveniência e postos de combustível etc.
Assim, ao mesmo tempo em que esse nicho é ocupado por grandes 
indústrias varejistas, como Carrefour, Wal-Mart, Pão de Açúcar, ainda existe 
grande presença de elos tradicionais menores entre a produção e o consumidor 
final. Os produtos comercializados nesse mercado estão cada vez diferenciados, 
com destaque para a crescente importância da marca, dos selos de qualidade, 
rastreabilidade dos alimentos etc. Esse panorama, como veremos no Capítulo 
2, mostra-se como uma das grandes mudanças do setor agroalimentar mundial, 
com consequências não apenas para o pequeno varejista, como também para o 
consumidor e todo o restante da cadeia.
Atacado
Atacado, por sua vez, é definido pela venda realizada em grandes 
quantidades. Assim, a principal função é concentrar os produtos que abastecerão 
o varejo. Os centros de distribuição podem tanto ser multiprodutos, como centros 
especializados em determinado produto.
De acordo com Zylberstajn (2000), com o aumento da venda a varejo, o 
atacado vem sofrendo transformações importantes: além da especialização de 
centrais, há uma tendência tanto de indústrias do varejo criarem seus próprios 
centros atacadistas, como a redução da importância de plataformas centrais 
de distribuição, com elevação de acordos diretos entre a indústria de alimentos 
e o produtor diretamente com o setor varejista, com contratos do tipo Efficient 
Consumer Response (ECR). Além disso, a expansão da internet possibilita que 
as vendas a varejo sejam cada vez mais eficientes e personalizadas para o 
consumidor final. Atualmente já é comum, por exemplo, a existência de vários 
sites especializados na venda de produtos orgânicos pela internet.
40
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Para saber mais sobre as mudanças do atacado e varejo e do 
contrato do tipo Efficient Consumer Response (ECR), leia:
GHISI, F. A; SILVA, A. L. Implantação do Efficient Consumer 
Response (ECR): um estudo multicaso com indústrias, atacadistas 
e varejistas. Revista de Administração Contemporânea, v. 10, 
n. 3, p. 111-132, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S1415-65552006000300007&script=sci_arttext>. Acesso 
em: 18 out. 2017.
Algumas Considerações
Neste capítulo entendemos como funciona o mercado e sua localização no 
sistema econômico e os fatores que afetam a demanda. Além disso, conhecemos 
as diferentes estruturas de mercado, os fatores que as condicionam e visualizamos 
a importância de considerar os custos de transação para determinar o tamanho 
da firma, bem como consideramos a organização de redes.
 
Com todas essas informações, tivemos acesso ao conceito de agronegócio 
e a diferentes conceitos relevantes da literatura para o entendimento do mercado 
específico. Conseguimos localizar algumas peculiaridades, como sazonalidade 
da produção e do consumo, variações de qualidade de matéria-prima e 
perecibilidade, e ainda avançamos na identificação dos diferentes produtos e 
serviços agroindustriais. 
 
Estamos prontos para seguir! No próximo capítulo abordaremos o mercado 
do agronegócio no mundo, apresentando de maneira mais detalhada as mudanças 
recentes que ocorrem ao longo de toda a cadeia de produção do setor.
Referências
BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Gerenciamento de sistemas agroindustriais: 
definições, especificidades e correntes metodológicas. Gestão Agroindustrial. São 
Paulo: Atlas, 2012.
BAIN, J. Barriers to New Competition. Cambridge. Harvard University Press: 1956.
41
Introdução Ao Mercado Do Agronegócio Capítulo 1 
COASE, R. H. The nature of the firm. Econômica, v. 4, n. 16, p. 386-405, 1937.
FIANI, Ronaldo. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticos no Brasil. 
Rio de Janeiro: Campus, p. 267-286, 2002.
NEVES, M. F.; CHADDAD, F. R.; LAZZARINI, S. G. Alimentos: novos tempos e con-
ceitos na gestão de negócios. São Paulo: Pioneira, 2000, p. 1-23.
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. rev. São Paulo: Pionei-
ra Thomson Learning, 2005.
POSSAS, M. Estruturas de Mercados. Campinas: Hucitec, 1985.
ZYLBERSTAJN, D. Conceitos Gerais, Evolução e Apresentação do Sistema Agroin-
dustrial. In: ZYLBERSTAJN, D.; NEVES, M. F.Economia e Gestão dos Negócios 
Agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.
WAQUIL, Paulo Dabdab; MIELE, Marcelo; SCHULTZ, Glauco. Mercados e comer-
cialização de produtos agrícolas. PLAGEDER, 2010.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
42
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
CAPÍTULO 2
O Mercado do Agronegócio no Mundo
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender as principais características do agronegócio mundial.
�	Conhecer as principais transformações do agronegócio mundial para 
compreender sua dinâmica.
�	Conseguir interpretar e diagnosticar as tendências e rumos do agronegócio.
44
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
45
O Mercado do Agronegócio no Mundo Capítulo 2 
Contextualização
A globalização, urbanização, crescimento populacional, melhoria tecnológica 
e mudanças no padrão de consumo das pessoas são fatores que se modificam 
o tempo todo e ditam o ritmo dinâmico da organização mundial. Os mercados do 
agronegócio sofrem modificações juntamente com os outros ramos da economia. 
Entender esse setor como sinônimo de atraso já não faz mais sentido.
 
Hoje esses mercados, cada vez mais concentrados e diversificados, não se 
restringem aos supermercados como último elemento – apesar do protagonismo 
que o setor de varejo assume. Marcas de alimentos industrializados, restaurantes, 
fast foods são elementos cada vez mais presentes na alimentação do nosso dia a 
dia. Por outro lado, inovações no setor de insumos, na indústria e na distribuição 
são frequentemente apresentadas.
 
O que esse capítulo pretende mostrar é como o agronegócio mundial está em 
franca expansão e as grandes modificações que vem sofrendo ao longo de toda 
a cadeia produtiva: de antes até depois da porteira, nada mais está se mantendo 
como era até pouco tempo atrás.
Mudanças do Agronegócio
No capítulo anterior analisamos o mercado do agronegócio. Essa visão geral 
é fundamental para compreendermos as mudanças recentes pelas quais está 
passando esta estrutura produtiva. Além disso, a compreensão dos termos, dos 
sistemas econômicos e das estruturas de mercado nos ajudará a buscar nosso 
objetivo principal aqui: saber as principais características e transformações recentes 
do agronegócio mundial para, então, conseguirmos fazer uma interpretação e um 
diagnóstico coerentes com as novas tendências e rumos deste setor-chave na 
economia. As seções estão divididas a fim de apresentar as tendências de cada 
segmento determinante da estrutura do mercado do agronegócio.
Para isso, vamos retomar a estrutura da cadeia produtiva do setor do 
agronegócio. Ela será importante para visualizarmos mais facilmente onde 
se localiza cada segmento. Antes da porteira temos a indústria de insumos e 
equipamentos que produz as máquinas, ferramentas e todo tipo de instrumento 
necessário dentro da fazenda. A agropecuária está dentro da porta e trata das 
operações que visam a produção de fato dos produtos agrícolas. Logo em 
seguida, já fora da porteira, a agroindústria é o segmento que adicionará valor ao 
produto in natura recebido do campo, junto com ela está a indústria de alimentos 
e bebidas. O próximo segmento está ligado à distribuição do que foi produzido na 
46
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
etapa anterior e agrega uma série de agentes para que isso de fato ocorra. Por 
fim, na etapa do consumidor trataremos de temas pertinentes aos hábitos dos 
indivíduos e todos os fatores que afetam a demanda por parte deste.
Figura 5 - Cadeia produtiva do agronegócio e seus segmentos 
Indústria de
insumos e
equipamentos
Agropecuária Agroindústria
Indústria de
alimentos e
bebidas
Distribuição
(atacado e
varejo)
Consumidor
Fonte: Adaptado de Waquil, Miele e Schultz (2010, p. 31).
Além disso, nos utilizaremos a todo momento das tendências feitas por 
Waquil (2010), que nos parecem bem próximas da realidade em se tratando da 
dinâmica dos mercados do agronegócio. Essas tendências estão sintetizadas, 
para uma melhor compreensão, no quadro a seguir:
Quadro 3 – Tendências do agronegócio mundial
Segmentos Tendências
Insumos e máquinas agrícolas Aumento da produtividade dos fatores de produção.Aumento da oferta de novas tecnologias de produção.
Agropecuária Aumento da produção.Aumentos dos riscos de produção e de mercado.
Indústria de alimentos Maior oligopolização do mercado.Aumento do número de inovações.
Distribuição Maior concentração no setor varejista.Maior participação das marcas.
Demanda Crescimento populacional.Mudança nos hábitos alimentares.
Fonte: Adaptado em Waquil, Miele e Schultz (2010).
De modo geral, as tendências dos setores serão guiadas pelo aumento da 
demanda dos consumidores, que, por sua vez, será influenciada pela tendência 
contínua de aumento da população mundial, mais especificamente na Ásia e 
África, e pela mudança de hábitos alimentares. Essa é uma variável que sofre 
grande influência da renda das famílias. Desta forma, os outros segmentos serão 
puxados por variáveis do lado da demanda.
47
O Mercado do Agronegócio no Mundo Capítulo 2 
Mudanças na Indústria de Insumos e 
Máquinas Agrícolas
Como apresentado no capítulo anterior, a indústria de insumos e máquinas 
agrícolas localiza-se “antes da porteira” da fazenda e corresponde a um conjunto 
grande de produtos e serviços: tratores, colheitadeiras, corretivos de solo, defensivos 
agrícolas (inseticidas, herbicidas, fungicidas etc.), mudas, sêmen, rações, produtos 
veterinários, pesquisa, elaboração de projetos, análises laboratoriais etc. Mas não 
foi sempre assim, esta profissionalização e as inovações tecnológicas mais radicais 
começam a aparecer em meados do século XIX, nos Estados Unidos. Inicialmente, 
o trabalho simples e movido pela força humana foi gradualmente substituído pelas 
máquinas tracionadas por cavalos. Durante esse período, calcula-se que a produção 
por hora-homem tenha quadruplicado, ou seja, apenas com a alteração de algumas 
tecnologias a produção agrícola foi quatro vezes superior (PARKER; KLEIN, 1966). 
Um exemplo clássico é o da introdução do arado, antes de madeira e produzido 
pelos próprios agricultores ou artesãos locais em baixa escala. A partir de 1820 
passa-se a utilizar o arado de ferro ou aço, produzido em larga escala por métodos 
fabris, que diminuíram os custos da produção e aumentaram a produtividade do 
campo, por serem mais leves e duráveis (GOODMAN, 2008). 
Para saber mais sobre as mudanças tecnológicas que 
revolucionaram o campo, leia:
 GOODMAN, D.; SORJ, B.; WILKINSON, J. Da lavoura às 
biotecnologias: agricultura e indústria no sistema internacional [on-
line]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. 
204 p. ISBN: 978-85-9966-229-8.
Segundo Waquil (2010), duas tendências principais podem marcar o 
futuro da indústria de insumos e máquinas agrícolas no mundo: aumento 
da produtividade dos fatores de produção e aumento da oferta de novas 
tecnologias de produção. Vamos entender cada uma separadamente.
As duas tendências se unem para um motivo único: alimentar a 
crescente população mundial. Ao fato da população mundial ainda crescer 
consideravelmente soma-se o fato de existir cada vez menos terras para 
cultivo. A única forma de conseguir ofertar a quantidade de alimentos 
necessária ao suprimento da demanda crescente é aumentar a produtividade, 
A única forma de 
conseguir ofertar 
a quantidade 
de alimentos 
necessária ao 
suprimento da 
demanda crescente 
é aumentar a 
produtividade
48
 MERCADO NO AGRONEGÓCIO
ou seja, aumentar a produção dentro do limite físico da quantidade de terras 
disponíveis. As terras disponíveis podem ser definidas como aquelas agricultáveis, 
isso quer dizer que é possível estabelecer algum tipo de cultura nelas.
A tabela a seguir traz informações sobre o total de terras aráveis nas 
diferentes regiões do mundo. Segundo esses dados da FAOSTAT,

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