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CONCEITOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS Direito objetivo, direito positivo e direito subjetivo Direito objetivo: conjunto de normas (escritas e não-escritas) voltadas a regular o comportamento humano (autorizar ou proibir determinados comportamentos). Direito positivo: conjunto de normas jurídicas escritas em vigência, num determinado espaço e tempo. Direito subjetivo: faculdade do sujeito de agir ou não em conformidade com o direito objetivo (o sujeito de direito pode ou não fazer valer o conteúdo da norma a seu favor, isto é, tem a faculdade de exigir ou não o cumprimento do dever da outra parte da relação, como num contrato). B) Divisão didática: Público x Privado Direito público: rege as relações jurídicas nas quais o Estado é parte (Estado x Estado, Estado x particular); além disso, trata da própria estrutura de organização e funcionamento do poder estatal. Direito privado: regulamenta relações entre particulares. Transformações: cada vez mais delicado sustentar uma divisão rígida. Há relações entre particulares que envolvem temas de interesse social e, sobre elas, incidem normas de ordem pública. Ex: Direito trabalhista e direito do consumidor: em tese, pertencem ao campo privado, mas suas normas são, em larga medida, condicionadas pelo interesse público. “Norma de ordem pública”: normas em que o interesse coletivo sobrepõe-se aos interesses individuais das partes envolvidas, restringindo a liberdade de ação dos particulares. Público Interno: Constitucional; Administrativo; Tributário; Processual; Penal. Público Externo: Internacional Público e Privado. Privado: Civil; Comercial. C) Fontes São os pontos de origem do Direito. São os valores e os fatores técnicos ou sociais que determinam o conteúdo do Direito, quando de sua criação. Podem ser subdivididas, didaticamente, em formais ou materiais. C1) Fontes formais Estatais: legislação, jurisprudência, convenções e tratados internacionais. Não-estatais: costumes, doutrina, poder negocial e poder normativo dos grupos sociais. LEGISLAÇÃO: conjunto de normas jurídicas produzidas em conformidade com o procedimento legislativo constitucionalmente previsto (há diversos requisitos para sua validade, formais e materiais, adiante analisados). JURISPRUDÊNCIA: conjunto de decisões judiciais que, na medida de sua uniformidade, tornam-se guia para novas decisões a serem tomadas em casos semelhantes (v. art. 557, CPC; tema polêmico: súmula vinculante). TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS: regulamentação de relações entre Estados. COSTUMES: práticas usuais de uma dada comunidade, ao longo do tempo, tomadas como moral e eticamente aceitáveis nesse mesmo âmbito espaço/tempo. DOUTRINA: produção científica e intelectual da comunidade jurídica, voltada à interpretação e integração do Direito. PODER NEGOCIAL: capacidade das partes de uma relação em determinar comportamentos que, caso não observados, autorizam a incidência de normas jurídicas sancionadoras dessa inobservância ( espécie não autônoma de normatização de condutas, pois sua obrigatoriedade é garantida, na verdade, por outras normas jurídicas (Contratos e medidas reparadoras de sua inadimplência). PODER NORMATIVO DE GRUPOS SOCIAIS (igreja, clubes, associações etc): capacidade para criar normas reguladoras da própria conduta, condicionadas à sua adequação ao ordenamento jurídico (Ex: Constituição de Condomínio, Estatuto Social de Clube etc.). C2) Fontes materiais: fatores sociais / valores históricos ( o direito é criado em conformidade com a realidade social e histórica daquele momento. (Ex.: anulabilidade do casamento por defloramento da mulher; presunção de violência – menor de 14 anos – estupro; racionamento de energia/baixa reserva hídrica: norma – prestação contínuo do serviço, fato – falta de água). D) NORMA JURÍDICA Distinção: norma moral/norma ética x norma jurídica Espécie de Norma Bilateral Imperativa Coercível Externamente Imposta Moral/Ética N S N N Jurídica S S S S Toda norma expressa idéia de algo que “deve ser”, ou seja, implica juízo de valor. a) Moral: “mundo da conduta espontânea” (Reale), ou seja, não se pode conceber um ato moral ‘forçado’; as normas morais não podem ser exigidas externamente e sua inobservância não pode ser sancionada pelo Estado (apenas socialmente ( juízo de reprovação). b) Ética: normas de comportamento social que estabelecem, dentro de uma determinada comunidade, padrões de conduta exigíveis mutuamente ( podem vir a adquirir força normativa jurídica, como nos Códigos de Ética. c) Jurídica: regra de conduta dotada de bilateralidade (implica relação entre pessoas), imperatividade (deve ser observada), coercibilidade (sua inobservância pode ser sancionada), heteronomia (é externamente imposta). Criação da norma jurídica (opção legislativa/política – decisão/ato de vontade) Processo legislativo (Constituição Federal art. 59 a 69). Iniciativa cabe aos Deputados, Senadores, Presidente da República, STF, STJ, TST, STM, TSE, Procurador-Geral da República e aos cidadãos (projeto de lei subscrito por 1% do eleitorado nacional = aproximadamente 1,6 milhões de assinaturas).Discussão: apresenta-se à Casa legislativa competente (Câmara dos Deputados ou Senado Federal), de acordo com a CF. Dentro desta, passará pelas comissões existentes (para análise da constitucionalidade e do conteúdo). Manda-se para a outra Casa legislativa. Se não houver emenda, envia-se para sanção ou aprovação. Se houver emenda, manda à Casa iniciadora para que aprecie as alterações. Se rejeitar, o projeto é arquivado. Apreciada a emenda, ou aceito sem emendas, é enviado ao plenário para votação. Votada, é enviada à sanção ou veto do Presidente. Sancionada, promulga-se a lei. D1) Classificação a) Quanto à imperatividade: absoluta (devem ser observadas, como condição de validade da conduta ou ato; Ex: art. 5(, Código Civil: capacidade) / relativa (permitem ação ou abstenção; Ex: “é lícito...”; “... salvo convenção em contrário entre as partes”). b) Quanto à natureza: substantiva (criam direitos e impõem deveres, regulam relações jurídicas); adjetivas (referem-se aos procedimentos e formas de aplicação das normas substantivas – Ex: direito processual). c) Quanto à sua aplicação: eficácia plena (bastam por si só para produção de efeitos, logo, são de aplicabilidade imediata; Ex: CF/88, art. 226, § 1(); eficácia contida (em geral, demandam legislação posterior que a complemente; Ex: CF/88, art. 5(, XIII); eficácia limitada (estão sujeitas à edição de legislação posterior para que se tornem aplicáveis; são normas de princípio ou ‘normas programáticas’; Ex: CF/88, art. 165, § 9(, I; art. 192, § 3( (polêmica dos juros); art. 205 (educação). d) Quanto ao poder de autonomia legislativa: nacionais ou locais (âmbito espacial de validade); federais, estaduais ou municipais (cada um tem seu campo de competência legislativa previsto na Constituição Federal. Ex: LF, CF/88, art. 22; LE (residual): art. 25, § 1(; LM: art. 30, I e II). e) Quanto à hierarquia: CF/88, art. 59 (espécies normativas primárias); LC 95/98: dispõe sobre elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. e1) Normas Constitucionais (Emendas Constitucionais); e2) Leis Complementares (a própria Constituição Federal as prevê, taxativamente e tem procedimento diferenciado para tramitação e aprovação); e3) Lei Ordinária, Lei Delegada (ato normativo elaborado pelo Presidente da República, mediante autorização do Legislativo; CF/88, art. 68), Medida Provisória (CF/88, art. 62), Decreto Legislativo (compete exclusivamente ao Congresso Nacional, não há participação do Presidente da República em sua edição; CF/88, art. 49) e Resolução (regulamentação de matérias de competência de Legislativo, não abrangidas pelos Decretos Legislativos). e4) Decretos (normas regulamentares voltadas, em regra, ao aspecto procedimental de execução e aplicação das leis);e5) Normas internas (despachos, estatutos, regimentos, etc.); e6) Normas individuais (sentenças, testamentos, contratos). � D2) Validade e Eficácia TERRITORIALIDADE ESPAÇO EXTRATERRITORIALIDADE ASPECTO FORMAL =VIGÊNCIA TEMPO (vacatio legis, cessação da eficácia (ab-rogação e derrogação), retroatividade, irretroatividade PESSOA ( gerais e individuais MATÉRIA( econômica, social, política, comercial, de organização etc. VALIDADE ASPECTO FÁTICO = EFICÁCIA (qualidade da produção de efeitos na realidade fática ASPECTO ÉTICO = JUSTIÇA ( é o que “deve-ser”. Depende do ângulo histórico e social em que se situa a norma jurídica A norma jurídica, para que possa ser considerada válida, deve atender a certos requisitos. a) Validade Formal: deve estar vigente; deve ter sido promulgada por autoridade competente; deve ter obedecido o trâmite legislativo adequado; deve estar conforme à norma hierarquicamente superior a ela. a1) Características da validade formal: a1.1) Vigência: a norma vale num certo espaço e por um certo tempo (que pode ser indeterminado); para atender aos princípio da publicidade das normas, começa a vigorar a partir de sua publicação no Diário Oficial (ela pode estabelecer, no próprio texto, outra data posterior p/ início de sua vigência); o intervalo de tempo entre sua publicação e o início de sua vigência chama-se vacatio legis; a norma pode ser revogada (tornada sem efeito) por duas maneiras: ab-rogação (supressão completa) ou derrogação (supressão parcial de sua validade), e essa revogação pode ser expressa ou tácita; com a promulgação de lei nova, podem ocorrer conflitos entre esses comandos jurídicos novos e relações jurídicas definidas anteriormente, em acordo com a lei revogada pela nova lei; Para solucionar esses problemas, há dois caminhos: a) a lei nova inclui disposições transitórias (de vigência temporária, voltadas a regular esses possíveis conflitos); b) critérios de retroatividade e irretroatividade da lei (a princípio, a lei não retroage; ver CF/88, art. 5(, XXXVI – ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada; ver CF/88, art. 5(, XL – norma penal mais branda, com efeito imediato). Territorialidade: a princípio, a lei tem vigência pelo território nacional, aí incluídas as áreas ‘fictas’ como embaixadas, consulados, navios, aviões (mas pode ter validade mais ou menos ampla do que essa – leis locais x leis internacionais); Extraterritorialidade:por convenções internacionais, pode-se aplicar a norma em território de outro Estado (‘estatuto pessoal’, baseado na nacionalidade ou no domicílio); a2) Validade pessoal: critério que diz respeito ao elemento pessoal do comportamento (Ex: a lei estadual aplica-se apenas às pessoas que vivam naquele Estado ou que sejam cidadãos dele). a3) Validade material: critério que diz respeito à matéria de que trata a norma (econômico, político, etc.) b) Eficácia (ou validade fática) A questão da eficácia diz respeito à concreta aplicação da norma, isto é, volta-se a saber se os seus destinatários efetivamente a observam ou não, se ela produz efeitos concretos ou não; As normas podem ser válidas e, mesmo assim, não ter eficácia. c) Validade Ética: A finalidade (ideal) das normas é a implantação do ‘justo’ na ordem social. Há autores, como Miguel Reale, que colocam essa busca pelo ‘justo’ como condição primeira de validade de uma norma. Na prática, definir o ‘justo’ conduz a um conflito argumentativo interminável. O ‘justo’ não é um critério absoluto; ele se define historicamente e, portanto, se transforma no tempo (Ex: a liberdade pode ser hoje considerada um valor ‘indiscutível’ a ser preservado pela norma; antigamente, no entanto, a escravidão era legalmente permitida e socialmente aceita). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (PRINCIPAIS) DINIZ, Maria Helena (2001). Compêndio de introdução à ciência do direito. 13ª ed. São Paulo: Saraiva. REALE, Miguel (2000). Lições preliminares de direito. 25ª ed. São Paulo: Saraiva. D. PÚBLICO D. PRIVADO Ex.: D. do Consumidor, D. do Trabalho
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