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aplicabilidade das normas constitucionais

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Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional e 
Internacional e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147
C756 Constituição e administração pública / Cinthia Louzada 
Ferreira Giacomelli... [et al.] ; [revisão técnica: Gustavo 
da Silva Santanna]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
120 p.: il. ; 22,5 cm.
ISBN 978-85-9502-348-2
1. Direito constitucional. 2. Administração pública. I. 
Giacomelli, Cinthia Louzada.
CDU 342
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 2 28/02/2018 12:05:41
Eficácia e aplicabilidade 
das normas constitucionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Conceituar normas constitucionais.
 Explicar a importância da classificação das normas constitucionais
para a jurisprudência.
 Avaliar o tratamento do Supremo Tribunal Federal (STF) à eficácia das 
normas constitucionais.
Introdução
As normas constitucionais podem ser classificadas, segundo a sua 
eficácia, como plena, contida, limitada, imediata, mediata, restringí-
vel e programática. Essas classificações têm impacto importante no 
tratamento jurisprudencial de controvérsias relacionadas a normas 
constitucionais.
Neste capítulo, trataremos do conceito de normas constitucionais, da 
sua classificação, dos impactos na jurisprudência e do tratamento que 
lhes é conferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 93 28/02/2018 12:05:56
Normas constitucionais e 
a sua classificação
A Constituição é a lei fundamental que organiza e fundamenta o ordenamento 
jurídico com base nos princípios elencados pelo povo no ato de criação de um 
Estado Democrático de Direito. Conforme ensina Kelsen (1999, p. 155), é a 
norma de maior hierarquia, pois produz as próprias regras da gênese das leis:
A norma que regula a produção é a norma superior, a norma produzida se-
gundo as determinações daquela é a norma inferior. A ordem jurídica não é 
um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo plano, situadas umas 
ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de diferentes camadas 
ou níveis de normas jurídicas. A sua unidade é produto da conexão de depen-
dência que resulta do fato de a validade de uma norma, que foi produzida de 
acordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cuja produção, por 
sua vez, é determinada por outra; e assim por diante, até abicar finalmente 
na norma fundamental — pressuposta. A norma fundamental — hipotética, 
nestes termos — é, portanto, o fundamento de validade último que constitui 
a unidade desta interconexão criadora.
Se começarmos levando em conta apenas a ordem jurídica estadual, a Consti-
tuição representa o escalão de Direito positivo mais elevado. A Constituição 
é aqui entendida num sentido material, quer dizer: com esta palavra significa-
-se a norma positiva ou as normas positivas através das quais é regulada a 
produção das normas jurídicas gerais.
Além disso, a norma fundamental, por conter os valores da nação, possui 
poder regulador em relação ao conteúdo do ordenamento jurídico e das 
novas legislações:
A Constituição, que regula a produção de normas gerais, pode também 
determinar o conteúdo das futuras leis. E as Constituições positivas não 
raramente assim procedem ao prescrever ou ao excluir determinados con-
teúdos. No primeiro caso, geralmente apenas existe uma promessa de leis 
a fixar e não qualquer obrigação de estabelecer tais leis, pois, já mesmo 
por razões de técnica jurídica, não pode facilmente ligar-se uma sanção 
ao não-estabelecimento de leis com o conteúdo prescrito. Com mais efi-
cácia, porém, podem ser excluídas pela Constituição leis de determinado 
conteúdo. O catálogo de direitos e liberdades fundamentais, que forma 
uma parte substancial das modernas constituições, não é, na sua essência, 
outra coisa senão uma tentativa de impedir que tais leis venham a existir. 
E eficaz quando pelo estabelecimento de tais leis — v. g., leis que violem 
a chamada liberdade da pessoa ou de consciência, ou a igualdade — se 
responsabiliza pessoalmente determinado órgão que participa na criação 
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais94
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 94 28/02/2018 12:05:56
dessas leis — chefe do Estado, ministros — ou existe a possibilidade de as 
atacar e anular. Tudo isto sob o pressuposto de que a simples lei não tenha 
força para derrogar a lei constitucional que determina a sua produção e o 
seu conteúdo, de que esta lei somente possa ser modificada ou revogada 
sob condições mais rigorosas, como sejam uma maioria qualificada ou um 
quorum mais amplo. Quer isto dizer que a Constituição prescreve para a sua 
modificação ou supressão um processo mais exigente, diferente do processo 
legislativo usual; que, além da forma legislativa, existe uma específica forma 
constitucional (KELSEN, 1999, p. 156-157).
As normas constitucionais conformam o sistema jurídico quanto aos procedimentos 
de criação legislativa, os princípios fundamentais que lhes dão conteúdo válido e 
diretrizes gerais que estabelecem a conformidade esperada pelas leis que lhes são 
inferiores.
A partir dessa noção de Constituição, trataremos da classificação das 
normas constitucionais, conforme proposto por Moraes (2003, p. 41) quanto 
à sua eficácia plena, contida e limitada:
São normas constitucionais de eficácia plena “aquelas que, desde a entrada em 
vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os 
efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, 
que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular” (por 
exemplo: os “remédios constitucionais”). 
Normas constitucionais de eficácia contida são aquelas “que o legislador 
constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada 
matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência 
discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos 
de conceitos gerais nelas enunciados”.
Por fim, normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que presen-
tam “aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem 
totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes 
desenvolva a aplicabilidade”.
95Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 95 28/02/2018 12:05:56
Logo, a Constituição possui normas que incidem sobre determinado 
suporte fático tal qual qualquer norma positiva, e, portanto, possuem eficácia 
plena, como as normas sobre o processo legislativo, por exemplo, ou normas 
em que a Constituição estabelece normas gerais, como os princípios da 
ordem econômica, previstos no art. 170, que serão regulados em legislações 
próprias, e normas de eficácia limitada, pois preveem que normas posteriores 
darão complementariedade ao seu próprio conteúdo.
Alternativamente, Moraes (2003, p. 42) traz o a classificação proposta por 
Maria Helena Diniz, segundo a qual as normas constitucionais são divididas 
por sua eficácia absoluta, plena e restringível e mediata:
Assim, propõe e explica a referida autora, que são normas constitucionais 
de eficácia absoluta “as intangíveis; contra elas nem mesmo há o poder de 
emendar. Daí conterem uma força paralisante total de toda a legislação que, 
explícita ou implicitamente, vier a contrariá-las. Distinguem-se, portanto, 
das normas constitucionais de eficácia plena, que, apesar de incidirem 
imediatamente sem necessidade de legislação complementar posterior, 
são emendáveis. 
[...] As normas com eficácia plena “são plenamente eficazes..., desde sua en-
trada em vigor para disciplinarem as relações jurídicas ou o processo de sua 
efetivação, por conterem todos os elementos imprescindíveis para que haja 
a possibilidade daprodução imediata dos efeitos previstos, já que, apesar de 
suscetíveis de emenda, não requerem normação subconstitucional subseqüente. 
Podem ser imediatamente aplicadas”.
Por sua vez, as normas com eficácia relativa restringível correspondem 
“às de eficácia contida de José Afonso da Silva, mas, aceitando a lição de 
Michel Temer, preferimos denominá-la normas constitucionais de eficácia 
redutível ou restringível, por serem de aplicabilidade imediata ou plena, 
embora sua eficácia possa ser reduzida, restringida nos casos e na forma 
que a lei estabelecer; 
Finalmente, “há preceitos constitucionais que têm aplicação mediata, por 
dependerem de norma posterior, ou seja, de lei complementar ou ordinária, 
que lhes desenvolva a eficácia, permitindo o exercício do direito ou do 
benefício consagrado. Sua possibilidade de produzir efeitos é mediata, 
pois, enquanto não for promulgada aquela lei complementar ou ordinária, 
não produzirão efeitos positivos, mas terão eficácia paralisante de efeitos 
de normas precedentes incompatíveis e impeditiva de qualquer conduta 
contrária ao que estabelecerem.
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais96
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 96 28/02/2018 12:05:56
São normas de eficácia absoluta, portanto, aquelas normas que não 
podem ser emendadas e cuja eficácia é imediata, caso clássico dos direitos 
fundamentais, que são a positivação de direitos naturais humanos decla-
rados em convenções internacionais e compõem um mínimo de direitos 
existenciais à nação. As normas de eficácia plena, por sua vez, encontram 
eco na classificação precedente como aquelas que possuem eficácia à 
época da vigência da Constituição, e as normas com eficácia restringível 
são aquelas que podem ser delimitadas pela legislação infraconstitucio-
nal. Por fim, as normas de aplicação mediata são aquelas que delegam a 
integralidade do seu conteúdo à legislação posterior.
Finalmente, compõem uma última classificação, conforme a lição de Moraes 
(2003, p. 43), as normas programáticas, que:
[...] são de aplicação diferida, e não de aplicação ou execução imediata; 
mais do que comandos-regras, explicitam comandos-valores; conferem 
elasticidade ao ordenamento constitucional; têm como destinatário primacial 
- embora não único - o legislador, a cuja opção fica a ponderação do tempo 
e dos meios em que vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a 
discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos 
as invoquem já (ou imediatamente após a entrada em vigor da Constituição), 
pedindo aos tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver 
quem afirme que os direitos que delas constam, máxime os direitos sociais, 
têm mais natureza de expectativas que de verdadeiros direitos subjetivos; 
aparecem, muitas vezes; acompanhadas de conceitos indeterminados ou 
parcialmente indeterminados.
As normas programáticas compõem objetivos mediatos, cujos efeitos, 
embora o seu conteúdo seja claro, não são atingíveis de imediato, mas 
servem de baliza para a evolução do próprio Estado Nacional. Um exemplo 
dessa espécie encontra-se na função do salário mínimo, previsto no art. 
7º (BRASIL, 1988), onde este deverá ser “[...] capaz de atender a suas 
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, 
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada 
sua vinculação para qualquer fim”, o que hoje não é possível em relação 
aos valores fixados nacionalmente, mas compõe um objetivo constitucional 
a ser atingido pela comunidade brasileira.
97Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 97 28/02/2018 12:05:56
A eficácia depende da espécie de norma constitucional, pois, enquanto a Constituição 
possui princípios fundamentais que podem ser aplicados de forma imediata, outros 
princípios dependem de políticas públicas para que possam gerar os seus efeitos. 
Algumas normas dependem de legislação infraconstitucional, como é o caso dos 
tributos previstos na Constituição Federal. Já outras têm aplicabilidade imediata, como 
as normas que tratam do procedimento legislativo.
Importância da classificação das normas 
constitucionais para a jurisprudência
Conforme tratamos na primeira seção, a Constituição estabelece as diretrizes 
para a formulação de leis, os princípios que regem o seu conteúdo e normas de 
aplicabilidade imediata sobre a organização do ordenamento jurídico. Ainda, 
é responsável pela coerência normativa em relação aos valores eleitos pelo 
povo que a confi gura.
A sua eficácia pode ser:
  absoluta, quanto à irrevogabilidade de determinados valores nela con-
tida, mesmo pelo instrumento da emenda constitucional, caso das 
chamadas cláusulas pétreas que compõem os princípios fundamentais 
relacionados aos direitos naturais reconhecidos pela nação e a própria 
organização estatal vigente;
  plena, em relação às normas cujo conteúdo possui imediata aplicabilidade;
  mediata, quando o seu conteúdo depende de legislação posterior para 
complementá-las, restringível quando estabelecem regras gerais a serem 
especificadas pela legislação infraconstitucional;
  programáticas, quando o seu conteúdo é um ideal a ser realizado pelo 
Estado, mesmo que seja claro e, em uma primeira leitura, lembre uma 
norma de eficácia plena.
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais98
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 98 28/02/2018 12:05:56
As influências do conceito de eficácia das normas constitucionais na atividade 
jurisdicional são vastas e dependem da matéria analisada pelo juízo, uma vez que 
podem compor o controle difuso ou concentrado de constitucionalidade, ou servir 
de diretrizes para a resolução de antinomias entre normas infraconstitucionais, entre 
normas constitucionais ou mesmo conflitos entre normas de hierarquias distintas.
Por sua característica fundamental, as normas de eficácia absoluta ser-
vem como base para a eliminação de conflitos de ordem hierárquica, pois, 
conforme Kelsen (1999, p. 146):
Entre uma norma de escalão superior e uma norma de escalão inferior, 
quer dizer, entre uma norma que determina a criação de uma outra e essa 
outra, não pode existir qualquer conflito, pois a norma do escalão inferior 
tem o seu fundamento de validade na norma do escalão superior. Se uma 
norma do escalão inferior é considerada como válida, tem de se consi-
derar como estando em harmonia com uma norma do escalão superior. 
Na exposição da construção escalonada da ordem jurídica se mostrará 
como isto sucede.
Com relação às normas infraconstitucionais, as normas constitucionais 
em geral possuem privilégio hierárquico capaz de resolver qualquer conflito 
dessa ordem, enquanto as normas de eficácia absoluta ou cláusulas pétreas, 
por conformarem os princípios basilares da organização estatal e dos valo-
res positivados da nação, possuem privilégio, mesmo em relação às demais 
disposições constitucionais, pois não podem ser revogadas por interpretação 
nem por emenda constitucional.
Além disso, os direitos fundamentais também influenciam a prática 
jurisprudencial a partir da interpretação conforme a Constituição na forma 
da jurisprudência dos valores, em que o uso de princípios auxilia na in-
terpretação das normas a partir de uma visão constitucional; embora os 
99Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 99 28/02/2018 12:05:56
próprios princípios basilares da Constituição possam colidir nesse mesmo 
uso, em que incidem os postulados da proporcionalidade, razoabilidade e 
igualdade para a ponderação entre eles:
Se dois princípios colidem — o que ocorre, por exemplo, quando algo é 
proibido de acordo com um princípio e, de acordo com outro, permitido 
—, um dos princípios terá que ceder. Isso não significa, contido, nem que 
o princípio cedentedeva ser declarado inválido, nem que nele deverá ser 
introduzida uma cláusula de exceção. Na verdade, o que ocorre é que um 
dos princípios tem precedência em face do outro sob determinadas condi-
ções. Sob outras condições a questão da precedência pode ser resolvida de 
forma oposta. Isso é o que se quer dizer quando se afirma que, nos casos 
concretos, os princípios têm pesos diferentes e que os princípios com o 
maior peso têm precedência. Conflitos entre regras ocorrem na dimensão 
da validade, enquanto as colisões entre princípios – visto que só princípios 
válidos podem colidir — ocorrem, para além dessa dimensão, na dimensão 
do peso (ALEXY, 2008, p. 93-94).
Já as normas constitucionais de eficácia plena possuem o condão de 
resolver qualquer controvérsia em relação às normas infraconstitucionais de 
forma hierárquica, enquanto, havendo controvérsia sobre o próprio sistema 
constitucional, devem ser utilizadas soluções clássicas de hermenêutica 
dogmática para solucionar a antinomia, como regras temporais, qualitativas, 
em relação às cláusulas pétreas ou de maior adequação ao caso concreto 
por critérios finalísticos-constitucionais (teleológicos) encontrados pelo 
julgador.
As normas de eficácia mediata devem ser interpretadas quanto à com-
plementariedade em relação às normas infraconstitucionais, em que estas 
podem restringir o seu alcance, mas não podem contrariar o seu conteúdo; 
logo, uma norma infraconstitucional que verse sobre a preservação do meio 
ambiente equilibrado (art. 225, Constituição Federal) pode estabelecer regras 
de responsabilidade civil (art. 225, § 3º) em relação à necessidade de com-
provação de causalidade e do ilícito relacionados ao dano. No entanto, não 
podem revogar a norma secundária de responsabilidade civil em relação ao 
dispositivo constitucional (BRASIL, 1988). Desse modo, as normas cons-
titucionais de eficácia mediata estabelecem o conteúdo mínimo para que a 
legislação infraconstitucional estabeleça as suas bases, novamente, cabendo 
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais100
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 100 28/02/2018 12:05:57
ao método hierárquico de interpretação a resolução de controvérsias entre 
a norma-base e a sua regulação.
Finalmente, as normas ditas programáticas, em que pese o seu dispositivo 
ser expresso, como é o caso do mencionado salário-mínimo, não podem ser 
compreendidas em sua literalidade, pois a sua eficácia imediata seria impossível 
conforme as possibilidades fáticas do momento da sua criação. Assim, devem 
ser interpretadas pela jurisprudência com cautela necessária para compreender 
qual é o nível de evolução em que a realidade fática se encontra em relação 
ao programa estabelecido pela Constituição.
O método histórico comparando as circunstâncias da criação da norma e as circuns-
tâncias da atualidade é o mais indicado para que haja uma devida ponderação entre 
o conteúdo da norma e as circunstâncias e possibilidades de preenchimento dos seus 
requisitos graduais no caso concreto.
Eficácia das normas constitucionais na 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
A Constituição, como vimos, possui normas de efi cácia absoluta, plena, 
mediata e/ou restringível e programáticas. O seu guardião é o STF, órgão 
do judiciário responsável pelo controle de constitucionalidade das normas 
e decisões do judiciário. A partir do estudo da jurisprudência, do STF, 
trataremos de decisões das quais podemos extrair exemplos de aplicação 
dessas modalidades de efi cácia.
Com relação aos direitos constitucionais de eficácia absoluta, em de-
cisão sobre colisão entre norma de hierarquia superior (constitucional) na 
forma da liberdade de expressão, norma fundamental prevista no art. 5, 
IV e IX, o STF utilizou os critérios de hierarquia sistêmica e ponderação 
de princípios:
101Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 101 28/02/2018 12:05:57
A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por 
outra norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de 
hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguar-
dar e proteger outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja, o da 
inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. 
8. Para a coexistência das normas constitucionais dos incs. IV, IX e X do art. 
5º, há de se acolher o balanceamento de direitos, conjugando-se o direito às 
liberdades com a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e 
da imagem da pessoa biografada e daqueles que pretendem elaborar as bio-
grafias. 9. Ação direta julgada procedente para dar interpretação conforme 
à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, 
em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e 
de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível 
autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou 
audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas 
como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou 
ausentes) (BRASIL, 2016).
Ao excepcionar a regra do código civil que proíbe o uso de direitos de personalidade 
sem autorização prévia da pessoa objeto de descrição no caso de obras biográficas, 
o Supremo reafirma os valores fundamentais com eficácia imediata e irrevogáveis, 
mesmo por regras posteriores, como é o caso do Código Civil de 2002, eis que as 
cláusulas pétreas constitucionais configuram normas de hierarquia superior (ainda 
que a integralidade da regra tenha se mantido, excepcionando-se o caso em tela para 
que a norma seja adequada aos preceitos constitucionais).
Sobre as normas constitucionais de eficácia plena, a decisão abaixo traz 
exemplo de aplicação de norma de competência constitucional para uso do 
foro privilegiado:
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL — ALEGAÇÃO DE USURPAÇÃO DE 
COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL — FORO POR 
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO — HIPÓTESE NÃO CARACTERIZADA 
– INQUÉRITO INSTAURADO CONTRA PESSOAS FÍSICAS E JURÍDI-
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais102
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 102 28/02/2018 12:05:57
CAS SEM PRERROGATIVA - ENCONTRO FORTUITO DE ELEMENTOS 
INDICIÁRIOS — A SIMPLES CIRCUNSTANCIA DE O PARLAMENTAR 
SER SÓCIO DA EMPRESA INVESTIGADA NÃO É SUFICIENTE PARA 
FIRMAR A COMPETÊNCIA DESTA SUPREMA CORTE - REMESSA 
REGULAR DO FEITO — FASE EMBRIONÁRIA DAS INVESTIGAÇÕES 
- NULIDADE NÃO RECONHECIDA — AGRAVO AO QUAL SE NEGA 
PROVIMENTO (BRASIL, 2017).
Nesse caso, o Supremo aplica o art. 102, I, da Constituição Federal, 
norma constitucional de eficácia plena que versa sobre a sua competência, 
em que gozam de foro privilegiado as ações originárias contra o Presidente 
da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, os 
seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, os Ministros 
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os 
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os 
chefes de missão diplomática de caráter permanente, nos casos especificados 
nas suas alíneas, não se estendendo esse foro às suas atividades que fujam 
do escopo da sua função (crimes de responsabilidade) ou privilégio do cargo 
(ações penais comuns) (BRASIL, 1988). 
Com relação às leis de eficácia mediata, o Supremo, no caso abaixo, re-
conhece, mesmo sem a devida Lei Complementar, a existência de município 
que cumpre com os requisitos consolidados para a sua separação de município 
de que outrora pertencia:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 6.066, 
DO ESTADO DO PARÁ, QUE ALTERANDO DIVISAS, DESMEMBROU 
FAIXA DE TERRA DO MUNICÍPIO DE ÁGUA AZUL DO NORTE E 
INTEGROU-A AO MUNICIPIO DE OURILÂNDIA DO NORTE. INCONS-
TITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL POSTERIOR À EC 15/96. AU-
SÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR FEDERAL PREVISTA NO TEXTOCONSTITUCIONAL. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 18, § 4º, DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. OMISSÃO DO PODER LEGISLATIVO. 
EXISTÊNCIA DE FATO. SITUAÇÃO CONSOLIDADA. PRINCÍPIO DA 
SEGURANÇA DA JURÍDICA. SITUAÇÃO DE EXCEÇÃO, ESTADO DE 
EXCEÇÃO. A EXCEÇÃO NÃO SE SUBTRAI À NORMA, MAS ESTA, 
SUSPENDENDO-SE, DÁ LUGAR À EXCEÇÃO — APENAS ASSIM ELA 
SE CONSTITUI COMO REGRA, MANTENDO-SE EM RELAÇÃO COM 
A EXCEÇÃO (BRASIL, 2007).
103Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 103 28/02/2018 12:05:57
O Supremo, no caso em tela, reconhece que não está restrito à lite-
ralidade da lei, de modo que deve proteger os preceitos constitucionais 
em sintonia com as consequências da sua omissão. Assim, em vista dos 
prejuízos que acarretariam a mera formalidade, decide pelo reconhecimento 
da alteração regional em caráter de excepcionalidade, tornando, no caso 
concreto, uma norma constitucional de aplicabilidade mediata em norma 
constitucional de eficácia plena a partir da ponderação entre os princípios 
constitucionais da segurança jurídica, aqui privilegiados em detrimento 
da segurança do município.
Finalmente, sobre as normas programáticas, o STF reconhece a impossi-
bilidade da sua aplicação indiscriminada, mas defende a constitucionalidade 
das políticas públicas que visam à concretização das mesmas, como foi o caso 
da discussão de constitucionalidade da distribuição gratuita de medicamentos 
contra o HIV:
ARE 685230 AG R / MS CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE — O 
caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política — que tem 
por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, 
a organização federativa do Estado brasileiro — não pode converter-se em 
promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, frau-
dando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de 
maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto 
irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei 
Fundamental do Estado.
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE MEDICAMENTOS A PESSOAS CA-
RENTES — O reconhecimento judicial da validade jurídica de Programas de 
distribuição gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive àquelas 
portadoras do vírus HIV/AIDS, dá efetividade a preceitos fundamentais da 
Constituição da República (arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção 
do seu alcance, um gesto reverente e solidário de apreço à vida e à saúde 
das pessoas, especialmente daquelas que nada têm e nada possuem, a não 
ser a consciência de sua própria humanidade e de sua essencial dignidade. 
Precedentes do STF (BRASIL, 2013).
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais104
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 104 28/02/2018 12:05:57
Nesse caso, o Supremo compreende que a eficácia da norma programática 
não deve ser esvaziada, embora não goze de eficácia plena pela inconsequ-
ência que essa interpretação traria ao erário, de forma que políticas públicas 
pontuais que lhe traduzam eficácia são recepcionadas pela Constituição, 
desde que ponderadas com os demais deveres do Estado.
Assim, é possível concluir que a eficácia das normas constitucionais é 
tratada pelo STF, ora com rigor doutrinário, ora com flexibilidade em rela-
ção aos aspectos materiais da aplicação das normas da Carta Magna, com 
vista à materialidade da norma, protegendo a Constituição de modo a dar-lhe 
aplicabilidade, seja esta plena ou limitada de acordo com a complexidade das 
suas disposições.
1. Leia o que segue e assinale 
a alternativa que preenche 
corretamente a lacuna. 
Segundo Moraes (2003), 
as normas constitucionais 
podem ser classificadas por 
sua ___________________ 
como absoluta, plena e 
restringível e mediata.
a) Eficiência.
b) Natureza jurídica.
c) Eficácia.
d) Temporalidade.
e) Especialidade.
2. As normas que possuem texto 
claro, porém não podem ser 
aplicadas na sua integralidade 
pelas limitações da economia, 
tecnologia ou questões sociais, 
são denominadas normas:
a) principiológicas.
b) axiológicas.
c) políticas.
d) programáticas.
e) positivas.
3. Leia o que segue e assinale 
a alternativa que preenche 
corretamente a lacuna. As normas 
de eficácia mediata dependem 
de ___________________________ 
para que possam revestir-se 
de eficácia plena.
a) Legislação complementar.
b) Medidas provisórias.
c) Decreto legislativo.
d) Decreto executivo.
e) Sanção jurídica.
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4. Leia o que segue e assinale 
a alternativa que preenche 
corretamente a lacuna. Segundo 
o STF, a legislação complementar 
é ________________________ 
para o reconhecimento de 
incidência da norma constitucional 
quando requisitos de fato para 
o cumprimento da norma 
constitucional estão presentes no 
caso concreto e as consequências 
práticas se encontram consolidadas.
a) Indispensável.
b) Prescindível.
c) Imprescindível.
d) Excepcionalmente dispensável.
e) Revogável.
5. Leia o que segue e assinale 
a alternativa que preenche 
corretamente a lacuna. A 
solução de conflito entre 
normas constitucionais 
e infraconstitucionais é 
resolvido em regra pelo(a) 
_______________________.
a) Lógica pura.
b) Mens legis.
c) Teleologia.
d) Literalidade.
e) Hierarquia das normas.
ALEXY, R. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros Editores, 2008. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 3689. Relator: 
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redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12725995>. Acesso 
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Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais106
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 106 28/02/2018 12:05:58
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4815. Relatora: 
Ministra Carmen Lúcia. Julgado em: 10 jun. 2015. 2016. Disponível em: <http://www.
stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000300312&base=baseAco
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Ministro Celso de Mello. Julgado em: 5 mar. 2013. Disponível em: <https://stf.jusbrasil.
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-are-685230-ms-stf/inteiro-teor-111563975?ref=juris-tabs>. Acesso em: 27 fev. 2018.
KELSEN, H. Teoria pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MORAES, A. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Leituras recomendadas
FERRAZ JUNIOR, T. S. F. Introdução ao estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
NADER, P. Introdução ao estudo do Direito. 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
107Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Constituicao_e_Administracao_Publica_Book.indb 107 28/02/2018 12:05:58
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