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Aula 00 Noções de Direito Penal p/ PC-DF (Agente) Professor: Renan Araujo 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo AULA DEMONSTRATIVA PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL. CONCEITO E FONTES. DISPOSIÍES CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS. SUMçRIO 1. PRINCêPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL ........................................... 6 1.1 Princpio da legalidade ........................................................................................... 6 1.1.1 Princpio da Reserva Legal .................................................................................. 7 1.1.2 Princpio da anterioridade da Lei penal ................................................................. 9 1.2 Princpio da individualizao da pena ..................................................................... 11 1.3 Princpio da intranscendncia da pena ................................................................... 11 1.4 Princpio da limitao das penas ou da humanidade ................................................. 12 1.5 Princpio da presuno de inocncia ou presuno de no culpabilidade ...................... 13 1.6 Disposies constitucionais relevantes ................................................................... 16 1.6.1 Vedaes constitucionais aplicveis a crimes graves ............................................. 16 1.6.2 Tribunal do Jri ............................................................................................... 17 1.6.3 Menoridade Penal ............................................................................................ 18 2 OUTROS PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL .......................................................... 18 2.1 Princpio da alteridade (ou lesividade) ................................................................... 18 2.2 Princpio da ofensividade ..................................................................................... 18 2.3 Princpio da Adequao social ............................................................................... 18 2.4 Princpio da Fragmentariedade do Direito Penal ....................................................... 19 2.5 Princpio da Subsidiariedade do Direito Penal .......................................................... 19 2.6 Princpio da Interveno mnima (ou Ultima Ratio) .................................................. 19 2.7 Princpio do ne bis in idem ................................................................................... 19 2.8 Princpio da proporcionalidade .............................................................................. 21 2.9 Princpio da confiana .......................................................................................... 21 2.10 Princpio da insignificncia (ou da bagatela) ........................................................... 21 3 CONCEITO E FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................... 24 3.1 Conceito ............................................................................................................ 24 3.2 Fontes .............................................................................................................. 24 4 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 26 4.1 Smulas do STJ .................................................................................................. 26 5 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ........................................................................... 27 6 RESUMO .............................................................................................................. 29 7 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 34 8 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 42 9 GABARITO .......................................................................................................... 56 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Ol, meus amigos! com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovao de vocs no concurso da POLêCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL (PC-DF). Ns vamos estudar teoria e comentar exerccios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de AGENTE DE POLêCIA. E a, povo, preparados para a maratona? Ainda no temos definio da Banca que ir organizar o certame, mas a expectativa de que o concurso seja realizado ainda este ano. O ltimo concurso foi elaborado pelo CESPE. Bom, est na hora de me apresentar a vocs, no ? Meu nome Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pblica da Unio no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porm, fui servidor da Justia Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Tcnico Judicirio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e ps- graduado em Direito Pblico pela Universidade Gama Filho. Minha trajetria de vida est intimamente ligada aos Concursos Pblicos. Desde o comeo da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em to pouco tempo. Simples: Foco + Fora de vontade + Disciplina. No h frmula mgica, no h ingrediente secreto! Basta querer e correr atrs do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprovao de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprovaoÓ, no estou falando apenas por falar. O Estratgia Concursos possui ndices altssimos de aprovao em todos os concursos! Neste curso vocs recebero todas as informaes necessrias para que possam ter sucesso na prova da PC-DF. Acreditem, vocs no vo se arrepender! O Estratgia Concursos est comprometido com sua aprovao, com sua vaga, ou seja, com voc! Mas possvel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc ainda no esteja plenamente convencido de que o Estratgia Concursos a melhor escolha. Eu entendo voc, j estive deste lado do computador. Ës vezes difcil escolher o melhor material para sua preparao. Contudo, alguns colegas de caminhada podem te ajudar a resolver este impasse: 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Esse print screen acima foi retirado da pgina de avaliao do curso. De um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da PC-PE). Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%. Ainda no est convencido? Continuo te entendendo. Voc acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em razo disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc. Acha que a aula demonstrativa pouco para testar o material? Pois bem, o Estratgia concursos d a voc o prazo de 30 DIAS para testar omaterial. Isso mesmo, voc pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se no gostar, devolvemos seu dinheiro. Sabem porque o Estratgia Concursos d ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso no vai acontecer! No temos medo de dar a voc essa liberdade. Neste curso estudaremos todo o contedo de Direito Penal estimado para o Edital. Vamos nos basear no edital do ltimo concurso. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambm com exerccios comentados. Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: AULA CONTEòDO DATA Aula 00 Princpios do Direito Penal. Disposies constitucionais aplicveis. Conceito e fontes do Direito Penal. 20.06 Aula 01 Teoria da norma penal: Norma penal no tempo, no espao e em relao s pessoas. Conflito de normas penais no tempo. Interpretao e integrao da norma penal. Disposies preliminares do CP. Infrao penal. 25.06 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Aula 02 Teoria do Delito (parte I) 30.06 Aula 03 Teoria do Delito (parte II) 05.07 Aula 04 Concurso de pessoas e concurso de crimes. 12.07 Aula 05 Punibilidade e extino da punibilidade. 19.07 Aula 06 Crimes contra a pessoa 26.07 Aula 07 Crimes contra o patrimnio 02.08 Aula 08 Crimes contra a dignidade sexual. 09.08 Aula 09 Crimes contra a f pblica 16.08 Aula 10 Crimes praticados por funcionrio pblico contra a administrao em geral 23.08 Aula 11 Crimes praticados por particular contra a administrao em geral 30.08 Aula 12 Crimes contra a administrao pblica estrangeira. Crimes contra a administrao da Justia. Crimes contra as finanas pblicas. 06.09 ATENÌO! Este curso no engloba a parte de Legislao Penal especial. As aulas sero disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questes que foram cobradas em concursos pblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matria. Sempre que possvel, utilizaremos questes do CESPE, que ser a provvel Banca do concurso. Alm da teoria e das questes, vocs tero acesso a duas ferramentas muito importantes: ¥ RESUMOS Ð Cada aula ter um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 pginas (a depender do tema), indo direto ao ponto daquilo que mais relevante! Ideal para quem est sem muito tempo. ¥ FîRUM DE DòVIDAS Ð No entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar ao professor Vinicius Silva, que o responsvel pelo Frum de Dvidas, exclusivo para os alunos do curso. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Outro diferencial importante que nosso curso em PDF ser complementado por videoaulas, que ficaro a cargo do Prof. Vitor Falco. No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! Prof. Renan Araujo E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br Youtube: www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ Observao importante: este curso protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos. ;-) 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 1.! PRINCêPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL Os princpios constitucionais do Direito Penal so normas que, extradas da Constituio Federal, servem como base interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurdico brasileiro. Entretanto, no possuem somente funo informativa, no servem somente para auxiliar na interpretao de outras normas. Os princpios constitucionais, na atual interpretao constitucional, possuem fora normativa, devendo ser respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que os contrariar. No que tange ao Direito Penal, a Constituio Federal traz alguns princpios aplicveis a este ramo do Direito. Vamos analis-los um a um. 1.1!Princpio da legalidade O princpio da legalidade est previsto no art. 5¡, XXXIX da Constituio Federal: Art. 5¼ (...) XXXIX - no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal; Entretanto, ele TAMBM est previsto no Cdigo Penal, em seu art. 1¡: Art. 1¼ - No h crime sem lei anterior que o defina. No h pena sem prvia cominao legal. Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt: Òpelo princpio da legalidade, a elaborao de normas incriminadoras funo exclusiva da lei, isto , nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrncia deste fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sano correspondente.Ó1 Este princpio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece que uma conduta no pode ser considerada criminosa se antes de sua prtica no havia lei nesse sentido2. Trata-se de uma exigncia de segurana jurdica: imaginem se pudssemos responder criminalmente por uma conduta que, quando praticamos, no era crime? Simplesmente no faramos mais nada, com medo de que, futuramente, a conduta fosse criminalizada e pudssemos responder pelo delito! Entretanto, o Princpio da Legalidade se divide em dois outros princpios, o da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. Desta forma, vamos estud-los em tpicos distintos. 1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edio. So Paulo, 2015, p. 51 2 BITENCOURT, Op. cit., P. 51 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 1.1.1 Princpio da Reserva Legal O princpio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer sanes penais (penas e medidas de segurana).3 Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medidas Provisrias, Decretos, e demais diplomas legislativos4 NÌO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANÍES. CUIDADO! H FORTE divergncia a respeito da possibilidade de Medida Provisria tratar sobre matria penal, havendo duas correntes. § Primeira corrente Ð No pode, pois a CF/88 veda a utilizao de MP em matria penal. § Segunda corrente Ð Pode, desde que seja matria favorvel ao ru (descriminalizao de condutas, por exemplo). Prevalece esta corrente no STF.5 Assim, possvel que haja violao ao Princpio da legalidade sem que haja violao reserva legal. Entretanto, havendoviolao reserva legal, isso implica necessariamente em violao ao princpio da legalidade, pois aquele parte deste. Lembrem-se: Legalidade = Reserva legal + Anterioridade da lei penal. O princpio da reserva legal implica a proibio da edio de leis vagas, com contedo impreciso. Isso porque a existncia de leis cujo contedo no seja claro, que no se sabe ao certo qual conduta est sendo criminalizada, acaba por retirar toda a funo do princpio da reserva legal, que dar segurana jurdica s pessoas, para que estas saibam exatamente se as condutas por elas praticadas so, ou no, crime. Por exemplo: Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que atentem contra os bons costumes. Ora, algum sabe definir o que so bons costumes? No, pois se trata de um termo muito vago, muito genrico, que pode abranger uma infinidade de condutas. Assim, no basta que se trate de lei em sentido estrito (Lei formal), esta lei tem que estabelecer precisamente a conduta que est sendo criminalizada, sob pena de ofensa ao princpio da legalidade. Trata-se do princpio da taxatividade da lei penal.6 Entretanto, fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO. As normas penais em branco so aquelas que dependem de outra norma para que sua aplicao seja possvel. Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes 3 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 66 4 Inclusive os tratados internacionais, que devem ser incorporados ao nosso ordenamento jurdico por meio de Lei. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 67 5 STF, RE 254.818-PR. 6 Ou, para alguns, a garantia da lex certa. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 68 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo comercializao, transporte, posse, etc., de substncia entorpecente. Mas quais seriam as substncias entorpecentes proibidas? As substncias entorpecentes proibidas esto descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as normas penais em branco so legais, no violam o princpio da reserva legal, mas sua aplicao depende da anlise de outra norma jurdica. Mas a portaria da ANVISA no seria uma violao reserva legal, por se tratar de criminalizao de conduta por portaria? No, pois a portaria estabelece quais so as substncias entorpecentes em razo de ter sido assim determinado por lei, no caso, pela prpria lei de drogas, que em seu art. 66, estabelece como substncias entorpecentes aquelas previstas na Portaria SVS/MS n¡344/98. A Doutrina divide, ainda, as normas penais em branco7 em: ¥ Homogneas (norma penal em branco em sentido amplo) Ð A complementao realizada por uma fonte homloga, ou seja, pelo mesmo rgo que produziu a norma penal em branco. ¥ Heterogneas (norma penal em branco em sentido estrito) Ð A complementao realizada por fonte heterloga, ou seja, por rgo diverso daquele que produziu a norma penal em branco. Alm disso, em razo da reserva legal, em Direito Penal proibida a analogia in malam partem8, que a analogia em desfavor do ru. Assim, no pode o Juiz criar uma conduta criminosa no prevista em lei, com base na analogia. EXEMPLO: Joo agride seu parceiro homossexual, Alberto. Nesse caso, houve a prtica do crime de leso corporal (art. 129 do Cdigo Penal). No pode o Juiz querer enquadr-lo no conceito da Lei Maria da Penha, pois esta Lei clara ao afirmar que s se aplica nos casos de agresso contra a mulher. Aplicar a lei neste caso seria fazer uma analogia desfavorvel ao ru, pois a Lei Maria da Penha estabelece punies mais gravosas que o art. 129 do Cdigo Penal. Isso vedado! Com relao interpretao extensiva, parte da Doutrina entende que possvel, outra parte entende que, semelhana da analogia in malam partem, no admissvel. A interpretao extensiva difere da analogia, pois naquela a previso legal existe, mas est implcita. Nesta, a previso legal no existe, mas o Juiz entende que por ser semelhante a uma hiptese existente, deva ser assim enquadrada. Cuidado com essa diferena! Entretanto, em prova objetiva, o que fazer? Nesse caso, sugiro adotar o entendimento de que possvel a interpretao extensiva, mesmo que 7 BITENCOURT, Op. cit., p. 201/202. 8 BITENCOURT, Op. cit., p. 199/200. No mesmo sentido, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 101 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo prejudicial ao ru, pois este foi o entendimento adotado pelo STF (ainda que no haja uma jurisprudncia slida nesse sentido).9 1.1.2 Princpio da anterioridade da Lei penal O princpio da anterioridade da lei penal estabelece que no basta que a criminalizao de uma conduta se d por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, prtica da conduta. EXEMPLO: Pedro dirige seu carro embriagado no dia 20/05/2010, tendo sido abordado em blitz e multado. Nesta data, no h lei que criminalize esta conduta. Em 26/05/2010 publicada uma Lei criminalizando o ato de dirigir embriagado. O rgo que aplicou a multa remete os autos do processo administrativa da Multa ao MP, que oferece denncia pelo crime de dirigir alcoolizado. A conduta do MP foi correta? No! Pois embora Pedro tivesse cometido uma infrao de trnsito, na data do fato a conduta no era considerada crime. Houve violao ao princpio da reserva legal? No, pois a criminalizao da conduta se deu por meio de lei formal. Houve violao ao princpio da anterioridade da lei penal? Sim, e essa violao se deu pelo MP, que ofereceu denncia sobre um fato acontecido antes da vigncia da lei incriminadora. Percebam que a violao anterioridade, neste caso, se deu pelo MP. Mas nada impede, no entanto, que essa violao se d pela prpria lei penal incriminadora. Imaginem que a Lei que criminalizou a conduta de Pedro estabelecesse que todos aqueles que tenham sido flagrados dirigindo alcoolizados nos ltimos dois anos responderiam pelo crime nela previstos. Essa lei seria inconstitucional nesta parte! Pois violaria flagrantemente o princpio constitucional da anterioridade da lei penal, previsto no art. 5¡, XXXIX da Constituio Federal. O princpio da anterioridade da lei penal culmina no princpio da irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que so sinnimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando ela beneficia o ru, estabelecendo uma sano menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta como criminosa. Nesse caso, estamos haver retroatividade da lei penal, pois ela alcanar fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGæNCIA. EXEMPLO: Imagine que Maria seja acusada em processo criminal por uso de entorpecentes (cocana), fato cometido em 20.04.2005. A pena para este crime varia (apenas um exemplo!) de um a quatro anos. Se uma lei for editada posteriormente, estabelecendo que a pena para este crime seja de dois a seis MESES, essa lei favorvel Maria. Assim, dever ser aplicada ao seu processo, no podendo Maria ser condenada a mais de seis meses de priso. 9 RHC 106481/MS - STF 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujowww.estrategiaconcursos.com.br 10 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Essa previso se encontra no art. 5¡, XL da Constituio: Art. 5¼ (...) XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; Mas e se Maria j tiver sido condenada a dois anos de priso e esteja cumprindo pena h mais de um ano? Nesse caso, Maria dever ser colocada em liberdade, pois se sua condenao fosse hoje, no poderia superar o limite de seis meses. Como j cumpriu mais de seis meses, sua pena est extinta. Obviamente, se a lei nova, ao invs de estabelecer uma pena mais branda, estabelece que a conduta deixa de ser crime (O que chamamos de abolitio criminis), TAMBM SERç APLICADA AOS FATOS OCORRIDOS ANTES DE SUA VIGæNCIA, POR SER MAIS BENFICA AO RU. No se trata de um ÒbenefcioÓ criminoso. Trata-se de uma questo de lgica: Se o Estado considera, hoje, que uma determinada conduta no pode ser crime, no faz sentido manter preso, ou dar sequncia a um processo pela prtica deste fato que no mais crime, pois o prprio Estado no considera mais a conduta como to grave a ponto de merecer uma punio criminal. ATENÌO! No caso das Leis temporrias, a lei continuar a produzir seus efeitos mesmo aps o trmino de sua vigncia, caso contrrio, perderia sua razo de ser. O caso mais clssico o da lei seca para o dia das eleies. Nesse dia, o consumo de bebida alcolica proibido durante certo horrio. Aps o trmino das eleies, a ingesto de bebida alcolica passa a no ser mais crime novamente. Entretanto, no houve abolitio criminis, houve apenas o trmino do lapso temporal em que a proibio vigora. Somente haveria abolitio criminis caso a lei que probe a ingesto de bebidas alcolicas no dia da eleio fosse revogada, o que no ocorreu! A legalidade (reserva legal e anterioridade) so garantias para os cidados, pois visam a impedir que o Estado os surpreenda com a criminalizao de uma conduta aps a prtica do ato. Pensem como seria nossa vida se pudssemos, amanh, sermos punidos pela prtica de um ato que, hoje, no considerado crime? Como poderamos viver sem saber se amanh ou depois aquela conduta seria considerada crime ns poderamos ser condenados e punidos por ela? Impossvel viver assim. Assim: Legalidade = Anterioridade + Reserva Legal NÌO SE ESQUEAM: Trata-se de um princpio com duas vertentes! 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 1.2!Princpio da individualizao da pena A Constituio Federal estabelece, em seu art. 5¡, XLVI: XLVI - a lei regular a individualizao da pena e adotar, entre outras, as seguintes: A individualizao da pena feita em trs fases distintas: Legislativa, judicial e administrativa.10 Na esfera legislativa, a individualizao da pena se d atravs da cominao de punies proporcionais gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas mnimas e mximas, a serem aplicadas pelo Judicirio, considerando as circunstncias do fato e as caractersticas do criminoso. Na fase judicial, a individualizao da pena feita com base na anlise, pelo magistrado, das circunstncias do crime, dos antecedentes do ru, etc. Nessa fase, a individualizao da pena sai do plano meramente abstrato e vai para o plano concreto, devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as peculiaridades do caso (Tipo de pena a ser aplicada, quantificao da pena, forma de cumprimento, etc.), tudo para que ela seja a mais apropriada para cada ru, de forma a cumprir seu papel ressocializador-educativo e punitivo. Na terceira e ltima fase, a individualizao feita na execuo da pena, a parte administrativa. Assim, questes como progresso de regime, concesso de sadas eventuais do local de cumprimento da pena e outras, sero decididas pelo Juiz da execuo penal tambm de forma individual, de acordo com as peculiaridades de cada detento. Por esta razo, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) que previa a impossibilidade de progresso de regime nesses casos, nos quais o ru deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado. O STF entendeu que a terceira fase de individualizao da pena havia sido suprimida, violando o princpio constitucional. Outra indicao clara de individualizao da pena na fase de execuo est no artigo 5¡, XLVIII da Constituio, que estabelece o cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com as caractersticas do preso. Vejamos: Art. 5¼ (...) XLVIII - a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 1.3!Princpio da intranscendncia da pena11 Este princpio constitucional do Direito Penal est previsto no art. 5¡, XLV da Constituio Federal: XLV - nenhuma pena passar da pessoa do condenado, podendo a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 10 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 76 11 Tambm chamado de princpio da personificao da pena, ou princpio da responsabilidade pessoal da pena, ou princpio da pessoalidade da pena. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo estendidas aos sucessores e contra eles executadas, at o limite do valor do patrimnio transferido; (grifo nosso) Esse princpio impede que a pena ultrapasse a pessoa do infrator. EXEMPLO: Se Paulo comete um crime, e morre em seguida, est extinta a punibilidade, ou seja, o Estado no pode mais punir em razo do crime praticado, pois a morte do infrator uma das causas de extino do poder punitivo do Estado. Entretanto, como vocs podem extrair da prpria redao do dispositivo constitucional, isso no impede que os sucessores do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato. Explico: EXEMPLO: Roberto mata Maurcio, cometendo o crime previsto no art. 121 do Cdigo Penal (Homicdio). Roberto condenado a 15 anos de priso, e na esfera cvel condenado ao pagamento de R$ 100.000,00 (Cem mil reais) a ttulo de indenizao ao filho de Maurcio. Durante a execuo da pena criminal, Roberto vem a falecer. Embora a pena privativa de liberdade esteja extinta, pela morte do infrator, a obrigao de reparar o dano poder ser repassada aos herdeiros, at o limite do patrimnio deixado pelo infrator falecido. Assim, se Roberto deixou um patrimnio de R$ 500.000,00 (Quinhentos mil reais), desse valor, que j pertence aos herdeiros (pelo princpio da saisine, do Direito das Sucesses), poder ser debitado os R$ 100.000,00 (cem mil reais) que Roberto foi condenado a pagar ao filho de Maurcio. Se, porm, o patrimnio deixado por Roberto de apenas R$ 30.000,00 (Trinta mil reais), esse o limite ao qual os herdeiros esto obrigados. Desta forma, tecnicamente falando, os herdeiros no so responsabilizados pelo crime de Roberto, pois no respondem com seu prprio patrimnio, apenas com o patrimnio eventualmente deixado pelo de cujus. CUIDADO! A multa no Òobrigao de reparar o danoÓ, pois no se destina vtima. A multa espcie de PENA e, portanto, no pode ser executada em face dos herdeiros, ainda que haja transferncia de patrimnio. Neste caso, com a morte do infrator, extingue-sea punibilidade, no podendo ser executada a pena de multa. 1.4!Princpio da limitao das penas ou da humanidade A Constituio Federal estabelece em seu art. 5¡, XLVII, que: Art. 5¼ (...) XLVII - no haver penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de carter perptuo; 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo c) de trabalhos forados; d) de banimento; e) cruis; Podemos perceber, caros concurseiros, que determinados tipos de pena so terminantemente proibidos pela Constituio Federal. No caso da pena de morte, a Constituio estabelece uma nica exceo: No caso de guerra declarada, possvel a aplicao de pena de morte por crimes cometidos em razo da guerra! Isso no quer dizer que basta que o pas esteja em guerra para que se viabilize a aplicao da pena de morte em qualquer caso. No pode o legislador, por exemplo, editar uma lei estabelecendo que os furtos cometidos durante estado de guerra sero punidos com pena de morte, pois isso no guarda qualquer razoabilidade. Esta ressalva direcionada precipuamente aos crimes militares. A vedao pena de trabalhos forados impede, por exemplo, que o preso seja obrigado a trabalhar sem remunerao. Assim, ao preso que trabalha no estabelecimento prisional garantida remunerao mensal e abatimento no tempo de cumprimento da pena. A priso perptua tambm inadmissvel no Direito brasileiro. Em razo disso, uma lei que preveja a pena mnima para um crime em 60 anos, por exemplo, estaria violando o princpio da vedao priso perptua, por se tratar de uma burla ao princpio, j que a idade mnima para aplicao da pena 18 anos. Logo, se o preso tiver que ficar, no mnimo, 60 anos preso, ele ficar at os 78 anos preso, o que significa, na prtica, priso perptua. CUIDADO! Esta vedao clusula ptrea! Trata-se de direitos fundamentais do cidado, que no podem ser restringidos ou abolidos por emenda constitucional. Desta forma, apenas com o advento de uma nova Constituio seria possvel falarmos em aplicao destas penas no Brasil. 1.5!Princpio da presuno de inocncia ou presuno de no culpabilidade A Presuno de inocncia o maior pilar de um Estado Democrtico de Direito, pois, segundo este princpio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequncias disto) antes do trnsito em julgado se sentena penal condenatria. Nos termos do art. 5¡, LVII da CRFB/88: LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria; O que trnsito em julgado de sentena penal condenatria? a situao na qual a sentena proferida no processo criminal, condenando o ru, 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo no pode mais ser modificada atravs de recurso. Assim, enquanto no houver uma sentena criminal condenatria irrecorrvel, o acusado no pode ser considerado culpado e, portanto, no pode sofrer as consequncias da condenao. Este princpio pode ser considerado: ⇒ Uma regra probatria (regra de julgamento) - Deste princpio decorre que o nus (obrigao) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O ru , desde o comeo, inocente, at que o acusador prove sua culpa. Assim, temos o princpio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentena), havendo dvidas acerca da culpa ou no do acusado, dever o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa no foi cabalmente comprovada. CUIDADO: Existem hipteses em que o Juiz no decidir de acordo com princpio do in dubio pro reo, mas pelo princpio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas decises de recebimento de denncia ou queixa e na deciso de pronncia, no processo de competncia do Jri, o Juiz decide contrariamente ao ru (recebe a denncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o ru no segundo) com base apenas em indcios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dvidas quanto culpabilidade do ru, dever decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decises no h consequncias para o ru, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual sero produzidas as provas necessrias elucidao dos fatos. ⇒ Uma regra de tratamento - Deste princpio decorre, ainda, que o ru deve ser, a todo momento, tratado como inocente. E isso tem uma dimenso interna e uma dimenso externa: a) Dimenso interna Ð O agente deve ser tratado, dentro do processo, como inocente. Ex.: O Juiz no pode decretar a priso preventiva do acusado pelo simples fato de o ru estar sendo processado, caso contrrio, estaria presumindo a culpa do acusado. b) Dimenso externa Ð O agente deve ser tratado como inocente FORA do processo, ou seja, o fato de estar sendo processado no pode gerar reflexos negativos na vida do ru. Ex.: O ru no pode ser eliminado de um concurso pblico porque est respondendo a um processo criminal (pois isso seria presumir a culpa do ru). Desta maneira, sendo este um princpio de ordem Constitucional, deve a legislao infraconstitucional (especialmente o CP e o CPP) respeit-lo, sob pena de violao Constituio. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentena em primeira instncia seria inconstitucional, pois a Constituio afirma que o acusado ainda no considerado culpado nessa hiptese. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo CUIDADO! A existncia de prises provisrias (prises decretadas no curso do processo) no ofende a presuno de inocncia, pois nesse caso no se trata de uma priso como cumprimento de pena, mas sim de uma priso cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instrudo ou eventual sentena condenatria seja cumprida. Por exemplo: Se o ru est dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua priso preventiva, o faz no por consider- lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Vocs vero mais sobre isso na aula sobre Priso e Liberdade Provisria! J Ou seja, a priso cautelar, quando devidamente fundamentada na necessidade de evitar a ocorrncia de algum prejuzo (risco para a instruo ou para o processo, por exemplo), vlida. O que no se pode admitir a utilizao da priso cautelar como Òantecipao de penaÓ. Vou transcrever para vocs agora alguns pontos que so polmicos e a respectiva posio dos Tribunais Superiores, pois isto importante. ¥ Processos criminais em curso e inquritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo o STJ e o STF no, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrvel, logo, no pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequncia em relao a eles (smula 444 do STJ). ¥ Regresso de regime de cumprimento da pena Ð O STJ e o STF entendem que NÌO Hç NECESSIDADE DE CONDENAÌO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regresso do regime de cumprimento de pena mais brando parao mais severo (do semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave, durante o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regresso, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execues Penais), no havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenao criminal ou administrativa. A Jurisprudncia entende que esse artigo da LEP no ofende a Constituio. ¥ Revogao do benefcio da suspenso condicional do processo em razo do cometimento de crime Ð Prev a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por determinado, devendo o ru cumprir algumas obrigaes durante este prazo (dentre elas, no cometer novo crime), findo o qual estar extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF e o STJ entendem que, descoberta a prtica de crime pelo acusado beneficiado com a suspenso do processo, este benefcio deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condies, no havendo 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo necessidade de trnsito em julgado da sentena condenatria do crime novo. CUIDADO MASTER! Recentemente, no julgamento do HC 126.292 o STF decidiu (entendimento confirmado posteriormente) que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenao em segunda instncia por um rgo colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princpio da presuno de inocncia, admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j estaria formada nesse momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contrrio). Isso significa que, possivelmente, teremos (num futuro breve) alterao na jurisprudncia consolidada do STF e do STJ, de forma que aes penais em curso passem a poder ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condenao em segunda instncia por rgo colegiado (mesmo sem trnsito em julgado), alm de outros reflexos que tal relativizao provoca (HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016). 1.6!Disposies constitucionais relevantes Vamos sintetizar, neste tpico algumas disposies constitucionais relativas ao Direito Penal que so relevantes, embora no possam ser consideradas princpios. 1.6.1 Vedaes constitucionais aplicveis a crimes graves A CRFB/88 prev uma srie de vedaes (imprescritibilidade, inafianabilidade, etc.) que so aplicveis a determinados crimes, por sua especial gravidade. Vejamos o que consta no art. 5¼, XLII a XLIV: Art. 5¼ (...) XLII - a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei; XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico; VEDAÍES CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS A CRIMES GRAVES IMPRESCRITIBILIDADE INAFIANABILIDADE VEDAÌO DE GRAA E ANISTIA 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo ¥ Racismo ¥ Ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico. ¥ Racismo ¥ Ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico. ¥ Tortura ¥ Trfico de Drogas ¥ Terrorismo ¥ Crimes hediondos ¥ Tortura ¥ Trfico de Drogas ¥ Terrorismo ¥ Crimes hediondos Assim: ¥ INAFIANABILIDADE Ð Todos ¥ IMPRESCRITIBILIDADE Ð Somente RAÌO (Racismo + AÌO de grupos armados) ¥ INSUSCETIBILIDADE GRAA E ANISTIA Ð TTTH (Tortura, Terrorismo, Trfico e Hediondos) 1.6.2 Tribunal do Jri A Constituio Federal reconhece a instituio do Jri, e estabelece algumas regrinhas. Vejamos: Art. 5¼ (...) XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votaes; c) a soberania dos veredictos; d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Sem maiores consideraes a respeito deste tema, apenas ressaltando que o STF entende que em havendo choque entre a competncia do Jri e uma competncia de foro por prerrogativa de funo prevista na Constituio, prevalece a ltima. EXEMPLO: Jos, Deputado Federal, pratica crime doloso contra a vida em face de Mariana. Neste caso, h um aparente conflito entre a competncia prevista para o Jri (crime doloso contra a vida) e a competncia do STF (crime praticado por deputado federal). Neste caso, o STF entende que prevalece a competncia por prerrogativa de funo, sendo competente, portanto, o prprio STF. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 1.6.3 Menoridade Penal A Constituio prev, ainda, que os menores de 18 anos so inimputveis. Vejamos: Art. 228. So penalmente inimputveis os menores de dezoito anos, sujeitos s normas da legislao especial. Isso quer dizer que eles no respondem penalmente, estando sujeitos s normas do ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE. 2! OUTROS PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL 2.1!Princpio da alteridade (ou lesividade) Este princpio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que ele possa ser considerado crime em sua essncia, ele deve causar leso a um bem jurdico de terceiro. Desse princpio decorre que o DIREITO PENAL NÌO PUNE A AUTOLESÌO. Assim, aquele que destri o prprio patrimnio no pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente no pratica o crime de leses corporais, etc. 2.2!Princpio da ofensividade No basta que o fato seja formalmente tpico (tenha previso legal como crime) para que possa ser considerado crime. necessrio que este fato ofenda (por meio de uma leso ou exposio a risco de leso), de maneira grave, o bem jurdico pretensamente protegido pela norma penal. Assim, condutas que no so capazes de afetar o bem jurdico so desprovidas de ofensividade e, portanto, no podem ser consideradas criminosas.12 2.3!Princpio da Adequao social Prega que uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como crime, quando no afrontar o sentimento social de Justia, no seria crime, em sentido material, por possuir adequao social (aceitao pela sociedade). o que acontece, por exemplo, com o crime de adultrio, que foi recentemente revogado. Atualmente a sociedade no entende mais o adultrio como um fato criminoso, mas algo que deva ser resolvido entre os particulares envolvidos. 12 DÕçVILA, Fbio Roberto. Ofensividade em Direito Penal: Escritos sobre a teoria do crime como ofensa a bens jurdicos. Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 2009. p. 67. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br19 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 2.4!Princpio da Fragmentariedade do Direito Penal Estabelece que nem todos os fatos considerados ilcitos pelo Direito devam ser considerados como infrao penal, mas somente aqueles que atentem contra bens jurdicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Ou seja, o Direito Penal s deve tutelar bens jurdicos de grande relevncia social.13 2.5!Princpio da Subsidiariedade do Direito Penal Estabelece que o Direito Penal no deve ser usado a todo momento, como regra geral, e sim como uma ferramenta subsidiria, ou seja, dever ser utilizado apenas quando os demais ramos do Direito no puderem tutelar satisfatoriamente o bem jurdico que se busca proteger.14 2.6!Princpio da Interveno mnima (ou Ultima Ratio) Este princpio decorre do carter fragmentrio e subsidirio do Direito Penal. Este um princpio limitador do poder punitivo estatal, que estabelece uma regra a ser seguida para conter possveis arbtrios do Estado. Assim, por fora deste princpio, num sistema punitivo, como o Direito Penal, a criminalizao de condutas s deve ocorrer quando se caracterizar como meio absolutamente necessrio proteo de bens jurdicos ou defesa de interesses cuja proteo, pelo Direito Penal, seja absolutamente indispensvel coexistncia harmnica e pacfica da sociedade. Embora no esteja previsto na Constituio, nem na legislao infraconstitucional, decorre da prpria lgica do sistema jurdico-penal. Tem como principais destinatrios o legislador e, subsidiariamente, o operador do Direito. O primeiro instado a no criminalizar condutas que possam ser resolvidas pelos demais ramos do Direito (Menos drsticos). O operador do Direito, por sua vez, incumbido da tarefa de, no caso concreto, deixar de realizar o juzo de tipicidade material. Resumindo: O Direito Penal a ltima opo para um problema (Ultima ratio).15 2.7!Princpio do ne bis in idem Por este princpio entende-se que uma pessoa no pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Alm disso, estabelece que uma pessoa no possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Da podermos dizer que no h, no processo penal, a chamada Òreviso pro societateÓ. 13 BECHARA, Ana Elisa Liberatore Silva. Bem jurdico-penal. Ed. Quartier Latin. So Paulo, 2014, p. 77. 14 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 65. 15 TOLEDO, Francisco de Assis. Princpios bsicos de Direito Penal. So Paulo: Ed. Saraiva, 1994. p. 13-14. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo EXEMPLO: Jos foi processado pelo crime X. Todavia, como no havia provas, foi absolvido. Tal deciso transitou em julgado, tornando-se imutvel. Todavia, dois meses depois, surgiram provas da culpa de Jos. Neste caso, Jos no poder ser processado novamente. CUIDADO! Uma pessoa no pode ser duplamente processada pelo mesmo fato quando j houve deciso capaz de produzir coisa julgada material, ou seja, a imutabilidade da deciso (condenao, absolvio, extino da punibilidade, etc.). Quando a deciso no faz coisa julgada material, possvel novo processo (Ex.: Extino do processo pela rejeio da denncia, em razo do descumprimento de uma mera formalidade processual). Tal princpio veda, ainda, que um mesmo fato, condio ou circunstncia seja duplamente considerado para fins de fixao da pena. EXEMPLO: Jos est sendo processado pelo crime de homicdio qualificado pelo motivo torpe. Jos condenado pelo jri e, na fixao da pena, o Juiz aplica a agravante genrica prevista no art. 61, II, a do CP, cabvel quando o crime praticado por motivo torpe. Todavia, neste caso, o Òmotivo torpeÓ j foi considerado como qualificadora (tornando a pena mais gravosa Ð de 06 a 20 anos para 12 a 30 anos), ento no pode ser novamente considerada no mesmo caso. Ou seja, como tal circunstncia (motivo torpe) j qualifica o delito, no pode tambm servir como circunstncia agravante, sob pena de o agente ser duplamente punido pela mesma circunstncia. Assim: NON BIS IN IDEM VEDAÇÃO À DUPLA CONDENAÇÃO PELO MESMO FATO VEDAÇÃO AO DUPLO PROCESSO PELO MESMO FATO VEDAÇÃO À DUPLA CONSIDERAÇÃO DO MESMO FATO/CONDIÇÃO/CIRCUNSTÂNCIA NA DOSIMETRIA DA PENA 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 2.8!Princpio da proporcionalidade Este princpio determina que as penas devem ser aplicadas de maneira proporcional gravidade do fato. Mais que isso: Estabelece que as penas devem ser COMINADAS (previstas) de forma a dar ao infrator uma sano proporcional ao fato abstratamente previsto. Assim, se o CP previsse que o crime de homicdio teria como pena mxima dois anos de recluso, e que o crime de furto teria como pena mxima quatro anos de recluso, estaria, claramente, violado o princpio da proporcionalidade. 2.9!Princpio da confiana Este princpio nem sempre citado pela Doutrina. Prega que todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais pessoas iro agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em sociedade. Assim, exemplificativamente, quando algum ultrapassa um sinal VERDE e acaba colidindo lateralmente com outro veculo que avanou o sinal VERMELHO, aquele que ultrapassou o sinal verde agiu amparado pelo princpio da confiana, no tendo culpa, j que dirigia na expectativa de que os demais respeitariam as regras de sinalizao. 2.10! Princpio da insignificncia (ou da bagatela) As condutas que ofendam minimamente os bens jurdico-penais tutelados no podem ser consideradas crimes, pois no so capazes de lesionar de maneira eficaz o sentimento social de paz16. Imagine um furto de um pote de manteiga, dentro de um supermercado. Nesse caso, a leso insignificante, devendo a questo ser resolvida no mbito civil (dever de pagar pelo produto furtado). Agora imagine o furto de um sanduche que era de propriedade de um morador de rua, seu nico alimento. Nesse caso, a leso grave, embora o bem seja do mesmo valor que anterior. Tudo deve ser avaliado no caso concreto. Para o STF, os requisitos OBJETIVOS para a aplicao deste princpio so: ⇒ Mnima ofensividade da conduta ⇒ Ausncia de periculosidade social da ao ⇒ Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento ⇒ Inexpressividade da leso jurdica O STJ, no entanto, entende que, alm destes, existem ainda requisitos de ordem subjetiva: ⇒ Importncia do objeto material do crime para a vtima, de forma a verificar se, no caso concreto, houve ou no, de fato, leso 16 BITENCOURT, Op. cit., p. 60 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Na verdade, esse requisito no passa de uma anlise mais aprofundada do ltimo dos requisitos objetivos estabelecidos pelo STF. Sendo aplicado este princpio, no h tipicidade, eis que ausente um dos elementos da tipicidade, que a TIPICIDADE MATERIAL, consistente no real potencial de que a conduta produza alguma leso ao bem jurdico tutelado. Resta, portanto, somente a tipicidadeformal (subsuno entre a conduta e a previso contida na lei), o que insuficiente. Este princpio, em tese, possui aplicao a todo e qualquer delito, e no somente aos de ndole patrimonial. Contudo, a jurisprudncia firmou entendimento no sentido de ser incabvel tal princpio em relao aos seguintes delitos: Ø Furto qualificado Ø Moeda falsa Ø Trfico de drogas Ø Roubo (ou qualquer crime cometido com violncia ou grave ameaa pessoa) 17 Ø Crimes contra a administrao pblica18 Podemos resumir o entendimento Jurisprudencial no seguinte quadro: PRINCêPIO DA INSIGNIFICåNCIA (Requisitos) Mnima ofensividade da conduta OBS.: No cabe para: Ø Furto qualificado Ø Moeda falsa Ø Trfico de drogas Ø Roubo (ou qualquer crime cometido com violncia ou grave ameaa pessoa) Ø Crimes contra a administrao pblica OBS.2: O STJ entende que no se aplica aos crimes Ausncia de periculosidade social da ao Reduzido grau de reprovabilidade da conduta Inexpressividade da leso jurdica 17 STF, RHC 106.360/DF, Rel. Ministra ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de 3/10/2012 18 Embora o STJ entenda no se aplicar aos crimes contra a administrao pblica, por se resguardar no s o patrimnio, mas a moralidade administrativa, o STF no rechaa absolutamente a hiptese, havendo decises nas quais se admitiu a aplicao deste princpio ainda quando se trate de crimes contra a administrao pblica, desde que presentes os requisitos citados (HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/04/2011, DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011). 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo contra a administrao pblica. H decises no STF em sentido contrrio. Importncia do objeto material para a vtima* SOMENTE PARA O STJ CUIDADO! Em relao ao crime de descaminho h um entendimento prprio, no sentido de que CABêVEL o princpio da insignificncia, pois apesar de se encontrar entre os crimes contra a administrao pblica, trata-se de crime contra a ordem tributria. Qual o patamar considerado para fins de insignificncia em relao a tal delito? O STJ entende que R$ 10.000,00, enquanto o STF sustenta que R$ 20.000,00. CUIDADO MASTER! A reincidncia uma circunstncia que pode afastar a aplicao do princpio da insignificncia. Contudo, esse afastamento discutido na jurisprudncia. A QUINTA TURMA do STJ possui entendimento no sentido de que no cabe aplicao deste princpio se o ru reincidente (RHC 48.510/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 15/10/2014). A SEXTA TURMA entende que a reincidncia, por si s, no apta a afastar a aplicao do princpio (AgRg no AREsp 490.599/RS, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 10/10/2014), havendo decises, contudo, no sentido de que a reincidncia especfica (ou seja, reincidncia em crimes contra o patrimnio) afastaria a aplicao do princpio (RHC 43.864/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 17/10/2014). O STF, por sua vez, firmou entendimento no sentido de que somente a reincidncia especfica (prtica reiterada de crimes da mesma espcie) afastaria a aplicao do princpio da insignificncia: (...) Afirmou, ademais, que, considerada a teoria da reiterao no cumulativa de condutas de gneros distintos, a contumcia de infraes penais que no tm o patrimnio como bem jurdico tutelado pela norma penal (a exemplo da leso corporal) no poderia ser valorada como fator impeditivo aplicao do princpio da insignificncia, porque ausente a sria leso propriedade alheia. HC 114723/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 26.8.2014. (HC-114723) Ð Informativo 756 do STF19 19 Embora este tenha sido o entendimento firmado, h decises no sentido de que a reincidncia, seja de que natureza for, NÌO PODE impedir a caracterizao do princpio da insignificncia, por uma questo lgica: A insignificncia analisada na TIPICIDADE (tipicidade material), de maneira que, nesta fase, no se procede nenhuma anlise da pessoa do agente. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Objetivamente, sugiro adotar o entendimento do STF: apenas a reincidncia especfica capaz de afastar a aplicao do princpio da insignificncia.20 Este princpio (princpio da bagatela) no pode ser confundido com o princpio da bagatela imprpria. A infrao bagatelar imprpria aquela na qual se verifica que, apesar de a conduta nascer tpica (formal e materialmente tpica), fatores outros, ocorridos aps a prtica do delito, levam concluso de que a pena desnecessria no caso concreto Ex.: O agente pratica um furto de um bem cujo valor no insignificante. Todavia, logo aps, se arrepende, procura a vtima, repara o dano e passa a manter boa relao com a vtima. Trata-se de agente primrio e de bons antecedentes, que no mais praticou qualquer infrao penal. Neste caso, o Juiz poderia, por este princpio, deixar de aplicar a pena, ante a desnecessidade da sano penal. 3! CONCEITO E FONTES DO DIREITO PENAL 3.1!Conceito O Direito Penal pode ser conceituado como o ramo do Direito Pblico cuja funo selecionar os bens jurdicos mais importantes para a sociedade e buscar protege-los, por meio da criao de normas de conduta que, uma vez violadas, constituem crimes, sob ameaa de aplicao de uma pena. Nas palavras de CAPEZ21: ÒO Direito Penal o segumento do ordenamento jurdico que detm a funo de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivncia social, e decrev-los como infraes penais, cominando-lhes, em conseqncia, as respectivas sanes, alm de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessrias sua correta e justa aplicao" 3.2!Fontes As fontes do Direito Penal so de duas ordens: material e formal. As fontes materiais (substanciais) so os rgos encarregados de produzir o Direito Penal. No caso brasileiro, a Unio (Pois somente a Unio pode legislar sobre Direito Penal, embora possa conferir aos estados-membros, por meio de Lei Complementar, o poder de legislar sobre questes especficas 20 Existem decises recentes do STF no sentido de que cabe ao Juiz de primeira instncia analisar, caso a caso, a pertinncia da aplicao do princpio. Como so decises muito recentes, ainda no possvel afirmar que forma uma nova jurisprudncia, de forma que mais prudente aguardar a consolidao deste entendimento. 21 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, parte geral, volume 1, editora Saraiva, 2005, p. 1 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo sobre Direito Penal, de interesse estritamente local, nos termos do ¤ nico do art. 22 da Constituio) o Ente responsvel pela ÒcriaoÓ das normas de Direito Penal, nos termos do art. 22 da Constituio. Vejamos:Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; As fontes formais (tambm chamadas de cognitivas ou fontes de conhecimento), por sua vez, so os meios pelos quais o Direito Penal se exterioriza, ou seja, os meios pelos quais ele se apresenta ao mundo jurdico. Podem ser IMEDIATAS ou MEDIATAS. As fontes formais imediatas so aquelas que apresentam o Direito Penal de forma direta, sendo fruto dos rgos responsveis pela sua criao. No caso do Brasil, a nica fonte formal imediata do Direito Penal a LEI, Lei em sentido estrito, como sinnimo de diploma normativo oriundo do Poder Legislativo Federal, mais especificamente a LEI ORDINçRIA. As fontes formais mediatas (tambm chamadas de secundrias) so aquelas que ajudam a formar o Direito Penal, de forma perifrica, como os costumes, os atos administrativos e os princpios gerais do Direito. Assim, podemos esquematizar da seguinte forma: Fontes do Direito Penal Formais Imediatas Lei em sentido estrito (a Medida Provisória, por exemplo, não entra aqui) Mediatas Costumes, princípios gerais do Direito e atos administrativos Materiais União (Excepcionalmente os estados-membros) 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 4! SòMULAS PERTINENTES 4.1! Smulas do STJ ÄSmula n¼ 09 do STJ Ð Assentava a ausncia de violao ao princpio da presuno de inocncia no que toca exigncia de priso cautelar (recolhimento priso) para apelar. Encontra-se SUPERADA. Hoje no se exige mais o recolhimento priso como requisito de admissibilidade recursal. Smula n¼ 09 do STJ - A EXIGENCIA DA PRISÌO PROVISORIA, PARA APELAR, NÌO OFENDE A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PRESUNÌO DE INOCENCIA. ÄSmula n¼ 444 do STJ Ð Em homenagem ao princpio da presuno de inocncia (ou presuno de no culpabilidade), o STJ sumulou entendimento no sentido de que inquritos policiais e aes penais em curso no podem ser utilizados para agravar a pena base (circunstncias judiciais desfavorveis), j que ainda no h trnsito em julgado de sentena penal condenatria. Este entendimento fica prejudicado pelo novo entendimento adotado pelo STF no julgamento do HC 126.292 (no qual se entendeu que a presuno de inocncia fica afastada a partir de condenao em segunda instncia). Smula n¼ 444 do STJ - VEDADA A UTILIZAÌO DE INQURITOS POLICIAIS E AÍES PENAIS EM CURSO PARA AGRAVAR A PENA-BASE. ÄSmula n¼ 492 do STJ Ð Trata-se de smula que visa a privilegiar o princpio da individualizao da pena. Por certo, a medida socioeducativa no pena. Contudo, se o princpio da individualizao se impe em relao aos imputveis, no que tange pena aplicvel, com muito mais razo dever ser aplicvel aos inimputveis em decorrncia da menoridade, a quem se aplica medida socioeducativa. Smula 492 do STJ - O ATO INFRACIONAL ANçLOGO AO TRçFICO DE DROGAS, POR SI Sî, NÌO CONDUZ OBRIGATORIAMENTE Ë IMPOSIÌO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÌO DO ADOLESCENTE. ÄSmula n¼ 502 do STJ Ð Trata-se de enunciado de smula por meio do qual o STJ afasta por completo a possibilidade de aplicao do princpio da adequao social conduta de expor venda CDs e DVDs pirateados. Trata-se de conduta tpica, prevista no art. 184, ¤¤ 1¼ e 2¼ do CP. Smula 502 do STJ - PRESENTES A MATERIALIDADE E A AUTORIA, AFIGURA-SE TêPICA, EM RELAÌO AO CRIME PREVISTO NO ART. 184, ¤ 2¼, DO CP, A CONDUTA DE EXPOR Ë VENDA CDS E DVDS PIRATAS. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 5! JURISPRUDæNCIA CORRELATA Ä STF - RE 254.818-PR Ð Possibilidade de utilizao de Medida Provisria em matria penal, desde que no crie tipos penais ou agrave a situao do ru: Medida provisria: sua inadmissibilidade em matria penal - extrada pela doutrina consensual - da interpretao sistemtica da Constituio -, no compreende a de normas penais benficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de iseno de pena ou de extino de punibilidade. II. Medida provisria: converso em lei aps sucessivas reedies, com clusula de "convalidao" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de normas no reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedies. III. MPr 1571-6/97, art. 7¼, ¤ 7¼, reiterado na reedio subseqente (MPr 1571-7, art. 7¼, ¤ 6¼), mas no reproduzido a partir da reedio seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicao aos fatos ocorridos na vigncia das edies que o continham, por fora da clusula de "convalidao" inserida na lei de converso, com eficcia de decreto-legislativo. (RE 254818, Relator(a): Min. SEPòLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 08/11/2000, DJ 19-12-2002 PP-00081 EMENT VOL-02096-07 PP-01480 RTJ VOL- 00184-01 PP-00301) ÄSTF - RHC 106481/MS Ð Possibilidade de interpretao extensiva em Direito Penal (ausncia de violao taxatividade da Lei Penal - Princpio da legalidade): (...) A interpretao extensiva no direito penal vedada apenas naquelas situaes em que se identifica um desvirtuamento na mens legis. 3. A punio imposta ao condenado por falta grave acarreta a perda dos dias remidos, conforme previsto no art. 127 da Lei 7.210/84 e na Smula Vinculante n¼ 9, e a conseqente interrupo do lapso exigido para a progresso de regime. 4. Negar provimento ao recurso. (RHC 106481, Relator(a): Min. CçRMEN LòCIA, Primeira Turma, julgado em 08/02/2011, DJe-042 DIVULG 02-03-2011 PUBLIC 03-03-2011 EMENT VOL-02475-01 PP-00126 RTJ VOL-00219-01 PP-00540) ÄSTF - HC 93782Ð Possibilidade de regresso de regime em razo da prtica de novo crime. Desnecessidade de trnsito em julgado. STF entendeu no haver ofensa ao princpio da presuno de inocncia: (...) I - A prtica de falta grave pode resultar, observado o contraditrio e a ampla defesa, em regresso de regime. II - A prtica de "fato definido como crime doloso", para fins de aplicao da sano administrativa da regresso, no depende de trnsito em julgado da ao penal respectiva. III - A natureza jurdica da regresso de regime lastreada nas hipteses do art. 118, I, da Lei de Execues Penais sancionatria, enquanto aquela baseada no incido II tem por escopo a correta individualizao da pena. IV - A regresso aplicada sob o fundamento do art. 118, I, segunda parte, no ofende ao princpio da presuno de inocncia ou ao vetor estrutural da dignidade da pessoa humana. V - Incidncia do teor da Smula vinculante n¼ 9 do Supremo Tribunal Federal quando perda dos dias remidos. VI - Ordem denegada. (HC 93782, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 16/09/2008, DJe-197 DIVULG 16-10-2008 PUBLIC 17-10-2008 EMENT VOL-02337-03 PP-00520 RTJ VOL-00207-01 PP-00369) 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo ÄSTF - HC 126.292 Ð O STF decidiu que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenao em segunda instncia por um rgo colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princpio da presuno de inocncia,admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j estaria formada nesse momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contrrio): (...) A execuo provisria de acrdo penal condenatrio proferido em grau de apelao, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinrio, no compromete o princpio constitucional da presuno de inocncia afirmado pelo artigo 5¼, inciso LVII da Constituio Federal. 2. Habeas corpus denegado. (HC 126292, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, PROCESSO ELETRïNICO DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC 17-05- 2016) ÄSTF - RHC 106.360/DF Ð STF reconhece a impossibilidade de aplicao do princpio da insignificncia aos crimes cometidos com violncia ou grave ameaa: (...) invivel reconhecer a aplicao do princpio da insignificncia para crimes praticados com violncia ou grave ameaa, incluindo o roubo. Jurisprudncia consolidada do Supremo Tribunal Federal. Recurso ordinrio em habeas corpus no provido. (RHC 106360, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 18/09/2012, PROCESSO ELETRïNICO DJe-195 DIVULG 03-10-2012 PUBLIC 04-10- 2012) ÄSTJ - AgRg no AREsp 572.572/PR Ð Inaplicabilidade do princpio da insignificncia aos crimes contra a administrao pblica: (...) O aresto objurgado alinha-se a entendimento assentado neste Sodalcio no sentido de ser incabvel a aplicao do princpio da insignificncia aos delitos cometidos contra a Administrao Pblica, uma vez que a norma visa a resguardar no apenas a dimenso material, mas, principalmente, a moral administrativa, insuscetvel de valorao econmica. 2. Incidncia do bice do Enunciado n.¼ 83 da Smula do STJ, tambm aplicvel ao recurso especial interposto com fundamento na alnea a do permissivo constitucional. 3. Agravo a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 572.572/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 08/03/2016, DJe 16/03/2016) ÄSTJ - AgRg no REsp 1550296/SP Ð Aplicabilidade do princpio da insignificncia ao delito de descaminho. Patamar mximo de R$ 10.000,00: (...) 1. Esta Corte Superior de Justia, no mbito da Terceira Seo, por ocasio do julgamento do REsp 1.393.317/PR, firmou entendimento no sentido de que o reconhecimento do princpio da insignificncia no delito de descaminho est adstrito ao valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) previsto no artigo 20 da Lei n. 10.522/02. 2. A Portaria n. 75, de 22 de maro de 2012, do Ministrio da Fazenda, por se tratar de ato administrativo normativo, no tem o condo de revogar contedo de lei ordinria em sentido estrito. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo 3. Na hiptese, o valor do tributo iludido com a introduo clandestina de produtos de origem estrangeira em territrio nacional superior ao estabelecido no art. 20 da Lei n.¼ 10.522/02, circunstncia que impede o reconhecimento da atipicidade material da conduta. 4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1550296/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 16/06/2016, DJe 24/06/2016) ÄSTF - HC 126746 AgR/PR Ð Divergindo do STJ, o STF entende pela aplicabilidade do princpio da insignificncia ao delito de descaminho quando o crime causar prejuzo no superior a R$ 20.000,00: (...) O reconhecimento da insignificncia penal da conduta, com relao ao crime de descaminho, pressupe a demonstrao inequvoca de que o montante dos tributos suprimidos no ultrapassa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). 6. Agravo regimental desprovido. (HC 126746 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 14/04/2015, PROCESSO ELETRïNICO DJe-084 DIVULG 06-05-2015 PUBLIC 07-05- 2015) ÄSTF - HC 131783/PR Ð Inaplicabilidade do princpio da insignificncia quando h reiterao criminosa no crime de descaminho: Possibilidade da contumcia delitiva do Paciente. A orientao deste Supremo Tribunal Federal firme no sentido de no se cogitar da aplicao do princpio da insignificncia em casos nos quais o ru incide na reiterao do descaminho. 2. Ordem denegada. (HC 131783, Relator(a): Min. CçRMEN LòCIA, Segunda Turma, julgado em 17/05/2016, PROCESSO ELETRïNICO DJe-112 DIVULG 01-06-2016 PUBLIC 02-06- 2016) 6! RESUMO Para finalizar o estudo da matria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa sugesto a de que esse resumo seja estudado sempre previamente ao incio da aula seguinte, como forma de ÒrefrescarÓ a memria. Alm disso, segundo a organizao de estudos de vocs, a cada ciclo de estudos fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informao, no deixem de retornar aula. PRINCêPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL Conceito Normas que, extradas da Constituio Federal, servem como base interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurdico brasileiro. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Possuem fora normativa, devendo ser respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que os contrariar. Em resumo: Legalidade - Uma conduta no pode ser considerada criminosa se antes de sua prtica (anterioridade) no havia lei formal (reserva legal) nesse sentido. Pontos importantes: Ø O princpio da legalidade se divide em Òreserva legalÓ (necessidade de Lei formal) e ÒanterioridadeÓ (necessidade de que a Lei seja anterior ao fato criminoso) Ø Normas penais em branco no violam tal princpio Ø Lei penal no pode retroagir, sob pena de violao anterioridade. EXCEÌO: poder retroagir para beneficiar o ru. Ø Somente Lei formal pode criar condutas criminosas e cominar penas. OBS.: Medida Provisria pode descriminalizar condutas e tratar de temas favorveis ao ru (h divergncias, mas isto o que prevalece no STF). Individualizao da pena Ð Ocorre em trs esferas: Ø Legislativa - Cominao de punies proporcionais gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas mnimas e mximas. Ø Judicial - Anlise, pelo magistrado, das circunstncias do crime, dos antecedentes do ru, etc. Ø Administrativa Ð Ocorre na fase de execuo penal, oportunidade na qual sero analisadas questes como progresso de regime, livramento condicional e outras. Intranscendncia da pena Ð Ningum pode ser processado e punido por fato criminoso praticado por outra pessoa. Isso no impede que os sucessores do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato. OBS.: A multa no Òobrigao de reparar o danoÓ, pois no se destina vtima. A multa espcie de PENA, e no pode ser executada contra os sucessores. Limitao das penas (ou humanidade) Ð Determinadas espcies de sano penal so vedadas. So elas: Ø Pena de morte. EXCEÌO: No caso de guerra declarada (crimes militares). Ø Pena de carter perptuo Ø Pena de trabalhos forados Ø Pena de banimento Ø Penas cruis OBS.: Trata-se de clusula ptrea. 00000000000 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 57 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2017) Ð AGENTE Teoria e questes Aula 00 Ð Prof. Renan Araujo Presuno de inocncia (ou presuno de no culpabilidade) Ð Ningum pode ser
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