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Seduc 2018 Apostila Professor de Espanhol

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Secretaria da Educação do Estado do Ceará
SEDUC-CE
Professor Nível A - Especialidade: Língua Espanhola
Edital Nº 030/2018 – SEDUC/SEPLAG, de 19 de Julho de 2018
JL150-2018
DADOS DA OBRA
Título da obra: Secretaria da Educação do Estado do Ceará - SEDUC - CE
Cargo: Professor Nível A - Especialidade: Língua Espanhola
(Baseado no Edital Nº 030/2018 – SEDUC/SEPLAG, de 19 de Julho de 2018)
• Conhecimentos Específicos
Autora
Ana Maria
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Diagramação/ Editoração Eletrônica
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Ana Luiza Cesário
Thais Regis
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Leandro Filho
Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
1 Leitura e compreensão de textos em Língua Espanhola considerando os diversos gêneros textuais. ............................ 01
2 Tendências pedagógicas sobre o ensino de Língua Espanhola: abordagem da linguagem sob novos enfoques. ............. 06
3 Uso e domínio das estratégias de leitura (skimming, scanning, prediction e outras). ............................................................ 15
3.1 compreensão geral do texto. ................................................................................................................................................................ 16
3.2 Reconhecimento de informações específicas. ................................................................................................................................ 18
3.3 Inferência e predição. ............................................................................................................................................................................... 19
3.4 Palavras cognatas e falsos cognatos. ................................................................................................................................................. 20
4 Vocabulário: domínio de vocabulário compatível com a interpretação de texto dentro do conteúdo exigido. ................21
5 Aspectos linguísticos e gramaticais. ............................................................................................................................................................ 24
5.1 El alfabeto gráfico y oral. ........................................................................................................................................................................ 30
5.2 Artículos. ........................................................................................................................................................................................................ 30
5.3 Pronombres personales y de tratamiento. ...................................................................................................................................... 32
5.4 Presente de indicativo: ser, estar y tener. ......................................................................................................................................... 32
5.5 Adjetivos posesivos. .................................................................................................................................................................................. 33
5.6 Contracciones. ............................................................................................................................................................................................. 33
5.7 Combinaciones. .......................................................................................................................................................................................... 33
5.8 Perífrasis de futuro. ................................................................................................................................................................................... 34
5.9 Los numerales. ............................................................................................................................................................................................ 34
5.10 El artículo neutro LO. ............................................................................................................................................................................. 35
5.11 Adverbios y expresiones de tiempo. ............................................................................................................................................... 35
5.12 Verbos. ......................................................................................................................................................................................................... 36
5.13 Pronombres demostrativos. ................................................................................................................................................................ 39
5.14 Adverbios y pronombres interrogativos. ....................................................................................................................................... 40
5.15 Formación del plural. ............................................................................................................................................................................. 41
5.16 Lugares (establecimientos comerciales) y medios de transporte. ....................................................................................... 42
5.17 La familia. .................................................................................................................................................................................................... 43
5.18 Los colores. ................................................................................................................................................................................................ 43
5.19 Objetos variados. ..................................................................................................................................................................................... 44
6 Divergências léxicas (heterosemánticos, heterotónicos, heterogenéricos). ................................................................................ 48
7 Apócope. ................................................................................................................................................................................................................508 Relação entre língua, cultura e sociedade. ............................................................................................................................................... 51
9 O tratamento da produção escrita como processo (revisão/correção e reescrita). .................................................................. 62
10 Compreensão de textos de autores modernos e/ou contemporâneos. .................................................................................... 76
11 Avaliação no ensino e aprendizagem da Língua Espanhola na educação básica. ................................................................... 85
12 Competências e habilidades propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio para a disciplina 
de Língua Espanhola. .............................................................................................................................................................................................92
1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
1 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS EM 
LÍNGUA ESPANHOLA CONSIDERANDO OS 
DIVERSOS GÊNEROS TEXTUAIS.
Tipos de texto
O aluno utilizará o conhecimento de tipos de texto:
- na leitura, na escrita e na produção e compreensão 
da fala;
- no reconhecimento e na compreensão da organi-
zação textual;
- no reconhecimento da função social do texto;
- na participação de interações de natureza diversas 
(diálogos, apresentações orais etc.).
A determinação dos conteúdos referentes a tipos de 
texto (orais e escritos) se pauta por tipos com os quais 
os alunos nessa faixa etária estão mais familiarizados 
como usuários de sua língua materna:
- pequenas histórias, quadrinhas, histórias em qua-
drinhos, instruções de jogos, anedotas, trava-línguas, 
anúncios, pequenos diálogos, rótulos de embalagens, 
cartazes, canções, pequenas notícias;
- entrevistas, programação de TV, textos publici-
tários, cartas, reportagens, classificados, poemas, edi-
toriais de jornal, artigos jornalísticos, textos de enci-
clopédias, verbetes de dicionários, receitas, estatutos, 
declarações de direitos.
Conhecimento sistêmico
Os conteúdos referentes ao conhecimento sistêmi-
co são incluídos na dependência das escolhas temáticas 
e dos tipos de texto. Além disso, dá-se pouca ênfase 
a esse conhecimento, já que o foco, neste ciclo, é em 
compreensão geral e no envolvimento na negociação 
do significado. A inclusão do que vai ser ensinado será 
determinada pelo tipo de conhecimento sistêmico ne-
cessário para se resolver a tarefa elaborada pelo profes-
sor. Isso quer dizer que ao aluno serão ensinados for-
malmente os itens relativos ao conhecimento sistêmico 
(vocabulário, estruturas gramaticais etc.) necessários 
para resolver a tarefa. Na verdade, o aluno se deparará 
com mais itens nesse nível do que terá de aprender para 
resolver as tarefas.
Aprender a se engajar no discurso por meio de lín-
gua estrangeira, desconhecendo certos itens nesse ní-
vel, é parte do que o aluno terá de aprender a fazer. Ou 
seja, terá de operar na língua estrangeira com um certo 
nível de imprecisão em relação ao significado, o que não 
é, aliás, muito diferente do que faz como usuário de sua 
língua materna em muitas situações de uso.
Conteúdos relativos ao conhecimento sistêmico:
- atribuição de significado a diferentes aspectos 
morfológicos, sintáticos e fonológicos;
- identificação de conectores que indicam uma rela-
ção semântica;
- identificação do grau de formalidade na escrita e 
na fala;
- reconhecimento de diferentes tipos de texto a par-
tir de indicadores de organização textual;
- compreensão e produção de textos orais com mar-
cas entonacionais e pronúncia que permitam a com-
preensão do que está sendo dito.
Conteúdos atitudinais
Os conteúdos atitudinais envolvem:
- a preocupação em ser compreendido e compreen-
der outros, tanto na fala quanto na escrita;
- a valorização do conhecimento de outras culturas 
como forma de compreensão do mundo em que vive;
- o reconhecimento de que as línguas estrangeiras 
aumentam as possibilidades de compreensão dos valo-
res e interesses de outras culturas;
- o reconhecimento de que as línguas estrangeiras 
possibilitam compreender-se melhor;
- o interesse por apreciar produções escritas e orais 
em outras línguas.
Os usos dos conteúdos do conhecimento sistêmi-
co, de mundo e de organização textual e os conteúdos 
atitudinais na construção social do significado são via-
bilizados por meio de procedimentos metodológicos 
que irão possibilitar o desenvolvimento das habilida-
des comunicativas. É claro que esses procedimentos 
variarão da dependência do(s) tipo(s) de habilidade(s) 
comunicativa(s) a serem enfatizadas.
A questão do método
Antes de tratar da questão de como as habilidades 
comunicativas concretizarão o componente metodoló-
gico, cabe discutir uma questão que tem sido frequente 
nas preocupações dos professores de Língua Estrangei-
ra: a procura de um método ideal. Essa questão esteve 
presente durante quase um século (1880-1980), com 
uma sucessão de métodos - o método da gramática 
e tradução, o método direto, o método audiovisual, o 
método audiolingual, o que alguns chamam de mé-
todo nocional-funcional -, cada um sendo descartado 
sucessivamente para dar lugar a algo que se apresen-
tava como mais atraente. Na década atual, no entanto, 
o método não é mais visto como um modelo pronto e 
definitivo.
Já no fim da década de 80 os métodos começaram 
a ser questionados por serem vistos como excessiva-
mente prescritivos, não levando em conta o contexto da 
aprendizagem, como se as condições para que esta pu-
desse acontecer fossem as mesmas em todas as partes 
do mundo. Passou-se a perceber que os métodos não 
2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
são passíveis de avaliação empírica; as tentativas feitas 
nesse sentido mostraram que os resultados produzidos 
por diferentes métodos refletem os aspectos por eles 
enfatizados no ensino, sendo, assim, difícil poder afir-
mar que o método X seja melhor do que o método Y. 
Além do mais, passou-se a ter uma percepção maior a 
respeito de questões políticas envolvidas na divulgação 
dos métodos, ou seja, o benefício mercadológico para 
seus proponentes e até uma forma de imperialismo cul-
tural neles embutida.
A partir da década de 80 uma nova visão aparece. 
Prefere-se falar em abordagens em vez de métodos, já 
que aquelas situam-se em um nível mais conceptual, 
que permite maior flexibilidade nas suas realizações. Em 
vez de se acatar imposições feitas por diferentes mé-
todos, pensa-se mais em termos de uma variedade de 
opções pedagógicas derivadas de concepções teóricas 
específicas da linguagem e da aprendizagem de línguas, 
além de se considerar sempre as práticas didáticas de-
rivadas do conhecimento acumulado em relação ao en-
sino e aprendizagem de Língua Estrangeira. Isso tudo 
tem ainda por base uma fundamentação teórica sobre 
a natureza da interação em sala de aula. É por isso que 
a questão “método”, tal qual a sala de aula, envolve um 
processo dinâmico cíclico, cheio de incertezas e sem fim, 
que reflete a articulação entre abordagem e interação 
em sala de aula.
As abordagens estão alicerçadas em princípios de 
natureza variada, já considerados neste documento:
- sociointeracional da aprendizagem em sala de 
aula;
- Cognitiva, em relação a como o conhecimento lin-
guístico é construído por meio do envolvimento na ne-
gociação do significado, como também no que se refere 
aos pré-conhecimentos (língua materna e outros) que o 
aluno traz;
- Afetiva, tendo em vista a experiência de vir a se 
constituir como ser discursivo em uma língua estrangei-
ra;
- Pedagógica, em relação ao fato de que o uso da 
linguagem é parte central do que o aluno tem de apren-
der.Esses princípios constituem a base do desenvol-
vimento de uma metodologia de ensino que envolve 
como ensinar determinados conteúdos, pelo uso de di-
ferentes procedimentos metodológicos. 
Gêneros textuais: aspectos conceituais e funcio-
nais
Os estudos acerca dos gêneros textuais vêm sendo 
feitos desde a Retórica Antiga, com ênfase nas classifi-
cações tradicionais da literatura que, desde Platão, têm 
tido uma insistente discussão. Brandão (2003) argumen-
ta que esses estudos “têm atravessado, ao longo dos 
tempos, as preocupações dos estudiosos da linguagem, 
interessando tanto à história da retórica quanto às pes-
quisas contemporâneas em poética e semiótica literária 
e às teorias linguísticas atuais”. Entretanto, a Linguísti-
ca ingressou nesses estudos há pouco tempo. Brandão 
(2003) acrescenta que isso se deveu ao fato de que a 
Linguística, como “ciência específica da linguagem”, é 
recente e também porque “sua preocupação inicial foi 
com as unidades menores que o texto”. Assim, somente 
a partir dos anos 60, a Linguística deixa de privilegiar os 
estudos centrados no fonema, na palavra e na frase para 
centrar-se nos estudos do texto e suas especificidades. 
Com o avanço dos estudos linguísticos e com a en-
trada do texto e do discurso também como objetos de 
estudo da Linguística, os gêneros textuais passaram a 
fazer parte das reflexões de muitos estudiosos. Objeti-
vando discutir teoricamente essa questão, expomos, a 
seguir, as principais teorias relacionadas a alguns teó-
ricos e estudiosos da área, enfocando os aspectos que 
serão abordados na análise dos dados da pesquisa. 
 
Mikhail Bakhtin 
 Os estudos do russo Mikhail Bakhtin (2003) se des-
tacam nas questões relativas aos gêneros do texto, em 
decorrência da sua preocupação com o discurso como 
um todo e com as condições de produção e recepção da 
atividade verbal. 
Mesmo que o direcionamento das discussões acerca 
dos gêneros discursivos de Bakhtin não tenha enfoca-
do a área de ensino e aprendizagem de línguas, suas 
ideias têm influenciado as pesquisas de muitos autores, 
tomando como base, na maioria das vezes, suas con-
cepções concernentes aos gêneros. 
Bakhtin (2003) afirma que o uso da língua se con-
cretiza por meio de enunciados. Tais enunciados são 
individuais e únicos. Apesar disso, “cada campo de uti-
lização da língua elabora seus tipos relativamente es-
táveis de enunciados” (orais ou escritos) e esses são de 
possibilidades inesgotáveis dentro dos diversos campos 
da atividade humana. Isso porque a diversidade dos 
gêneros segue os parâmetros sociais e históricos das 
práticas discursivas de um determinado universo social 
(BAKHTIN, 2003, p. 262). 
Para Bakhtin, os gêneros têm seu próprio âmbito de 
existência e não podem ser substituídos aleatoriamente. 
O que determina o uso deste ou daquele gênero são as 
necessidades comunicativas dos membros de uma de-
terminada esfera da atividade social. Para ele, “os enun-
ciados e seus tipos, isto é, os gêneros discursivos, são 
correias de transmissão entre a história da sociedade e 
a história da linguagem” (BAKHTIN, 2003). É mediante 
as necessidades do seu uso que os fenômenos linguís-
ticos surgem no sistema da língua. “Nenhum fenômeno 
3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
novo (fonético, léxico, gramatical) pode integrar o siste-
ma da língua sem ter percorrido um complexo e longo 
caminho de experimentação e elaboração de gêneros e 
estilos” (BAKHTIN, 2003). 
Por serem extremamente vinculados às necessida-
des sociais e aos padrões históricos dos diversos cam-
pos da atividade humana, há dificuldade em registrar 
quantitativamente todos os gêneros. Há uma variedade 
incalculável de gêneros nas esferas da sociedade. Por 
exemplo: na esfera jornalística, temos o editorial, a carta 
do leitor, o artigo de opinião, os classificados, as notí-
cias etc.; na esfera religiosa, temos o sermão, a prece, a 
oração, e assim por diante. Nesse sentido, ao passo que 
cada esfera da atividade humana se desenvolve, mais 
gêneros surgem para atender as exigências das práti-
cas sociais ligadas a essas esferas, pois “são inesgotá-
veis as possibilidades da multiforme atividade humana” 
(BAKHTIN, 2003). 
Bakhtin elabora uma classificação para os gêneros 
do discurso, dividindo-os em dois grupos: gêneros dis-
cursivos primários e gêneros discursivos secundários. Os 
gêneros primários correspondem aos gêneros simples 
ou do cotidiano e são produzidos onde cada esfera da 
atividade humana se realiza, materializando-se em seu 
contexto específico, como a conversação informal face 
a face ou os bilhetes pessoais, informais. Já os gêneros 
secundários são os gêneros complexos, mais elabora-
dos, como, por exemplo, romances, conferências aca-
dêmicas, dramas, pesquisas científicas de toda espécie, 
entre outros. Esses gêneros secundários são desenvol-
vidos com base em um convívio cultural mais formal, 
e são geralmente, mas não exclusivamente, produzidos 
na modalidade escrita da língua. Eles absorvem e trans-
formam os gêneros primários, que passam a fazer parte 
constitutiva dos gêneros mais complexos, e, por conse-
guinte, se afastam da situação imediata de produção do 
enunciado e de seus contextos reais de uso. 
Para Bakhtin (2003), o que determina se o gênero é 
primário ou secundário não é a modalidade da língua 
(oral ou escrita), mas as condições reais de produção 
desse gênero, sendo que estas condições estão intima-
mente ligadas às esferas de comunicação em que os 
gêneros estão sendo usados. O romance, que pertence 
à esfera literária, por exemplo, pode absorver vários gê-
neros primários, como um diálogo, uma carta, um bilhe-
te, uma oração, entre outros. A esse fenômeno de ab-
sorção do gênero primário pelo gênero secundário, no 
caso do romance, Bakhtin denominou de transmutação. 
O próprio gênero primário, nessa situação, passa a ser 
constitutivo do gênero secundário e não uma simples 
incorporação. 
Bakhtin apresenta como base para os seus estudos 
sócio interacionista, principalmente, o caráter dialógi-
co da linguagem, que também funcionou como marco 
para os estudos dos gêneros discursivos. Para desenvol-
ver sua teoria dos gêneros, Bakhtin faz críticas a algu-
mas teorias linguísticas, especialmente nas discussões 
sobre a constituição do discurso, uma vez que, para 
muitas dessas teorias, falante e ouvinte assumem papéis 
estanques, em que o ouvinte exerce o papel apenas de 
receptor. Esse tipo de concepção é tido, por Bakhtin, até 
certo ponto, como ficção. Para ele, o ouvinte, ao perce-
ber e compreender o significado (linguístico) do discur-
so, ocupa simultaneamente em relação a ele uma ativa 
posição responsiva: concorda ou discorda dele (total ou 
parcialmente), completa-o, aplica-o, prepara-se para 
usá-lo, etc. (...) toda compreensão é prenhe de resposta, 
e nessa ou naquela forma a gera obrigatoriamente: o 
ouvinte se torna falante (BAKHTIN, 2003, p. 271). 
O enunciado não acaba na compreensão do signifi-
cado. O outro, o interlocutor, está sempre na produção 
do discurso, na constituição dos sentidos, mesmo que 
o seu turno de voz não se manifeste de imediato, ou, 
ainda, mesmo que ele não se manifeste verbalmente. O 
enunciado é sempre ativamente respondido. Essa inte-
ração dá-se em forma de cooperação mútua, de acor-
dos, de desacordos entre os interlocutores, que, com-
pletam os discursos ou se preparam para deles fazer uso 
etc. (BAKHTIN, 2003). 
É nessa perspectiva que nossa pesquisa se direciona 
para o livro didático. De acordo com essa teoria, os textos 
produzidos pelos alunos na escola não são unilaterais; 
não acabam depois de sua produção. Eles são dirigidos 
a alguém (seja ao destinatário real ou não), e isso deve 
ser considerado pelo professor e pelos autores dos 
materiais didáticos utilizados nas aulas de línguas.Esses 
textos devem dar lugar à palavra do outro, à resposta 
do outro, tornando-se, assim, um elo na interação social, 
no contexto da sala de aula. É, então, função da escola 
também buscar o estabelecimento desse elo, para que 
esses textos possam ter significados reais para os alunos. 
Desse modo, concordamos com Bakhtin quando ele 
argumenta que as palavras e as orações, ao serem trata-
das fora de um contexto, tornam-se impessoais; não são 
ditas nem escritas para ninguém. Mas, em se tratando 
de enunciados concretos, inseridos em uma prática so-
cial, existe um autor e um destinatário. Não há produção 
de textos sem interlocução, sem possíveis destinatários. 
Para Bakhtin (2003, p. 301), todo texto tem um des-
tinatário, seja ele “um participante-interlocutor direto 
do diálogo”; seja ele “uma coletividade diferenciada de 
especialistas de algum campo especial da comunicação 
cultural”; seja ele “um público mais ou menos diferencia-
do, um povo, [...] uma pessoa íntima, um estranho etc”. 
Seja qual for o destinatário, ele é sempre determinado 
pelo campo da atividade humana e da vida aos quais se 
referem os enunciados. São os destinatários, para quem 
falamos ou escrevemos, que determinam a composição 
4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
e, em particular, o estilo do enunciado. “Cada gênero 
do discurso em cada campo da comunicação discursiva 
tem a sua concepção típica de destinatário que o deter-
mina como gênero (op. cit.) ”. 
O destinatário, ainda segundo Bakhtin, é um traço 
que constitui todo enunciado. Direcionamo-nos sempre 
para alguém quando falamos ou escrevemos. O que vai 
determinar a forma como nos direcionamos, isto é, o 
tipo de nossas escolhas individuais, é o grau de maior 
ou menor familiaridade entre nós e os outros partici-
pantes do discurso. Produzir um e-mail, por exemplo, 
para alguém próximo (um amigo, um namorado, um ir-
mão etc.) será diferente de produzir um e-mail para um 
estranho ou para alguém que ocupe uma posição social 
de hierarquia (um diretor, um chefe, um professor etc.). 
Com o intuito de distinguir oração (unidade da lín-
gua) de enunciado (unidade da comunicação discur-
siva), em sua obra Estética da Criação Verbal, Bakhtin 
apresenta algumas peculiaridades do enunciado, tais 
como: 
 
• a alternância dos sujeitos do discurso, ou seja, a 
atitude dialógica dos interlocutores; 
• a expressividade, ou seja, a relação subjetiva do 
falante com o conteúdo do objeto e do sentido do seu 
enunciado, como também a sua relação frente aos par-
ticipantes da comunicação discursiva. A expressividade 
é um elemento inerente ao enunciado, pois não existe 
enunciado imparcial, isto é, sem uma posição valorativa 
do autor; 
 
• a conclusibilidade do enunciado, ou seja, o discur-
so de um acaba para dar vez ao discurso do outro. O 
outro, ao tomar sua posição de falante, concretiza seu 
enunciado (vontade ou intenção discursiva) em um gê-
nero determinado pela situação de interação. O gêne-
ro, por sua vez, possui sua forma relativamente estável 
padronizada pelo campo da atividade humana. Assim, 
apesar da individualidade e da subjetividade, a intenção 
discursiva do falante é aplicada e adaptada ao gênero 
escolhido, constituindo-se e desenvolvendo-se em uma 
determinada forma de gênero (BAKHTIN, 2003, p. 282). 
 Não falamos nem escrevemos de qualquer 
jeito, pois dependemos da atitude compreensiva e res-
ponsiva do outro. Esse é um princípio do caráter dia-
lógico da linguagem e, também, do processo de cons-
tituição e de identificação dos gêneros textuais. Por 
esse motivo, dizemos sempre que os gêneros seguem 
padrões relativamente estáveis de estilo, de forma e 
de conteúdo. “Os gêneros organizam o nosso discur-
so”; assim, quando nos deparamos com enunciados 
alheios, já prevemos e, também, já identificamos, a que 
gênero pertencem esses enunciados, pela forma que 
os constitui, pela intenção discursiva do falante, pela 
relação interativa dos participantes e pelas condições 
de produção desses enunciados, entre outros aspectos. 
“Se os gêneros do discurso não existissem e nós não os 
dominássemos [...] a comunicação discursiva seria qua-
se impossível” (BAKHTIN, 2003, p. 283). 
 
John M. Swales 
 A visão de Swales (1990) sobre gênero textual 
está associada ao uso da escrita no âmbito acadêmico. 
Em sua obra Genre Analysis – English in Academic and 
Research Settings, o autor trabalha os conceitos de co-
munidade discursiva, gênero e tarefa. É também nesse 
trabalho que o autor dá continuidade a sua pesquisa 
de 1984, na qual desenvolveu um modelo de análise 
de gênero denominado CARS (create a research space) 
aprimorando-o, depois, em 1990. Swales apresenta, em 
seus trabalhos, um programa de ensino para desenvol-
ver nos aprendizes (nativos ou não-nativos) a capacida-
de de produzir textos no contexto acadêmico utilizando 
as características dos gêneros adequadamente. 
O modelo CARS, uma das grandes contribuições do 
autor aos estudos dos gêneros, tem influenciado muitos 
pesquisadores, principalmente aqueles interessados na 
análise e no ensino dos gêneros textuais no âmbito aca-
dêmico e profissional. 
Swales propõe seis características como forma de 
identificar um grupo de indivíduos como uma comuni-
dade discursiva: 
• uma comunidade discursiva concorda amplamen-
te com um conjunto de objetivos públicos comuns; 
• uma comunidade discursiva tem mecanismos co-
muns de intercomunicação entre os seus membros; 
• uma comunidade discursiva utiliza seus mecanis-
mos que promovem a participação dos membros para 
proporcionar a troca de informações e para fornecer um 
feedback; 
• uma comunidade discursiva utiliza e, portanto, 
possui um ou mais gêneros de forma compartilhada; 
• uma comunidade discursiva, por possuir determi-
nados gêneros, compartilha de itens lexicais específicos; 
• uma comunidade discursiva tem um nível razoável 
de membros com um grau adequado de conteúdo rele-
vante e discurso especializado. 
 De acordo com Swales, uma comunidade dis-
cursiva:
 
- possui um conjunto perceptível de objetivos que 
podem ser reformulados pública e explicitamente e 
também, em parte, podem ser estabelecidos por seus 
membros. Tais objetivos podem ser consensuais ou dis-
tintos, mas sempre relacionados; 
- possui mecanismos de intercomunicação entre 
seus membros; 
5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
- usa mecanismos de participação para uma série 
de propósitos, tais como promover o incremento da in-
formação e do feedback, para canalizar a inovação, para 
manter o sistema de crenças e de valores da comunida-
de e para aumentar o espaço profissional; 
- utiliza uma seleção crescente de gêneros no al-
cance de seu conjunto de objetivos e na prática de seus 
mecanismos participativos; já adquiriu e continua bus-
cando uma terminologia específica; 
- possui uma estrutura hierárquica explícita ou im-
plícita que orienta os processos de admissão e de pro-
gresso dentro dela. 
Depois de explorar sua noção de comunidade dis-
cursiva, Swales (1990) expõe a noção de gênero textual. 
O autor destaca alguns aspectos na caracterização dos 
gêneros e, com base nesses aspectos, adota uma defini-
ção. Apresentamos, a seguir, esses aspectos, para che-
garmos à noção de gênero, conforme a orientação do 
próprio autor. 
- Um gênero é uma classe de eventos comunicati-
vos. 
Swales admite a ideia de classe pelo fato de que um 
gênero não se constitui apenas do discurso em si. Com-
preende também o papel desse discurso, seu ambiente 
de produção e recepção e os participantes, incluindo, 
nesse conjunto, fatores históricos e culturais. Esse as-
pecto, a nosso ver, é primordial para se constituir o con-
ceito de gênero, pois é a partir daí que percebemos que 
não só os fatorespuramente linguísticos constituem o 
gênero, mas muitos outros fatores estão envolvidos, 
como bem afirma Swales. 
- O principal elemento que transforma uma coleção 
de eventos comunicativos em um gênero é o conjunto 
de propósitos comunicativos compartilhados. 
Segundo Swales (1990, p. 46), “gêneros são veícu-
los comunicativos para alcançar metas”. Como lembra 
o autor, não são os aspectos formais e estruturais que 
definem o gênero, mas, sim, os propósitos comunica-
tivos compartilhados pela comunidade discursiva. “É 
o propósito comunicativo que direciona as atividades 
linguísticas da comunidade discursiva” (p. 10). Essa é a 
condição defendida pelo autor como determinante para 
a identificação de um gênero. Entretanto, Swales admi-
te que o propósito comunicativo não está imune a difi-
culdade como elemento chave na determinação de um 
gênero, pois ele é uma característica menos evidente e 
demonstrável de que, digamos, a forma e, portanto, é 
pouco útil como primeiro critério. É fato que o propósito 
de algum gênero terá dificuldade, em si mesmo, de ad-
quirir considerável valor heurístico. Enfatizar a primazia 
do propósito pode requerer que o analista realize um 
número regular de investigações independentes e es-
clarecedoras, oferecendo, assim, proteção contra uma 
classificação flexível baseada em características estilísti-
cas e crenças herdadas, tais como, tipificar os artigos de 
pesquisa em simples relatos de experimentos (SWALES, 
1990, p. 46). 
Desse modo, muitas vezes, o leitor tem que usar 
seu conhecimento de mundo para identificar o propó-
sito comunicativo ou os propósitos comunicativos de 
determinados gêneros, mesmo que ele tenha, às vezes, 
de iniciar a análise por outros elementos característicos 
do gênero, como a forma. Como ressalta Swales, embo-
ra seja, no geral a mais importante, em alguns casos, a 
identificação do propósito comunicativo do gênero não 
é observável diretamente, exigindo, do analista, a abor-
dagem de outros fenômenos. 
- Exemplares de gêneros variam em sua prototi-
picidade. 
 
Apesar de destacar o propósito comunicativo como 
principal elemento de definição do gênero, Swales re-
conhece que outras propriedades, como a forma, a es-
trutura e as expectativas da audiência, também servem 
para identificar um exemplar como prototípico de um 
gênero em particular. Mas, ao analisar, devemos obser-
var que os exemplares de gêneros também variam em 
sua prototipicidade; por isso é muito importante que 
não nos detenhamos somente em uma única caracte-
rística do gênero. 
 - A razão que subjaz a um gênero estabelece 
restrições sobre possíveis contribuições em termos de 
conteúdo, posicionamento e forma. 
Os propósitos comunicativos que estão vinculados 
aos gêneros são, de forma geral, reconhecidos pelos 
membros da comunidade discursiva, na qual os gêne-
ros circulam, pois, o gênero tem uma lógica própria em 
função de um propósito que a comunidade reconhece. 
Dessa maneira, algumas convenções são aguardadas e 
reveladas no gênero, ou seja, essas convenções são uti-
lizadas pelos membros de acordo com o entendimento 
do propósito do gênero. A razão, vinculada às conven-
ções do discurso, estabelece restrições em termos de 
conteúdo, posicionamento e forma. 
O reconhecimento do propósito comunicativo pe-
los membros da comunidade discursiva pode se dar em 
níveis diferentes ou, como lembra Swales, pode ser re-
conhecido ou não, se o interlocutor não fizer parte da 
comunidade do discurso. 
 - A terminologia relativa a gêneros, usada por 
uma comunidade discursiva, é uma importante fonte 
de percepção. 
Segundo Swales (1990, p. 54), o conhecimento das 
convenções de um gênero é, provavelmente, maior para 
aqueles que lidam com eles diária ou profissionalmente 
do que para aqueles que apenas têm contatos casuais. 
6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
O resultado disso são as nomenclaturas relativas aos 
gêneros, que refletem a visão dos membros mais ex-
perientes e ativos da comunidade sobre eventos comu-
nicativos, reconhecidos por eles como ações retóricas 
recorrentes. 
Pelo motivo exposto acima, é extremamente neces-
sário observar nas nossas salas de aula o que nossos 
alunos sabem e/ou precisam saber sobre as especifi-
cidades de determinados gêneros, pois muitos deles, 
ou melhor, muitos de nós não temos conhecimento de 
como produzir certos gêneros, e de qual é o seu propó-
sito comunicativo. 
Após sumarizar as características apresentadas por 
Swales (1990), vale apresentar o conceito de gênero, no 
qual o autor agrupa todas as particularidades mostradas 
acima: 
Um gênero compreende uma classe de eventos co-
municativos em que os membros da comunidade com-
partilham os mesmos propósitos comunicativos. Esses 
propósitos são reconhecidos pelos membros mais expe-
rientes da comunidade discursiva original e constituem a 
razão do gênero. Esta racionalidade modela a estrutura 
esquemática do discurso e influencia e restringe as es-
colhas de conteúdo e estilo. O propósito comunicativo, 
além de ser um critério privilegiado, também opera para 
sustentar o escopo de um gênero, mantendo-se enfoca-
do estreitamente em determinada ação retórica compa-
tível com o gênero. Além do propósito, os exemplares 
de um gênero exibem vários padrões de semelhança 
em termos de estrutura, estilo, conteúdo e audiência. 
Se num exemplar forem realizadas todas as expectativas 
sobre a caracterização de um determinado gênero, esse 
exemplar será visto como prototípica pela comunidade 
discursiva em que ele circula. Os nomes dos gêneros, 
herdados e produzidos pelas comunidades discursivas 
e importados por outras, constituem uma comunicação 
etnográfica valiosa, mas necessitam posteriormente de 
validação adicional. (SWALES, 1990, p. 58). 
Em seus trabalhos mais recentes, Swales também re-
visa seu conceito de gênero, principalmente a noção de 
propósito comunicativo. Decorrente da dificuldade de 
uma identificação precisa do propósito comunicativo, 
Swales (2001), em um artigo em coautoria com Askeha-
ve, reavalia sua visão acerca desse ponto, discutindo as 
limitações do seu conceito. Propósito comunicativo pas-
sa a ser visto, então, por esses autores, como um critério 
privilegiado na identificação de um gênero, e não como 
o critério determinante. No entanto, a identificação exa-
ta do gênero, como o próprio Swales reconheceu, não 
está livre de dificuldades. Ao contrário, muitas vezes é 
importante observar outras características constitutivas 
do gênero. 
Bhatia (1993) exemplifica uma dessas dificuldades 
na identificação do gênero, citando as táticas usadas 
por repórteres experientes, no intuito de mascarar suas 
posições políticas sob forma de notícias objetivas. Le-
vando em consideração obstáculos, como o exemplo ci-
tado por Bhatia, Swales começa a priorizar o contexto de 
produção, pois o propósito de um gênero também está 
sujeito a questões sócio- históricas. Uma reportagem, 
embora se apresente como objetiva, pode se tornar um 
texto altamente opinativo e político, por exemplo. 
Em suma, os conceitos de gênero e suas especifi-
cidades, explorados por Swales em seus trabalhos, são 
pertinentes para a nossa pesquisa também pelo fato de 
o autor trabalhar com contextos educacionais específi-
cos. Aspectos como o propósito comunicativo e a forma 
composicional serão explorados no intuito de avaliar se 
os livros didáticos de língua inglesa explicitam para quê 
e como são produzidos os textos. 
 
Luiz Antônio Marcuschi 
 
Os trabalhos de Marcuschi (2003a, 2003b, 2006) 
apresentam uma discussão acerca dos gêneros textuais 
e suas especificidades. O autor também chama a aten-
ção para a distinção entre gênero textual e tipo tex-
tual, tão comumente confundidos na escola. Marcuschi 
(2003a) levanta vários argumentos como formade dis-
tinguir essas duas entidades e apresenta uma noção de 
gênero textual inserida em um contexto sócio-histórico. 
Devido ao fato de o termo gênero estar, tradicional-
mente, atrelado aos estudos literários, é comum, na es-
cola, o uso do termo tipo de texto para gênero de texto, 
relacionando-o assim a carta, memorando, reportagem, 
artigo de opinião etc. Isso constitui um equívoco na 
construção do conhecimento na sala de aula de línguas, 
pois muitas das propostas de produção de texto, oral 
ou escrito, se referem aos tipos textuais e não aos gêne-
ros. Marcuschi (2003a) esclarece essa questão argumen-
tando que tipo de texto são sequências textuais defini-
das pela natureza linguística de sua composição, como 
aquelas propostas por Adam (1992). O que chamamos 
de gêneros textuais está muito além dessas sequências, 
envolvem características específicas como propósito co-
municativo, interlocutores, suporte etc. 
Para Marcuschi, os gêneros caracterizam-se muito 
mais por suas funções comunicativas, cognitivas e ins-
titucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e 
estruturais; mas isso não quer dizer que a forma deve ser 
desprezada. De acordo com o autor, os gêneros textuais 
são “fenômenos históricos, profundamente vinculados à 
vida cultural e social” (MARCUSCHI 2003) e colaboram 
para a ordenação e estabilização das atividades comu-
nicativas do dia-a-dia. Talvez seja por essa razão que, 
assim como surgem, podem desaparecer, pois seu fun-
7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
cionamento está vinculado às necessidades e atividades 
socioculturais e às inovações tecnológicas. A exemplo 
disso, temos a grande circulação do gênero e-mail e, 
paralelamente, uma enorme redução no uso do tradi-
cional gênero carta pessoal. 
Além de esclarecer questões sobre os tipos textuais 
e sobre os gêneros textuais, Marcuschi, em outro traba-
lho (2003), discute a questão do suporte dos gêneros. É 
pertinente para nós esse ponto, já que o nosso trabalho 
envolve um tipo especial de suporte – o livro didático. 
Para esse autor, o livro didático, além de suporte, pode 
ser visto como um simulador, em várias dimensões si-
multaneamente, de diversos gêneros. Por isso, o livro 
didático não deverá ser considerado um gênero secun-
dário, conforme alguns autores chegaram a especular. 
Em seu interior, os gêneros não perdem as suas funções 
originais; eles adquirem outras funcionalidades. 
Para Marcuschi, a noção de suporte nos leva a per-
ceber como se dá a circulação social dos gêneros. Se-
gundo o autor, os suportes podem ser: convencionais, 
“tendo em vista sua função de portarem ou fixarem tex-
tos” (2003b, p. 20), como a página da Internet, o jornal, o 
livro didático; e incidentais, tendo em vista sua eventua-
lidade, por não serem destinados a esse fim, como, por 
exemplo, o corpo humano, quando são tatuados com 
uma imagem, um poema ou uma declaração de amor. 
Segundo Marcuschi (2003a), algumas vezes os gê-
neros são determinados pelas formas, na maioria das 
vezes pela função e, ainda outras vezes, pelo suporte ou 
ambiente em que o texto aparece. 
Os gêneros textuais estão presentes em todas as 
nossas práticas sociais, já que não podemos nos co-
municar verbalmente a não ser através deles. Segundo 
Marcuschi (2006, p. 25), os gêneros devem ser vistos 
na relação com as práticas sociais, os aspectos cogni-
tivos, os interesses, as relações de poder, as tecnolo-
gias, as atividades discursivas e no interior da cultura. 
Eles mudam, fundem-se, misturam-se para manter sua 
identidade funcional com inovação organizacional. Des-
sa forma, seria quase impossível identificar, em dados 
numéricos, todos os gêneros existentes, assim como é 
também pouco provável conhecê-los em sua totalidade, 
pois, como ressalta Antunes (2002, p. 70), “os gêneros se 
determinam por fatores da situação de uso dos textos” e 
somente pela análise dos contextos reais de uso, pode-
mos verificar a existência e a funcionalidade de alguns 
gêneros. Em suma, o que caracteriza os gêneros textuais 
não são somente os aspectos formais, mas as funções 
que eles exercem nas práticas sociais partilhadas por 
uma mesma comunidade discursiva. Dessa maneira, os 
gêneros textuais podem ser definidos como ritos sociais 
transformados em texto. 
Fonte: LIMA, A. M. J. Os gêneros textuais e o ensino 
da produção de texto: análise de propostas em livros 
didáticos de língua inglesa. 2007
2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS SOBRE 
O ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA: 
ABORDAGEM DA LINGUAGEM SOB NOVOS 
ENFOQUES.
Em nossa sociedade, o conhecimento de Línguas 
Estrangeiras é muito valorizado no âmbito profissional, 
porém, no caso do ensino médio, mais do que encarar 
o novo idioma apenas como uma simples ferramenta, 
um instrumento que pode levar à ascensão, é preciso 
entendê-lo como um meio de integrar-se e agir como 
cidadão. Nesse sentido, o foco do ensino não pode es-
tar, ao menos de modo exclusivo e predominante, na 
preparação para o trabalho ou para a superação de pro-
vas seletivas, como o vestibular. Essas situações fazem 
parte da vida do aluno, mas não são as únicas, talvez 
nem sejam as principais e, acima de tudo, não se esgo-
tam nelas mesmas.
Para que o ensino da língua estrangeira adquira sua 
verdadeira função social e contribua para a construção 
da cidadania, é preciso, pois, que se considere que a 
formação ou a modificação de atitudes também pode 
ocorrer – como de fato ocorre – a partir do contato ou 
do conhecimento com/sobre o estrangeiro, o que nos 
leva, de maneira clara e direta, a pensar o ensino do Es-
panhol, antes de mais nada, como um conjunto de valo-
res e de relações interculturais.
Havendo, na escola, acesso a revistas, jornais, livros, 
TV, vídeo, gravador, computador etc., típicos do mun-
do fora da sala de aula, tais recursos podem ser usados 
na elaboração de tarefas pedagógicas, para deixar claro 
para o aluno a vinculação do que se faz em sala de aula 
com o mundo exterior (as pessoas estão no seu dia-a-
-dia envolvidas na construção social do significado; as 
possibilidades que existem fora da sala de aula de se 
continuar a aprender Língua Estrangeira.
Critérios para Inclusão de Línguas Estrangeiras 
no Currículo
Independentemente de se reconhecer a importân-
cia do aprendizado de várias línguas, em vez de uma 
única, e de se pôr em prática uma política de pluralismo 
linguístico, nem sempre há a possibilidade de se incluir 
mais do que uma língua estrangeira no currículo.
Os motivos podem ir da falta de professores até a 
dificuldade de incluir um número elevado de disciplinas 
na grade escolar. Assim, uma questão que precisa ser 
enfrentada é qual, ou quais línguas estrangeiras incluir 
no currículo.
8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
Pelo menos três fatores devem ser considerados:
-fatores históricos;
-fatores relativos às comunidades locais;
. -fatores relativos à tradição.
Fatores históricos
Os fatores históricos estão relacionados ao papel 
que uma língua específica representa em certos mo-
mentos da história da humanidade, fazendo com que 
sua aprendizagem adquira maior relevância. A relevân-
cia é frequentemente determinada pelo papel hege-
mônico dessa língua nas trocas internacionais, gerando 
implicações para as trocas interacionais nos campos da 
cultura, da educação, da ciência, do trabalho etc.
O caso típico é o papel representado pelo inglês, 
em função do poder e da influência da economia norte-
-americana. Essa influência cresceu ao longo deste sécu-
lo, principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial, 
e atingiu seu apogeu na chamada sociedade globaliza-
da e de alto nível tecnológico, em que alguns indivíduos 
vivem neste final do século. O inglês, hoje, é a língua 
mais usada no mundo dos negócios, e em alguns países, 
comoHolanda, Suécia e Finlândia, seu domínio é prati-
camente universal nas universidades. É possível antever 
que, no futuro, outras línguas desempenhem esse papel.
Deve-se considerar também o papel do espanhol, 
cuja importância cresce em função do aumento das tro-
cas econômicas entre as nações que integram o Merca-
do das Nações do Cone Sul (Mercosul). Esse é um fenô-
meno típico da história recente do Brasil, que, apesar da 
proximidade geográfica com países de fala espanhola, 
se mantinha impermeável à penetração do espanhol. 
Fatores relativos às comunidades locais
A convivência entre comunidades locais e imigran-
tes ou indígenas pode ser um critério para a inclusão 
de determinada língua no currículo escolar. Justifica-se 
pelas relações envolvidas nessa convivência: as relações 
culturais, afetivas e de parentesco. Por outro lado, em 
comunidades indígenas e em comunidades de surdos, 
nas quais a língua materna não é o português, justifica-
-se o ensino de Língua Portuguesa como segunda lín-
gua.
Fatores relativos à tradição
O papel que determinadas línguas estrangeiras tra-
dicionalmente desempenham nas relações culturais en-
tre os países pode ser um fator a ser considerado. O 
francês, por exemplo, desempenhou e desempenha im-
portante papel do ponto de vista das trocas culturais 
entre o Brasil e a França e como instrumental de acesso 
ao conhecimento de toda uma geração de brasileiros.
Aprender línguas significa aprender conheci-
mento e seu uso
Diferentemente do que ocorre em outras disciplinas 
do currículo, na aprendizagem de línguas o que se tem 
a aprender é também, imediatamente, o uso do conhe-
cimento, ou seja, o que se aprende e o seu uso devem 
vir juntos no processo de ensinar e aprender línguas. As-
sim, caracterizar o objeto de ensino significa caracterizar 
os conhecimentos e os usos que as pessoas fazem deles 
ao agirem na sociedade. Portanto, ao ensinar uma lín-
gua estrangeira, é essencial uma compreensão teórica 
do que é a linguagem, tanto do ponto de vista dos co-
nhecimentos necessários para usá-la quanto em relação 
ao uso que fazem desses conhecimentos para construir 
significados no mundo social.
A natureza sociointeracional da linguagem
O uso da linguagem (tanto verbal quanto visual) é 
essencialmente determinado pela sua natureza socioin-
teracional, pois quem a usa considera aquele a quem se 
dirige ou quem produziu um enunciado. Todo significa-
do é dialógico, isto é, é construído pelos participantes 
do discurso. Além disso, todo encontro interacional é 
crucialmente marcado pelo mundo social que o envolve: 
pela instituição, pela cultura e pela história. Isso quer 
dizer que os eventos interacionais não ocorrem em um 
vácuo social. Ao contrário, ao se envolverem em uma 
interação tanto escrita quanto oral, as pessoas o fazem 
para agirem no mundo social em um determinado mo-
mento e espaço, em relação a quem se dirigem ou a 
quem se
dirigiu a elas. É nesse sentido que a construção do 
significado é social. As marcas que definem as identida-
des sociais (como pobres, ricos, mulheres, homens, ne-
gros, brancos, homossexuais, heterossexuais, idosos, jo-
vens, portadores de necessidades especiais, falantes de 
variedades estigmatizadas ou não, falantes de línguas 
de prestígio social ou não etc.) são intrínsecas na deter-
minação de como as pessoas podem agir no discurso ou 
como os outros podem agir em relação a elas nas várias 
interações orais e escritas das quais participam.
Vale dizer que o exercício do poder no discurso e o 
de resistência a ele são típicos dos encontros interacio-
nais que se vivem no dia-a-dia. Quem usa a linguagem 
com alguém, o faz de algum lugar determinado social 
e historicamente. Assim, os significados construídos no 
mundo social refletem os embates discursivos. 
9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
A relação entre língua estrangeira e língua ma-
terna na aprendizagem
O processo sociointeracional de construir conheci-
mento linguístico e aprender a usá-lo já foi percorrido 
pelo aluno no desafio de aprender sua língua materna. 
Ao chegar à quinta série, a criança já é um falante com-
petente de sua língua para os usos que se apresentam 
nas comunidades discursivas8 imediatas das quais par-
ticipa em sua socialização em casa ou nas brincadeiras 
com os amigos fora de casa, e em outras comunidades 
discursivas. Essas outras comunidades podem exigir a 
aprendizagem de uma variedade da língua materna ou 
de padrões interacionais diferentes dos que teve acesso 
em casa (por exemplo, modos de interagir com outra 
pessoa em sala de aula).
Neste percurso, o aluno já aprendeu usos da lin-
guagem com os quais pode não ter se familiarizado 
em casa (por exemplo, na leitura e na produção de um 
texto escrito), tendo também interiorizado sua natureza 
sociointeracional (por exemplo, ao aprender a conside-
rar as marcas das identidades sociais, idade, gênero etc. 
daqueles com quem fala em contextos sociais específi-
cos) e começado a construir conhecimento de nature-
za metalinguística nas aulas de língua materna. Isso lhe 
possibilita pensar, falar, ler e escrever sobre sua própria 
língua. Enfim, o aluno já sabe muito sobre sua língua 
materna e sobre como usá-la, ou seja, sabe muito sobre 
linguagem.
Em linhas gerais, o que a aprendizagem de uma Lín-
gua Estrangeira vai fazer é:
-Aumentar o conhecimento sobre linguagem que o 
aluno construiu sobre sua língua materna, por meio de 
comparações com a língua estrangeira em vários níveis; 
-Possibilitar que o aluno, ao se envolver nos proces-
sos de construir significados nessa língua, se constitua 
em um ser discursivo no uso de uma língua estrangeira.
A relação do processo de ensinar e aprender 
língua estrangeira com os temas transversais
Ensino de Língua Estrangeira: modo singular para 
focalizar a relação entre linguagem e sociedade.
A aprendizagem de Língua Estrangeira representa 
outra possibilidade de se agir no mundo pelo discurso 
além daquela que a língua materna oferece. Da mes-
ma forma que o ensino da língua materna, o ensino 
de Língua Estrangeira incorpora a questão de como as 
pessoas agem na sociedade por meio da palavra, cons-
truindo o mundo social, a si mesmos e os outros à sua 
volta. Portanto, o ensino de línguas oferece um modo 
singular para tratar das relações entre a linguagem e o 
mundo social, já que é o próprio discurso que constrói 
o mundo social.
A aprendizagem de Língua Estrangeira oferece aces-
so a como são construídos os temas propostos como 
transversais em práticas discursivas de outras socieda-
des. É uma experiência de grande valor educacional, 
posto que fornece os meios para os aprendizes se dis-
tanciarem desses temas ao examiná-los por meio de 
discursos construídos em outros contextos sociais de 
modo a poderem pensar sobre eles, criticamente, no 
meio social em que vivem.
Assim, os temas transversais, que têm um foco claro 
em questões de interesse social, podem ser facilmen-
te trazidos para a sala de aula via Língua Estrangeira. A 
análise das interações orais e escritas em sala de aula é 
um meio privilegiado para tratar dos temas transversais 
ao se enfocar as escolhas linguísticas que as pessoas fa-
zem para agir no mundo social. Isso pode ser feito tan-
to do ponto de vista das escolhas temáticas; os conhe-
cimentos de mundo acionados (aquilo do que se fala, 
sobre o que se escreve, ou se lê); quanto do ponto de 
vista das escolhas sistêmicas (nos níveis sintático, mor-
fológico, léxico-semântico, fonético-fonológico) e de 
organização textual (tipos de texto) e ainda da variação 
linguística (como comunidades de falantes de regiões 
diferentes de um mesmo país variam no uso da língua, 
por exemplo).
Um procedimento pedagógico útil para mostrar ao 
aluno que a linguagem é uma prática social, ou seja, en-
volveescolhas da parte de quem escreve ou fala para 
construir significados em relação a outras pessoas em 
contextos culturais, históricos e institucionais específi-
cos é submeter todo texto oral e escrito a sete pergun-
tas: quem escreveu/falou, sobre o que, para quem, para 
que, quando, de que forma, onde? Essas perguntas se-
rão retomadas a seguir. 
Escolhas temáticas
Os temas transversais podem ser focalizados pela 
análise comparativa de como questões particulares são 
tratadas no Brasil e nos países onde as línguas estran-
geiras são faladas como língua materna e/ou língua 
oficial. Essas questões podem envolver tópicos como: 
o respeito à ética nas relações cotidianas, no trabalho, e 
no meio político brasileiro; a preocupação com a saúde; 
a garantia de que todo cidadão brasileiro tenha direi-
to ao trabalho; a consciência dos perigos de uma so-
ciedade que privilegia o consumo em detrimento das 
relações entre as pessoas; o respeito aos direitos hu-
manos (aqui incluídos os culturais e os linguísticos); a 
preservação do meio ambiente; a percepção do corpo 
como fonte de prazer; a consciência da pluralidade de 
expressão da sexualidade humana; a mudança no papel 
que a mulher desempenha na sociedade; a organização 
política das minorias étnicas. Por exemplo, os maoris na 
Nova Zelândia, os quechuas no Peru, os argelinos na 
10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
França, os ianomâmis no Brasil e na Venezuela e não-
-étnicas. por exemplo, idosos, portadores de necessida-
des especiais, homossexuais, falantes de uma variedade 
não hegemônica.
É claro que está implícita aqui a necessidade de que 
os textos abordem os temas transversais, que podem 
ser tratados em níveis diferentes, dependendo do pré-
-conhecimento de mundo, sistêmico e de organização 
textual do aluno. Isso não quer dizer, contudo, que esses 
temas só podem ser trazidos para a sala de aula quando 
o aluno tiver avançado nesses conhecimentos. Pode-se, 
por exemplo, tratar da questão da posição da mulher na 
sociedade ou da preservação do meio ambiente em tex-
tos que envolvam pouco conhecimento sistêmico ou até 
que envolvam mais conhecimento desse tipo do que o 
aluno disponha. Em outras palavras, a questão crucial é 
o objetivo proposto para a realização da tarefa pedagó-
gica, levando-se em conta a adequação do tema à idade 
do aluno e ao meio social em que vive.
Cabe aos professores exercerem seu sentido críti-
co na escolha do conteúdo tematizado. A tematização 
da poluição em uma cidade como Nova York ou Ma-
dri, contudo, pode ser levantada não só em uma cidade 
grande como São Paulo, mas também em outras cida-
des menores, por meio da comparação com outros tipos 
de problemas ecológicos (por exemplo, a contaminação 
dos mananciais de onde vem a água potável de um lu-
garejo). É nesse sentido que a aula de Língua Estrangeira 
pode aprimorar o conhecimento de mundo do aluno. 
Note-se também que as línguas estrangeiras dão acesso
sobre o modo como certas questões sociais (as am-
bientais, por exemplo) são tratadas em nível planetário.
Este posicionamento em relação às temáticas tra-
tadas em sala de aula questiona o fenômeno do texto 
sobre a escova de dente tão comum em sala de aula de 
Língua Estrangeira, que desloca a linguagem do mun-
do social. A temática de um texto sobre uma escova de 
dente não situa, imediatamente, a linguagem como um 
fenômeno social, já que o engajamento discursivo pela 
motivação temática não está patente, a menos que esse 
texto seja tratado em sala de aula em um contexto inte-
racional que o faça valer como prática social, como será 
mostrado a seguir.
Compare-se o texto sobre uma escova de den-
te com outros que problematizem as questões que se 
vivenciam no mundo social: a ética na política, as difi-
culdades cada vez maiores de se conseguir emprego, 
a importância de se utilizar práticas preventivas na vida 
sexual, o respeito aos direitos de todos os cidadãos sem 
distinção de gênero, etnia ou opção sexual etc. O en-
gajamento discursivo aqui é imediato, tendo em vista 
as temáticas sugerirem a vida social de forma explícita.
Continuando-se com o mesmo fenômeno do tex-
to sobre escova de dente, pode-se dizer, contudo, que 
o uso em sala de aula de propagandas de diferentes 
tipos de escova de dente pode situar os participantes 
discursivos fazendo algo no mundo social por meio da 
linguagem (por exemplo, vendendo um produto utili-
zando uma propaganda) se for tratado como tal. É nesse 
sentido que as sete perguntas anteriormente sugeridas 
podem ser utilizadas em sala de aula: quem elaborou 
a propaganda (uma agência, homem, mulher etc.), do 
que trata (um tipo de escova de dente nova), para quem 
(uma escova tão sofisticada que só poderá ser compra-
da por quem tem dinheiro, uma escova dobrável para 
caber em
bolso de homens etc.), quando (uma propaganda 
elaborada em uma determinada época, quando não 
havia muita sofisticação nos tipos de escova de dente, 
quando o desenvolvimento tecnológico era menor etc.), 
de que forma (o texto conta uma historinha, apresenta 
um diálogo, é ilustrado etc.), onde foi publicado (em um 
revista de jovens, de mulheres etc.), para que (qual é 
o resultado da propaganda nos receptores). A questão 
central, portanto, é a visão de linguagem que subjaz à 
prática do professor e como ela é viabilizada por meio 
da metodologia de ensino.
Escolhas de organização textual
A utilização em sala de aula de tipos de textos dife-
rentes, além de contribuir para o aumento do conheci-
mento intertextual do aluno, pode mostrar claramente 
que os textos são usados para propósitos diferentes 
na sociedade. Por exemplo, a comparação de um texto 
publicado em um editorial de um jornal do movimento 
de defesa dos direitos dos argelinos na França, de afro-
-americanos nos Estados Unidos ou dos indígenas no 
México, com um editorial de um jornal conservador des-
ses países sobre o mesmo assunto, e ainda, com uma 
história contada por um indivíduo desses grupos sociais 
sobre sua vida, pode
situar para os alunos o fato de que, ao agirem no 
discurso por meio da linguagem, as pessoas fazem es-
colhas de organização textuais na dependência de seus 
propósitos comunicativos no mundo. Esses significados 
refletem suas visões de mundo, projetos políticos etc. É 
claro que será útil também comparar esses textos com 
um outro da mesma natureza (temática e de tipo) pu-
blicado em um jornal brasileiro, por exemplo. Esse tra-
balho de natureza intercultural pode evidenciar como a 
organização política na luta pela emancipação de mi-
norias étnicas tem sido concretizada em outros países 
e no Brasil.
11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
Escolhas sistêmicas
Colocar o foco nas escolhas sistêmicas feitas por 
participantes discursivos específicos em línguas estran-
geiras particulares pode ajudar a chamar a atenção para 
a maneira como a representação discursiva do mundo 
social é feita em línguas diferentes. Por exemplo, a aná-
lise de textos acadêmicos em inglês, nos quais os usuá-
rios excluem cada vez mais o item lexical .man/homem 
em seu uso genérico tanto na língua escrita quanto na 
língua oral (por exemplo:. O homem do final do século 
XX deverá ter um alto nível de letramento em sua língua 
materna e, pelo menos, em uma língua estrangeira.), 
preferindo itens como o .human-being/ser humano., 
.person/pessoa. etc. Da mesma forma, pode-se ana-
lisar textos em inglês em que a referência pronominal 
de uma palavra, não claramente marcada pelo gênero, 
como .teacher/professor., tende a ser cada vez mais fei-
ta por pronomes que marcam tanto o gênero masculino 
quanto feminino (por exemplo, .he/she (ele/ela). Ou até 
formas do tipo .(s)he (ele(a)).). Esses dois exemplos ilus-
tram como a luta da mulher por sua emancipação tem 
afetado arepresentação discursiva.
Outra questão importante é observar como alguns 
itens lexicais são escolhidos para se referir às minorias 
ou a pessoas em situação de desigualdade (os negros, 
os gays/as lésbicas, as mulheres, os indígenas, os imi-
grantes, os mendigos etc.) em certo tipo de imprensa. 
Os tabloides ingleses, por exemplo, são cheios de re-
presentações sociais negativas dessas pessoas. A com-
paração com as manchetes da imprensa marrom brasi-
leira pode ser muito reveladora. É interessante ressaltar 
as contradições sociais refletidas nos discursos de uma 
mesma língua: a representação discursiva da emancipa-
ção da mulher em algumas formas de discurso em in-
glês coexiste, paralelamente, com outras representações 
negativas da mulher e das minorias. Essa visão é extre-
mamente útil para se perceber as culturas como sendo 
múltiplas e plurais, e espaços de conflitos. A análise das 
marcas discursivas leva para o centro da sala de aula 
uma o tradicional que a representa como sendo unívoca 
e não plural, pasteurizada/idealizada e não real.
Um outro ponto que pode ser focalizado são as es-
colhas no nível da sintaxe; por exemplo, a questão da 
transitividade. Chamar a atenção do aluno para o fato 
de que ao elaborar a manchete de um jornal, o jornalis-
ta que escolhe usar uma passiva tira o foco de atenção 
de quem é o causador de um fato e focaliza a ação. Por 
exemplo, dizer que um indígena foi assassinado é dife-
rente de indicar quem o assassinou.
A consciência crítica de como a linguagem é usada 
no mundo social pode ser bem desenvolvida em Língua 
Estrangeira, devido ao distanciamento que ela oferece, 
possibilitando um estranhamento mais fácil em rela-
ção ao modo como as pessoas usam a linguagem na 
sociedade. Ao mesmo tempo que isso traz para o cen-
tro do currículo a relação da linguagem com o mundo 
social, constitui um modo de integrar os temas trans-
versais com a área de Língua Estrangeira. Além disso, a 
consciência crítica em relação à linguagem possibilita o 
surgimento de novas práticas sociais por meio da cria-
ção de espaços na escola para a construção de contra 
discursos.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A questão da variação linguística em Língua Estran-
geira pode ajudar não só a compreensão do fenômeno 
linguístico da variação na própria língua materna, como 
também do fato de que a língua estrangeira não existe 
só na variedade padrão, conforme a escola normalmen-
te apresenta. Aqui não é suficiente mostrar a relação 
entre grupos sociais diferentes (regionais, de classe so-
cial, profissionais, de gênero etc.) e suas realizações lin-
guísticas; é necessário também indicar que as variações 
linguísticas marcam as pessoas de modo a posicioná-las 
no discurso, o que pode muitas vezes excluí-las de cer-
tos bens materiais e culturais.
É útil apresentar para o aluno, por exemplo, como 
a variedade do inglês falado pelos negros americanos 
é discriminada na sociedade e, portanto, como, estes 
equivocadamente, são posicionados no discurso como 
inferiores. A comparação com variedades não hegemô-
nicas do português brasileiro pode ser esclarecedora, já 
que seus falantes também sofrem discriminação social. 
Isso quer dizer que algumas variedades linguísticas têm 
mais prestígio social do que outras. Para ilustrar este 
fato, basta comparar o valor dado a variedades rurais 
e variedades urbanas nas trocas interacionais urbanas. 
Comparar falantes dessas duas variedades em uma 
situação em que estão se candidatando a um emprego 
na cidade pode esclarecer para o aluno como as varie-
dades linguísticas, entre outros fatores que revelam sua 
identidade social (classe social, etnia, gênero, opção se-
xual etc.), marcam as pessoas na vida social, o que pode 
fazer com que uma obtenha emprego e outra não.
Não se deve esquecer ainda que as marcas de va-
riedades são frequentemente fruto de processos de ex-
clusão. A consciência desses processos na escola pode 
colaborar na compreensão de que diferença linguísti-
ca não pode ser equacionada com inferioridade, como 
também, consequentemente, na criação de uma socie-
dade mais justa, já que a linguagem é central na deter-
minação das relações humanas e da identidade social 
das pessoas. Assim, reafirma-se o direito de ser diferen-
te cultural e linguisticamente.
 
PLURALIDADE CULTURAL
O tema transversal Pluralidade Cultural merece um 
tratamento especial devido ao fato de o ensino de Lín-
gua Estrangeira se prestar, sobremodo, ao enfoque des-
sa questão.
12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
Esse tema pode ser focalizado a fim de desmistifi-
car compreensões homogeneizadoras de culturas es-
pecíficas, que envolvem generalizações típicas de aulas 
de Língua Estrangeira do tipo, por exemplo, os ingleses 
ou os franceses são .assim ou assado.. É extremamente 
educativo expor o aluno à diversidade cultural francesa, 
por exemplo, ao observar a vida em uma cidade como 
Paris, em que grupos de nacionalidades diferentes tais 
como franceses, argelinos, portugueses, senegaleses, e 
de outros tipos de minorias coexistem, nem sempre de 
forma pacífica, na construção de natureza multifacetada 
do que é a cultura francesa.
Trata-se de algo extremamente enriquecedor para o 
aluno, que constrói uma compreensão mais real do que 
é a complexidade cultural de um país e também uma 
percepção crítica das tradicionais visões pasteurizadas 
e unilaterais de uma cultura (por exemplo, as visões tra-
dicionais de que os ingleses tomam chá às cinco horas 
da tarde ou de que são todos extremamente polidos).
Comparativamente, a pluralidade cultural brasileira 
(indígenas, negros, brancos, católicos, seguidores de 
cultos religiosos de origem africana, judeus, sambistas, 
adeptos de reggae etc.) pode ser trazida à tona em uma 
tentativa de acabar com visões estereotipadas do que é 
ser brasileiro. Em um país culturalmente plural como o 
Brasil, é pernicioso trabalhar em sala de aula com uma 
visão que exclui grande parte da população brasileira 
das representações que a criança costuma ter no discur-
so pedagógico (o que inclui também suas representa-
ções em material didático): branco, católico, morador do 
.sul-maravilha., classe média, falante de uma variedade 
hegemônica etc.
Em relação ao tema Pluralidade Cultural, também é 
essencial que se traga para a sala de aula o fato de que, 
pelos processos de colonização, muitas línguas estran-
geiras, tradicionalmente equacionadas com as línguas 
faladas pelos nativos dos países colonizadores (Ingla-
terra, Espanha, França etc.), são hoje usadas em várias 
partes do mundo como línguas oficiais e até mesmo 
como línguas maternas. Não faz sentido, por exemplo, 
considerar o espanhol somente como a língua da Espa-
nha, como também considerar o inglês somente como a 
língua da Inglaterra ou dos Estados Unidos, ou o francês 
como a língua da França.
É útil chamar a atenção para a complexidade cultural 
dessas línguas faladas como línguas oficiais ou línguas 
maternas em países tão distantes, geográfica e/ou cul-
turalmente, como Nova Zelândia e Jamaica, no caso do 
inglês, ou Peru e Argentina, no caso do espanhol, ou 
Argélia e Congo, no caso do francês.
No que se refere a uma língua hegemônica como 
o inglês por ter uma grande penetração internacional, 
não só como língua oficial de países que foram antigas 
colônias da Grã-Bretanha, mas também como língua es-
trangeira, devido ao poderio econômico e político do 
Reino Unido nas primeiras décadas deste século e dos 
Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial até 
hoje é essencial que se focalize a questão da pluralida-
de cultural representada pelos países que usam o inglês 
como língua oficial. Além, é claro, da motivação educa-
cional implícita nessa percepção histórico-social da lín-
gua inglesa, também é um meio de focalizar as questões 
de naturezasociopolítica, que devem ser consideradas 
no processo de ensino e aprendizagem de uma língua 
estrangeira.
Cabe ressaltar ainda o papel do inglês na sociedade 
atual. Essa língua, que se tornou uma espécie de língua 
franca, invade todos os meios de comunicação, o co-
mércio, a ciência, a tecnologia no mundo todo. É, em 
geral, percebida no Brasil como a língua de um único 
país, os Estados Unidos, devido ao seu papel atual na 
economia internacional. Todavia, o inglês é usado tão 
amplamente como língua estrangeira e língua oficial em 
tantas partes do mundo, que não faz sentido atualmen-
te compreendê-lo como a língua de um único país.
As pessoas podem fazer uso dessa língua estran-
geira para seu benefício, apropriando-se dela de modo 
crítico.
É esta concepção que se deve ter da aprendizagem 
de uma língua estrangeira, notadamente do inglês: usá-
-lo para se ter acesso ao conhecimento em vários níveis 
(nas áreas científicas, nos meios de comunicação, nas 
relações internacionais entre indivíduos de várias na-
cionalidades, nos usos de tecnologias avançadas etc.). 
O acesso a essa língua, tendo em vista sua posição no 
mercado internacional das línguas estrangeiras, por as-
sim dizer, representa para o aluno a possibilidade de se 
transformar em cidadão ligado à comunidade global, ao 
mesmo tempo que pode compreender, com mais clare-
za, seu vínculo como cidadão em seu espaço social mais 
imediato.
A importância do inglês no mundo contemporâneo, 
pelos motivos de natureza político-econômica, não dei-
xa dúvida sobre a necessidade de aprendê-lo.
Esses mesmos fatores de natureza sociopolítica de-
vem orientar o trabalho do professor. Não se pode ig-
norar o papel relativo que línguas estrangeiras diferen-
tes têm em momentos políticos diversos da história da 
humanidade (o latim na época do Império Romano) e 
de países específicos (o espanhol atualmente no Brasil). 
Isso afeta a função social que línguas estrangeiras espe-
cíficas adquirem ao serem percebidas como sendo de 
mais prestígio e de mais utilidade, determinando suas 
inclusões nos currículos escolares. A consciência dessas 
questões deve ser tratada pedagogicamente em sala de 
aula ao se chamar a atenção para a utilização do inglês 
no mundo contemporâneo nas várias áreas da atividade 
humana. Solicitar que os alunos atuem como etnógrafos 
13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR NÍVEL A - Língua Espanhola
em suas práticas sociais, fazendo anotações dos usos 
de inglês ao mesmo tempo que tomam consciência dos 
vários países que usam esta língua como língua oficial 
ou língua materna, parece ser essencial para sua cons-
cientização de aspectos de
natureza sociopolítica relacionados à aprendizagem 
dessa língua. O levantamento de países que usam o 
inglês como língua materna e/ou língua oficial só nas 
Américas (Barbados, Belize, Canadá, Dominica, Estados 
Unidos, Guiana, Granada, Jamaica, Santa Lúcia, Trinidad 
e Tobago etc.) pode ser, portanto, útil nessa conscien-
tização. Ainda na temática de aspectos sociopolíticos 
referentes à aprendizagem de uma língua estrangeira 
é notável a presença, cada vez maior, do espanhol no 
Brasil.
Sua crescente importância, devido ao Mercosul, tem 
determinado sua inclusão nos currículos escolares, prin-
cipalmente nos estados limítrofes com países onde o es-
panhol é falado. A aprendizagem do espanhol no Brasil 
e do português nos países de língua espanhola na Amé-
rica é também um meio de fortalecimento da América 
Latina, pois seus habitantes passam a se (re)conhecerem 
não só como uma força cultural expressiva e múltipla, 
mas também política (um bloco de nações que podem 
influenciar a política internacional). Esse interesse cada 
vez maior pela aprendizagem do espanhol pode contri-
buir na relativização do inglês como língua estrangei-
ra hegemônica no Brasil, como, aliás, igualmente nes-
se sentido, seria essencial a inserção de outras línguas 
estrangeiras (francês, italiano, alemão etc.) no currículo. 
Embora em um nível diferente, devido ao papel que 
os Estados Unidos representam na economia interna-
cional, a mesma vinculação do inglês com os Estados 
Unidos é detectada na associação do espanhol com a 
Espanha no Brasil. Chamar a atenção por meio de tra-
balhos de pesquisa para os países que usam o espanhol 
tanto como língua materna e/ou língua oficial nas Amé-
ricas (Argentina, Bolívia, Chile, Cuba, El Salvador, Equa-
dor, Guatemala, Paraguai, Uruguai etc.) traz para a sala 
de aula aspectos de natureza sociopolítica da aprendi-
zagem de uma língua estrangeira, além de contribuir 
para uma percepção intercultural da América Latina.
Fonte: Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e 
quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira
De acordo com os Orientações Curriculares Nacio-
nais para o Ensino Médio o que se objetiva é delinear 
alguns princípios gerais que permitam aos docentes: 
a) realizar uma reflexão criteriosa acerca da função 
da Língua Espanhola na escola regular; 
b) estabelecer os objetivos realizáveis, consideran-
do-se as peculiaridades (regionais, institucionais e de 
toda ordem) de cada situação de ensino, e das relações 
entre o universo hispânico e o brasileiro, em toda a sua 
heterogeneidade constitutiva; 
c) selecionar e sequenciar os conteúdos – temáti-
cos, culturais, nocional-funcionais e gramaticais – mais 
indicados para a consecução dos objetivos propostos; e 
d) definir a(s) linha(s) metodológica(s) e as estraté-
gias mais adequadas, tendo em vista tanto o processo 
de ensino–aprendizagem quanto os resultados que se 
pretende alcançar, e, de acordo com isso, fazer a esco-
lha do material didático adequado para a abordagem e 
estabelecer critérios de avaliação condizentes com suas 
escolhas e plausíveis nessa situação.
Objetivos e Conteúdos a serem ensinados:
Em relação aos objetivos e conteúdos s serem con-
siderados para o ensino do Espanhol, pensando que 
o objetivo maior da presença da língua estrangeira na 
grade curricular é a formação do indivíduo, podemos 
selecionar temas ligados direta e/ou indiretamente a 
essa proposta. Nesse sentido, pensando sobretudo na 
ideia de transversalidade, tão presente na lei que rege a 
educação brasileira – podem-se incluir reflexões sobre: 
Políticas: formas de governo, estruturas governa-
mentais, relações de poder e de soberania, direito a 
voto, representações partidárias etc;
Econômicas: poder aquisitivo, orçamento – público, 
privado e pessoal –, estratégias de publicidade e consu-
mo, recursos agrícolas e industriais, mercado de traba-
lho etc; 
Educação: sistema educativo, estrutura educacional, 
inclusão/exclusão (social e étnica), função política e so-
cial da educação etc; 
Sociais: habitação, escalas e representações sociais, 
saúde, segurança, transportes etc; 
Esportes: valorização e prestígio social, fins da sua 
prática (profissional, econômico, prazer, saúde...), locais 
de realização, custos etc; 
Lazer: opções em função de fatores econômicos, 
educacionais e sociais; 
Informação: papel da imprensa, confiabilidade, 
acesso à informação, meios de divulgação da informa-
ção (jornais, revistas, rádio, televisão, Internet) etc; 
Línguas e linguagens: questões relativas a políti-
cas linguísticas, à diversidade de línguas presentes nos 
diversos países, às línguas indígenas, ao seu reconhe-
cimento e preservação, ao papel da língua estudada 
na formação do estudante, na história e na sociedade 
contemporânea (questões locais e globais), no proces-
so de globalização; aos efeitos da globalização sobre as 
línguas e linguagens etc.
Para que a consecução de tais objetivos seja possí-
vel, é preciso adotar uma visão ampliada dos conteúdos 
a serem incluídos nos programas de curso para além 
das tradicionais habilidades (ouvir, falar, ler, entender) e 
das sequências lexicais e componentes

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