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PROJETO DE PESQUISA. JESUÍTAS

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
DEPARTAMENTO DE ENSINO À DISTÂNCIA
CURSO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: MÉTODOS E TÉCNICAS NA PRODUÇÃO CIENTÍCA
PROFESSORA: POMEIA
ALUNA: MARIANA FIGUEIREDO DE CARVALHO
NITERÓI-RJ
2016
Projeto apresentado à Disciplina de Métodos e Técnicas na Na Produção Científica do curso de Histórias daUniversidade Salgado de Oliveira- UNIVERSO, comoParte dos requisitos para Conclusão do curso.
Niterói- RJ
2016
Inquisição no Brasil: A Feitiçaria e a Primeira Visita do Santo Ofício à Bahia.
Delimitação do Tema
 A Inquisição foi criada ao longo do século XIII e manteve-se em funcionamento durante um extenso período (atuou até os séculos XVIII e XIX) e seus tribunais da fé estiveram presentes em regiões diversas sob configurações distintas. Em Portugal, a Inquisição foi implantada em 1536, possuindo características próprias, se distanciando das cúrias romanas e constituindo um braço político do Estado. [2: BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália. Séculos XV – XIX.]
 Após o Concílio de Trento (1545-1563) e durante o período de União Ibérica (1580-1640) ocorreu a primeira visita do Santo Ofício às terras brasileiras. Sendo, portanto, o objetivo do presente projeto de pesquisa estudar as ações e influências exercidas pelos tribunais inquisitoriais no Brasil colônia, enfocando, especificamente, a primeira visita que se efetuou na Bahia dentre os anos de 1591 e 1594.
 Dedicarei atenção especial aos indivíduos acusados de praticar feitiçaria na colônia, ou seja, ao grupo minoritário que foi tomado, desde a Idade Média, como bode expiatório para justificar catástrofes naturais e, até mesmo, problemas familiares diversos. [3: RICHARDS, Jeffrey. Sexo, Desvio e Danação: as minorias na Idade Média.]
Justificativa
A questão da religiosidade do povo brasileiro esta cada vez mais forte em nosso país e, em muitos casos, acarreta a disseminação de preconceitos contra grupos minoritários, como exemplos podemos citar os homossexuais e os praticantes de religiões de origem africanas. Tal situação remonta ao período colonial, no qual a Inquisição perseguia grupos minoritários presentes na sociedade, fato que deixa evidente a prática da discriminação contra minorias sociais desde tempos remotos da história.
 Diversos historiadores possuem trabalhos publicados na área inquisitorial, porém, devido à riqueza de fontes sobre o assunto, o tema não está esgotado, sendo possível à elaboração de boas pesquisas referentes a essa questão. O trabalho proposto está inserido na preocupação de estudar a presença do Santo Ofício e a ação da Inquisição no Brasil colônia, para a compreensão da formação da religiosidade popular brasileira e dos aspectos culturais desenvolvidos pela sociedade colonial.
 A feitiçaria e as torturas utilizadas pelos inquisidores durante os interrogatórios dos acusados para obter confissões chamam minha atenção desde a adolescência; os mecanismos e a estruturação da Inquisição sempre me causaram fascínio. Portanto não tive dúvidas ao escolher meu tema de pesquisa. 
Objetivos
3.1) Objetivo Geral
Avaliar às ações do Santo Ofício em terras brasileiras durante a visita realizada à Bahia.
3.2) Objetivos Específicos
Compreender os motivos que ocasionaram a visitação do Santo Ofício em terras brasileiras.
Destacar a ação do Santo Ofício em relação aos casos de feitiçaria denunciados durante o período em que esteve na Bahia.
Observar o sincretismo religioso dentro das práticas de feitiçaria.
Analisar o papel das minorias sociais, mais especificamente das feiticeiras, na formação da religiosidade no Brasil colônia.
Hipóteses
 Os membros que constituíam a Inquisição estiveram presentes em regiões diversas, tanto na Europa quanto em territórios ultramarinos dos impérios hispânicos. No Brasil, a primeira visita do Santo Ofício ocorreu na Bahia em 1591.
 Acredito que a visitação tenho sido realizada a colônia devido ao distanciamento geográfico desta com a metrópole e pela descentralização política que reinava na região. Sendo assim, seria necessário investigar se a colônia portuguesa estava se afastando dos dogmas espirituais ensinados pela Igreja Católica.
 Penso que as feiticeiras possuíram papel importante na formação da religiosidade da sociedade brasileira colonial, pois esta apresentava fortes elementos tanto do imaginário mágico da medievalidade quando das culturas indígenas e africanas. Creio que as práticas de feitiçaria eram bem recebidas pelos indivíduos que se propunham a procurá-las devido ao sincretismo religioso presente nas mesmas. A feitiçaria na colônia era repleta de elementos de origens distintas, apresentando características indígenas, européias e africanas.
Pressupostos Teóricos
A historiografia sobre a Inquisição tem sido constantemente renovada, não se dedicando apenas aos simples relatos dos métodos de tortura ou aos números de vítimas encaminhadas a fogueira, sendo a problemática da questão bem mais complexa.
 Objetivando conhecer os grupos minoritários perseguidos pelos tribunais inquisitoriais e descobrir quais os argumentos que a Igreja Católica utilizava para agir com tamanha intolerância, recorremos aos estudos de Jeffrey Richards que relatam as condições das minorias na Idade Média. De acordo com o autor, que trabalha o campo da história cultural e que utiliza a pesquisa pictórica como fonte, os grupos que sofreram repressão da Igreja foram os dos intitulados hereges, bruxos, judeus, prostitutas, homossexuais e leprosos. Seus estudos nos permitem perceber que a principal argumentação utilizada pelos tribunais como justificativa para as perseguições está relacionada à aberração sexual, ou seja, tais grupos eram acusados de manterem contatos íntimos com demônios.[4: RICHARDS, Jeffrey. Sexo, Desvio e Danação: as minorias na Idade Média. Ed. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1993.]
 Como a intenção deste projeto é estudar a Inquisição no Brasil, região que se encontrava sob jugo de Portugal, nada mais útil que utilizar um autor português que trabalha o tema. Francisco Bethencourt pesquisa a área das mentalidades, analisando o imaginário da sociedade portuguesa frente às práticas da magia e abordando o universo criado pela Inquisição através de seus ritos que se revelaram formas expressivas da ordem social e institucional. Sendo assim, o autor torna possível examinarmos o papel das praticantes de magia na sociedade e como estas eram vislumbradas pelos tribunais inquisitoriais.[5: BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália. Séculos XV – XIX. Ed. Companhia das Letras. São Paulo, 2000.]
 Para uma melhor compreensão do sincretismo religioso, da feitiçaria e das práticas mágicas presentes no Brasil colônia tomamos com referência Laura de Mello e Souza , a autora possui como base de suas pesquisas fontes eclesiásticas e inquisitoriais, sendo responsável pela penetração da história nova no Brasil. Seu trabalho privilegia os setores subalternos da sociedade colonial, além de demonstrar a preocupação da Inquisição não somente com os cristãos novos, mas também com o sincretismo religioso contrário aos dogmas católicos, pois a religiosidade na colônia era repleta de crenças e costumes indígenas e africanos.[6: VAINFAS, Ronaldo. A Problemática das Mentalidades e a Inquisição no Brasil Colonial. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, n. 1, 1988. p. 167 – 173.]
Metodologia e Tipologia das Fontes
As fontes que possibilitarão a realização das análises necessárias para o desenvolvimento desta pesquisa serão majoritariamente escritas, entretanto também utilizaremos fontes pictóricas, eclesiásticas e inquisitoriais.
 As fontes escritas, ou seja, de caráter secundário, serão analisadas a fim de possibilitar a comparação das idéias e pensamentos elaborados por autores distintos em relação às causas da
visitação do Santo Ofício ao Brasil e a respeito do comportamento da sociedade colonial mediante o temor estabelecido pela presença da Inquisição. Sendo assim, será fundamental conhecermos a obra “História das Inquisições” de Francisco Bethencourt, este relata a estruturação das visitas e inspeções realizadas pelos tribunais inquisitoriais.
 As fontes pictóricas serão analisadas para possibilitar a compreensão do imaginário popular e da visão da Igreja Católica possuía em relação aos acusados de feitiçaria e heresia. As ilustrações, que podem ser encontradas no livro “Sexo, Desvio e Danação” cuja autoria é de Jeffrey Richards, representam, de maneira geral, os acusados durante o julgamento, sob tortura ou mantendo contatos com demônios.
 As fontes eclesiásticas e inquisitoriais estão inseridas na produção historiográfica de Laura de Mello e Souza, “o Diabo e a Terra de Santa Cruz”. Estas tanto permitirão avaliarmos a ação da Inquisição portuguesa em sua colônia quanto analisarmos os relatos de práticas mágicas confessados pelas feiticeiras durante os interrogatórios efetuados pelos membros pertencentes aos tribunais.
Cronograma
	Etapas da pesquisa
	julho
	agosto
	setembro
	outubro
	novembro
	dezembro
	Levantamento de fontes
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	Coleta de dados
	 
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	Fichamentos temáticos
	 
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	Análise dos dados
	 
	 
	 
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	Redação do texto final
	 
	 
	 
	 
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Bibliografia
BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – Séculos XV – XIX. São Paulo. Ed. Companhia das Letra, 2000.
FEITLER, Bruno. Nas Malhas da Consciência: Igreja e Inquisição no Brasil. São Paulo. Ed. Phoebus, 2007.
RICHARDS, Jeffrey. Sexo, Desvio e Danação: As Minorias na Idade Média. Tradução: Marco Antônio Esteves da Rocha e Renato Aguiar. Rio de Janeiro. Ed. Jorge Zahar, 1993.
SOUZA, Laura de Mello. O Diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo. Ed. Companhia das Letras, 1986.
VAINFAS, Ronaldo. A Problemática das Mentalidades e a Inquisição no Brasil Colonial. Estudos Históricos. Rio de Janeiro. n. 1, p. 167-173. 1988.

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