Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Dr. Jaiver Efren Jaimes Figueroa 30 de setembro de 2016 Aula 2 Cinética Química Aplicada ao Cálculo de Reatores AULA 2 – VELOCIDADE DE REAÇÃO, ESTEQUIOMETRIA Design do reator Termodinâmica Balanço de massa e de energia Fenômenos de transporte – transferência de massa e de calor Fundamentos do escoamento dos fluidos – escoamento não ideal Físico química Cinética – teoria e experimentos Tipo e dimensão do reator Disciplinas envolvidas no cálculo de reatores químicos Design do reator Cálculos computacionais Formulação do modelo para design do reator Modelo cinético Análise Modelos de transferência de massa e de calor Correlações empíricas Teoria Dados de laboratório Limitações e restrições econômicas impostas pelo aumento ou redução de escala Considerações teóricas do mecanismo Atividades envolvidas no cálculo de reatores químicos Visão geral da engenharia das reações químicas Etapas de tratamento físico Etapas de tratament o químico Etapas de tratament o físico Reciclo Matérias primas Produtos Cada processo químico industrial é projetado para produzir economicamente um produto desejado, a partir de uma variedade de matérias primas e através de uma sucessão de etapas de tratamento. Visão geral da engenharia das reações químicas Etapas de tratament o físico Etapas de tratament o químico Etapas de tratament o físico Reciclo Matérias primas Produtos As matérias primas são submetidas a um determinado número de etapas de tratamento físico de modo a torna-las aptas a reagir quimicamente no interior do reator. PROCESSOS ESTUDADOS NAS OPERAÇÕES UNITÁRIAS Os produtos são submetidos a tratamentos físicos subsequentes – separações, purificações, etc..., de modo a se obter o produto final com as especificações desejadas. PROCESSOS ESTUDADOS NAS OPERAÇÕES UNITÁRIAS Visão geral da engenharia das reações químicas Etapas de tratament o físico Etapas de tratament o químico Etapas de tratament o físico Reciclo Matérias primas Produtos • O objetivo das disciplinas de cinética e cálculo de reatores é possibilitar a representação e o dimensionamento de reatores químicos para diferentes processos. • Frequentemente, a etapa de tratamento químico é o coração do processo químico, sendo muitas vezes responsável pelo sucesso ou pelo fracasso econômico de um determinado processo. DEFINIÇÃO - Cinética química A cinética química é a área da química que estuda a velocidade das reações químicas, buscando desenvolver métodos experimentais que permitam medir a velocidade das reações, estudando os diferentes fatores que exercem influência sobre o comportamento de uma determinada reação. Cinética química Muito rápidas, ex. Combustão Muito lentas, ex. Formação de petróleo As reações químicas possuem suas velocidades próprias... Reação muitíssimo lenta . . . A formação da ferrugem pode demorar anos. 4Fe + 3O2 2Fe2O3 Reação muito lenta . . . A fermentação do suco de uva para produzir vinho demora meses. C6H12O6 2C2H5OH + 2CO2 glicose etanol Reação lenta . . . A conversão de vinho em vinagre ocorre em alguns dias, quando o etanol (álcool do vinho) é oxidado a ácido acético (ou etanóico). [O] C2H5OH CH3COOH álcool ácido etanóico Reação moderada . . . Na combustão da vela esperamos horas para que a parafina* reaja completamente com oxigênio do ar. *principal componente é C21H44 C21H44 2CO2 + H2O parafina Reação rápida . . . O “escurecimento” de uma fruta demora minutos e é devido à conversão da hidroquinona* em benzoquinona**. *claro **escuro Reação muito rápida . . . Decomposição da água oxigenada é imediata. catalase* H2O2 H2O + O2 *enzima catalisadora. Reação ultra-rápida . . . Os “air bags” são equipamentos de segurança que envolve reação química que dura frações de segundo. 6NaN3(s) + Fe2O3(s) 3Na2O(s) + 2Fe(s) + 9N2(g) Velocidade da reação • A velocidade de uma reação é definida como sendo a diminuição da concentração de um dos reagentes na unidade de tempo. As concentrações são normalmente expressas em mol por litro (mol/l) e o tempo em minutos (min) ou segundos (s); Velocidade da reação A maneira mais usual de se medir a velocidade de uma reação química é a relação entre a concentração de um dos reagentes presentes no meio reacional e o tempo. A velocidade instantânea de uma reação é usualmente calculada a partir da evolução da concentração ao longo do tempo. A medida se refere a taxa em que um dos reagentes é consumido ou a taxa em que um dos produtos é formado representa a taxa de reação do processo. A taxa de reação tem unidades de concentração por unidade de tempo: Exemplo: mol.dm-3.s-1; Estequiometria da reação • Para entendermos a definição de taxa de reação precisamos relembrar o que significa a estequiometria da reação. • A estequiometria se refere ao número de mols de cada reagente e produto que aparecem na equação representativa da reação química; • Por exemplo, para o processo Haber: 𝑁2 + 3𝐻2 ↔ 2𝑁𝐻3 Tem um coeficiente estequiométrico igual a 1 Tem um coeficiente estequiométrico igual a 3 Tem um coeficiente estequiométrico igual a 2 𝑁2 + 3𝐻2 ↔ 2𝑁𝐻3 • Podemos determinar a taxa dessa reação monitorando as concentrações do N2, do H2 ou do NH3. • Por exemplo, se monitorarmos o N2, teremos: • A taxa de reação não pode variar entre os compostos, dessa forma, podemos escrever: − 𝑑 𝑁2 𝑑𝑡 = 𝑥 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑚−3𝑠−1 𝑟 = − 𝑑 𝑁2 𝑑𝑡 = − 1 3 𝑑 𝐻2 𝑑𝑡 = 1 2 𝑑[𝑁𝐻3] 𝑑𝑡 • O que essa expressão representa? • A TAXA DE REAÇÃO É DEFINIDA COMO A VARIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE REAGENTE (OU PRODUTO) DIVIDIDA PELO SEU COEFICIENTE ESTEQUIOMÉTRICO. • Observe que um sinal negativo aparece antes dos termos para os reagentes e indica que esse composto está sendo consumido ao longo do processo. Velocidade da reação Dessa forma, a velocidade da reação pode ser representada por: 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 Representando-se por CA a concentração do reagente A e por t o tempo de operação; O sinal negativo da equação representa que a concentração de reagente diminui como função do tempo; Velocidade da reação Usualmente a velocidade de uma reação química é representada pelo símbolo r (do inglês rate). Sendo assim: −𝑟𝐴 = 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 A equação de velocidade é a forma com a qual se representa matematicamente a velocidade de uma reação química. −𝑟𝐴 = 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 Comportamento de consumo do reagente A ao longo do tempo Velocidade da reação Como ocorre uma reação química? Costuma-se dizer que para que uma reação química ocorra, precisamos de 3 fatores, que são: 1 - O choque de uma espécie química com outras ou com as paredes do recipiente na qual a mesma estiver;2 - A geração ou inserção de alguma forma de energia ao sistema, que possibilite que a espécie química reagente atinja um determinado patamar mínimo de energia para que a reação possa ocorrer; 3 - A posição do choque (fator muito importante principalmente para reações que estejam associadas com moléculas de elevado tamanho de cadeia). Velocidade de reação para um processo Considere a reação: Para esse processo podemos considerar a reação como irreversível (ocorre apenas no sentido de formação dos produtos). A partir daí e considerando a variação da concentração de cada componente em relação ao tempo, podemos escrever as velocidades de consumo dos reagentes (NO e O3) e as velocidades de formação dos produtos (NO2 e O2), por: 𝑁𝑂 + 𝑂3 → 𝑁𝑂2 + 𝑂2 − 𝑑 𝑁𝑂 𝑑𝑡 = − 𝑑 𝑂3 𝑑𝑡 = 𝑑 𝑁𝑂2 𝑑𝑡 = 𝑑[𝑂2] 𝑑𝑡 Velocidade de reação para um processo − 𝑑 𝑁𝑂 𝑑𝑡 = − 𝑑 𝑂3 𝑑𝑡 = 𝑑 𝑁𝑂2 𝑑𝑡 = 𝑑[𝑂2] 𝑑𝑡 As reações de consumo dos reagentes (NO e O3) ocorrem com a mesma velocidade uma vez que os reagentes apresentam a mesma relação estequiométrica 1:1. Mantendo o mesmo raciocínio, a velocidade de formação dos produtos será a mesma da taxa de consumo dos reagentes, embora com sinal contrário. O sinal negativo significa o consumo dos reagentes O sinal positivo significa a formação dos produtos Velocidade de reação para um processo Considerando agora a reação abaixo, que apresenta coeficientes estequiométricos diferentes: Para essa reação percebemos, através da estequiometria, que para cada 2 mols de HI decompostos, se formam 1 mol de H2 e 1 mol de I2, logo: 2𝐻𝐼(𝑔) → 𝐻2(𝑔) + 𝐼2(𝑔) − 1 2 𝑑 𝐻𝐼 𝑑𝑡 = 𝑑 𝐻2 𝑑𝑡 = 𝑑[𝐼2] 𝑑𝑡 Velocidade de reação para um processo Para uma reação geral: As relações básicas para as derivadas dessa reação seriam: 𝛼𝐴 + 𝛽𝐵 → 𝛾𝑍 + 𝛿𝑊 − 1 𝛼 𝑑 𝐴 𝑑𝑡 = − 1 𝛽 𝑑 𝐵 𝑑𝑡 = 1 𝛾 𝑑 𝑍 𝑑𝑡 = 1 𝛿 𝑑[𝑊] 𝑑𝑡 Equações de velocidade de primeira ordem Uma reação pode ser dita de primeira ordem assumindo diferentes modelos estequiométricos, tais como: Dessa forma vamos supor uma reação genérica, do tipo: A equação cinética para esse sistema é: 𝐴 → 𝐵 𝐴 → 2𝑍 𝐴 → 𝑍 + 𝑋 𝛼𝐴 → 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑟 = − 1 𝛼 𝑑[𝐴] 𝑑𝑡 = 𝑘[𝐴] Equações de velocidade de primeira ordem Forma integral Logo: Assim: 𝑟 = − 1 𝛼 𝑑 𝐴 𝑑𝑡 = 𝑘 𝐴 1 𝑆𝑒 ∝= 1 𝑟 = − 𝑑[𝐴] [𝐴] = 𝑘𝐴𝑑𝑡 − 𝑑[𝐴] [𝐴] [𝐴] [𝐴]0 = 𝑘𝐴𝑑𝑡 𝑡 0 𝑙𝑛 [𝐴] [𝐴0] = −𝑘𝐴𝑡 𝐴 = [𝐴0]𝑒 −𝑘𝐴𝑡 Equações de velocidade de primeira ordem Curva típica de consumo de um reagente genérico A para uma reação de primeira ordem ln 𝐴 = −𝑘𝐴𝑡 + ln[𝐴0] 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 Equações de velocidade de segunda ordem Existem duas possibilidades para que uma reação seja de segunda ordem: a velocidade pode ser igual ao produto de 2 concentrações iguais ou 2 concentrações diferentes, o primeiro caso acontece quando um único reagente está envolvido no processo: Ou podemos ter: Caso as concentrações iniciais de A e de B sejam iguais. 2𝐴 → 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝐴 + 𝐵 → 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 Equações de velocidade de segunda ordem Vamos supor que a reação: Apresente cinética de segunda ordem, com: Logo: 𝛼𝐴 → 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑟 = 𝑘𝐴[𝐴] 2 𝑟 = 1 𝛼 𝑑[𝐴] 𝑑𝑡 = 𝑘𝐴[𝐴] 2 Equações de velocidade de segunda ordem Assim: Que na forma integral resulta em: Logo: 𝑟 = − 𝑑[𝐴] 𝑑𝑡 = 𝑘𝐴[𝐴] 2 𝑑[𝐴] [𝐴]2 [𝐴] [𝐴]0 = −𝑘𝐴𝑑𝑡 𝑡 0 1 𝐴 − 1 [𝐴]0 = −𝑘𝐴𝑡 𝐴 = [𝐴]0 1 + 𝑘𝐴𝑡[𝐴]0 Não é mais uma relação exponencial como ocorria para a cinética de primeira ordem. Equações de velocidade de segunda ordem 1 𝐴 = 𝑘𝐴𝑡 + 1 [𝐴]0 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 Equações de velocidade de ordem zero Para algumas reações específicas, que envolvem apenas um reagente, a velocidade de reação é independente da concentração do reagente em uma ampla gama de concentrações. Um exemplo é a reação de hipoclorito sobre catalisadores de cobalto, dada por: Essa reação ocorre unicamente na superfície do catalisador, de forma que o que importa para a taxa da reação é a massa de catalisador utilizada e não a concentração de hipoclorito no sistema. 𝑂𝐶𝑙− 𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 2𝐶𝑙− + 𝑂2 Equações de velocidade de ordem zero Para essas reações temos: Assim: 𝑟 = 𝑑[𝐴] 𝑑𝑡 = −𝑘 𝐴 0 = 𝑘 −𝑑 𝐴 = 𝑘𝑑𝑡 − 𝑑 𝐴 [𝐴] [𝐴]0 = 𝑘𝑑𝑡 𝑡 0 𝐴 = −𝑘𝑡 + [𝐴]0 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 Tempo de meia vida Para uma determinada reação genérica, a meia vida de um reagente em particular é definida como o tempo requerido para que a sua concentração alcance metade do seu valor inicial. O valor do tempo de meia vida é sempre inversamente proporcional a constante da velocidade em geral depende da concentração dos reagentes. Para uma reação de primeira ordem, a equação de velocidade é dada por: Por definição, o tempo de meia vida é o tempo necessário para consumir metade do reagente inicial, logo: 𝑙𝑛 [𝐴] [𝐴0] = −𝑘𝐴𝑡 Tempo de meia vida Para esse caso podemos dizer que a meia vida independe da concentração inicial. Para os demais casos (ordens de reação) o tempo de meia vida é dado por: 𝐴 = [𝐴]0 2 𝑙𝑛 [𝐴]0/2 [𝐴0] = −𝑘𝐴𝑡1/2 𝑡1/2 = 𝑙𝑛2 𝑘𝐴 Questão da aula Sabendo que o tempo de meia vida é o tempo necessário para consumir metade da concentração inicial de reagente, obtenha as expressões para o tempo de meia vida das reações com equação de velocidade de ordem 0, 1, 2, 3 e n.
Compartilhar