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UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 1 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira Capítulo 3 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS E ELEMENTOS CINEMÁTICOS _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.1 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS Em princípio, todos os elementos que compõem uma MF têm sua importância para o bom desempenho da má- quina. Para efeito didático, em geral, esses elementos são divididos em elementos hidráulicos, elementos mecânicos, elementos de vedação, elementos que suportam a MF, ele- mentos de lubrificação, elementos de resfriamento e ele- mentos de transmissão. Neste item, serão descritos apenas os elementos hidráu- licos principais e alguns elementos mecânicos e de vedação que compõem a MF. Por convenção, todos os elementos da MF hidráulica em contato direto com o fluido de trabalho (fluido operado pela máquina de fluxo) são denominados de elementos hidromecânicos. A ênfase será dada às finalida- des principal e secundária desses elementos. 3.1.1 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS Veja as Figuras 1, 4, 5, 6, 7 e 8 da Norma NBR 6445/1987. Em geral, uma turbina hidráulica de reação tem os se- guintes elementos hidromecânicos principais (veja, por e- xemplo, as Figuras 1.23 e 1.24 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”): caixa espiral, pré- distribuidor, distribuidor, rotor e tubo de sucção. O pré-distribuidor e o distribuidor constituem o chama- do “sistema fixo de palhetas” . A finalidade principal desse sistema é operar Ep→Ec. O rotor constitui o chamado “sistema móvel de pás”. A finalidade principal do rotor é operar Ep→Ec→T. Observação: A turbina Pelton e a turbina Turgo (turbina de jato inclinado) são as únicas MF onde o rotor não opera Ep, ou seja, o rotor opera Ec→T (veja as Figuras 9 e 10 da Norma NBR 6445/1987). De um modo geral, o percurso de água em uma central hidráulica é o seguinte (veja, por exemplo, as Figuras 1.23 e 1.24 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”: o escoamento de água, vindo da represa, através do conduto forçado, entra na turbina pela caixa espiral, que transforma o escoamento retilíneo na sua entrada em um escoamento espiralado no seu interior. Após sair da caixa espiral, o es- coamento passa através do pré-distribuidor e, em seguida, pelo distribuidor que controla a vazão de água para o rotor. No rotor, a energia mecânica do escoamento de água (ener- gia hidráulica) é convertida em energia mecânica no eixo da turbina. O escoamento deixa o rotor e entra no tubo de suc- ção que recupera grande parte da energia cinética que sai do rotor, transformando essa energia em energia de pressão. O escoamento de água é então desacelerado no tubo de suc- ção, saindo da turbina em direção ao canal de fuga. Caixa Espiral (Caracol, carcaça ou voluta) A finalidade principal é distribuir uniformemente a água por toda a periferia externa do rotor através do pré- distribuidor e do distribuidor. A caixa espiral é projetada de tal forma que garanta va- zões parciais iguais em todos os canais formados pelas pa- lhetas diretrizes do distribuidor. Para isso, a sua seção transversal é gradativamente decrescente no sentido do es- coamento. O projeto da caixa espiral está intimamente liga- do com os do pré-distribuidor e do distribuidor. O rendi- mento do distribuidor, de importância decisiva para o ren- dimento da turbina, depende substancialmente da magnitu- de e da direção da velocidade da água proveniente da caixa espiral. A caixa espiral não transfere energia ao fluido (á- gua), mas simplesmente converte energia; isto é aumenta a velocidade da água diminuindo sua pressão. Pré-distribuidor A finalidade principal é contribuir para a integridade estrutural da turbina. O pré-distribuidor, composto de um certo número de palhetas fixas (aletas fixas), constitui uma estrutura complexa, altamente carregada que transmite à estrutura de concreto de turbinas de médias e grandes po- tências os esforços e vibrações da turbina e, além disso, serve de alojamento para as partes internas da turbina, de modo que as suas deformações devem ser consideradas no projeto desses componentes. Sobre o pré-distribuidor atuam esforços da ligação com a caixa espiral, da tampa da turbina e do aro de saída (aro da câmara do rotor), além dos esfor- ços da pressão da água nas partes internas, e deve, portanto, ser dimensionado para suportar adequadamente todos os esforços, mantendo deformações dentro de limites aceitá- veis. À elevada rigidez do pré-distribuidor, deve-se associar formas hidrodinâmicas adequadas, de modo que o rendi- mento hidráulico da turbina Francis não seja prejudicado. A largura do pré-distribuidor, especificamente das suas palhe- tas fixas, pode ser variável ou constante. Atualmente, são construídos pré-distribuidores com palhetas fixas de largura constante do tipo Piquet (veja a Fig. 8.73, página 190, da Referência 2 da Bibliografia Auxiliar). Distribuidor Outras finalidades do distribuidor são: (1) distribuir e direcionar o escoamento de água uniformemente para a periferia externa do rotor e (2) regular a vazão de água para o rotor e, em conseqüência, regular a potência hidráulica; portanto, o distribuidor regula a potência de eixo da turbina para atender a demanda de energia (elétrica para a geração de eletricidade ou mecânica para o bombeamento de água em usinas de acumulação) solicitada à turbina. O distribui- dor é composto de um certo número de palhetas diretrizes (aletas reguláveis) que têm, simultaneamente, um movi- mento de giro em torno do eixo de cada palheta diretriz, com o mesmo ângulo, possibilitando a passagem da vazão de água requerida ou interrompendo-a quando necessário. Ao se projetar o distribuidor, deve-se, inicialmente, obser- var que o número de palhetas diretrizes não seja igual ou múltiplo inteiro do número de pás do rotor, a fim de se evi- tar uma ressonância hidráulica no sistema (na instalação). Rotor O rotor, inegavelmente, é o principal componente de qualquer tipo de máquina de fluxo. A finalidade principal UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 2 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira do rotor é transformar a energia hidráulica da água, prove- niente do distribuidor, em energia mecânica no seu eixo. O rotor é constituído por certo número de pás, de curvatura adequada, fixadas ao cubo e à cinta. Na superfície cilíndrica externa da cinta, geralmente, é fixado um anel de desgaste (anel de desgaste rotativo inferior) e na superfície externa do cubo também é fixado um anel de desgaste (anel de des- gaste rotativo superior). Esses anéis são elementos substitu- íveis e fazem partes dos labirintos existentes entre o rotor e as partes fixas da turbina. Esses labirintos constituem com- ponentes hidromecânicos importantes que afetam as carac- terísticas de desempenho da turbina. Tubo de sucção A finalidade principal do tubo de sucção é converter grande parte da energia cinética da água na saída do rotor em energia de pressão e, em conseqüência, aumentar a dife- rença de pressões entre a entrada e a saída da turbina, resul- tando em um maior aproveitamento da altura de queda bru- ta disponível. Essa recuperação de energia pode representar uma parte significanteda energia total da turbina (altura de queda líquida), em particular para baixas alturas de queda bruta, e o projeto hidrodinâmico do tubo de sucção é, desse ponto de vista, um fator de qualidade importante para a turbina. A parte principal da recuperação de energia é obti- da logo após a saída do rotor, ou seja, na parte cônica supe- rior do tubo de sucção. A conversão de energia cinética em energia de pressão no tubo de sucção está relacionada ao aumento da sua seção transversal na direção do escoamento de água. O ângulo do cone é limitado pela presença de se- paração da camada limite. Essa separação diminui a seção do escoamento e faz aumentar a velocidade do escoamento produzindo um decréscimo da recuperação de pressão. OBSERVAÇÃO: O texto que segue foi retirado da Norma NBR 6445 – Turbinas Hidráulicas, Turbinas-Bombas e Bombas de Acumulação, da Associação Brasileira de Normas Técni- cas (Outubro de 1987). (A) DEFINIÇÕES GERAIS (a.1) Turbina hidráulica: máquina rotodinâmica, com a finalidade de transformar a energia hidráulica em energia mecânica. (a.2) Bomba: máquina rotodinâmica, com a finalidade de transformar energia mecânica em energia hidráulica. (a.3) Turbina-bomba: máquina rotodinâmica que, ou por reversão no sentido de rotação, ou por uma combinação de rotores dentro de uma mesma carcaça, ou por variação do ângulo das pás do rotor, pode funcionar como turbina ou como bomba. (a.4) Turbina e bomba (Figura 15): combinação de uma turbina e uma bomba, distintas, montadas sobre um mesmo eixo, de tal forma que o funcionamento como turbina ou como bomba pode ser realizado sem alterar o sentido da rotação. É possível desacoplar as duas máquinas. Apesar da bomba e da turbina serem distintas, elas podem ser ligadas a condutos comuns de entrada e saída. (a.5) Turbina, bomba ou turbina-bomba de múltiplos estágios (Figura 16): turbina, bomba ou turbina-bomba que possui mais de um rotor em um mesmo eixo e em uma úni- ca carcaça, na qual o fluxo atravessa os rotores em série. (a.6) Sentido de rotação (horário ou anti-horário): sen- tido de rotação de uma turbina, turbina-bomba ou turbina e bomba, funcionando como turbina, ou de uma bomba fun- cionando como bomba, conforme visto da extremidade do eixo das máquinas rotodinâmicas visto pelo lado do gerador ou motor. (a.7) Grupo: acrescido a um dos termos definidos anteri- ormente, o grupo designa o conjunto da máquina rotodinâ- mica e gerador e/ou motor, de maneira a formar um todo. (a.8) Eixo vertical, horizontal ou inclinado: estes termos podem ser acrescentados a qualquer dos termos gerais aci- ma definidos, ou a um nome de um tipo de turbina, de bomba ou de turbina-bomba, a fim de indicar a posição do eixo de rotação da máquina rotodinâmica. (a.9) Turbina de reação: turbina em que a energia mecâ- nica é obtida pela transformação das energias cinética e de pressão do fluxo d’água, através do rotor. (a.10) Turbina de ação: turbina em que a energia mecâni- ca é obtida pela transformação da energia cinética do fluxo d’água, através do rotor. (B) DEFINIÇÕES DOS TIPOS DE TURBINAS (b.1) Turbina Francis (Figura 1): turbina de reação, na qual o fluxo d’água penetra radialmente no distribuidor e no rotor, no qual as pás são fixas. (b.2) Turbina Francis dupla (Figura 2): turbina de rea- ção na qual o fluxo d’água penetra radialmente no distribu- idor e no rotor duplo, no qual as pás são fixas, saindo axi- almente em sentidos opostos divergentes e com vazões i- guais. (b.3) Turbina Francis gêmea (Figura 3): turbina de rea- ção na qual o fluxo d’água penetra radialmente em dois distribuidores e em dois rotores simples independentes nos quais as pás são fixas, saindo axialmente em sentidos opos- tos convergentes, por um único tubo de sucção com vazão igual à soma das vazões admitida em cada um dos rotores. (b.4) Turbina hélice: turbina de reação, na qual o fluxo d’água tem direção radial no distribuidor, aproximadamente axial na entrada do rotor, no qual as pás têm passo fixo ou ajustável fora de funcionamento. (b.5) Turbina Kaplan (Figura 4): turbina de reação, na qual o fluxo d’água tem direção radial no distribuidor, a- proximadamente axial na entrada do rotor, analogamente à turbina hélice, porém no qual as pás têm passo regulável em funcionamento. (b.6) Turbina diagonal: turbina de reação, na qual o flu- xo d’água penetra radialmente ou diagonalmente no distri- buidor, e diagonalmente no rotor, no qual as pás são fixas. (b.7) Turbina Deriaz (Figura 5): turbina de reação, na qual o fluxo d’água penetra radialmente ou diagonalmente no distribuidor e diagonalmente no rotor, analogamente à turbina diagonal, porém no qual as pás têm passo regulável em funcionamento. UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 3 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira (b.8) Turbina bulbo (Figura 6): turbina de reação, na qual o fluxo d’água penetra axialmente no distribuidor e no rotor, estando o gerador contido em bulbo, diretamente i- merso no fluxo. (b.9) Turbina tubular (Figura 7): turbina de reação, na qual o fluxo d’água penetra axialmente no distribuidor e no rotor, onde o gerador está localizado externamente ao fluxo d’água. (b.10) Turbina tubular com gerador periférico (“Strai- ght-Flow”) (Figura 8): turbina de reação, na qual o fluxo d’água penetra axialmente no distribuidor e no rotor, estan- do o rotor do gerador diretamente ligado à periferia do rotor da turbina. (b.11) Turbina Pelton (Figura 9): turbina de ação na qual o fluxo d’água incide sob a forma de jato sobre o rotor pos- suindo pás em forma de duas conchas. A direção dos jatos é paralela em relação ao plano do rotor. (b.12) Turbina de jato inclinado (Figura 10): turbina de ação, na qual o fluxo d’água incide sob a forma de jato so- bre o rotor que possui pás em forma de uma única concha. A direção dos jatos é inclinada em relação ao plano do ro- tor. (b.13) Turbina de fluxo transversal (“Michell-Banki”) (Figura 11): turbina de ação, na qual o fluxo d’água atra- vessa o rotor cilíndrico transversalmente com duas passa- gens pelas pás. (C) DEFINIÇÕES DOS TIPOS DE BOMBAS DE ACUMULA- ÇÃO (c.1) Bomba centrifuga (Figura 12): bomba em que o formato do rotor impõe um escoamento preponderantemen- te no sentido radial centrífugo, na saída do rotor. (c.2) Bomba axial (hélice) (Figura 13): bomba que o formato do rotor impõe um escoamento no sentido axial, na saída do rotor. (c.3) Bomba mista (Figura 14): bomba em que o formato do rotor impõe um escoamento simultaneamente nos senti- dos axial e radial centrífugo, na saída do rotor. (D) DEFINIÇÕES DE ELEMENTOS CONSTITUINTES DE TURBINAS HIDRÁULICAS DE REAÇÃO (d.1) Caixa: elemento que recebe o fluxo d’água do sis- tema adutor e o dirige para o rotor da turbina. d.1.1) Caixa aberta: caixa, em cujo interior a água se encontra à pressão atmosférica. (d.1.2) Caixa fechada: Caixa, em cujo interior a água se encontra sob pressão superior à atmosférica. (d.2) Caixa espiral (Figura 17): caixa fechada, cujas se- ções transversais diminuem progressivamente no sentido do fluxo. (d.2.1) Virola: elementos da caixa espiral, em forma de anel aberto e construção soldada, fixam ao pré-distribuidor. (d.2.2) Segmento da virola: Cada um dos elementos que constituem uma virola. (d.2.3) Trecho de entrada para caixa espiral: elemento de ligação entre caixa espiral e sistema adutor. (d.3) Caixa semi-espiral (Figura 18): caixafechada, cujas seções transversais diminuem progressivamente no sentido do fluxo, formando uma espiral abrangendo um ângulo in- ferior a 360o. (d.4) Pré-distribuidor (Figura 19): conjunto constituído de palhetas fixas e de anéis superior e inferior, localizado entre a caixa e o distribuidor, com finalidade estrutural e de pré-orientação do escoamento para o rotor. (d.4.1) Palheta fixa: elemento de perfil hidrodinâmico do pré-distribuidor, com finalidade estrutural, ligado aos anéis superior e inferior e que pré-oriente o escoamento para o rotor. (d.4.2) Anel superior: elemento do pré-distribuidor que aloja as extremidades superiores das palhetas fixas. (d.4.3) Anel inferior: elemento do pré-distribuidor que aloja as extremidades inferiores das palhetas fixas. (d.4.4) Bequilha: elemento de perfil hidrodinâmico do pré-distribuidor, com finalidade estrutural, ligado aos anéis superior e inferior e que pré-oriente o escoamento para o rotor, no final da caixa espiral. (d.5) Distribuidor (Figura 20): elemento de turbina no qual é realizada a conversão de energia de pressão da água em cinética, orientação do fluxo e controle da vazão para o rotor. (d.5.1) Palheta diretriz: Elemento do distribuidor de per- fil hidrodinâmico orientável pelo mecanismo de aciona- mento das palhetas diretrizes; sua orientação permite variar a vazão através da turbina. (d.5.1.1) Eixo superior da palheta diretriz: Elemento da palheta diretriz que permite o seu apoio na tampa externa e seu acoplamento ao mecanismo de acionamento das palhe- tas diretrizes. (d.5.1.2) Eixo inferior da palheta diretriz: Elemento da palheta diretriz que permite o seu apoio ao anel inferior do distribuidor. (d.5.2) Tampa da turbina: elemento da turbina composto das tampas interna, intermediária e externa que isola os componentes internos e externos da turbina. (d.5.2.1) Tampa externa: elemento fixado ao anel superior do pré-distribuidor e que aloja os mancais superiores das palhetas diretrizes. (d.5.2.2) Tampa intermediária: elemento localizado entre as tampas externa e interna. (d.5.2.3) Tampa interna: Elemento atravessado pelo eixo da turbina, que suporta os elementos de vedação e protege o rotor na sua parte superior. (d.5.3) Anel inferior do distribuidor: Elemento fixado ao pré-distribuidor e que aloja os mancais inferiores das palhetas diretrizes. (d.5.4) Placa de desgaste superior: Elemento substituível fixado na tampa externa na regido de fechamento das palhe- tas diretrizes, com a finalidade de proteger a tampa externa. UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 4 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira (d.5.5) Placa de desgaste inferior: elemento substituível fixado no anel inferior do distribuidor na região de fe- chamento das palhetas diretrizes, com a finalidade de pro- teger o anel inferior. (d.5.6) Anel de desgaste estacionário: elemento substitu- ível fixado na tampa externa ou no anel inferior do distribu- idor, com a finalidade de proteção e que envolve os anéis de desgaste rotativo. (d.5.6.1) Anel de desgaste estacionário inferior: elemento substituível fixado no anel inferior do distribuidor, que en- volve o anel de desgaste rotativo inferior do rotor. (d.5.6.2) Anel de desgaste estacionário superior: elemen- to substituível fixado na tampa externa, que envolve o anel de desgaste rotativo superior ao rotor. (d.6) Rotor Francis (Figura 21): elemento rotativo fixado ao eixo, constituído por um certo número de pás de curvatu- ra adequada, fixadas ao cubo e à cinta. (d.6.1) Pá Francis: elemento do rotor de superfícies cur- vas, que tem a finalidade de transformar a energia do fluxo d’água, proveniente do distribuidor, em trabalho mecânico. A pá é constituída por uma aresta de entrada, urna aresta de saída, uma face côncava (lado pressão), uma face convexa (lado sucção), uma borda superior (fixada ao cubo) e uma borda inferior (fixada à cinta). (d.6.2) Cubo do rotor: elemento do rotor onde estão fi- xadas as bordas superiores das pás. (d.6.3) Cinta do rotor: elemento do rotor onde estão fi- xadas as bordas inferiores das pás. (d.6.4) Cone do rotor: elemento situado no prolongamen- to do cubo, que orienta o escoamento da água. (d.6.5) Anel de desgaste rotativo: elemento substituível, com a finalidade de proteger o rotor. (d.6.5.1) Anel de desgaste rotativo inferior: elemento substituível fixado na superfície cilíndrica externa da cinta do rotor. (d.6.5.2) Anel de desgaste rotativo superior: elemento substituível fixado na superfície cilíndrica externa do cubo. (d.7) Rotor Francis duplo: elemento rotativo fixado ao eixo constituído por certo número de pás, de curvatura ade- quada fixadas a um único cubo e as duas cintas simétricas. (d.8) Rotor Kaplan (Figura 22 e 23): elemento rotativo constituído por um núcleo central, de forma hidrodinâmica, tendo um certo número de pás em forma de hélice regulá- veis. Neste tipo de rotor, o fluxo de água é orientado de forma a seguir uma direção axial na entrada e na saída. (d.8.1) Pá Kaplan: elemento construtivo do rotor, de su- perfícies curvas que tem a finalidade de transformar a ener- gia hidráulica do fluxo d’água em escoamento em energia mecânica, constituída por uma aresta de entrada, uma aresta de saída, uma face côncava (lado de pressão) e uma face convexa (lado de sucção), fixada ao cubo e à cinta. (d.8.2) Cubo do rotor: elemento constituído por um nú- cleo central de perfil hidrodinâmico, que suporta as pás e aloja o mecanismo de acionamento das mesmas. (d.8.3) Ogiva: elemento com perfil hidrodinâmico, situa- do no prolongamento do cubo, que orienta o escoamento da água depois de sua passagem pelas pás. (d.8.4) Ponta da ogiva: elemento removível da ogiva com perfil hidrodinâmico. (d.8.5) Haste de manobra: elemento fixado ao servomo- tor das pás e que transmite o movimento de comando deste para a cruzeta. (d.8.6) Cruzeta: elemento montado na extremidade da haste de manobra, que transmite os movimentos desta haste para as bielas das pás. (d.8.7) Biela da pá: elemento que transmite o movimento da cruzeta à alavanca da pá. (d.8.8) Alavanca da pá: elemento fixado ao munhão ou ao flange da pá, que imprime movimento angular à mesma. (d.9) Rotor hélice: elemento rotativo constituído por um núcleo central de forma hidrodinâmica, tendo um certo nú- mero de pás em forma de hélice fixas. Neste tipo de rotor o fluxo de água é orientado de forma a seguir uma direção axial na entrada e na saída. (d.10) Aro da câmara do rotor: elemento fixado no con- creto, que envolve a cinta do rotor Francis e as pás do rotor Kaplan. (d.11) Tubo de sucção (Figura 24): elemento que tem por finalidade principal transformar em energia de pressão grande parte da energia cinética remanescente da água ao deixar o rotor e conduzir a água desde a seção de saída do rotor até o canal de fuga ou início de uma nova estrutura hidráulica. (d.11.1) Cone do tubo de sucção: elemento cônico, do tubo de sucção, localizado em sua região superior. (d.11.2) Cotovelo do tubo de sucção: elemento curvo, que une o cone do tubo de sucção ao trecho de saída do tubo de sucção. (d.11.3) Pilar divisor do tubo de sucção: elemento estru- tural, de perfil hidrodinâmico, situado no trecho de saída do tubo de sucção. (d.11.4) Revestimento do tubo de sucção: elemento metá- lico que reveste o tubo de sucção. (d.11.5) Revestimento do pilar: elementometálico que protege a parte frontal do pilar divisor do tubo de sucção. (d.11.6) Trecho de saída do tubo de sucção: elemento terminal do tubo de sucção. (d.12) Tampa/porta de inspeção: elemento que fecha e veda uma abertura de inspeção. (d.13) Mecanismo do distribuidor (Figura 2.5): conjunto de elementos que acionam as palhetas diretrizes. (d.13.1) Servomotor do distribuidor: elemento que co- mandado pelo sistema de regulação, movimenta as palhetas diretrizes. (d.13.2) Anel de regulação: elemento que recebe o co- mando do servomotor e o transmite ao mecanismo do dis- tribuidor. UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 5 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira (d.13.3) Alavanca externa da palheta diretriz: elemento envolvendo o eixo da palheta diretriz, ligado à alavanca interna da palheta diretriz através de um pino de ruptura ou um outro dispositivo de proteção, e ligado ao anel de regu- lação através de biela do mecanismo do distribuidor. (d.13.4) Alavanca interna da palheta diretriz: elemento fixado no eixo da palheta diretriz para imprimir-lhe movi- mento angular. (d.13.5) Biela do mecanismo do distribuidor: elemento que transmite e transforma o movimento do anel de regula- ção à alavanca externa ou interna do dispositivo de proteção do mecanismo do distribuidor. (d.13.6) Dispositivo de proteção do mecanismo do dis- tribuidor (Figuras 26, 27 e 28): dispositivo que se rompe ou se deforma, quando os esforços sobre o elemento atin- gem um valor pré-determinado. (d.13.6.1) Biela de ruptura/deformação (Figura 26): biela que se rompe ou se deforma, quando os esforços sobre o elemento atingem um valor pré-determinado. (d.13.6.2) Pino de ruptura (Figura 27): elemento de prote- ção que possui uma seção estrangulada, que se rompe quando o esforço sobre o elemento atinge um valor pré- determinado. (d.13.6.3) Dispositivo de restrição de movimento do me- canismo do distribuidor (Figuras 27 e 28): elemento de proteção que permite o movimento da alavanca externa sobre a alavanca interna, quando o esforço atinge um valor predeterminado. (d.13.7) Haste de manobra do anel de regulação: ele- mento de ligação do servomotor ao anel de regulação. (d.14) Vedação do eixo: conjunto de elementos com a fi- nalidade de evitar o vazamento d’água para a tampa da tur- bina através do eixo. (d.14.1) Vedação deslizante (Figura 29): conjunto de anéis estacionários e rotativos com a finalidade de evitar o vaza- mento d’água para a tampa da turbina através do eixo. (d.14.2) Vedação de parada: elemento de vedação com a finalidade de evitar o vazamento d’água para a tampa da turbina através do eixo utilizável quando a turbina se en- contra parada. (d.15) Mancais: elementos que restringem os deslocamen- tos axiais e radiais de turbina (ver NBR 10069): (a) Mancal de guia (Figura 30) (b) Mancal de escora (Figura 31) (c) Mancal combinado de escora e de guia (Figura 32 e 11) (d.16) Cone suporte do mancal de escora (Figura 1): e- lemento tronco-cônico fixado na tampa da turbina no qual se apóia o mancal de escora. (d.17) Eixo da turbina (Figura 1): elemento ao qual é fi- xado o rotor e através do qual é transmitida a energia mecâ- nica da turbina. (d.18) Revestimento do poço da turbina: revestimento metálico do poço da turbina. (d.19) Sistema de regulação da turbina: conjunto de e- quipamentos mecânicos, elétricos e eletrônicos, responsável pela regulação de velocidade e/ou de potência da turbina. (d.20) Cabeçote Kaplan (Figura 33): elemento estacioná- rio que permite a distribuição do óleo do sistema hidráulico de regulação para o servomotor de acionamento das pás do rotor Kaplan. (E) DEFINIÇÕES DE ELEMENTOS CONSTITUINTES DE TURBINAS DE AÇÃO (e.1) Injetor (Figura 34): elemento de turbina no qual é realizada a conversão da energia de pressão d’água em ci- nética, a orientação do fluxo e o controle da vazão para o rotor. (e.1.1) Bocal: elemento fixo do injetor, de forma interna cônica, convergente para a sede da agulha. (e.1.2) Agulha: elemento interno móvel do injetor que, acionado por servomotor ou mecanismo manual controla o fluxo do jato d’água incidente para as pás do rotor. (e.1.3) Ponta da agulha: elemento removível ou não, que forma a extremidade cônica da agulha. (e.1.4) Sede da agulha: elemento removível do injetor, localizado na extremidade do bocal no qual assenta a agu- lha. (e.1.5) Haste da agulha: elemento que transmite a ação do mecanismo de acionamento à agulha. (e.1.6) Cruzeta Pelton: elemento constituído por palhetas com perfil hidrodinâmico, que suporta o mancal de guia da haste da agulha e orienta o jato d’água para as pás do rotor. (e.2) Defletor (Figura 34): elemento móvel com a finali- dade de desviar parcialmente ou totalmente o jato d’água do rotor. (e.2.1) Biela do defletor: elemento que transmite o mo- vimento à manivela do defletor. (e.2.2) Manivela do defletor: elemento fixado ao eixo do defletor e que lhe imprime um movimento angular. (e.3) Freio de jato (Figura 9): elemento em forma de bo- cal, que dirige um jato d’água no dorso das pás do rotor para frear o conjunto rotativo. (e.4) Anteparo pára-jato: elemento existente no prolon- gamento do bocal de um injetor que evita a interferência dos respingos de um jato sobre outro injetor adjacente. (e.5) Tampas (e.5.1) Tampa superior Pelton (Figura 9): elemento de cobertura do rotor Pelton. [ (e.5.2) Tampa inferior Pelton (Figura 9): elemento situ- ado entre a tampa superior e o poço inferior da turbina. (e.6) Rotor Pelton (Figura 35): elemento rotativo fixado ao eixo, constituído por um certo numero de pás em forma de conchas gêmeas, dispostas na periferia de um disco com UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 6 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira a finalidade de converter a energia cinética da água em tra- balho mecânico. (e.6.1) Pá Pelton: elemento do rotor, de superfície curva, que tem a finalidade de transformar a energia cinética da água em trabalho mecânico. A pá é constituída por uma aresta de entrada e uma aresta de saída e por uma face côn- cava e uma convexa. (e.6.2) Disco: elemento do rotor Pelton, cujo cubo é fixa- do ao eixo e na periferia do qual estão dispostas as pás. (e.7) Poço inferior da turbina: câmara, normalmente revestida, localizada abaixo do rotor da turbina. 3.1.2 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS DE TURBOBOMBAS Em geral, uma bomba centrífuga de um estágio tem os seguintes elementos hidromecânicos principais (veja, por exemplo, as Figuras 1.59, 1.60 e 1.106 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”): voluta (corpo espi- ral), rotor (impelidor ou impulsor), vedação e anéis de desgaste. Uma bomba centrífuga de um estágio, além dos elemen- tos hidromecânicos principais listados anteriormente (volu- ta (corpo espiral), rotor (impelidor) e vedação) pode ter também um difusor aletado posicionado entre o rotor e a voluta (veja, por exemplo, a Figura 1.61 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Uma bomba centrífuga de dois ou mais estágios (deno- minada de bomba de vários (múltiplos) estágios), tem os seguintes elementos hidromecânicos principais (veja, por exemplo, as Figuras 1.56e 1.65 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”): carcaça com aletas (palhetas) difusoras e diafragma (corpo de estágio intermediário), rotores (impelidores) e vedação. As aletas (palhetas) difu- soras são posicionadas após à saída do rotor, enquanto o diafragma após as aletas difusoras, ambas fixas à carcaça, cuja função é separar os estágios e reorientar o líquido para a entrada do rotor do estágio seguinte. Uma bomba diagonal tem, em geral, os mesmos ele- mentos hidromecânicos principais de uma bomba centrífu- ga (veja, por exemplo, a Figuras 1.73 da “Coletânea de De- senhos sobre Máquinas de Fluxo”). Uma bomba axial tem, em geral, os seguintes elementos hidromecânicos principais (veja, por exemplo, as Figuras 1.69 e 1.70 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”): carcaça, rotor (hélice), difusor aletado e veda- ção. Uma bomba regenerativa (Capítulo 2, Item 2.3) tem, em geral, os seguintes elementos hidromecânicos principais (veja, por exemplo, as Figuras 1.92, 1.93 e 1.94 da “Coletâ- nea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo” e as páginas 611 até 624 da Referência 7 da Bibliografia Auxiliar): car- caça, rotor e vedação. O difusor constitui o chamado “sistema fixo de aletas”. A finalidade principal desse sistema é operar Ec→Ep. O rotor constitui o chamado “sistema móvel de pás”. A finalidade principal do rotor é operar T→Ec→Ep. De um modo geral, o percurso de líquido em uma bom- ba tem sentido inverso daquele de uma turbina hidráulica, ou seja, o líquido penetra na bomba pelo seu flange de en- trada, passa pelo rotor, pelo difusor (se houver), pela voluta e sai da bomba pelo seu flange de saída, no caso de bomba de um estágio. No caso de bomba centrífuga de múltiplos estágios, o líquido penetra na bomba pelo seu flange de entrada, passa pelos rotores, pelos difusores e pelos dia- fragmas que compõem a carcaça da bomba, e sai da bomba pelo seu flange de saída. Deve-se recordar que, ao contrário das turbinas hidráulicas de reação, as bombas não têm tubo de sucção. A tubulação de sucção (de aspiração) de instala- ções de bombeamento pertence ao sistema e não à bomba. Rotor A finalidade principal do rotor é transformar a energia mecânica proveniente do seu eixo em energia hidráulica para o líquido. O rotor é constituído por certo número de pás, de curvatura adequada, fixadas ao disco interno e ao disco externo (capa do rotor), no caso de bombas centrífu- gas (radiais) e bombas diagonais. No caso de rotor bombas axiais e de algumas bombas diagonais, as pás são fixadas somente ao disco interno (às vezes, denominado de cubo) e, portanto, não há disco externo. Outras classificações de rotores podem existir, por e- xemplo, as bombas radiais (centrífugas) também podem ser classificadas quanto ao tipo de construção do rotor (veja, por exemplo, a Figura 1.54 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”) em: rotor fechado (Figuras 1.54.b e 1.54.e), rotor semi-aberto (Figura 1.54.c) e rotor aberto (Figura 1.54.a). Alguns autores também classificam em: rotor fechado, rotor semi-aberto, rotor aberto com disco interno parcial e rotor aberto. Para esses autores, o rotor da Figura 1.57 – Rotor semi-aberto de bomba centrífuga seria denominado de rotor semi-aberto com disco interno parcial. Uma outra classificação para as bombas centrífugas, quanto ao tipo de construção do rotor, se refere ao número de entradas. As bombas centrífugas de uma entrada são denominadas de bombas centrífugas de simples aspiração (ou de simples sucção) e as de duas entradas são denomina- das de dupla aspiração (ou dupla sucção). Alguns autores também denominam as bombas centrífugas de duas entra- das como bombas centrífugas gêmeas (veja a Figura 1.64 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Voluta (Carcaça) A finalidade principal da voluta é coletar o líquido pro- veniente do rotor e conduzi-lo de forma apropriada até ao flange de saída da bomba. Dependendo da sua geometria, a voluta pode converter parte da energia cinética do líquido (pressão dinâmica) em energia de pressão (pressão estáti- ca). Esse assunto será abordado no Capítulo 5. A voluta é predominantemente utilizada em bombas de um estágio, enquanto a carcaça (composta de difusor aletado e diafrag- ma) é utilizada em bombas centrífugas de múltiplos está- gios. Deve-se salientar que não é na voluta que a energia ci- nética que o líquido possui ao sair do rotor é convertida em energia de pressão. Na realidade, a área crescente da voluta, quando ϕ vai de 0 até 360o (veja a Figura 1.96 da “Coletâ- nea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”), é para abrigar a quantidade crescente de líquido que sai dos canais forma- dos pelas pás do rotor, a fim de manter a mesma velocidade média e, em conseqüência, a mesma pressão em cada seção da voluta definida pelo ângulo ϕ. Esse procedimento permi- te obter certo equilíbrio de forças radiais no entorno da vo- luta (0o ≤ ϕ ≤ 360o). Esse critério de projeto só garante UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 7 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira certo equilíbrio radial apenas para a vazão de projeto (vazão correspondente ao ponto de rendimento máximo da bom- ba). À medida que a vazão da bomba se afasta da vazão de projeto, para mais ou para menos, aparece um desequilíbrio de pressões na direção radial gerando, em conseqüência, empuxos (forças) radiais (veja a Fig. 10.29, página 237, da Referência 1 da Bibliografia Auxiliar). Essas forças radiais atuam no eixo da bomba exercendo esforços adicionais nos mancais, produzindo flexão no eixo, desgastes nos anéis (anéis de desgaste) e gaxetas, podendo ocasionar ruptura do eixo devido à fadiga do material. A região da voluta onde parte da energia cinética do líquido é convertida em energia de pressão se localiza na região difusora à saída da voluta onde F > Fmáx (Veja a Fi- gura 1.96 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). As volutas de bombas centrífugas, em geral, têm seção circular e a sua geometria externa tem o formato de espiral logarítmica (veja as Figuras 1.96 e 1.98 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Existem também volutas de geometria externa em formato circular que são concêntricas em relação ao eixo da bomba. Em bombas centrífugas de porte, particularmente no que se refere à va- zão, utiliza-se bombas com voluta dupla, a fim de atenuar os efeitos do empuxo radial (veja as Figura 1.98 da “Cole- tânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). As volutas de bombas podem ser bipartidas axialmente ou radialmente. As volutas bipartidas axialmente são utili- zadas na maioria das bombas de eixo horizontal com man- cais nas extremidades do eixo (Figura 1.64 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo” e Figs. 20.8 e 20.8.a, página 341, da Referência 1 da Bibliografia Auxili- ar). As volutas bipartidas radialmente são utilizadas em bombas centrífugas de um estágio (simples estágio) com mancais do mesmo lado do rotor, ou seja, rotor em balanço (Figura 1.106 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”; em bombas centrífugas de múltiplos estágios de eixo vertical (Fig. 21.6, página 355, da Referência 1 da Bi- bliografia Auxiliar); e em bombas centrífugas de múltiplos estágios de eixo horizontal (Figuras 1.65 e 1.107 da “Cole- tânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Vedação por gaxetas e vedação por selos mecânicos Dependendo da aplicação da bomba, a vedação do lí- quido bombeado pode ser feita através de gaxetas (anéis de gaxeta) ou selos mecânicos. Os selos mecânicos (Capítulo 2 de EME803), em geral, sãoutilizados em bombas onde o líquido de trabalho é tóxico, inflamável ou possui certas características que proíbem seu vazamento para o meio externo à bomba. A finalidade principal da caixa de gaxetas é proteger a bomba contra vazamentos na região onde o eixo atravessa a voluta (carcaça). Entretanto, se a bomba opera com altura de sucção positiva (Capítulo 3 de EME803), a pressão no interior da caixa de gaxetas é inferior à pressão atmosférica e a função da caixa de gaxetas é evitar a entrada de ar para dentro da bomba. Se a bomba opera com altura de sucção negativa, a pressão no interior da caixa de gaxetas é superi- or à pressão atmosférica e a função da caixa de gaxetas é evitar vazamento do líquido para fora da bomba. As caixas de gaxetas convencionais são utilizadas em serviços gerais e têm formato cilíndrico que acomoda certo número de anéis de gaxeta em volta do eixo da bomba (Fi- gura 1.106 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”) ou em volta da luva (bucha) protetora do eixo (Pe- ça 524.2 da Figura 1.107 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Esses anéis de gaxeta são comprimi- dos de encontro à carcaça, com ajuste adequado, por uma peça denominada sobreposta (prensa gaxeta ou aperta gaxe- ta). Esse ajuste deve permitir um vazamento mínimo da ordem de 30 a 60 gotas por minuto, para facilitar a lubrifi- cação e auxiliar o arrefecimento das gaxetas. As caixas de gaxetas especiais, além dos anéis de gaxe- ta, têm bucha de garganta, anel de lanterna (anel cadeado), conexão para líquido de selagem e, eventualmente, câmara para refrigeração. A bucha de garganta, também denominada de bucha de fundo, fica localizada no fundo da caixa de gaxetas e tem como objetivo reduzir a pressão do líquido que escoa do rotor para dentro da caixa de gaxetas. O anel de lanterna (anel cadeado) é uma peça com furos radiais para permitir a entrada do líquido de selagem, e po- sicionada, geralmente, entre dois conjuntos de anéis de ga- xeta. A conexão para líquido de selagem tem a finalidade de suprir líquido sob pressão para o anel de lanterna em bombas que operam com altura se sucção negativa. Quando a bomba opera líquido limpo ou água fria, o líquido de se- lagem pode ser o próprio líquido bombeado, sendo a cone- xão feita por meio de tubos ou de passagens internas, entre a descarga (saída) da bomba e a caixa de gaxetas (veja a Figura 1.73 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Anéis de desgaste A finalidade principal dos anéis de desgaste é manter a folga original entre o rotor e a voluta (carcaça) especificada pelo fabricante ou por norma. Em função das condições de operação da bomba, o rotor pode roçar a voluta, e também quando a bomba trabalha com partículas sólidas em suspensão ou líquidos abrasivos, a folga original aumenta. Com o tempo, quando a folga alcança valores superiores ao máximo permitido (da ordem do dobro da folga original), há necessidade de reconstruir a folga original. Geralmente, as bombas de porte muito pequeno não são dotadas de anéis de desgaste, neste caso existem duas pos- sibilidades básicas para reconstituir a folga original: a pri- meira é restaurar as partes gastas (rotor e voluta) por solda- gem ou metalização e posterior usinagem; a segunda é substituir as partes gastas. Em bombas que não são de porte muito pequeno (em geral, na maioria das bombas centrífugas) as duas possibili- dades descritas anteriormente não são práticas comuns e muito menos econômicas. Por causa disso, são utilizados nessas bombas anéis substituíveis (anéis de desgaste) que podem ser montados ou na voluta (carcaça) ou no rotor ou em ambos. Como um exemplo, a peça n. 505.2 da Figura 1.106 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Flu- xo” mostra dois anéis de desgaste montados apenas na vo- luta (carcaça ou corpo). 3.1.3 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS DE VENTILADORES UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 8 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira Em geral, um ventilador centrífugo (para ser um venti- lador – MF Hidráulica – tem que ter apenas um estágio, mais de um estágio seria um soprador ou mesmo um turbo- compressor) tem os seguintes elementos hidromecânicos (ou aeromecânicos) principais (veja, por exemplo, as Figu- ras 1.76, 1.82 e 1.83 da “Coletânea de Desenhos sobre Má- quinas de Fluxo”): voluta (corpo espiral), rotor (impeli- dor) e vedação. A voluta, o rotor e a vedação têm as mesmas finalidades descritas anteriormente para bombas e, de um modo geral, esses elementos têm configurações bem semelhantes ao da bomba, apesar de o ventilador bombear um fluido gasoso. Voluta/Carcaça As volutas de ventiladores podem ter seção circular, quadrada ou retangular. Além daquelas descritas para bom- bas, existem diversas geometrias, tais como aquelas mos- tradas nas Figuras 1.99 e 1.110 (“Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”) que têm divisões na saída da voluta e têm também seção retangular. Existem também volutas externas (caso mais comum) e volutas internas (pesquisa desenvolvida no Laboratório de Ventiladores – LabVent – do Instituto de Engenharia Mecânica da UNIFEI, entre 1978 e 1982, financiada pelo FINEP). A pesquisa visava diminuir o volume construtivo (redução de tamanho e peso) do ventilador centrífugo com voluta externa em formato de espiral logarítmica (ventilador convencional), de modo que o “novo ventilador” (ventilador centrífugo com voluta interna em formato de espiral logarítmica) apresen- tasse níveis de ruído e características de desempenho aero- dinâmico semelhantes ao do ventilador convencional. Um desenho esquemático dessas volutas está representado na Figura 1.103 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo” e mais detalhes podem ser vistos nas aulas de laboratório de EME705 e EME803. Alguns tipos de ventiladores centrífugos apresentam uma caixa de entrada e um sistema de aletas orientáveis na entrada, como pode ser visto na Figura 1.76 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”. Outras formas de carcaças (ou carcaças difusoras), utili- zadas em ventiladores axiais e aproximadamente axiais (semi-axiais), são apresentadas na Figura 1.101 da “Coletâ- nea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”. Rotor Ao contrário dos rotores de bombas, que têm ângulos de saída das pás sempre menores que 90o (β5 < 90o), os rotores de ventiladores centrífugos têm ângulos de saída das pás menores, iguais ou maiores que 90o, Figuras 1.77 e 1.78 indicadas com β2 em vez de β5, (assunto que será abordado no Item 3.2). Os rotores de ventiladores centrífugos tam- bém têm diferentes processos de fabricação, em relação aos de bombas centrífugas que, neste caso, em geral, são fundi- dos em uma única peça. As figuras 1.79 e 1.80 da “Coletâ- nea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo” mostram diver- sos tipos de construção de rotores e alguns tipos de fixação de pás no disco interno e na capa de rotores ventiladores centrífugos. As pás de rotores centrífugos podem ter formato reto, logarítmico, circular, etc. Para cada formato, mantidas as demais características geométricas do rotor, existe uma característica de desempenho aerodinâmico diferente (as- sunto que será abordado no Capítulo 1 de EME803). As pás de rotores axiais, em geral, têm perfis aerodinâ- micos e apresentam uma torção ao longo do comprimento da pá (devido ao ângulo de montagem de cada perfil) (Figu- ras 1.84 e 1.85 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”). Essa torção e o “melhor” perfil aerodinâmico serão tratados, no Capítulo 4 de EME803. VedaçãoEm casos onde o vazamento do gás é proibitivo (gases tóxicos, inflamáveis, etc.) deve-se utilizar vedação que po- de ser feita por meio de selo mecânico, como mostra a Fi- gura 1.76 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”. 3.1.4 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS DE ACOPLAMENTOS HIDRÁULICOS Os acoplamentos hidráulicos (ou acoplamentos hidrodi- nâmicos), que são MF hidráulicas compostas, em geral, têm os seguintes elementos hidromecânicos principais (veja, por exemplo, as Figuras 1.86 e 1.87 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”): bomba e turbina que são montadas, respectivamente, nos eixos primário e secundário do acoplamento hidráulico. Veja também duas aplicações de acoplamentos hidráulicos nas Figuras 1.90 e 1.91 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”. Os acoplamentos hidráulicos, quando acionados por um motor elétrico de indução, oferecem um amplo campo de aplicação, permitindo partidas sem resistência à sua acele- ração, atingindo rapidamente a rotação de trabalho do eixo secundário com pequeno consumo de corrente, se compara- do com sistemas sem proteção na partida. As principais vantagens do acoplamento hidráulico são: transmissão de potência sem desgastes mecânicos; acelera- ção suave de grandes massas; partida do motor elétrico (ou outra máquina acionadora) sob condições sem carga, mes- mo com a máquina acionada carregada; queda instantânea da corrente elétrica de partida; proteção dos elementos elé- tricos e mecânicos do acionamento, mesmo sob grande fre- qüência de reversão de rotação; limitação do torque máxi- mo através do controle do volume de óleo; proteção contra aquecimento ou sobrecarga por meio de bujões-fusíveis. Para uma rotação constante no eixo primário, os aco- plamentos hidráulicos podem ter rotação constante no eixo secundário (eixo da turbina), Figura 1.86, ou ter rotação variável no eixo secundário, Figura 1.87 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Fluxo”. Em qualquer caso, a rotação do eixo secundário é sempre menor que a do eixo primário e depende da geometria do acoplamento hidráulico e do líquido (óleo ou água) de trabalho. O acoplamento hidráulico não converte torque, ou seja, o torque aplicado ao eixo primário (bomba) é o mesmo do eixo secundário (turbina). 3.1.5 ELEMENTOS HIDROMECÂNICOS DE CONVERSORES HIDRODINÂMICOS DE TORQUE Os conversores hidrodinâmicos de torque (ou converso- res de torque hidrodinâmicos), que são MF hidráulicas compostas, em geral, têm os seguintes elementos hidrome- UNIFEI-IEM EME705: MÁQUINAS DE FLUXO I Capítulo 3: Elementos Hidromecânicos e Elementos Cinemáticos 9 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Waldir de Oliveira cânicos principais (veja, por exemplo, as Figuras 1.88 e 1.89 da “Coletânea de Desenhos sobre Máquinas de Flu- xo”): bomba, turbina e estator (sistema de aletas). A bomba e a turbina são montadas, respectivamente, nos ei- xos primário e secundário do conversor hidrodinâmico de torque, enquanto o estator é um sistema fixo (não gira em torno do eixo primário nem do eixo secundário). Em princípio, as principais vantagens e características dos conversores hidrodinâmicos de torque são idênticas àquelas dos acoplamentos hidráulicos listadas anteriormen- te. A principal vantagem do conversor hidrodinâmico de torque em relação ao acoplamento hidráulico se refere à conversão (mudança) de torque, ou seja, o torque aplicado ao eixo primário (bomba) não é o mesmo do eixo secundá- rio (turbina). Essa vantagem adicional permite reduzir o consumo de energia gasto no acionamento do eixo primá- rio. A variação de torque está relacionada aos diversos ar- ranjos e geometrias dos componentes (bomba (B), turbina (T) e estator (E)) do conversor. No caso da Figura 1.89, o arranjo é do tipo bomba, turbina, sistema de aletas, ou seja, B-T-E. Se o arranjo fosse, por exemplo, do tipo B-E-T a variação de torque seria diferente da variação de torque do conversor hidrodinâmico do tipo B-T-E. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NBR 6445 - “Turbinas Hidráulicas, Turbinas-Bombas e Bombas de Acumulação”, ANBR - Associação Brasileira de Normas Técnicas (Outubro de 1987). Oliveira, W., 2009, “Coletânea de Desenhos sobre Má- quinas de Fluxo”, UNIFEI-IEM Bran, R., Souza, Z., 1979, “Máquinas de Fluxo”, 2a Edição, Ao Livro Técnico S. A. Pfleiderer, C., Petermann, H., 1979, “Máquinas de Fluxo”, Livros Técnicos e Científicos S. A. Macintyre, A. J., 1980, “Bombas e Instalações de Bombeamento”, Editora Guanabara Dois S.A. Macintyre, A. J., 1983, “Máquinas Motrizes Hidráuli- cas”, Editora Guanabara Dois S.A. Eck, B., 1973, “Fans - Design and Operation of Cen- trifugal, Axial-flow and Cross-flow Fans”, Pergamon Press Pfleiderer, C., 1960, “Bombas Centrífugas y Turbo- compresores”, Editorial Labor S. A. Vivier, L., 1966, “Turbines Hydrauliques et Leur Régulation”, Éditions Albin Michel