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PATOLOGIA GERAL Profa. Elan Cardozo Paes de Almeida ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS 1 1 - Um homem de 60 anos, diabético, hipertenso e com taxas altas de colesterol chegou a emergência com dor no peito, sendo diagnosticado angina. Nos exames preliminares, o eletrocardiograma apresentou padrão normal e o exame de sangue demonstrou Creatino quinase (CKmb) aumentada. Discuta as possíveis etiologias que poderiam levar a este quadro clínico e suas respectivas patogenias, lesões encontradas e possíveis conseqüências. Altas taxas de CKmb circulantes são indicativo de isquemia associada à necrose, que é o infarto. Provavelmente este paciente sofreu uma isquemia por obstrução das coronárias (mais comum) por placas de ateroma, já que, conhecidamente, tem altas taxas de colesterol. O fato de ser diabético e hipertenso só agrava o quadro: o diabético tende a ter o sangue mais viscoso (circulação mais lenta), resultando em maior contato das plaquetas com a parede dos vasos; e a hipertensão pode gerar um fluxo sanguíneo turbilhonado, que lesa o endotélio, facilitando agregação plaquetária e formação de trombos. Lesões encontradas: necrose de coagulação (infarto do miocárdio). Possíveis conseqüências: diminuição da capacidade contrátil do coração e redução do débito cardíaco. 2 - Um grupo de jogadores de futebol de salão foi para um torneio nos Alpes suíços durante o inverno. A maioria destes jogadores durante a competição apresentou dificuldade respiratória, tonturas, cansaço excessivo, sendo diagnosticado quadro de hipóxia. Explique as patogênese desta hipóxia e possíveis conseqüências. Em lugares onde a pressão atmosférica é menor, a perfusão sanguínea é menor. Temperatura, ar rarefeito (altitude), exercício físico >> HIPÓXIA Temp. baixa > Vasoconstricção > menor perfusão > HIPÓXIA Altitude > ar rarefeito > prejudica transporte de gases > HIPÓXIA Exercício físico > aumenta a demanda de sangue para os músculos > menor perfusão dos demais órgãos > HIPÓXIA Possíveis consequências: desmaios e câimbras. 3 - Explique como um paciente com hipóxia pode desenvolver degeneração hidrópica. Com redução do oxigênio, a formação de ATP fica prejudicada; e sem ATP suficiente, as bombas osmóticas ATPases (bombas de Na+/K+) são incapazes de funcionar. Assim sendo, o Na+ tende a ficar retido no interior da célula, aumentando sua osmolaridade, tendo como conseqüência um influxo de água, processo chamado de degeneração hidrópica. 4 - Um atleta iniciou uma competição sem a realização de um prévio aquecimento e alongamento, desenvolvendo um quadro de câimbra. Explique como isso ocorreu. O aquecimento aumenta a perfusão sanguínea local, como conseqüência o tecido muscular fica mais oxigenado. Se o aquecimento não é feito, as células musculares entram em atividade sem demanda suficiente de O2. Na falta de O2, a célula passa a utilizar os estoques de glicogênio para produzir ATP, gerando ácido láctico como metabólito, que leva à câimbra quando acumulado. 5 - Explique como um etilista (alcoólatra) crônico pode desenvolver um quadro de esteatose hepática (todos mecanismos possíveis). O etanol é oxidado liberando Acetil CoA, que tende a acumular. O excesso de Acetil CoA gerado serve como substrato para a síntese de ácidos graxos, que somados aos provenientes da circulação, geram acúmulo de triglicerídeos nas células hepáticas. Além disso, os radicais livres e o acetaldeído (metabólitos da oxidação do etanol) afetam o citoesqueleto da célula, prejudicando o transporte das vesículas de lipoproteínas e, consequentemente, favorecendo o acúmulo intracelular de lipídeos. Se o etilista ainda sofre de desnutrição, o que frequentemente acontece, a síntese de lipoproteínas (ligação dos lipídeos a proteínas carreadoras) fica prejudicada, o que agrava ainda mais a situação. Anemia, decorrente da desnutrição, leva à hipóxia, que aumenta Acetil CoA. O etanol leva à perda da integridade da membrana dos hepatócitos, prejudicando a exocitose. Ac. Graxo+alfa-glicerol fosfato>TAG TAG+Apoptn>Lipoptn>excreção Aumento Acetil CoA> aumenta alfa-glicerol fosfato 6 - Uma mulher diabética, tabagista crônica e com trombose venosa em um dos membros inferiores dedos arroxeados, dormência e posteriormente se tornam enegrecidos e com úlceras, caracterizando gangrena. Explique a patogênese deste caso, a morfologia do tecido e possíveis conseqüências. Diabéticos possuem certa dificuldade de cicatrização e uma perfusão ruim, visto que o sangue é mais viscoso. O fato de ser tabagista agrava o quadro da paciente, visto que substâncias presentes no cigarro tendem a causar vasoconstricção e dificultar ainda mais a irrigação de tecidos periféricos. A trombose venosa dificulta o retorno venoso, contribuindo para que aconteça a necrose. O que comumente acontece em diabéticos é que feridas nos pés demoram muito a cicatrizar, e estas acabam sendo contaminadas por bactérias. A perfusão ruim somada à infecção leva a esta evolução da necrose denominada gangrena. Quando há desidratação da zona atingida, o padrão morfológico é a gangrena seca. E quando há infecção por bactérias anaeróbias, formando úlceras, o padrão é a gangrena úmida, que é o que ocorre com a paciente mencionada.
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