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Segundo Tratado Sobre o Governo Civil John Locke Fichamento

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Bacharelado em Direito
História do Direito
Professor: Cleiton Ricardo
JOHN LOCKE: SEGUNDO TRATADO SOBRE
 O GOVERNO CIVIL
GIORDANA GOMES SILVA
LUAN SOARES DE FARIA
LUIZ CARLOS ANDRADE FILETI
NATHALIA ALMEIDA COSTA
RENATA DE OLIVEIRA DURÃO
C01
GOIÂNIA
2018
GIORDANA GOMES SILVA
LUAN SOARES DE FARIA
LUIZ CARLOS ANDRADE FILETE
NATHALIA ALMEIDA COSTA
RENATA DE OLIVEIRA DURÃO
JOHN LOCKE: SEGUNDO TRATADO SOBRE
 O GOVERNO CIVIL
Trabalho realizado no 1º Período do curso bacharelado em direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, na disciplina História do Direito da Escola de formação de Professores e Humanidades com a finalidade de avaliação N2.
Orientador: Professor Cleiton Ricardo.
GOIÂNIA
2018
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
CAPÍTULO I:Ensaio sobre a origem, os limites e os fins verdadeiros do Governo 5 Civil.
CAPÍTULO II: Do Estado de Natureza. 5
CAPÍTULO III: Do Estado de Guerra. 6
CAPÍTULO IV: Da Escravidão. 7
CAPÍTULO V: Da Propriedade. 7
CAPÍTULO VI: Do Poder Paterno. 9
CAPÍTULO VII: Da Sociedade Política ou Civil. 10
CAPÍTULO VIII: Do Início das Sociedades Políticas. 11
CAPÍTULO IX: Dos fins da Sociedade Política e do Governo. 12
CAPÍTULO X: Das formas da Comunidade Civil. 12
CAPÍTULO XI: Da Extensão do Poder Legislativo. 12
CAPÍTULO XII: Dos Poderes Legislativo, Executivo e Federativo da Comunidade Civil. 15
CAPÍTULO XIII: Da Hierarquia dos Poderes da Comunidade Civil. 16
CAPÍTULO XIV: Da Prerrogativa. 18
CAPÍTULO XV: Do Poder Paterno, Político e Despótico Considerados em Conjunto.. 19
CAPÍTULO XVI: Da Conquista. 19
CAPÍTULO XVII: Da Usurpação. 20
CAPÍTULO XVIII: Da Tirania. 20
CAPÍTULO XIX: Da Dissolução do Governo. 21
CONCLUSÃO 22
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 23
INTRODUÇÃO
	Os pensamentos de Locke influenciaram eventos importantes na história, principalmente na Europa e na América. Por muitos é chamado de teórico da Revolução Inglesa (1688) e foi a principal fonte de ideias para a Revolução Norte-Americana (1776), tendo influenciado na Declaração de Independência e nas constituições estaduais.
	Locke se tornou um dos maiores filósofos do liberalismo e da democracia. E, por isso, deve ser estudado, já que até hoje se usam muitas de suas ideias, como a da separação dos poderes (ideia formulada mais claramente por Montesquieu).
	O objetivo é desenvolver os principais capítulos do livro estipulado para o trabalho.
CAPÍTULO I 
Recorda aquilo que foi mostrado em seu primeiro tratado, que Adão não tinha por direito, por doação divina, a autoridade sobre o mundo e seus filhos, e se teve, isso é impossível de se determinar até à atualidade, o que leva Locke há uma busca pelo entendimento dá legitimidade do poder de alguns indivíduos sobre outros.
Nesse capítulo ele expõe um dos seus conceitos-chaves que é o do poder político, que seria. 
“o direito de fazer leis, aplicando a pena de morte, ou por via de consequência, qualquer pena menos severa, a fim de regulamentar e de preservar a propriedade, assim como de empregar a força da comunidade para a execução de tais leis e a defesa da República contra as depredações do estrangeiro, tudo isso tendo em vista apenas o bem público”.(LOCKE, 35)
CAPÍTULO II
Locke afirma que no estado de natureza todos são iguais e providos das mesmas faculdades, subordinados apenas a Deus: “um estado um estado também de igualdade onde há reciprocidade determina todo o poder e toda a competência ninguém tendo mais que os outros evidentemente seres criados da mesma espécie e da mesma condição que desde seu nascimento desfrutam juntos de todas as vantagens comuns da natureza e do uso das mesmas faculdades devem ser ainda iguais entre si sem subordinação ou sujeição”. (LOCKE. 36)
 Percebe-se a ligação entre a faculdade mencionada a lei de Talião, e temos confirmação dessa similaridade na referência de Locke, que diz: “ todo homem tem o direito de punir o transgressor e ser Executor da lei da natureza”.(LOCKE. 37)
Afirma serem as leis naturais mais claras que as leis positivas da comunidade civil, pois a razão é mais fácil de ser compreendida que as maquinações egoístas dos homens. Diz que as leis civis dos países só seriam justas se baseiam na lei da natureza as quais devem interpretar para depois regulamentar.
Segundo, Locke não seria razoável os homens serem juízes das suas próprias causas, pois sua autoestima os tornaria parciais, e nesse caso, virá à desordem e a confusão: “[...] e certamente foi por isso que Deus instituiu o governo para conter a parcialidade e a violência dos homens. Eu asseguro tranquilamente que o governo civil e a solução adequada para as inconveniências do Estado de natureza […]” (LOCKE, 38)
 Por fim, LOCKE critica o absolutismo ao sustentar ser melhor viver em seu estado de natureza, no qual o homem se subordina somente a si, viver sob o domínio de um monarca como o poder Centralizado em si e que nos manda outros da maneira que bem lhe aprouver, o que não caracteriza um pacto no qual lhe é outorgado o poder, pois, Como diz Locke: “ não é toda convenção que põe fim ao estado de natureza entre os homens mas apenas aquela pela qual todos se obrigam juntos e mutuamente a formar uma comunidade única e constituir um único corpo político[…]”(pag.39) 
E mais: “todos os homens se encontram naturalmente nesse estado e ali permanece, até o dia em que, por seu próprio consentimento, eles se tornem membros de alguma sociedade política” (pag.39)
CAPÍTULO III
Este é um estado de inimizade e destruição advindo de desentendimento de indivíduos no estado de natureza que declaram guerra entre si, podendo contar com o auxílio de terceiros que queiram vir se juntar à causa. Locke reconhece essa possibilidade ao afirmar que temos o direito de declarar guerra àquele que me a declara, como o permite a lei natural, por não se restringir a qualquer tipo de convenção.
Desta forma Locke afirma que a tentativa de dominação ou escravização é algo que desejo ao estado de guerra uma vez que no estado de natureza todos são livres Aquele que tenta colocar outro homem sob seu poder absoluto entra em um estado de guerra com ele desta forma pode-se dizer que o poder absolutista geraria o estado de guerra pois o homem poderia compreender como uma declaração de uma intenção contra sua vida fazendo de escravo leia-se escravoalguém que é forçada a fazer contra sua vontade e tem violado seu direito natural a liberdade
Segundo Locke no estado natural a liberdade é a base de todo o resto, portanto se alguém retira esse direito necessariamente se supõe a intenção de retirar tudo o mais assim como aquele que no estado de sociedade retirasse a liberdade pertencente aos membros daquela sociedade ou da comunidade política seria suspeito de tencionar retirar deles tudo o mais portanto seria tratado como em estado de guerra
Em seguida Locke faz a diferenciação do estado de natureza e do estado de guerra (na concepção hobbesiana, os dois são praticamente os mesmos).No primeiro estado, os homens que vivem gozando de suas liberdades sem maiores problemas “ homens vivendo juntos segundo a razão, sem um superior como na terra com autoridade para julgar entre eles, eis efetivamente o estado de natureza” (pag.40)
 O ato de infração das mencionadas prerrogativas de convivência no estado natural, aquele que teve seus bens invadidos cabe declarar guerra a seu agressor, devido à inexistência de um órgão regulador das infrações cometidas, o que não ocorre quando na existência de um pacto social que Garanta a resolução do conflito de modo imparcial, e isso deve ser buscado pelos indivíduos para que o estado de guerra pareça de forma definitiva “mas a força, ou uma intenção declarada de força, sobre a pessoa de outro onde não há superior comum na terra para chamar por socorro, estado de guerra; e é a inexistência de um recurso deste gênero que dá ao homem o direito de Guerra ao agressor, mesmo que ele viva em sociedade e se trate de um cidadão.” (LOCKE, 40)
CAPÍTULO IV
“A liberdade natural do homem deve estar livre de qualquer poder superior na terra e não por depender da vontade ou da autoridade Legislativa do homem, desconhecendo outra regra além da lei da natureza” (LOCKE, 41)
Perfeita condição da escravidão: “[…] nada mais é que o estado de guerra continuará entre um conquistador legítimo e seu Prisioneiro. Desde que faça um pacto entre eles [...] o estado de guerra e a escravidão deixam de existir enquanto este pacto durar” (LOCKE, 41)
CAPÍTULO V
“[…] alguns parecem ter grande dificuldade em perceber como alguém pode se tornar proprietário de alguma coisa […] Deus, que deu ao mundo aos homens em comum, deu-lhes também há razão, para que se servissem dele para o maior benefício de sua vida e de suas conveniências.”(LOCKE, 42)
Locke considera em seguimento ao Gênesis, que Deus deu a Terra aos homens em comum, para que estes se utilizassem desta para a subsistência e conveniência. “Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela.[...] O trabalho de seu corpo e a obra produzida por suas mãos são propriedades sua.”(LOCKE, 42)
Em continuidade, Locke diz que aquele espaço ao qual o indivíduo incorporou para si através do trabalho e de sua propriedade exclusiva e não lhe pode ser contestada (salvo problemas de escassez): “Sendo este trabalho uma propriedade inquestionável do trabalhador, nenhum homem, exceto ele, pode ter o direito ao que o trabalho lhe acrescentou, pelo menos quando o que resta é suficiente aos outros, em quantidade e em qualidade.”(LOCKE, 42)
“A superfície da terra que um homem trabalha, planta, melhora, cultiva e da qual pode utilizar os produtos, podem ser consideradas sua propriedade.”(LOCKE, 43)
Locke nos chama a atenção não só para o acúmulo de propriedade, mas também para a sua valorização: ”[...]cada homem deve ter tanto quanto pode utilizar, ainda permaneceria válida no mundo sem prejudicar ninguém, visto haver terra bastante para o dobro dos habitantes, se a invenção do dinheiro e o acordo tático entre os homens para estabelecer um valor para ele não tivesse introduzido (por consentimento) posses maiores e um direito a elas; como isso se deu, irei aos poucos mostrando mais amplamente.(LOCKE,45)
”Tudo o que o homem plantava, colhia, armazenava e consumia antes de se deteriorar pertencia-lhe por direito; todo o gado e os produtos que podia cercar, alimentar e utilizar também eram seus. Mas se a grama apodrecesse no solo de seu cercado ou os frutos de sua plantação perecessem antes de serem colhidos e consumidos, esta parte da terra, não importa se estivesse ou não cercada, podia ser considerada como inculta e podia se tornar posse de qualquer outro.”(LOCKE,45)
Ao longo do tempo, com o crescimento populacional, a escassez passou a ser iminente, o que culminou em pactos e leis fixando os limites dos respectivos territórios, dando ênfase a legitimidade de sua posse.
Sobre a propriedade validada e valorizada pelo trabalho:
“É o trabalho que estabelece em tudo a diferença de valor; basta considerar a diferença entre um Acre de terra plantada com fumo ou cana, semeada com trigo ou cevada, e um Acre da mesma Terra deixado ao bem comum, sem qualquer cultivo, e perceberemos que a melhora realizada pelo trabalho é responsável por grandíssima parte de seu valor [...] na falta de trabalho para melhorar a terra, não tem um centésimo de vantagens de que desfrutamos.”(LOCKE,46)
“O que faz o pão valer mais que as bolotas, o vinho mais que a água e os tecidos ou a seda mais que as folhas, as peles ou o musgo, deve-se inteiramente ao trabalho e à indústria.”(LOCKE,46)
“ São em geral coisas de duração efêmera, que, se não forem consumidas pelo uso, deterioram e perecem por si mesmas: o ouro, a prata e os diamantes são coisas às quais o capricho ou a convenção atribuem um valor maior que a sua utilidade real e sua necessidade para o sustento da vida.”(LOCKE,47)
Sobre o surgimento do dinheiro: “Assim foi estabelecido o uso do dinheiro - alguma coisa duradoura que o homem podia guardar sem que deteriorasse e que, por consentimento mútuo, os homens utilizariam na troca por coisas necessárias à vida, realmente úteis, mas perecíveis.”(LOCKE,48)
“Esta divisão das coisas em uma igualdade de posses particulares, os homens tornaram praticável fora dos limites da sociedade e sem acordo, apenas atribuindo um valor ao ouro e à prata, e tacitamente concordando com o uso do dinheiro. Pois nos governos as leis regulam o direito de propriedade, e a posse da terra é determinada por constituições positivas.”(LOCKE,48)
“O direito e a conveniência andavam juntos. Como cada homem tinha o direito a tudo em que podia aplicar o seu trabalho, não tinha a tentação de trabalhar mais do que para o que pudesse usar. Isso não deixava espaço para controvérsia quanto ao título, nem a usurpação do direito dos outros.”(LOCKE,49)
CAPÍTULO VI
 Segundo Locke, é errado colocar o poder sobre os filhos inteiramente sobre a responsabilidade do pai, como se a mãe não o compartilhasse. Pois, ela tem o mesmo direito que o pai. Como observa se no antigo testamento que diz “honra teu pai e a mãe”. Nem todos os homens são iguais, a idade ou a virtude podem dar a eles uma precedência justa. Alguns podem estar acima do nível comum, pois há excelência nos talentos e méritos. A igualdade é uma característica que consiste para cada homem, em ser o senhor de sua liberdade natural, sem obedecer a vontade e autoridade de outro homem. O poder que os pais tem sobre as crianças é uma espécie de governo e jurisdição, mas temporário. Com o passar do tempo a idade e a razão deixam o homem livre. A partir de Adão, o mundo foi povoado pelos seus descendentes. Todos os pais deviam pela lei da natureza preservar, educar e alimentar suas crianças. A lei da razão é uma lei que preserva ampliar a liberdade. A liberdade é, não estar sujeito a restrição e a violência da parte de outras pessoas, e também seguir livremente a sua própria vontade. O poder que os pais tem sobre suas crianças é um dever de cuidar, formar a mente da criança ate atingirem a maturidade. Deus deu ao homem uma liberdade de agir dentro dos limites fixado da lei que o rege. O homem esta sujeito a lei da natureza quando ele chega a um estado de maturidade, a capacidadede conhecer essa lei ocorre aos vinte e um anos de idade. O filho deve seguir a vontade de seu pai, caso o pai morra sem ter um substituto de sua confiança para orientar o filho em sua minoridade, a lei toma conta disso. Se um homem não for capaz de conhecer a lei e viver dentro de suas regras, ele não será um homem livre, e devera viver sobre a responsabilidade de outro. O homem para ter a sua liberdade, e agir segundo a sua vontade, ele deve possuir uma razão. Quando o cuidado do pai acaba, também se acaba o poder sobre o filho, quando a mulher e o homem se separam, as crianças são entregues a mãe, os interesses da propriedade e as regras com penas capitais são do poder do magistrado, o pai não interfere nisso, a autoridade sobre os filhos não atinge a propriedade. Apesar de atingir a liberdade, esta liberdade não isenta um filho da honra que pela lei da natureza e de Deus, ele deve prestar a seus pais. Deus colocou sobre as crianças uma obrigação de honrar seus pais, nenhum estado e liberdade pode tirar essa obrigação. Essa honra proporciona um respeito. E isso permanece durante toda a sua vida. Os pais estão distantes de ter um poder de fazer leis e obrigar os filhos de penalidade que podem atingir os bens, a liberdade a integridade física e a própria vida. E mesmo se o filho continue devendo aos pais honra e respeito, nem mesmo assim coloca nas mãos do pai um poder soberano de comando. Ele não tem dominação sobre os bens ou os atos de seu filho. Um homem deve honra e respeito a outro mais velho, proteção a seu filho ou seu amigo, ajudar os infelizes e gratidão a um benfeitor, de tal modo que, tudo o que ele tem e tudo o que pode fazer não pode pagar por isso, mas isso não lhe da direito de fazer leis as pessoas que são devedoras. Além de a obrigação dos pais de educar os filhos, e os filhos honrar os pais, o pai detém um outro poder que proporciona a obediência seus filhos, é um aspecto de jurisdição paterna, em geral é um poder que os homens tem de transmitir seus bens a quem lhes aprouver. Pela lei e pelos costumes de cada país, os bens do pai representam para os filhos a esperança de herança, mas é costume que o pai distribui de forma generosa segundo o comportamento deste ou daquele filho que se adaptou a sua vontade ou ao seu humor. Os pais podem influenciar a obediência pela herança que os tem. Enquanto permanecerem no estado de liberdade, podem escolher a que sociedade vão se juntar, a que comunidade civil vão se submeter. Se os filhos quiserem usar a herança dos pais, devem se submeter a todas as condições vinculadas a tal posse. É necessário que aceite as condições que regem a posse da terra, no pais que ela esta, seja na França ou na Inglaterra. O pai exerce sozinho em sua família o poder da lei da natureza, e através disso concede um poder monárquico sobre a família. O pai tem esse poder por causa do consentimento de seus filhos, e por direito paterno, caso um estrangeiro por questões de negócios entrasse na família e matasse um dos filhos, o pai poderia condena-lo e mata-lo. Era fácil para os filhos abrirem um caminho para a autoridade do pai. Em parte algumas eles encontrariam mais segurança para a sua paz, liberdade e bens do que sob o governo de um pai.
CAPÍTULO VII
 Como pelo julgamento de Deus, para o homem não era bom ficar sozinho, submeteu-o a obrigações de necessidade, para leva lo a viver em sociedade, assim como deu entendimento e linguagem para mante lo. A primeira sociedade existiu entre marido e mulher, e com o tempo, patrão e servidor. A sociedade de marido e mulher exige reciprocidade, objetivo principal a procriação, comunhão de interesses, e também a sua descendência comum, que tem o direito de ser alimentada e mantida pelos pais ate ser capaz de capacitar suas próprias necessidades. O criador foi sábio por ter tornado necessário que a sociedade do homem e da mulher fosse mais duradouro do que as outras criaturas. Apesar de que o elo conjugal seja solido e duradouro, o que impede tornar que esse contrato dure toda a vida? Apesar de terem interesses em comuns, possuem entendimentos, vontades diferentes. A mulher em alguns casos é livre para se separar, se assim o autoriza o direito natural e o direito entre eles, seja o contrato feito pelos costumes ou leis do país em que vivem, as crianças após a separação ficam com os pais ou as mães segundo estabelece o contrato. De modo geral a união conjugal homem e mulher tem um amparo do poder publico toda via decisões quanto a prole, sua manutenção finanças, é soberana e absoluta responsabilidade do casal salvo quando existir ameaças físicas e verbais denunciadas por uma das partes, nesse caso a intervenção publica se torna necessário. Senhor e servo tem condições bem diferentes. Um homem livre torna se servidor de outro homem quando lhe vende um certo tipo tempo de serviço em troca de salário. Há também os escravos que estão sujeitos ao poder absoluto de seus senhores, eles estão privados de propriedade, e não são considerados parte da sociedade civil. O pater famílias, pai, não tem poder legislativo de vida e morte sobre qualquer um de seus membros. O homem já nasceu com direitos e privilégios da lei da natureza. A natureza proporciona ao homem a sua liberdade, vida e seus bens. A comunidade se torna um árbitro, quando algum membro dela comete uma ofensa contra a sociedade, há penalidades estabelecidas pela lei os que punem, os ofensores estão em uma sociedade civil. Essa lei preserva os bens de todos que fazem parte da sociedade, e tem os que estão em estado de natureza, que não tem direito a nenhum recurso a nenhuma terra. Quando um homem entra para a comunidade civil, ele perde o direito de seu próprio julgamento particular. Descobre se a origem dos poderes legislativos e executivo da sociedade civil, que é julgar através das leis estabelecidas a que ponto as ofensas devem ser punidas. Os homens passam do estado de natureza para a comunidade civil, constituindo um juiz com autoridade para desfazer as controvérsias e reparar as injurias que possam ocorrer a um membro da sociedade civil. Este juiz é o legislativo, ou os magistrados por ele nomeados. Isso revela que a monarquia absoluta é na verdade inconsistente com a sociedade civil. Quando um príncipe tem nele próprio a autoridade do poder, quando se busca obter a reparação e a indenização de injurias, na qual ele é o autor, não se pode conseguir um juiz, nem alguém para julgar com autoridade, sem justiça ou parcialidade. Nas monarquias absolutas, os súditos podem recorrer a lei e solicitar juízes para a decisão de qualquer controversa e a qualquer violência que ocorresse entre os próprios súditos. Quem tenta abolir isto, é considerado inimigo declarado da sociedade e da humanidade. Eles admitem que devam existir leis, juízes entre os súditos para lhes garantir paz e segurança. No dia em que os homens deixaram o estado de natureza para entrar na sociedade, é como se tivessem concordado em ficar submissos a contenção das leis. Quando um homem esta fora da sociedade civil, estão considerados a no estado de natureza.
CAPÍTULO Vlll
 Para um homem passar do seu estado de natureza, para o poder politico de outro homem sem o seu próprio consentimento. Quando qualquer numero de homens decide construir uma comunidade ou um governo, isto os associa e eles formam um corpo politico em que a maioria tem o direito de agir e decidir pelo restante. “O que move uma comunidade é sempre o consentimento dos indivíduos que as compõem, e como todo objeto que forma um único consentimento da maioria” ( LOCKE pg. 61) a verdadeira constituição de qualquer sociedade política não é nada mais que o consentimento de um numero qualquer de homens livres, de que a maioria é capaz de se unir e se juntar em uma sociedade. Essa é a única origem possível de todos os governos legais do mundo. O principal objetivo da união dos indivíduos formando uma sociedade da instituição de um governo e a criação de leis é possibilitar a preservação da propriedade privada. Se uma sociedade civil sedesenvolveu ate se tornarem uma comunidade civil, e a autoridade paterna foi mantida no filho mais velho, tacitamente a ela se submeteu. Quando varias famílias, a vizinhança ou os negócios se juntaram e uniram uma sociedade, viu surgir a necessidade de um general cuja conduta pudesse defende lós contra seus inimigos na guerra. Incitaram os primeiros fundadores das comunidades civis a colocar o poder nas mãos de um só homem, e é certo que isso só ocorreu tendo em vista o bem estar e a segurança pública. 
CAPÍTULO lX
O objetivo principal da união dos homens em comunidades sociais, é a preservação de sua propriedade. Apesar dos privilégios do estado de natureza, as pessoas desfrutam de uma condição ruim enquanto permanece nela, assim rapidamente entram em uma sociedade. Um fato do estado de natureza é que falta poder para apoiar e manter a sentença quando ela é justa, assim como a sua devida execução. Falta no estado de natureza um juiz parcial que diminua as diferenças.
CAPÍTULO X
 Quando é colocado o poder de fazer leis nas mãos de um grupo de homens selecionado, e de seus herdeiros, podemos chamar de Oligarquia, quando é colocado na mão de um homem só, chama se de monarquia, e se é entregada a este homem e a seus herdeiros, é uma monarquia hereditária, e uma monarquia eletiva é quando se entrega a ele apenas em vida, e depois de sua morte retorna a ela o poder exclusivo de nomear um sucessor. A partir disto, a comunidade pode combinar e misturar formas de governo como melhor quiser. Para Locke, uma comunidade social não é uma democracia ou alguma forma de governo.
CAPÍTULO XI 
DA EXTENSÃO DO PODER LEGISLATIVO
O grande objetivo dos homens quando entram em sociedade é desfrutar de sua propriedade pacificamente e sem riscos, e o principal instrumento e os meios de que se servem são as leis estabelecidas nesta sociedade; a primeira lei positiva fundamental de todas as comunidades políticas é o estabelecimento do poder legislativo; como a primeira lei natural fundamental, que deve reger até mesmo o próprio legislativo, é a preservação da sociedade e (na medida em que assim o autorize o poder público) de todas as pessoas que nela se encontram.
Para John Locke, objetivo primordial do homem em formar uma sociedade está na necessidade de desfrutar da sua propriedade em paz e com segurança. 
Sendo criadas leis que garantem essa oportunidade.
Locke sugere então o poder legislativo, para gerenciar a sociedade.
“O legislativo não é o único poder supremo da comunidade social, mas ele permanece sagrado e inalterável nas mãos em que a comunidade um dia o colocou, [...].’’ (LOCKE p.71)
“O poder legislativo é o poder supremo em toda comunidade civil, quer seja ele confiado a uma ou mais pessoas, quer seja permanente ou intermitente.” (LOCKE p.72)
“Primeiro: ele não é exercido e é impossível que seja exercido de maneira absolutamente arbitrária sobre as vidas e sobre as fortunas das pessoas.” (LOCKE p.72)
“Ninguém pode transferir para outra pessoa mais poder do que ele mesmo possui; e ninguém tem um poder arbitrário absoluto sobre si mesmo ou sobre qualquer outro para destruir sua própria vida ou privar um terceiro de sua vida ou de sua propriedade.” (LOCKE p.72)
“[...], e através dela ao poder legislativo, que portanto não pode ter um poder maior que esse.” (LOCKE p.72)
Segundo: O legislativo, ou autoridade suprema, não pode arrogar para si um poder de governar por decretos arbitrários improvisados, mas se limitar a dispensar a justiça e decidir os direitos do súdito através de leis permanentes já promulgadas93 e juízes autorizados e conhecidos. Como a lei da natureza não é uma lei escrita, e não pode ser encontrada em lugar algum exceto nas mentes dos homens, aqueles que a paixão ou o interesse incitam a mal citá-la ou a mal empregá-la não podem ser tão facilmente convencidos de seu erro na ausência de um juiz estabelecido.
Foi com esta finalidade que os homens renunciaram a todo o seu poder natural e o depuseram nas mãos da sociedade em que se inseriram, e a comunidade social colocou o poder legislativo nas mãos que lhe pareceram as mais adequadas; ela o encarregou também de governá-los segundo leis promulgadas, sem as quais sua paz, sua tranquilidade e seus bens permaneceriam na mesma precariedade que no estado de natureza.
“O poder absoluto arbitrário, ou governo sem leis estabelecidas e permanentes, é absolutamente incompatível com as finalidades da sociedade e do governo, [...]” (LOCKE p.72)
“Terceiro: O poder supremo não pode tirar de nenhum homem qualquer parte de sua propriedade sem seu próprio consentimento.” (LOCKE p.73)
“Por isso é um erro acreditar que o poder supremo ou legislativo de qualquer comunidade social possa fazer o que ele desejar, e dispor arbitrariamente dos bens dos súditos ou tomar qualquer parte delas como bem entender.” (LOCKE p.73)
“Quarto: O poder legislativo não pode transferir para quaisquer outras mãos o poder de legislar; ele detém apenas um poder que o povo lhe delegou e não pode transmiti-lo para outros.” (LOCKE p.74)
“Eis os limites que impõe ao poder legislativo de toda sociedade civil, sob todas as formas de governo, a missão de confiança da qual ele foi encarregado pela sociedade e pela lei de Deus e da natureza.” (LOCKE p. 74) 
“Primeiro: Ele deve governar por meio de leis estabelecidas e promulgadas, e se abster de modificá-las em casos particulares, a fim de que haja uma única regra para ricos e pobres, para o favorito da corte e o camponês que conduz o arado.” (LOCKE p.74) 
“Segundo: Estas leis só devem ter uma finalidade: o bem do povo.” (LOCKE p.74) 
Terceiro: O poder legislativo não deve impor impostos sobre a propriedade do povo sem que este expresse seu consentimento, individualmente ou através de seus representantes. E isso diz respeito, estritamente falando, só àqueles governos em que o legislativo é permanente, ou pelo menos em que o povo não tenha reservado uma parte do legislativo a representantes que eles mesmos elegem periodicamente. 
“Quarto: O legislativo não deve nem pode transferir para outros o poder de legislar, e nem também depositá-lo em outras mãos que não aquelas a que o povo o confiou.” (LOCKE p.74)
CAPÍTULO XII 
 DOS PODERES LEGISLATIVO, EXECUTIVO E FEDERATIVO DA COMUNIDADE CIVIL 
Locke busca apontar a função dos três poderes.
O poder legislativo é responsável pela formulação de leis, prescrição de quais procedimentos a força da comunidade civil deve ser empregada para preservar a comunidade e seus membros.
“O poder legislativo é aquele que tem competência para prescrever segundo que procedimentos a força da comunidade civil deve ser empregada para preservar a comunidade e seus membros.” (LOCKE p.74)
O poder executivo possui como finalidade executar as leis. Para as leis fazerem sentido na prática, é fundamental a execução dessas na medida em que são feitas e durante o tempo que permanecerem em vigor.
Poder Federativo tem a função de administrar a segurança interna da sociedade e do interesse do público.
“Em toda comunidade civil existe outro poder, que se pode chamar de natural porque corresponde ao que cada homem possuía naturalmente antes de entrar em sociedade.” (LOCKE p.75)
Este poder tem então a competência para fazer a guerra e a paz, ligas e alianças, e todas as transações com todas as pessoas e todas as comunidades que estão fora da comunidade civil; se quisermos, podemos chamá-lo de federativo. Uma vez que se compreenda do que se trata, pouco me importa o nome que receba.
Estes dois poderes, executivo e federativo, embora sejam realmente distintos em si, o primeiro compreendendo a execução das leis internas da sociedade sobre todos aqueles que dela fazem parte, e o segundo implicando na administração da segurança e do interesse do público externo, com todos aqueles que podem lhe trazer benefícios ou prejuízos, estão quase sempre unidos.
Embora, como eu disse, os poderes executivo e federativo de cada comunidade sejam realmente distintos em si, dificilmente devem ser separadose colocados ao mesmo tempo nas mãos de pessoas distintas; e como ambos requerem a força da sociedade para o seu exercício, é quase impraticável situar a força da comunidade civil em mãos distintas e sem elo hierárquico; ou que os poderes executivo e federativo sejam confiados a pessoas que possam agir separadamente; isto equivaleria a submeter a força pública a comandos diferentes e resultaria, um dia ou outro, em desordem e ruína. 
CAPÍTULO XIII
DA HIERARQUIA DOS PODERES DA COMUNIDADE CIVIL
Para a comunidade manter sua preservação é necessário que exista um poder legislador que seja capaz de criar leis e um poder executivo para executa-las, sendo o legislativo superior ao poder executivo.
O poder executivo é deixado nas mãos de uma única pessoa que também tem uma participação com o legislativo, está subordinado a ele e dele depende, podendo ser a vontade dele substituído ou alterado, não é o poder executivo que está isento da subordinação, mas o poder executivo supremo investido em uma só pessoa.
Em uma sociedade política organizada, que se apresenta como um conjunto independente e que age segundo sua própria natureza, ou seja, que age para a preservação da comunidade, só pode existir um poder supremo, que é o legislativo, ao qual todos os outros estão e devem estar subordinados; não obstante, como o legislativo é apenas um poder fiduciário e se limita a certos fins determinados, permanece ainda no povo um poder supremo para destituir ou alterar o legislativo quando considerar o ato legislativo contrário à confiança que nele depositou; pois todo poder confiado como um instrumento para se atingir um fim é limitado a esse fim, e sempre que esse fim for manifestamente negligenciado ou contrariado, isto implica necessariamente na retirada da confiança, voltando assim o poder para as mãos daqueles que o confiaram, que podem depositá-lo de novo onde considerarem melhor para sua proteção e segurança.
“[...], a comunidade tem sempre o poder supremo, mas contanto que não seja considerada submissa a qualquer forma de governo, porque o povo jamais pode exercer este poder antes do governo ser dissolvido.” (LOCKE p.76)
Em todo caso, enquanto o governo subsistir, o legislativo é o poder supremo, pois aquele que pode legislar para um outro lhe é forçosamente superior; e como esta qualidade de legislatura da sociedade só existe em virtude de seu direito de impor a todas as partes da sociedade e a cada um de seus membros leis que lhes prescrevem regras de conduta e que autorizam sua execução em caso de transgressão, o legislativo é forçosamente supremo, e todos os outros poderes, pertençam eles a uma subdivisão da sociedade ou a qualquer um de seus membros, derivam dele e lhe são subordinados.
“Em algumas comunidades civis em que o legislativo nem sempre existe, e o executivo está investido em uma única pessoa, que tem também uma participação no legislativo, àquele personagem único em um sentido bem tolerável pode ser também chamado de supremo.” (LOCKE p.76)
Quando o poder executivo é depositado nas mãos de uma única pessoa que também tem uma participação no legislativo, está visivelmente subordinado a este e dele depende, podendo ser à vontade substituído ou alterado; não é então o poder executivo supremo que está isento de subordinação, mas o poder executivo supremo investido em uma só pessoa, que, tendo uma participação no legislativo, não está subordinado a nenhum legislativo distinto e superior nem tem de lhe prestar contas, salvo na medida em que ele mesmo o aceite e consinta; neste caso, pode-se então concluir que ele só está subordinado ao que julga bom, o que será muito pouco.
Os outros poderes de uma comunidade civil, se multiplicam com variedade de costumes e constituições de comunidades distintas.
Não é necessário o poder legislativo ser permanente.
“Mas a existência do poder executivo é absolutamente necessária, pois nem sempre há a necessidade de serem feitas novas leis, mas é sempre necessária a aplicação das leis existentes.” (LOCKE p.77) 
O poder de reunir e destituir o legislativo, confiado ao executivo, não concede a este nenhuma superioridade, mas define uma missão de confiança da qual ele é encarregado para garantir a segurança das pessoas em um caso em que a incerteza e a mutabilidade dos problemas humanos não podem se acomodar dentro de uma regra fixada.
“As coisas do mundo seguem um fluxo tão constante que nada permanece muito tempo no mesmo estado.” (LOCKE p.78)
Assim, o povo, as riquezas, o comércio, o poder, mudam suas estações, cidades poderosas e prósperas se transformam em ruínas e se transformam em locais abandonados e desolados, enquanto outros locais ermos se transformam em países populosos, repletos de riquezas e habitantes.
 “Em um governo como este de que falamos, em que o povo, após ter estabelecido o legislativo, não tem mais o poder de agir enquanto o governo subsistir, o mal parece sem solução.” (LOCKE p.78)
“A regra Salus Populi suprema lex é certamente tão justa e fundamental que aquele que a segue com sinceridade não corre um risco grande de errar.” (LOCKE p.79)
Por isso, se o executivo, que tem o poder de convocar o legislativo, considerar a representação em suas proporções verdadeiras e não suas modalidades acidentais, e se regulamentar pela razão objetiva e não pelos antigos costumes para determinar o número dos eleitos de cada uma das localidades que enviam representantes, privilégio ao qual uma parte do povo, mesmo associado, não poderia pretender senão na medida de sua contribuição ao bem público, esta decisão não tem de modo algum por efeito a instauração de um poder legislativo novo; ao contrário, ela restaura o poder legislativo antigo, o verdadeiro, e corrige os defeitos que, com o passar do tempo, vão sendo introduzidos de maneira insensível, mas inevitável.
CAPÍTULO XIV 
DA PREROGATIVA
Locke, afirma que a natureza da prerrogativa é o poder de agir em prol do bem público e, com frequência sem a prescrição da lei. 
Para Locke, cabe o poder Executivo interpretar a lei para que não haja injustiça e inocentes venha a ser prejudicados.
Dois poderes que estão em mãos diferentes.
Legislativo e Executivo.
Locke, dizia que o executivo acaba ganhando uma responsabilidade maior sobre o bem comum.
Ele também afirmava que o Legislativo não dava conta de todos os acidentes e incidentes que acontecia na sociedade.
Quando os poderes legislativo e executivo se encontram em mãos distintas (assim como em todas as monarquias moderadas e governos bem estruturados), o bem da sociedade exige que várias coisas fiquem a cargo do discernimento daquele que detêm o poder executivo.
Como os legisladores são incapazes de prever e prover leis para tudo o que pode ser útil à comunidade, o executor das leis, possuindo o poder em suas mãos, tem pela lei comum da natureza o direito de utilizá-lo para o bem da sociedade em casos em que a lei civil nada prescreve, até que o legislativo possa convenientemente se reunir para preencher esta lacuna.
“Este poder de agir discricionariamente em vista do bem público na ausência de um dispositivo legal, e às vezes mesmo contra ele, é o que se chama de prerrogativa.” (LOCKE p.79)
É fácil imaginar que no início dos governos, quando as comunidades civis pouco diferiam das famílias quanto ao número de pessoas, também pouco diferiam delas quanto ao número de leis; e como os governantes atuavam quase como pais e velava pelo seu bem-estar, o governo se identificava quase inteiramente com a prerrogativa.
“As pessoas que dizem que o povo abusou da prerrogativa quando a fez definir, sobre um ponto qualquer, por leis positivas, tem uma ideia muito falsa de governo.” (LOCKE p.80)
Quem examinar a história da Inglaterra verá que a prerrogativa foi sempre maior nas mãos dos príncipes mais sábios e melhores, porque o povo, observando que a tendência geral de suas ações era o bem público, não contestava o que era feito sem o respaldo legal; ou se alguns desvios mínimos, visando o bem-estar público, manifestavam alguma sombra defragilidade ou erro humano (uma vez que os príncipes são homens como todos os outros), quando percebia que a principal intenção de sua conduta era a preocupação com o bem público.
Na Inglaterra, o poder de convocar os parlamentos, assim como determinar sua data, local e duração, é certamente uma prerrogativa do rei, mas ainda com esta confiança de que ele será exercido para o bem da nação, como assim o requererem as exigências do momento e a diversidade das circunstâncias; como é impossível prever quais seriam o local e a época mais adequados para reuni-los, sua escolha foi deixada a cargo do poder executivo, do modo mais proveitoso ao bem público e mais conveniente aos objetivos dos parlamentos. 
 
No domínio da prerrogativa surge sempre a velha questão: Quem julgará se este poder está sendo utilizado de modo legítimo? Eu respondo: Entre um poder executivo constituído, detentor desta prerrogativa, e um legislativo que depende da vontade daquele para se reunir, não pode haver juiz na terra.
Capítulo XV
DO PODER PATERNO, POLÍTICO E DESPÓTICO CONSIDERADOS EM CONJUNTO
 A natureza dá o primeiro destes poderes, ou seja, o pátrio poder, aos pais, no interesse de seus filhos durante a sua minoridade, para suprir sua ausência de habilidades e sua falta de entendimento sobre como administrar sua propriedade.
O poder paterno ou parental, é aquele que os pais tem sobre os filhos até que eles atinjam um estado de discernimento para compreender as regras que regem a sociedade.
Capítulo XVI
DA CONQUISTA
	A conquista está longe de estabelecer qualquer governo, assim como a demolição de uma casa está longe da construção de outra nova em seu lugar. Locke nos diz que tal forma de poder é algo muito comum em guerras, e que não é uma forma legítima de manifestação do poder político.
	A conquista através da guerra, é comparada a um ladrão que tem um patrimônio, nesse contexto, sob ameaça de uma arma, seria legítima a entrega da propriedade a outrem? Jamais aquele que conquista em guerra injusta pode ter qualquer direito à submissão e obediência por parte conquistada.
	O direito da conquista se estende somente à vida dos que tomaram parte na guerra.
	Se pode, isso então significa o fim de todos os contratos livres e voluntários do mundo. Basta existir poder suficiente para anulá-los a qualquer momento.
	
“Como lei fundamental da natureza exige que todos sejam preservadas na medida do possível, em consequência disso, se não existe o bastante para satisfazer a ambos, ou seja, para as perdas do conquistador e para o sustento dos filhos, aquele que está provido, até com excesso, deve renunciar a uma parte de sua indenização plena e ceder lugar àqueles que correm o risco de perecer sem ela” (pág.199)
	
Fica evidente então que, se alguém abala um poder ao qual foi submetido pela força e não pelo direito, esta ação recebe o nome de rebelião, mas não constitui um pecado diante de Deus, que, ao contrário, a aprova e autoriza, sem dar qualquer importância aos acordos e aos pactos que intervêm, uma vez que foram extorquidos pela força.
Capítulo XVII
DA USURPAÇÃO
	Nem este usurpador nem qualquer de seus sucessores jamais poderão ter um título, até que o povo esteja ao mesmo tempo em liberdade de consentir e tenha realmente consentido em reconhecê-lo e permitir-lhe a autoridade que eles até então lhes usurparam.
	Quem quer que exerça qualquer parcela do poder por outros meios que não aqueles prescritos pelas leis da comunidade civil não tem o direito de exigir obediência.
	Assim, só a sociedade, e de forma que a lei estabelecer, é a legitimidade para a escolha de seus dirigentes, não se tornando jamais submissa a qualquer forma de poder.
Capítulo XVIII
DA TIRANIA
	Se a usurpação é exercício do poder ao qual outrem tem o dinheiro, a tirania é exercício do poder além do direito que lhe fora outorgado, algo que não pode caber a ninguém. Ela consiste em fazer o uso do poder tido em mãos, não para a vontade daqueles ao qual estão sujeito.
	Segundo Locke, não só as monarquias podem ser sujeitas a tal, pois em quaisquer formas de governo nos quais o poder de um legitimado se aplicar para fins serão os de interesse de seu povo, tal governo encontrar-se-á em uma tirania.
	“E isto que ocorre cada vez que alguém faz uso do poder que detém, não para o bem daqueles sobre os quais ele exerce, mas para sua vantagem pessoal e particular (…)” (pág.208)
Capítulo XIX
DA DISSOLUÇÃO DO PODER
	Locke busca ao início a distinção de dois termos: a dissolução da sociedade, vez que esta perde a capacidade de autogestão.
Há também segundo Locke, a possibilidade de dissolução dos governos por motivos internos:
Quando se altera o poder legislativo sem o prévio consentimento da sociedade, o que ocorre: “A constituição do legislativo é o ato primeiro e fundamental da sociedade, em virtude desse ato, os associados preveem a manutenção de sua união, remetendo-se ao consentimento do povo e a sua escolha para designar as pessoas que os governarão e para habilitar as pessoas que farão as leis que regerão seus atos, de maneira que nenhum indivíduo, nenhum grupo entre eles tenha o poder de legislar por outros procedimentos”. (pág.216)
Quando o legislativo ou o príncipe agem contrariamente ao encargo que receberam, ou seja, a preservação da propriedade fator responsável por sua criação.
“Existe ainda mais um modo pelo qual um governo desse tipo pode ser dissolvido, ou seja, quando aquele que tem o poder executivo supremo negligenciado e abandona o seu cargo, impedindo assim a execução das leis já existentes. Isto equivale, é claro, a reduzir tudo à anarquia, e assim, efetivamente, dissolver o governo.” (pág.219)
	Para concluir, o poder que cada indivíduo deu à sociedade quando nela entrou jamais pode reverter novamente aos indivíduos enquanto durar aquela sociedade. Mas se tiverem estabelecido limites para a duração de seu legislativo, e tornado temporário este poder supremo confiado a qualquer pessoa ou assembleia; ou ainda quando por malfeitos daqueles detentores da autoridade o poder é confiscado; pelo confisco, ou por determinação do tempo estabelecido, ele reverte à sociedade, e o povo tem o direito de agir como supremo e exercer ele próprio o poder legislativo; ou ainda colocá-lo sob uma nova forma ou em outras mãos, como achar melhor.
CONCLUSÃO
Fundamentado no direito natural e no estado natural, traz na liberdade a essência da soberania Política, tendo influenciado a Declaração de Independência dos Estados Unidos e se tornado um ícone do liberalismo político moderno. Locke sustenta sua tese em duas questões: Quais são as fontes e os limites de uma autoridade política legítima? Isto é, porque devemos obedecer aos governantes e em quais circunstâncias podemos nos opor a eles? Ao discutir a organização e os fins da sociedade política e do Governo, Locke defende aqui as teorias da supremacia parlamentar, do estado de direito e de um governo constitucional.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LOCKE, John. O Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Tradução: Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Editora Vozes: Petrópolis, 1994

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