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Paulo Roberto Galvão Contabilidade geral 030303 Sumário CAPÍTULO 2 – As Contas de Resultado .............................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 2.1 Receitas ..................................................................................................................05 2.1.1 Classificação das receitas .................................................................................06 2.2 Despesas .................................................................................................................07 2.2.1 Regime de caixa versus regime de competência ..................................................08 2.3 Custos ....................................................................................................................09 2.4 A Demonstração do resultado do exercício ..................................................................11 2.4.1 Estrutura da DRE .............................................................................................13 2.4.2 O efeito da apuração do resultado no balanço patrimonial .................................16 Síntese ..........................................................................................................................18 Referências Bibliográficas ................................................................................................19 Capítulo 2 Introdução Você já deve saber que, com exceção das entidades sem fins lucrativos, toda empresa privada nasce para dar “lucro” aos seus investidores. Mas, afinal, o que é lucro? Pode-se dizer que é o resultado positivo da diferença entre entradas e saídas de recursos finan- ceiros durante o ciclo operacional de uma empresa. O lucro representa a remuneração do capi- tal investido pelos sócios. Para calculá-lo, é preciso conhecer a movimentação dos recursos. Você sabe que tipos de entradas e saídas existem nas operações cotidianas das empresas? Imagine que duas pessoas têm uma reserva financeira e desejam fazer esse dinheiro se multiplicar. Elas podem investi-lo no mercado financeiro e receber juros sobre o investimento, ou empreender e montar um negócio. Embora o investimento no mercado também seja uma forma de se obter remuneração sobre o capital, investir em meios de produção, além de gerar lucro, gera emprego, renda, tributos etc. A decisão pelo investimento em meios de produção, em vez da especulação financeira, é, inclusive, socialmente correta. No entanto, é necessário que o investidor tenha o retorno desejado sobre o capital investido para que continue investindo e aquecendo a economia. As entradas ou receitas podem ser classificadas em operacionais ou não operacionais e, nor- malmente, estão relacionadas à atividade operacional da empresa e ao faturamento das vendas de produtos, mercadorias ou serviços. Já as saídas ou gastos se classificam em investimentos, custos e despesas – as duas últimas modalidades impactam o resultado, afetando o patrimônio líquido (PL). E você entende por que o resultado afeta o PL? Veja que o patrimônio líquido representa uma parcela do capital próprio, sendo uma origem de recursos não exigíveis, que financia as operações da empresa; além disso, ao PL pertence o resul- tado obtido. Ou seja, se o resultado for lucro, aumenta o PL, se o resultado for prejuízo, diminui. As contas que afetam o patrimônio líquido são chamadas de contas de resultado e também são objeto de estudo da contabilidade, cujo principal demonstrativo é a demonstração do resultado (DRE). 2.1 Receitas As receitas representam as entradas de recursos na empresa e aumentam o PL. Elas podem ser oriundas de sua atividade-fim, as chamadas receitas operacionais, ou ainda, de natureza di- versa, as chamadas receitas não operacionais. São registradas na contabilidade segundo o chamado regime de competência. Em outras pa- lavras, sua contabilização deve ser registrada no momento da ocorrência do fato gerador, inde- pendente da entrada, ou não, do dinheiro no caixa ou no banco. Reconhecimento de receitas 4.47. A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos 05 As Contas de Resultado 06 Laureate- International Universities Contabilidade geral ativos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga). 4.48. Os procedimentos normalmente adotados, na prática, para reconhecimento da receita, como, por exemplo, a exigência de que a receita tenha sido ganha, são aplicações dos critérios de reconhecimento definidos nesta Estrutura Conceitual. Tais procedimentos são geralmente direcionados para restringir o reconhecimento como receita àqueles itens que possam ser mensurados com confiabilidade e tenham suficiente grau de certeza (COMITÊ..., 2011, p. 35). Observe, nesse aspecto, que o regime de competência pressupõe o reconhecimento das receitas independentemente do recebimento dos respectivos numerários, podendo ocorrer situações em que, embora a receita seja reconhecida pela contabilidade, o recebimento se concretize. As receitas podem ser consideradas, portanto, entradas de ativos ou diminuição de passivos e podem ser oriundas de atividades rotineiras ou não. As receitas mais comumente encontradas nas empresas são: vendas de mercadorias, produtos, serviços ou ativos, receitas financeiras, receitas de aluguéis. 2.1.1 Classificação das receitas Como você já viu, as receitas podem ser classificadas de diferentes maneiras, a fim de fornecer informações relevantes para a tomada de decisões gerenciais. Normalmente, são classificadas como operacionais e outras receitas, ou não operacionais. É comum a distinção entre as pro- venientes de atividades usuais e as demais receitas. Compreenda que isso possibilita, ao gestor, identificar a capacidade de geração de caixa ou benefício futuro do seu negócio, pois as receitas operacionais representam o ingresso de recursos gerados pela atividade-fim da empresa. Por exemplo, uma empresa cujo objetivo seja a comercialização de produtos alimentícios terá como principal receita operacional a venda de alimentos; uma que preste serviços de engenharia, a venda de seus serviços, Assim, uma receita não operacional, como a venda de um ativo não circulante, é uma receita extraordinária, momentânea, mas relevante, capaz de distorcer a análise do resultado de um período. Pode ser, inclusive, que as vendas da empresa, nesse período, tenham sido baixas e as despesas elevadas, o que geraria um prejuízo operacional; mas a venda de um imóvel aumen- taria a receita, fazendo com que a empresa apresentasse lucro. Nesse caso, a empresa recebeu mais do que gastou, ainda que o lucro não tenha sido gerado pelas operações normais, mas pela alienação de um ativo. Você sabe quais receitas podem ser classificadas como operacionais? Pode-se dizer que todas aquelas relacionadas à atividade-fim da empresa, ou seja, à operação: • Venda à vista: a empresa vende seus produtos mediante pagamento à vista, gerando caixa imediato. Nesse caso, existe a troca de um bem (mercadoria ou produto) por outro (dinheiro), normalmente com ganho (lucro), representado pela diferença entre o preço de venda e o custo de aquisição ou fabricação e as despesas. • Venda a prazo: a lógica é a mesma, mas a troca não é de um bem por outro bem, é de um bem por um direito; já que a entrada do dinheiro ocorreráno futuro, e a empresa passa a ter o direito de receber na data do vencimento. • Juros sobre aplicações financeiras: a aplicação financeira dos excedentes de caixa gerados pela operação da empresa resulta em um ganho, que também deve ser considerado receita operacional. • Liquidação de uma obrigação com desconto: se a empresa paga uma duplicata antecipadamente e recebe um desconto, esse ganho deve ser considerado uma receita; sendo a duplicata oriunda da operação, tal receita deve ser considerada operacional. 07 E quais receitas devem ser classificadas como não operacionais? Nesse subgrupo, são regis- tradas as entradas de recursos que, independente da frequência, não estejam relacionadas à atividade-fim da empresa: • Venda de um ativo imobilizado: a empresa pode se desfazer de um de seus ativos imobilizados (móveis, imóveis etc.), e o dinheiro obtido nessa venda, embora seja uma receita, não está relacionado à atividade-fim, tratando-se de uma receita não operacional; • Outras receitas: também devem ser classificadas como não operacionais as receitas oriundas de incentivos fiscais, locação de imóveis (desde que a atividade empresarial não seja a locação), doações, subvenções etc. 2.2 Despesas As contas de resultados, no que tange às saídas de recursos ou à diminuição do PL, devem ser consideradas como: [...] os decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais (COMITÊ..., 2011, p. 30). As despesas são uma das formas dessas saídas, e sua principal característica é o fato de relacio- narem-se à obtenção de receitas, não estando diretamente associadas a produtos, mercadorias ou serviços. Existem, ainda, as perdas, que também são consideradas saídas, porém não estão relacionadas à obtenção das receitas. Mesmo assim, são responsáveis pela redução de ativos, por consequência de eventuais sinistros, como acidentes de trânsito, incêndios, inundações, catástrofes naturais etc. Assim como acontece com as receitas, os gastos ligados ao objetivo empresarial são classifica- dos como despesas operacionais e podem ser divididos em: • Despesas administrativas: são necessárias ao desempenho das atividades administrativas, como salários de funcionários administrativos e os respectivos encargos, aluguéis de imóveis utilizados pelo administrativo, seguros, água, energia elétrica, telefonia, despesas com veículos de uso administrativo etc. • Despesas financeiras: são os gastos com juros e multas de mora, correção monetária, variação cambial passiva etc. • Despesas com vendas: são os gastos com salários dos vendedores, comissões sobre as vendas, despesas com publicidade e propaganda, fretes na entrega das mercadorias/ produtos etc. 08 Laureate- International Universities Contabilidade geral Em qual momento as despesas são reconhecidas pela contabilidade? Devem ser reco- nhecidas na demonstração do resultado, quando ocasionarem decréscimo nos bene- fícios econômicos futuros, relacionado à redução de um ativo ou ao aumento de um passivo, e puderem ser mensuradas com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da despesa ocorre simultaneamente ao reconhecimento do aumento nos passivos ou da diminuição nos ativos (por exemplo, a alocação por competência de obrigações trabalhistas ou a depreciação de equipamento) (COMITÊ..., 2011, p. 35). NÓS QUEREMOS SABER! 2.2.1 Regime de caixa versus regime de competência Basicamente, o reconhecimento de receitas, custos e despesas deve obedecer ao regime de competência, ou seja, deve estar relacionado à data de ocorrência do fato gerador. Veja, por exemplo, um funcionário que trabalhou durante o mês de janeiro e recebeu seus vencimentos no quinto dia do mês de fevereiro. Nesse caso, embora o desencaixe (saída dos recursos do caixa) ocorra no mês de fevereiro, o mês de competência é o de janeiro, pois, no referido período, a empresa passou a ter a obrigação (passivo) de pagar o salário. Dessa forma, com o “nascimen- to” da obrigação (salário a pagar), a contabilidade reconhece a ocorrência da despesa no mês de competência. O mesmo ocorre com as receitas e os custos. Quando uma mercadoria é vendida a prazo, no momento em que a posse e a propriedade são transmitidas ao cliente, mediante entrega do bem e emissão da nota fiscal, a empresa adquire o direito de receber o valor constante na duplicata, reconhecendo tal direito no seu ativo circulante (duplicatas a receber). Assim, ela deve reconhe- cer a receita como venda de mercadoria, independente do momento em que receba o dinheiro; pois, por ocasião do recebimento, o evento contábil será chamado de fato permutativo, ou seja, a troca de um direito (duplicatas a receber) por um bem (dinheiro), caracterizando um evento pa- trimonial que não afetará o resultado. Embora a contabilidade reconheça as receitas, os custos e as despesas pelo regime de competência, a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) faculta aos optantes pelo Lucro Presumido e pelo Simples Nacional o reconhecimento de suas receitas, para fins de apuração do IRPJ, pelo regime de caixa. Nessa situação, compreenda que as receitas devem ser controladas por relatórios auxiliares, mediante comprovação por docu- mentos idôneos, e registradas no momento da entrada do dinheiro em caixa, independentemente do momento da ocorrência do fato gerador. Quanto a isso, reflita sobre duas questões: 1. Embora a legislação admita a escrituração de um Livro Caixa em detrimento da contabilidade, a empresa deve manter a escrituração contábil regular para atender às normas do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), do Código Civil e de outras legislações aplicáveis. 2. A opção pelo reconhecimento das receitas pelo regime de caixa, para fins de apuração do IRPJ, pode ser interessante para a empresa, mas requer um estudo (planejamento tributário) que demonstre tal vantagem. 09 A obra “Fundamentos da Contabilidade: a nova contabilidade no con- texto global” destina um capítulo para o estudo das contas de resulta- do e para a DRE. Com uma linguagem acessível, os autores utilizam exem- plos práticos e uma série de exercícios para a fixação do aprendizado. Consulte: YAMAMOTO, Mariana Mitiyo; PACCEZ, João Domiraci; MALACRIDA, Jane Contrera. Fundamentos da Contabilidade: a nova contabilidade no contexto global. São Paulo: Saraiva, 2011. NÃO DEIXE DE LER... 2.3 Custos Muito se fala em redução de custos, principalmente em momentos de crise. Você sabe o que são custos? Os custos, assim como as despesas, são as saídas de recursos que diminuem o PL. No entanto, enquanto as despesas representam um sacrifício financeiro para a obtenção de receitas, os cus- tos são aqueles recursos utilizados ou consumidos na obtenção, na fabricação ou na execução das mercadorias, dos produtos ou dos serviços, respectivamente. Veja um exemplo de como os custos podem ser identificados: para fabricar uma cadeira, são necessários vários elementos de produção, como mão de obra do trabalhador, madeira, parafu- sos, tecido, tinta e energia elétrica, para que funcionem as máquinas e os equipamentos neces- sários para a transformação dos insumos em um produto acabado. Além desses, também há o aluguel do imóvel da área produtiva, a depreciação de máquinas e equipamentos etc. Todos os elementos necessários ao processo de produção da cadeira compõem o custo de fabricação do produto, que pode ser dividido em custos diretos e indiretos, fixos ou variáveis: • Custo direto é aquele que se pode facilmente identificar e quantificar em cada item do produto, como a mão de obra direta e a matéria-prima. • Custo indireto é aqueleque, não podendo ser identificado e quantificado individualmente, é atribuído aos produtos por rateio. Por exemplo, a mão de obra indireta (chefes, gerentes encarregados etc.), o rateio da energia elétrica, do aluguel, entre outros. • Custo fixo é aquele que independe da quantidade produzida, ou seja, se a empresa produzir dez, quinhentas ou mil unidades, o seu valor não se altera. São considerados custos fixos o aluguel, a depreciação normal, os salários fixos etc. No exemplo anterior, suponha que a empresa pague um aluguel mensal de R$ 1.000,00 pelo galpão industrial. No mês em que se produzir quinhentas unidades, o rateio do aluguel representará R$ 2,00 no custo unitário dos itens produzidos. Já no mês em que a empresa produzir mil unidades, o custo unitário do aluguel será de R$ 1,00. Podemos concluir, então, que o custo fixo varia na unidade, de forma que, quanto mais unidades forem produzidas dentro da capacidade de produção, menor será o impacto dos custos fixos sobre o produto. • Custo variável é aquele que aumenta na mesma proporção que a produção, como é o caso dos materiais diretos. Imagine que a empresa consuma R$ 10,00 de madeira para fabricar uma unidade de seu produto. No mês em que fabricar 500 unidades, o custo com madeira será de R$ 5.000,00. No mês em que fabricar 1.000 unidades, o gasto será de R$ 10.000,00. Observe que, embora no primeiro mês a empresa gastasse R$ 5.000,00 com madeira e, no segundo, R$ 10.000,00, cada item consumiu, individualmente, R$ 10,00 de madeira, ou seja, o custo variável é fixo na unidade. 10 Laureate- International Universities Contabilidade geral Custo �xo / Custo variável Custos Volume de Produção Custos Variáveis Custos Fixos Figura 1 - Gráfico da relação custo × volume. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Como você pode observar, os gastos necessários para a manutenção das atividades de uma em- presa podem ser de diversas categorias. A Figura 2 apresenta um fluxo operacional sobre o qual faremos uma reflexão em relação as entrada e saídas: Estoque de matéria-prima Produtos em elaboração Produtos acabados Compras Contas a pagar / Contas a receber Faturamento / Expedição Figura 2 - Fluxo operacional. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Analisando o fluxo apresentado na Figura 2, podemos notar que o departamento de compras é o responsável pela aquisição de matérias-primas. Essa operação não representa diminuição ou aumento do PL, pois, se a compra for à vista, troca-se um bem (dinheiro) por outro bem (matéria- 11 -prima); se for a prazo, adquire-se um bem (matéria-prima) e, ao mesmo tempo, uma obrigação (fornecedores). Esse tipo de gasto é considerado um investimento. Quando as matérias-primas são requisitadas em uma ordem de produção e entram no processo de elaboração, inicia-se um processo de geração de valor agregado ao produto por força da troca de ativos; ou seja, a utilização de materiais e o consumo de outros bens dão origem a um novo bem (produto acabado). Começa, então, o processo de venda, ou seja, a transformação de um bem em outro bem de maior valor, pois o objetivo das empresas é a obtenção de lucros. Para isso, os produtos acabados são vendidos por um preço de venda, que é igual ao preço de custo mais a margem de lucro desejada. É no momento em que se efetua a venda que devem ser reconhecidos a receita e os custos, pois os produtos acabados entregues aos clientes deverão ser baixados do estoque pelo preço de custo. Para melhor ilustrar a situação, veja um exemplo com números fictícios: • Uma empresa de marcenaria adquire R$ 1.000,00 em madeira, que passa a fazer parte de seu estoque de matéria-prima. Metade dessa madeira é requisitada em uma ordem de produção para a fabricação de um móvel, que consumirá, além da madeira, o equivalente a R$ 300,00 de mão de obra direta e R$ 150,00 de outros custos indiretos (rateio de energia, aluguel, depreciação etc.). O móvel será vendido por R$ 1.250,00. Nesse caso, a receita de vendas será de R$ 1.250,00, e o custo do produto vendido (CPV) será de R$ 950,00, representado pela soma dos gastos com madeira, mão de obra e custos indiretos (R$ 500,00 + R$ 300,00 + R$ 150,00). Haveria, então, um lucro bruto de R$ 300,00. Perceba que a principal ferramenta para que as empresas possam apurar corretamente seus re- sultados é a Demonstração do Resultado. O livro “Contabilidade Básica” apresenta a mecânica da escrituração con- tábil, buscando uma visão conjunta do balanço patrimonial e da DRE. Apre- senta ainda alguns aspectos tributários e legais que contribuem para o en- tendimento da lógica da apuração do resultado pelas empresas. Confira: MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. NÃO DEIXE DE LER... 2.4 A Demonstração do resultado do exercício Assim como as contas patrimoniais, as contas de resultado devem ser estruturadas de acordo com as normas da contabilidade. O demonstrativo utilizado para a apuração dos resultados empresariais é a DRE, cujo objetivo é apresentar, de forma resumida, o resultado apurado nas operações realizadas em um determinado período, normalmente, de doze meses. O Quadro 1 apresenta um modelo simplificado de DRE: 12 Laureate- International Universities Contabilidade geral Tabela1 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendas de Produtos Vendas de Mercadorias Prestação de Serviços (-) DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA Devoluções de Vendas Abatimentos Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CUSTOS DAS VENDAS Custo dos Produtos Vendidos Custo das Mercadorias Custo dos Serviços Prestados = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas Com Vendas Despesas Administrativas (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras (-) Despesas Financeiras Variações Monetárias e Cambiais Passivas (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas OUTRAS RECEITAS E DESPESAS Resultado da Equivalência Patrimonial Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante (-) Custo de Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante = RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro = LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES (-) Debêntures, Empregados, Participação de Administradores, Partes Bene�ciárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados. (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Quadro 1 - Modelo simplificado de DRE. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Como você pode ver, a DRE é um relatório que apresenta as contas de resultado com o objetivo de confrontar as receitas com os custos e as despesas, apurando, assim, o resultado líquido do exercício. Sua estrutura é verticalizada e começa com as receitas, seguidas pelas deduções, pelos 13 custos e, por fim, pelas despesas. Assim como no caso do plano de contas, a DRE, atendidas as exigências legais, deve ser estruturada para dar o melhor grau de detalhamento possível, segun- do as necessidades dos gestores. É importante observar que, na apuração do resultado líquido do exercício, o resultado contábil não necessariamente é igual ao fiscal, pois, para isso, existem mecanismos, como o livro de apuração do lucro real (LALUR). O resultado contábil é, na sua essência, gerencial e deve dar ao gestor uma visão bem definida dos resultados operacionais e não operacionais. Gerencialmente, a DRE é um demonstrativo que oferece ao gestor várias análises importantes: • Rentabilidade; • Lucratividade; • Retorno do investimento; • Rotatividade; • Prazos médios. Por esse motivo, entenda que a estrutura da DRE deve ser elaborada de maneira a oferecer clare- za e fidedignidadeàs informações, a fim de proporcionar o maior detalhamento possível para a construção dos índices e indicadores necessários à análise da referida demonstração financeira. 2.4.1 Estrutura da DRE A DRE apresenta como primeiro elemento as receitas, e elas podem ser classificadas de acordo com sua natureza. Veja um exemplo no Quadro 2: DRE RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de produtos Vendas dentro do Estado Vendas fora do Estado Exportações Venda de mercadorias Vendas dentro do Estado Vendas fora do Estado Exportações Prestação de serviços Vendas à vista Vendas a prazo Quadro 2- Detalhamento das receitas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Para fins de tributação, se a DRE apresentar o total da receita bruta operacional sem detalhar as naturezas, a apuração dos tributos não será afetada, mas, gerencialmente, fará muita diferen- 14 Laureate- International Universities Contabilidade geral ça saber quanto foi vendido de produtos, de mercadorias e de serviços, assim como, para quem a venda foi feita (destino), em que condições de pagamento etc. Logo em seguida, a DRE apresenta as deduções, que nada mais são do que os ajustes na receita bruta, necessários para corrigir distorções causadas tanto por impostos incidentes sobre as ven- das, como pela ocorrência de eventos, como devoluções, cancelamentos e outros que alterem o valor previsto das entradas. São deduções da receita bruta o IPI, o ICMS, os abatimentos, as devoluções e as vendas cancela- das. Feito o abatimento das deduções permitidas pela legislação, teremos a receita operacional líquida, conforme exemplo do Quadro 3: DRE RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de produtos Vendas dentro do Estado Vendas fora do Estado Exportações Venda de mercadorias Vendas dentro do Estado Vendas fora do Estado Exportações Prestação de serviços Vendas à vista Vendas a prazo (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devolução de vendas Abatimentos Impostos e contribuições incidentes sobre vendas (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA Quadro 3 - Deduções da receita bruta. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Uma vez encontrada a receita operacional bruta, é necessário que se subtraiam os custos, a fim de se obter o resultado operacional líquido, que reflete a performance das receitas operacionais frente aos custos de produção. Nesse ponto, a empresa também poderá definir o grau de deta- lhamento de acordo com suas necessidades, conforme o Quadro 4: 15 DRE RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de produtos Vendas dentro do Estado Vendas fora do Estado Exportações Venda de mercadorias Vendas dentro do Estado Vendas fora do Estado Exportações Prestação de serviços Vendas à vista Vendas a prazo (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devolução de vendas Abatimentos Impostos e contribuições incidentes sobre vendas (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CUSTOS DAS VENDAS Custo dos produtos Vendidos Custo dos Produtos vendidos dentro do Estado Custo dos Produtos vendidos fora do Estado Custo dos Produtos vendidos nas Exportações Custo das Mercadorias Custo das Mercadorias vendidas dentro do Estado Custo das Mercadorias vendidas fora do Estado Custo das Mercadorias vendidas nas Exportações Custo dos Serviços Prestados Quadro 4 - Detalhamento dos custos. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Como você já sabe, o detalhamento, tanto das receitas como dos custos, permite ao gestor uma série de análises importantes sobre o desempenho operacional da empresa. O próximo passo é conhecer o resultado antes das provisões para o imposto de renda e a contribuição social, que se obtém pela dedução das despesas do resultado operacional bruto. Nesse momento, do ponto de vista gerencial, é fundamental que a DRE seja muito bem estruturada, segmentando as despesas de forma a dar a mais ampla visão dos diversos segmentos consumidores de recursos relevantes. 16 Laureate- International Universities Contabilidade geral Qual a importância da segregação dos custos e das despesas na estruturação da DRE? Embora tanto os custos como as despesas diminuam o patrimônio líquido e, portanto, reduzam as receitas no momento da apuração do resultado, do ponto de vista opera- cional, é fundamental que se tenha o conhecimento do impacto de cada um. Você viu que os custos estão relacionados ao produto, à mercadoria ou ao serviço, enquanto as despesas estão relacionadas à obtenção de receitas. Via de regra, um esforço dire- cionado na redução de custos pode afetar a qualidade. Já uma redução nas despesas pode significar um esforço na busca da eficiência dos processos administrativos, de venda etc. NÓS QUEREMOS SABER! 2.4.2 O efeito da apuração do resultado no balanço patrimonial Você sabe que o balanço patrimonial é composto pelo ativo (bens e direitos), pelo passivo (obrigações exigíveis ou capital de terceiros) e pelo patrimônio líquido (obrigações não exigí- veis ou capital próprio). As operações das empresas, de acordo com seus respectivos objetivos sociais, envolvem eventos que alteram o seu patrimônio. Esses eventos podem ser permutativos, aumentativos ou diminutivos. Quando uma empresa, no desenvolvimento de suas atividades, obtém uma receita capaz de superar os custos e as despesas, dizemos que essa empresa teve lucro; quando as receitas são insuficientes para cobrir os gastos, prejuízo. O lucro ou o prejuízo representam a remuneração do capital empregado pelos sócios para a manutenção das atividades da empresa e, enquanto não são distribuídos aos sócios, compõem o PL na forma de resultado acumulado. Assim, quando uma empresa dá lucro em um período, seu PL aumenta; em caso contrário, ele diminui. Veja a Tabela 1: Patrimônio Líquido (+) Receitas 18.000,00 (-) Custos -4.500,00 (-) Despesas -1.800,00 Ativo 40.000,00 Circulante 30.000,00 Caixa 3.000,00 Bancos conta correntes 15.000,00 Duplicatas a receber 12.000,00 Não Circulante 0,00 Realizável a longo prazo 10.000,00 Imobilizado 10.000,00 Passivo 40.000,00 Circulante 18.300,00 Salários a pagar 12.500,00 Empréstimos de curto prazo Fornecedores 5.800,00 Tributos a recolher Dividendos a pagar Não Circulante 21.700,00 Capital Social 10.000,00 Balanço Patrimonial Tabela 1 - Impacto das contas de resultado no balanço patrimonial. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. 17 O efeito demonstrado na Tabela 1 representa o impacto das contas de resultado no PL. No en- tanto, as contas de resultado não aparecem no balanço; o que é transferido para o patrimônio líquido é apenas o resultado, contabilizado em uma conta de resultados acumulados. Vicenzo Masi é responsável pela teoria patrimonialista da contabilidade, lançada em 1924, em um artigo intitulado “A pretesa bancarrota scientifica della Ragioneria” e pu- blicado na Revista Italiana di Ragioneria. Masi escreveu que os fenômenos fundamen- tais de contabilidade requerem indagações acuradas, sendo necessária a sua observa- ção, exposição e exploração, ou seja, um tratamento científico do controle patrimonial e dos elementos de receitas, custos, despesas, entradas e saídas financeiras. VOCÊ O CONHECE? 18 Laureate- International Universities Síntese • As contas de resultado são aquelas que afetam o capital dos sócios, ou capital próprio, seja aumentando-o, seja diminuindo-o. Elas são controladas pela contabilidade, com o objetivo de apurar se houve lucro ou prejuízo em um determinado período. São contas de entrada e de saída de recursos. • As receitas são as contas de entrada de recursos e, por conseguinte, têm um impacto aumentativo no patrimônio líquido. Quanto maiores as receitas, melhor para as empresas, que terão lucro toda vez que, em determinado período, as receitas forem superiores aos custos e às despesas – a razão de existir das empresas privadascom finalidade lucrativa. • Os custos são contas redutoras do patrimônio líquido, e sua principal característica é a possibilidade de identificação e mensuração em produtos, mercadorias e serviços. A correta gestão dos custos proporciona maior lucratividade para a empresa. No entanto, reduzir custos, sem critério técnico, pode comprometer a qualidade de produtos, mercadorias ou serviços. • As despesas, assim como os custos, reduzem o patrimônio dos sócios. No entanto, representam o esforço financeiro da empresa para a obtenção das receitas. O conceito é: quanto menor melhor, mas sempre com a preocupação da manutenção da qualidade dos processos, sob pena de comprometimento da eficiência e eficácia dos negócios. • A demonstração contábil tem por objetivo a apuração do resultado líquido do exercício; trata-se da DRE. Ela é estruturada de forma a confrontar as receitas com custos e despesas. Por ser um relatório fiscal e gerencial, a DRE deve atender às exigências legais, fiscais e, principalmente, gerenciais. • O resultado apurado pela DRE é transportado para o balanço patrimonial, mais precisamente no patrimônio líquido, que aumentará em caso de lucro e diminuirá em caso de prejuízo. NÃO DEIXE DE VER... O filme “O lucro acima da vida” é baseado em uma história real, vivenciada pela direção do Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e Osasco e pelos traba- lhadores da Shell. A obra resgata a triste história dos ex-trabalhadores contaminados por agrotóxicos nas empresas Shell e Basf na cidade de Paulínia, interior de São Paulo. Síntese 19 Referências COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. CPC. Pronunciamento Conceitual Básico. CPC 00 R1. 2011. Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_ R1.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2015. Bibliográficas
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