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Apostila de leitura e produção de textos 2018

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PROF. WAGNER VIEIRA DE CARVALHO
Licenciado em Português e Latim pela UFMG
Bacharel em Direito pelo UNIBH
Especialização em Língua Portuguesa pelo UNIBH
Mestre em Educação pela UNIMARCO/SP
LEITURA
E
PRODUÇÃO DE TEXTOS
Belo Horizonte
2018
SUMÁRIO
	1. ESTRATÉGIA DE LEITURA DE OLGA MOLINA 
	03
	2. RESUMO
	03
	3. CÓDIGO PARA REVISÃO TEXTUAL 
	04
	4. CONCEITO DE TEXTO
	05
	4.1.1 Roteiro de leitura sobre coerência
	06
	4.1.2 Texto e exercícios sobre coerência 
	06
	4.1.3 Texto e exercícios sobre coesão
	11
	4.1.4 Conectores do português escrito padrão
	19
	4.1.5 Recursos de coesão 
	19
	5. PARÁGRAFO: ROTEIRO DE LEITURA
	21
	5.1.1 Texto e exercício sobre parágrafo 
	22
	5.1.2 Esquema sobre os tipos de introdução e desenvolvimento de parágrafo 
	28
	5.1.3 Como organizar o parágrafo
	28
	6. FICHAMENTO
	32
	7. RESENHA 
	33
	7.1 Dois exemplos de resenha acadêmica 
	35
	8. ARGUMENTAÇÃO LÓGICA E RETÓRICA
	37
	8.1 Como verificar o valor lógico-material de um argumento 
	40
	8.1.1 Exercícios de argumentação
	40
	8.1.2 Tipos de falácia
	45
	8.1.3 Texto sobre falácias não-formais 
	49
	9. CONCEITO DE REVISÃO E EDIÇÃO DE TEXTOS E COMO SIMPLIFICAR TEXTOS INFORMATIVOS 
	67
	10. CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL
	68
	10.1 Currículo 
	75
	10.2 Requerimento
	79
	10.3 Ata
	80
1. ESTRATÉGIA DE LEITURA DE
OLGA MOLINA
Objetivo
Desenvolver a habilidade de ler textos técnico-informativos.
Passos
Registrar, por escrito, o título e subtítulos do texto. Dessa forma, já se visualiza o esquema seguido pelo autor.
Formular perguntas sobre o texto, antes de lê-lo, fundamentadas apenas no esquema seguido pelo autor, ou seja, no título, subtítulos e, se houver, nas informações não-verbais: gráficos, charges, tabelas, etc.
Ler todo o texto e fazer um levantamento apenas das palavras não compreendidas pelo contexto.
Identificar e transcrever, com suas palavras, as idéias principais do texto, apoiando-se em dois critérios: no seu objetivo de leitura e nas marcas textuais normalmente usadas para destacar idéias, como CAIXA-ALTA, negrito, itálico, sublinhado, aspas e, principalmente, no título e subtítulos (esquema do texto).
Resumir o texto e, finalmente,
resenhá-lo.
REFERÊNCIA 
MOLINA, Olga. Lendo e aprendendo. In: ______. Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: EPU, 1992. cap. 2, p. 25-53.
2. RESUMO
Conceito
“[...] forma de reunir e apresentar por escrito, de maneira concisa, coerente e freqüentemente seletiva, as informações básicas de um texto preexistente. Em outras palavras, é a condensação de um texto, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância.” (FLÔRES et al., 1992, p.138).
Características
Apresentar, de forma sucinta, objetiva, o assunto da obra, texto, artigo, etc.;
ser seletivo e não mera repetição das idéias do autor;
evitar transcrições de frases do original; utilizar suas próprias palavras. Quando citar as do autor, colocá-las entre aspas;
empregar linguagem clara, objetiva e econômica. Optar por palavras e expressões curtas;
preferir a forma impessoal, ou seja, discurso em 3ª pessoa do singular ou do plural;
o resumo deve ser composto de uma seqüência de frases concisas, diretas e interligadas (coesão);
apresentar referência segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
REFERÊNCIA 
FLÔRES, L. L. et al. Redação: o texto técnico-científico e o texto literário. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1992.
3. CÓDIGO PARA REVISÃO TEXTUAL
ABR. = abreviatura
AL. = alinhar
AC = acentuação
CA = caixa-alta (letra maiúscula)
CB = caixa-baixa (letra minúscula)
CN = concordância nominal
CO1 = coerência (lexical, narrativa e argumentativa)
CO2 = coesão (emprego de conjunções, advérbios, pronomes, etc.)
CP = colocação pronominal
CONJ. V. = conjugação verbal
CR. = crase
CV = concordância verbal
DE = dar espaço
DIAG. = diagramação (distribuição harmônica do texto pela página)
ED. = edição
EPD = eliminar palavras desnecessárias
FORM. = formatar
FP = faltou palavra
HIF. = hifenizar
ITAL. = italicizar
NEG. = negritar
ORT. = ortografia
PAR. = paragrafação (divisão e desenvolvimento dos parágrafos no texto)
PD = palavra desnecessária
RI = referência incorreta (fora dos padrões da ABNT)
TA = tirar aspas
TE = tirar espaço
VG = vírgula
4. CONCEITO DE TEXTO
Etimologia
Do latim textu- (entrelaçamento, tecido), derivado do verbo texere (tecer, tramar, urdir; construir, edificar), cuja origem remonta ao sânscrito taks (fabricar).
Conceito
“[...] unidade lingüística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.” (KOCH; TRAVAGLIA, 1993, p. 8-9).
“[...] o texto se constitui de um conjunto de pistas destinadas a orientar o leitor na construção do sentido [...].” (KOCH, 2003, p. 62)
REFERÊNCIAS 
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
	Prof. Wagner Carvalho
Conteúdo: Coerência e coesão
Referência 
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 8. ed. São Paulo: Ática, 1994. 
5. ROTEIRO DE LEITURA SOBRE COERÊNCIA
Questões
Com suas palavras, conceitue os três tipos de coerência: narrativa, figurativa e argumentativa.
Redija três textos pequenos, com no mínimo três parágrafos, em que sobressaiam: no primeiro, alguma coerência narrativa; no segundo, figurativa; no terceiro, argumentativa. Ao final, intitule seus textos.
Solucione os exercícios da apostila sobre coerência e coesão.
COERÊNCIA
Observe o texto que segue:
Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida. Esse texto, uma redação escolar, apresenta uma incoerência: se o menino era tão fraco que quase não podia carregar a cesta de amendoins, como conseguiu carregar um homem corpulento até o carro?
Quando se fala em redação, sempre se aponta a coerência das idéias como uma qualidade indispensável para qualquer tipo de texto. Mas nem todos explicam de maneira clara em que consiste essa coerência, sobre a qual tanto se insiste, e como se pode consegui-la.
Coerência deve ser entendida como unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. No texto coerente, não há nenhuma parte que não se solidarize com as demais.
Todos os elementos do texto devem ser coerentes. Vamos mostrar apenas três dos níveis em que a coerência deve ser observada:
coerência narrativa;
coerência figurativa;
coerência argumentativa.
Vamos partir de exemplos de incoerências, mais simples de perceber, para mostrar o que é coerência.
Coerência narrativa
É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem freios, que pára imediatamente,depois de ser brecado, quando uma criança lhe corta a frente.
A preocupação com a coerência e a unidade do texto pressupõe que se conjuguem apropriadamente esses elementos.
Se na narrativa aparecem indicadores de que um personagem é tímido, frágil e introvertido, seria incoerente atribuir a esse mesmo personagem o papel de líder e agitador dos foliões por ocasião de uma festa pública. Obviamente, a incoerência deixaria de existir se algum dado novo justificasse a transformação do referido personagem. Uma bebedeira, por exemplo, poderia desencadear essa mudança. 
Muitos outros casos de incoerência desse tipo podem ser apontados. 
Dizer, por exemplo, que um personagem foi a uma partida de futebol, sem nenhum entusiasmo, pois já esperava ver um mau jogo, e, posteriormente, afirmar que esse mesmo personagem saiu do estádio decepcionado com o mau futebol apresentado é incoerente. Quem não espera nada não pode decepcionar-se. 
É incoerente ainda dizer que alguém é totalmente indiferente em relação a uma pessoa e caiu em prantos quando soube que ela casou-se e viajou para o exterior. 
As incoerências podem ser utilizadas para mostrar a dupla face de um mesmo personagem, mas esse expediente precisa ficar esclarecido de algum modo no decorrer do texto.
Coerência figurativa
Suponhamos que se deseje figurativizar o tema “despreocupação”. Podem-se usar figuras como “pessoas deitadas à beira de uma piscina”, “drinques gelados”, “passeios pelos shoppings”. Não caberia, no entanto, na figurativização desse tema, a utilização de figuras como “pessoas indo apressadas para o trabalho”, “fábricas funcionando a pleno vapor”.
Por coerência figurativa entende-se a articulação harmônica das figuras do texto, com base na relação de significado que mantêm entre si. As várias figuras que ocorrem num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir um único bloco temático. A ruptura dessa coerência pode produzir efeitos desconcertantes. Todas as figuras que pertencem ao mesmo tema devem pertencer ao mesmo universo de significado.
Resumidamente, vamos relembrar que manipulação é a fase em que alguém é induzido a querer ou dever realizar uma ação; competência, a fase em que esse alguém adquire um poder ou um saber para realizar aquilo que ele quer ou deve; performance, a fase em que de fato se realiza a ação; sanção, a fase em que se recebe a recompensa ou o castigo por aquilo que se realizou.
Essas quatro fases se pressupõem, isto é, a posterior depende da anterior. Assim, por exemplo, um sujeito só pode fazer alguma coisa (performance) se souber ou puder fazê-la (competência). Constitui, portanto, uma incoerência narrativa relatar uma ação realizada por um sujeito que não tinha competência para realizá-la.
A título de exemplo, vamos citar um desses equívocos cometidos em redação, relatado pela Prof. Diana Luz Pessoa de Barros num livro sobre redação no vestibular:
Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa.
Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc.
Nesse caso, o sujeito não podia ver e viu. O texto tornar-se-ia coerente se o narrador dissesse que ficara encostado à parede imaginando as pessoas que estavam por detrás da cortina de fumaça.
Outros casos de incoerência narrativa podem ocorrer. Se, por exemplo, um personagem adquire um objeto de outro, é claro que esse outro deixou de possuí-lo. Assim, é incoerente relatar, numa certa altura da narrativa, que roubaram de uma senhora um valiosíssimo colar de pérolas e, numa passagem posterior, sem dizer que ela o tenha recuperado, referir-se ao mesmo colar envolvendo o pescoço da mesma senhora numa recepção de gala.
Um outro tipo de incoerência narrativa pode ocorrer em relação à caracterização dos personagens e às ações atribuídas a eles.
No percurso da narrativa, os personagens são descritos como possuidores de certas qualidades (alto, baixo, frágil, forte), atribuem-se a eles certos estados de alma (colérico, corajoso, tímido, introvertido, apático, combativo). Essas qualidades e estados de alma podem combinar-se ou repelir-se, alguns comportamentos dos personagens são compatíveis ou incompatíveis com determinados traços de sua personalidade.
Suponhamos, a título de exemplo, que se pretenda figurativizar o tema do requinte e da sofisticação para caracterizar certo personagem. Para ser coerente, é necessário que todas as figuras encaminhem para o tema do requinte. Pode-se citar, ao descrever sua casa: a lareira, o tapete persa, os cristais da Boêmia, a porcelana de Sèvres, o doberman ressonando no tapete, um quadro de Portinari e outras figuras do mesmo campo de significado. Constituiria incoerência figurativa gritante incluir nesse conjunto de elementos Agnaldo Timóteo cantando na vitrola um bolero sentimentalóide. Essa ruptura se justificaria se a intenção fosse o humor, a piada, a ridicularização, ou mostrar o paradoxo de que o requinte é apenas exterior.
Sem essas intenções definidas de denunciar o paradoxo ou de ridicularizar, as figuras pertencentes a um mesmo tema devem articular-se harmoniosamente.
Um último exemplo. Suponhamos que se queira mostrar a vida no Pólo Norte. Podem-se para isso usar figuras como “neve”, “pessoas vestidas com roupas de pele”, “renas”, “trenós”. Não se podem, porém, utilizar figuras como “palmeiras”, “cactos”, “camelos”, “estradas poeirentas”.
Coerência argumentativa
Quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e a amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso é melhor viver isolado.
Num esquema de argumentação, joga-se com certos pressupostos ou certos dados e deles se fazem inferências ou se tiram conclusões que estejam verdadeiramente implicados nos elementos lançados como base do raciocínio que se quer montar. Se os pressupostos ou os dados de base não permitem tirar as conclusões que foram tiradas, comete-se a incoerência de nível argumentativo.
Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se defender posteriormente o privilégio de algumas categorias profissionais não estarem obrigadas a pagar imposto de renda.
O argumentador pode até defender essas regalias, mas não pode partir da premissa de que todos são iguais perante a lei.
Assim também é incoerente defender o ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma ação violenta.
EXERCÍCIO
Sublinhe, classifique e justifique os tipos de incoerência encontrados nos cinco textos abaixo.
Texto 1
Devo confessar que morria de inveja de minha coleguinha por causa daquela boneca que o pai lhe trouxera da Suécia: ria, chorava, balbuciava palavras, tomava mamadeira e fazia xixi. Ela me alucinava. Sonhei com ela noites a fio. Queria dormir com ela uma noite que fosse.
Um dia, minha vizinha esqueceu-a em minha casa.. Fui dormir e, no dia seguinte, quando acordei, lá estava a boneca no mesmo lugar em que minha amiguinha havia deixado. Imaginando que ela estivesse preocupada, telefonei-lhe e ela mais do que depressa veio buscá-la.
 
Texto 2
Conheci Sheng no primeiro colegial e aí começou um namoro apaixonado que dura até hoje e talvez para sempre. Mas não gosto da sua família: repressora, preconceituosa, preocupada em manter as milenares tradições chinesas. O pior é que sou brasileira, detesto comida chinesa e não sei comer com pauzinhos. Em casa, só falam chinês e de chinês eu só sei o nome do Sheng.
No dia do seu aniversário, já fazia dois anos de namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sua casa. Eu não podia recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitashistórias da família e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois fomos ao cinema eu e o Sheng.
Texto 3
Era meia-noite. Oswaldo preparou o despertador para acordar às seis da manhã e encarar mais um dia de trabalho. Ouvindo o rádio, deu conta de que fizera sozinho a quina da loto. Fora de si, acordou toda a família e bebeu durante a noite inteira. Às quinze para as seis, sem forças sequer para erguer-se da cadeira, o filho mais velho teve de carregá-lo para a cama. Não tinha mais força nem para erguer o braço.
Quando o despertador tocou, Oswaldo, esquecido da loteria, pôs-se imediatamente de pé e ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: pai, você não precisa trabalhar nunca mais na vida.
Texto 4
O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesa e as obras completas de Shakespeare.
Texto 5
Embora existam políticos competentes e honestos, preocupados com as legítimas causas populares, os jornais, na semana passada, noticiaram casos de corrupção comprovada, praticados por um político eleito pelo povo.
Isso demonstra que o povo não sabe escolher seus governantes.
COESÃO TEXTUAL
Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto. Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si.
A título de exemplificação do que foi dito, observe-se o texto que vem a seguir:
É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo para a produção agrícola. É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre prisioneiros de guerra.
Em vista disso, a pacificação das fronteiras fez diminuir consideravelmente a população escrava.
Como o sistema não podia prescindir da mão-de-obra escrava, foi necessário encontrar outra forma de manter inalterada essa população.
Como se pode observar, os enunciados desse texto não estão amontoados caoticamente, mas estritamente interligados entre si: ao se ler, percebe-se que há conexão entre cada uma das partes.
A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles.
A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas, sobretudo, por certa categoria de palavras, as quais são chamadas conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados.
No caso do texto citado anteriormente, pode-se observar a função de alguns desses elementos de coesão. A palavra ainda no primeiro parágrafo (“É sabido ainda que” ...) serve para dar continuidade ao que foi dito anteriormente e acrescentar um outro dado: que o recrutamento de escravos era feito junto dos prisioneiros de guerra.
O segundo parágrafo inicia-se com a expressão em vista disso, que estabelece uma relação de implicação causal entre o dado anterior e o que vem a seguir: a pacificação das fronteiras diminui o fornecimento de escravos porque estes eram recrutados principalmente entre os prisioneiros de guerra.
O terceiro parágrafo inicia-se pelo conectivo como, que manifesta outra relação causal, isto é: foi necessário encontrar outra forma de fornecimento de escravos porque o sistema não podia prescindir deles.
São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão:
as preposições: a, de, para, com, por, etc.;
as conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc,.
os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual, etc.;
os advérbios: aqui, aí, lá, assim, etc.
O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expressão clara das idéias. O uso inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis.
Para dar idéia da importância desses elementos na construção das frases e do texto, vamos comentar sua funcionalidade em algumas situações concretas da língua e mostrar como o seu mau emprego pode perturbar a compreensão.
A coesão no período composto
O período composto, como o nome indica, é constituído de várias orações, que, se não estiverem estruturadas com coesão, de acordo com as regras do sistema lingüístico, produzem um sentido obscuro, quando não, incompreensível.
O período que segue é plenamente compreensível porque os elementos de coesão estão bem empregados:
Se estas indústrias são poluentes, devem abandonar a cidade, para que as boas condições de vida sejam preservadas.
Esse período consta de três orações, e a oração principal é: devem abandonar a cidade; antes da principal vem uma oração que estabelece a condição que vai determinar a obrigação de as indústrias abandonarem a cidade (o conectivo, no caso, é a conjunção se); depois da oração principal segue uma terceira oração, que indica a finalidade que se quer atingir com a expulsão das indústrias poluentes (o conectivo é a conjunção para quê).												Muitas vezes, nas suas redações, os alunos constroem períodos incompreensíveis, por descuidarem dos princípios de coesão. Não é raro, por exemplo, ocorrerem períodos desprovidos da oração principal, como nos exemplos que seguem:
O homem que tenta mostrar a todos que a corrida armamentista que se trava entre as grandes potências é uma loucura.
Ao dizer que todo o desejo de que os amigos viessem à sua festa desaparecera, uma vez que seu pai se opusera à realização.
No primeiro período temos:
o homem;
que tenta mostrar a todos: oração subordinada adjetiva;
que a corrida armamentista é uma loucura: oração subordinada substantiva objetiva direta;
que se trava entre as grandes potências: oração subordinada adjetiva.
A segunda oração está subordinada àquela que seria a primeira, referindo-se ao termo homem; a terceira é subordinada à segunda; a quarta à terceira. A primeira oração está incompleta. Falta-lhe o predicado. O aluno colocou o termo a que se refere a segunda oração, começou uma sucessão de inserções e “esqueceu-se” de desenvolver a idéia principal.
No segundo período, só ocorrem orações subordinadas. Ora, todos sabemos que uma oração subordinada pressupõe a presença de uma principal.
A escrita não exige que os períodos sejam longos e complexos, mas que sejam completos e que as partes estejam absolutamente conectadas entre si.
Para evitar deslizes como o apontado, graves porque o período fica incompreensível, não é preciso analisar sintaticamente cada período que se constrói. Basta usar a intuição lingüística que todos os falantes possuem e reler o que se escreveu, preocupado com verificar se tem sentido aquilo que acabou de ser redigido.
Ao escrever, devemos ter claro o que pretendemos dizer e, uma vez escrito o enunciado, devemos avaliar se o que foi escrito corresponde àquilo que queríamos dizer. A escolha do conectivo adequado é importante, já que é ele que determina a direção que se pretende dar ao texto, é ele que manifesta as diferentes relações entre os enunciados.
EXERCÍCIO
Questões de 1 a 4
Nas questões de 1 a 4, apresentamos alguns segmentos de discurso separados por ponto-final. Retire o ponto-final e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os elementos de coesão adequados.
Questão 1
O solo do nordeste é muito seco eaparentemente árido. Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetação.
 
Questão 2
Uma seca desoladora assolou a região Sul, principal celeiro do país. Vai faltar alimento, e os preços vão disparar.
Questão 3
Vai faltar alimento, e os preços vão disparar. Uma seca desoladora assolou a região Sul, principal celeiro do país.
Questão 4
O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.
Questões de 5 a 8
As questões de 5 a 8 apresentam problemas de coesão por causa do mau uso do conectivo, isto é, da palavra que estabelece a conexão. A palavra ou expressão conectiva inadequada vem em destaque. Procure descobrir a razão dessa impropriedade de uso e substituir a forma errada pela correta.
Questão 5
Em São Paulo já não chove há mais de dois meses, apesar de que já se pensa em racionamento de água e energia elétrica.
Questão 6
As pessoas caminham pelas ruas, despreocupadas, como se não existisse perigo algum, mas o policial continua folgadamente tomando o seu café no bar.
Questão 7
Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracanã não é dos piores.
Questão 8
Uma boa parte das crianças mora muito longe, vai à escola com fome, onde ocorre o grande número de desistências.
Questão 9
Leia o período que segue:
Chegaram instruções repletas de recomendações para que os participantes do congresso, que, por sinal, acabou não se realizando por causa das fortes chuvas, que inundaram a cidade e paralisaram todos os meios de comunicação.
É totalmente compreensível o seu conteúdo?
Qual o seu grande defeito?
EXERCÍCIO
Para cada um dos exercícios, você terá um “texto básico” onde não está ainda realizada a coesão. Essa tarefa caberá a você, à medida que for capaz de substituir os termos repetidos pelos elementos constantes dos mecanismos de coesão já estudados. Você deverá, em primeiro lugar, fazer um levantamento de sinônimos ou expressões adequadas e substituir os termos que se repetem. Assim, no exercício 1, é importante saber que baleias podem ser chamadas de cetáceos, grandes animais marinhos; que China, no exercício 3, pode ser chamada de grande país amarelo, gigante amarelo, etc. Esse levantamento permitirá uma maior agilidade no uso da coesão lexical.
1. Construa uma nova versão do texto abaixo, utilizando, em relação à palavra baleia, os mecanismos de coesão que julgar adequados.
Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias do mundo e até há pouco nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que as baleias encalham. Segundo uma hipótese corrente, as baleias se suicidariam ao pressentir a morte, em razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as baleias praticariam uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra, as baleias se desorientariam por influência de tempestades magnéticas ou de correntes marinhas. Agora, dois pesquisadores do Departamento de História Natural do Museu Britânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta científica para o suicídio das baleias. De acordo com Katharine Parry e Michael Moore, as baleias são desorientadas de suas rotas em alto-mar para as águas rasas do litoral por ação de um minúsculo verme de apenas 2,5 centímetros de comprimento.
2. Construa uma nova versão do texto abaixo, utilizando, em relação à palavra Vera, os mecanismos de coesão que julgar adequados.
Desde cedo o rádio noticiava: um objeto voador não identificado estava provocando pânico entre os moradores da Valéria. A primeira reação de Vera foi sair da cama e correr para o porto. Fazia seis meses que Vera andava trabalhando em Parintins. Vera levantava cedo todos os dias e passava a manhã inteira conversando com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Vera estava em Parintins, tentando convencer os trabalhadores a mudar a técnica do plantio da várzea.
3. Faça o mesmo exercício em relação à palavra China no texto abaixo:
A China é mesmo um país fascinante, onde tudo é dimensionado em termos gigantescos. A China é uma civilização milenar. A China abriga, na terceira maior extensão territorial planetária (com 9 960 547 km²), cerca de 1 bilhão e 100 mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a humanidade. Mencionar tudo o que a China, um tanto misteriosa, tem de grande ocuparia um espaço também exagerado.
4. Idem.
Durante mais de um ano, o artista plástico baiano Emanoel Araújo empreendeu um mergulho profundo, em busca da produção artística dos negros no Brasil. O resultado pode ser visto na exposição “A mão Afro-Brasileira”.
A paciente pesquisa do artista plástico baiano Emanoel Araújo exigiu fôlego redobrado.
Para chegar às raízes negras da arte brasileira, o artista plástico baiano Emanoel Araújo desceu ao século XVIII, na produção do Barroco e do Rococó. Para avaliar o momento atual de produção dos artistas negros, o artista plástico baiano Emanoel Araújo convocou 68 artistas negros a enviar obras para a exposição.
5. Idem.
Muita gente votou, nas últimas eleições. Muita gente pensava que as coisas iriam mudar radicalmente, mas muita gente estava enganada. O Brasil parece que levará ainda um tempo muito grande para amadurecer. Aquilo de que precisa o Brasil, entretanto, para chegar a ficar maduro, é manter arejada e viva a democracia.
EXERCÍCIOS DE COESÃO
Empregue, nas lacunas abaixo, os conectivos adequados:
Os moradores conseguiram a construção de uma passarela ___________ lutaram.
___________ lutarem, os moradores conseguiram a construção de uma passarela.
___________ lutaram, os moradores acabaram por conseguir a construção da passarela.
___________ conseguir a construção da passarela, os moradores lutaram.
Os moradores lutaram; ______________ conseguiram a construção da passarela.
___________ os moradores não tivessem lutado, não conseguiriam a construção da passarela.
Idem.
No Bairro Lagoinha, ___________ se localiza o UNI-BH, será construída uma passarela ______________ seus estudantes tanto lutaram.
Ontem, em frente ao UNI, _____________________ os alunos reivindicaram uma passarela, houve conflitos.
__________________ dos conflitos, chegou a polícia.
__________________ a polícia chegou, não encontrou mais nada. ______________ estavam os estudantes?
A polícia veio, ________________ não encontrou os manifestantes.
__________________ a polícia ter vindo logo, ______________ chegou, nada mais havia.
Preencha as lacunas com o pronome relativo cujo (cuja, cujos, cujas), precedido, quando for o caso, da adequada preposição ou locação prepositiva.
	
Modelo: Encontramo-nos numa livraria em cuja sobreloja se pode conversar à vontade.
Por trás do balcão, estava sentada uma mulher ___________ rosto não se destacava à primeira vista.
Quando tornei a mim, ele concluía uma frase ____________ princípio não ouvi.
Apreciei muito o seu discurso ________________ estilo vou escrever.
O médico te receitou umas lentes ______________ grau tua visão melhorará.
Aquela criança, ____________ destino nos interessamos, tem merecido o nosso amparo.
Eis o texto bíblico ____________ interpretação houve erudita controvérsia.
Disse-me que o amigo, ____________ casa iríamos jogar, era homem muito simples.
Reúna, num só período, cada grupo de orações independentes, interligando-as pelo pronome relativo cujo (cuja, cujos, cujas), antecedido, ou não, de preposição ou locução prepositiva. Adapte a redação dos enunciados à sua nova estrutura.
Na prateleira se alinhavam vários objetos de tom avermelhado. Ele tinha predileção especial por essa cor.
Tinha poucos amigos. Na presença desses amigos ele se sentia completamente à vontade.
Saímos juntos do edifício da universidade. Em uma das salas do edifício, reunira-se toda a equipe que trabalhara naquele projeto.
O jornal divulgara a relação de todos os seuscolaboradores. No número dos colaboradores, eu estava incluído.
O conferencista tratou de vários problemas literários. O auditório nem sequer suspeitava da existência desses problemas.
Tirei da gaveta um colete velho. No bolso do colete, trazia as cinco moedas de ouro.
CONECTORES DO PORTUGUÊS
ESCRITO PADRÃO
Indicando seriação: e, assim, quer ... quer, seja ... seja, mas ainda, não só – mas também / senão também / como também, bem como, etc.
Oposição: mas, contudo, todavia, embora, porém, no entanto, não obstante, antes, etc.
Relação seqüencial de tempo: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que, então.
Causa: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já que, uma vez que, desde que, na medida em que (= pelo fato de que), então, daí.
Conseqüência: de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, sem que, por conseguinte, portanto, porquanto, etc.
Finalidade: assim, para que, a fim de que, etc.
Condição: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= se não), a não ser que, a menos que, dado que, porventura se.
Concessão opositiva: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que (pese) a, nem que, dado que, sem que (= embora não), apesar de que.
Comparação: como, como se, etc.
Proporcionalidade: à proporção que, à medida que, ao passo que, etc.
RECURSOS DE COESÃO
Epíteto: palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa.
Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão cedo.
Nominalizações: quando se emprega um substantivo que se refere a um verbo enunciado anteriormente, ou vice-versa, um verbo que retoma um substantivo já expresso.
 
Eles foram testemunhar sobre o caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho não era válido por serem parentes do assassino.
Ele não suportou a desfeita diante de seu próprio filho. Desfeitear um homem de bem não era coisa para se deixar passar em branco.
Palavras ou expressões sinônimas ou quase-sinônimas.
 
Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que serviram até de porta de galinheiro.
Repetição de palavra 
 
Podemos repetir uma palavra (com ou sem determinante) quando não for possível substituí-la por outra.
“A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual produto ou idéia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.” (Maria Lúcia de Arruda Aranha).
Um termo-síntese
 
O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.
Pronomes
 
Vitaminas fazem bem à saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.
Há uma grande diferença entre Paula e Joana. Esta guarda rancor de todos, enquanto aquela tende a perdoar.
Numerais
 
Recebemos dois telegramas. O primeiro confirmava a sua chegada: o segundo dizia justamente o contrário.
Advérbios pronominais (aqui, ali, lá, aí)
 
Não podíamos deixar de ir ao Louvre. Lá está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a Mona Lisa.
Elipse
 
O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito em ponto e (ele) fez então seu discurso emocionado.
Repetição do nome próprio (ou parte dele)
 
Lygia Fagundes Telles é uma das principais escritoras brasileiras da atualidade. Telles é autora de Antes do baile verde, um dos melhores livros de contos de nossa literatura.
Metonímia
 
O governo tem-se preocupado com os índices de inflação. O Planalto diz que não aceita qualquer remarcação de preço.
Associação: uma palavra retoma outra porque mantém com ela, em determinado contexto, vínculos precisos de significação.
 
São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito, provocando engarrafamentos até de 200 quilômetros. 
	Disciplina: Leitura e Produção de Textos
Prof. Wagner Carvalho
Conteúdo: Parágrafo
ROTEIRO DE LEITURA
Depois de ler o texto a seguir, redija com suas palavras uma definição de parágrafo.
Cite e explique as principais qualidades de um parágrafo.
Conceitue tópico frasal.
Cite e explique os tipos de desenvolvimento de tópico frasal.
Resolva os exercícios de II a IV e os seguintes sobre parágrafo.
A UNIDADE DE COMPOSIÇÃO DO TEXTO:
O PARÁGRAFO
Conceito de parágrafo
Unidade de composição – formada por um ou mais de um período – que gira em torno de uma idéia-núcleo.
Dessa idéia-núcleo podem irradiar-se outras, secundárias – desde que a ela associadas pelo sentido.
Na página manuscrita ou impressa, indica-se materialmente o parágrafo por pequeno recuo de margem.
Exemplo
Quando tio Severino voltou da fazenda, trouxe para Luciana um periquito. Não era um cara-suja ordinário, de uma cor só, pequenino e mudo. Era um periquito grande, com manchas amarelas, andava torto, inchado, e fazia: ‘Eh! eh!’
Luciana recebeu-o, abriu muito os olhos espantados, estranhou que aquela maravilha viesse dos dedos curtos e nodosos do tio Severino, deu um grito selvagem, mistura de admiração e triunfo. (Graciliano Ramos, Insônia, 77).
 
No primeiro parágrafo, a idéia-núcleo é a chegada do periquito, presente de tio Severino a Luciana; por isso, tudo o que aí se contém diz respeito ao periquito, e unicamente a ele.
O segundo, que tem por idéia-núcleo a reação de Luciana ao receber o inesperado presente, se concentra por inteiro na informação do modo como se comportou a menina.
Estão ambos, portanto, bem estruturados; pois que, como se vê, em cada um deles se agrupam idéias do mesmo teor.
Isto nos ensina que mudança de rumo das idéias obriga a abertura de novo parágrafo.
Qualidades do parágrafo
Entre outras, sobressaem duas, que lhe são básicas: unidade e coerência, por sinal interdependentes.
Para alcançá-las, faz-se imperioso não fragmentar em blocos distintos o conjunto constituído pela idéia-núcleo com as suas ramificações. Daí decorre, naturalmente, não ter importância maior a extensão do parágrafo, que pode, com efeito, constar até de uma só linha, ou estender-se por número de linhas sensivelmente grande.
Por outro lado, cumpre dispor as idéias metodicamente, encadeando-as sem ofensa da ordenação lógica do pensamento – o que equivale a dizer: sem lhe violentar a seqüência natural, nem deixá-las perder-se no emaranhado das contradições ou do absurdo. Porque somente a disciplina do pensamento, aliada ao domínio progressivo dos meios de expressão do idioma, é o que irá aos poucos emprestando a desejável eficácia à nossa capacidade de comunicação.
O trecho seguinte documenta os traços que acabamos de ressaltar: um parágrafo curto e um longo; cada um deles com unidade temática e coerência de ordenação:
Na noite de estréia, o grande circo estava todo iluminado e cheio de gente. A sua banda de música tocava dobrados alegres.
Começou a função. O diretor do circo disse: ‘Respeitável público’ — e fez a apresentação dos artistas. O primeiro número foi o dos malaios malabaristas. Veio depois o homem-sapo. Depois, a moça que trabalhava no arame com uma sombrinha chinesa na mão. Depois, os quatro irmãos do trapézio voador. Em seguida, a música deu uma gargalhada e apareceram cinco palhaços. Finalmente chegou a vez do Elefante Basílio. Ele entrou na arena no meio de palmas e gritos. Estava encabuladíssimo porque lhe tinham posto na cabeça um chapéu de palhaço, e no pescoço, uma gola colorida de Pierrô. Seu Matias, deculotes brancos, botas lustrosas de verniz e casaco encarnado com botões e alamares dourados, estava muito faceiro. Fez o elefante tocar gaita, sentar numa banqueta, equilibrar-se em cima de quatro garrafas de pau, erguê-lo no ar com a tromba ... (Érico Veríssimo, Gente, 171)
No parágrafo de abertura, o escritor descreve concisamente o aspecto do circo na noite de estréia; para tanto, bastaram-lhe dois breves períodos, em que ele reuniu os elementos suficientes para comporem a “cor local” do ambiente onde se iriam desenrolar os acontecimentos narrados depois.
Tais acontecimentos haveriam de vir, necessariamente, englobados em outro parágrafo – uma vez que já agora não se tratava da mesma pintura de ambiente, mas sim de uma sucessão de fatos ocorridos durante o espetáculo, ou seja, a apresentação dos artistas e suas habilidades pelo diretor do circo. Fatos pertencentes a uma só e única área de interesses, e, portanto, interligados pelo sentido (o que lhes dá unidade) e dispostos em correta conexão lógica (daí a sua coerência).
Construção do parágrafo
Evidentemente, não pode haver moldes rígidos para a construção do parágrafo – tanto é verdade que tudo depende, em grande parte, da natureza do assunto, do gênero de composição, das preferências de quem escreve, e, até (ainda que menos freqüentemente), de certo arbítrio pessoal.
Tal possibilidade de variação não impede, contudo, que se deixe de recomendar aos estudantes aquele tipo de estrutura que a experiência tem demonstrado ser não só o mais encontradiço, senão também o mais adequado para assegurar a unidade e coerência do parágrafo.
Parágrafo-modelo: o tópico frasal
Isto posto, passemos a examinar alguns dos diferentes modos de construir esse parágrafo-modelo.
De maneira geral, ele começa por um ou dois períodos, quase sempre breves, em que se encerra a idéia-núcleo. É o que se chama tópico frasal, que pode, não raro, ele mesmo representar sozinho todo o parágrafo. O mais comum, porém, é que o seu conteúdo genérico vá ser em seguida especificado por meio de variados processos de explanação, com os quais o autor torna mais precisa, ou justifica, ou fundamenta, a sua declaração inicial —, oferecendo para isto detalhes, razões, fatos, comparações, exemplos, etc.
É óbvio que nem sempre se obedece a esse esquema: idéia-núcleo obrigatoriamente no começo, e posterior desenvolvimento dela. Mas não há dúvida que a maioria dos parágrafos se enquadra nesta linha. Eis, a respeito do assunto, o depoimento do professor Othon M. Garcia, (CPM, p. 192 e 193) que foi, entre nós, quem mais amplamente estudou a teoria do parágrafo (é o autor, aliás, a quem se deve a cunhagem da designação tópico frasal): “Pesquisa que fizemos em muitas centenas de parágrafos de inúmeros autores, permite-nos afirmar com certa segurança que mais de 60% deles apresentam tópico frasal inicial”. E prossegue o citado especialista: “Se a maioria dos parágrafos apresenta essa estrutura, é natural que a tomemos como padrão para ensiná-la aos nossos alunos. Assim fazendo, haveremos de verificar que o tópico frasal constitui um meio muito eficaz de expor ou explanar idéias. Enunciando logo de saída a idéia-núcleo, o tópico frasal garante de antemão a objetividade, a coerência e a unidade do parágrafo, definindo-lhe o propósito e evitando digressões impertinentes”.
Das diversas maneiras de desenvolver o tópico frasal, destacaremos — com apoio nos exemplos abaixo — as que se apontam por mais usuais:
TEXTO 1
TÓPICO FRASAL
Desenvolvimento (por enumeração de detalhes)
“As cousas, de fato, iam-lhe agora admiravelmente: Tinha a sua mesa boa e farta, um bom quarto de dormir, a mucama para lavar-lhe e engomar-lhe a roupa, um camarote no teatro de quando em quando, aos domingos um passeio à cidade, e lá uma vez por otura ‘soirée” em casa de alguma amiga. ‘Ah! Não se podia comparar a existência que levava agora com a peste de vida que curtira na rua do Rezende!” (Aluízio Azevedo, Pensão, 310)
TEXTO 2
TÓPICO FRASAL
Desenvolvimento (por paralelo e contraste)
“Bastaria ler, em Plutarco, a vida de Demóstenes para sentir uma certa semelhança entre Rui e aquele que a cultura helênica apresenta como o tipo clássico do orador. Até mesmo em certos detalhes se aproximam: a compleição física doentia na mocidade, as dificuldades financeiras e sociais nos primeiros momentos, o cuidado e o apuro na composição dos discursos. Une-os ainda mais: uma luta de vida inteira contra a violência e a opressão. Uma luta pela liberdade. Ambos viveram sempre a advertir os seus povos contra os perigos e as tentações dos tiranos. Ambos tiveram mais as honras das consagrações populares do que das oficiais. Mas, de Demóstenes, conta-se que no exílio se tomou de fraqueza, enquanto em Rui o ânimo não se abateu em momento algum de adversidade.” (Álvaro Lins, Literária, 207-8)
TEXTO 3
TÓPICO FRASAL
Desenvolvimento (por apresentação de razões)
“Os sábios nunca foram nem serão validos dos príncipes: são inábeis observadores da etiqueta e cerimonial das cortes, não podem mentir nem adular, e menos intrigar e cabalar para suplantar a uns e precipitar a outros, nem finalmente ocupar-se e entreter-se com as companhias, conversações e controvérsias palacianas.” (Marquês de Maricá, Máximas, 3.755)
TEXTO 4
TÓPICO FRASAL
Desenvolvimento (por ilustração com historieta anedótica)
“O vezo de filar livros não é somente brasileiro, e nenhum escritor, mesmo entre os maiores, se livra dos botes dos filantes. Um centro feminino qualquer da Inglaterra pediu a G.B. Shaw que lhe oferecesse alguma de suas obras, para a biblioteca que estava organizando. Shaw respondeu, em carta, dizendo que um centro que não possuía cinco xelins para comprar um de seus livros não merecia ser uma sociedade. A presidente do centro não encavacou. Muito pelo contrário: vendeu o autógrafo do famoso escritor e apurou dez libras.” (Eduardo Frieiro, Livros, 113)
Não raro assume o tópico frasal forma interrogativa, contendo-se então no desenvolvimento, ora a resposta à indagação feita, ora uma explicação ou esclarecimento da dúvida levantada, ora uma série de considerações que, conquanto não respondam propriamente à pergunta, tiveram nela o seu elemento desencadeador.
TEXTO 5
TÓPICO FRASAL (a interrogação)
Desenvolvimento (resposta à pergunta)
“Quantos diabos há? Oh! O número é infinito! Um célebre demonógrafo, o Dr. Wier, diz que há, espalhados pela terra, 44.635.569 diabos! Mas outro doutor em demonologia, igualmente célebre, Blook, diz que esse cálculo fica muito aquém da verdade, porque cada homem tem um diabo que o acompanha sempre como a sua própria sombra, devendo portanto o número dos diabos ser igual ao número das criaturas de que se compõe a humanidade, — e isso sem contar os demônios vadios, que andam pelo ar, pelo solo e pelas águas, sem ocupação, passeando ...” (Olavo Bilac, Conferências, 142)
TEXTO 6
TÓPICO FRASAL (a interrogação)
Desenvolvimento (considerações sobre o sentimento provocado pela pergunta)
“Por que me lembraria agora daquela velhinha de Florença? Há sentimentos antigos, dentro de nós, que não perdem a sua força, que não se deixam aniquilar pelo tempo e pelos acontecimentos; estão apenas reclinados como em cadeiras invisíveis, numa obscura sala de espera. Por serem tão antigos, permitem-se ficar de olhos fechados, silenciosos e anônimos, tão inativos como se não existissem. Mas, de repente, acordam, levantam-se dos seus lugares, acendem as luzes, fazem-se tão vivos e presentes que não resistimos ao seu poder e docilmente nos submetemos às revisões da memória e à sua crítica.” (Cecília Meireles, Ilusões, 31)
Outros tipos de tópico frasal
Se bem não quadre ao feitio padronizado que acabamos de recomendar para efeito didático, eis, a título de ilustração, algumas particularidades concernentes ao tópico frasal.
Anote-se, em primeiro lugar, que ele pode localizar-se no fim do parágrafo:TEXTO 7
Vai o gado na estrada mansamente, rota segura e limpa, chã e larga, batida e tranqüila, ao tom monótono dos ‘eias!’ dos vaqueiros. Caem as patas no chão em bulha compassada. Na vaga doçura dos olhos dilatados transluz a inconsciente resignação das alimárias, oscilantes as cabeças, pendente a margem dos perigalhos, as aspas no ar em silva rasteira por sobre o dorso da manada. Dir-se-ia a paciência em marcha, abstrata de si mesma, ao tintinar dos chocalhos, em pachorrenta andadura, espertada automaticamente pela vara dos boiadeiros. Eis senão quando, não se atina por quê, a um acidente mínimo, um bicho inofensivo que passa a fugir, um grito de um pássaro na capoeira, o estalido de uma rama no arvoredo, se sobressalta uma das reses, abala, desfecha a correr, e após ela se arremessa, em douda arrancada, atropeladamente, o gado todo. Nada mais o reprime. Nem brados, nem aguilhadas, o detém, nem tropeços, voltas ou barrancos por d’avante. E lá vai incessantemente, o pânico em desfilada, como se os demônios o tangessem, léguas e léguas, até que, exausto o alento, esmorece e cessa, afinal, a carreira, como começou, pela cessação do seu impulso. Eis o estouro da boiada.” (Rui Barbosa, Excursão, 134) 
Este molde de dispor as idéias já demonstra preocupação estilística mais elaborada, por isso que denuncia a intenção, por parte do autor, de manter o leitor em expectativa até quase o término da leitura, quando, só então, lhe oferecerá, num impacto, a idéia-núcleo, onde ele vai finalmente encontrar a chave do texto.
Em segundo lugar, há de ver-se que nem sempre o tópico frasal vem explícito, mas antes depreende-se do próprio conteúdo do parágrafo. É o que acontece no célebre paralelo entre Bernardes e Vieira, de autoria de Antônio Feliciano de Castilho. No exemplo a seguir, extraído a essa clássica página da literatura portuguesa, o tópico frasal é o confronto em si, a comparação mesma:
TEXTO 8
“Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo, e Bernardes para a cela, para si, para o seu coração. Vieira estudava graças e louçainhas de estilo; achava-as, é verdade, tinha boa mão no afeiçoá-las e uma graça no vesti-las como poucos; Bernardes era como estas formosas de seu natural, que se não cansam com alindamentos, a quem tudo fica bem; que brilham mais com uma flor apanhada ao acaso, do que outras com pedrarias de grande custo. Vieira fazia a eloqüência; a poesia procurava a Bernardes. Em Vieira morava o gênio; em Bernardes o amor, que, em sendo verdadeiro, é também gênio.” (Excertos, 238).
Atente-se, em terceiro e último lugar, para a possibilidade de o tópico frasal estar fragmentado no corpo do texto —, o que se passa a exemplificar neste parágrafo de Jorge Amado em seu discurso de posse na Academia Brasileira, àquela altura em que ele procura demonstrar um dos contrastes existentes entre os descendentes literários de José de Alencar e os de Machado de Assis:
TEXTO 9
“É curioso notar que, se numerosa é a descendência de Alencar, não tem ele praticamente imitadores, como se os romancistas que compõem esta vertente de nosso romance recebessem do mestre apenas a indicação de um caminho. Enquanto a maioria dos descendentes de Machado — com evidentes e importantes exceções — são seus imitadores, copiando do mestre não apenas a posição ante a vida transposta para a arte, mas também os cacoetes e os modismos. É que Alencar nos lega a vida, e a vida vive-se, não se imita, enquanto Machado nos lega a literatura, a perfeição artística que invejamos e tentamos imitar.” (Povo e terra, 11)
EXERCÍCIO
Desenvolva, pelo processo de enumeração de detalhes, cada um dos tópicos frasais propostos: 
O pequeno Platão era, de fato, muito triste e muito calado.
A praia de Guarapari, ES, estava coberta de barracas coloridas.
Eu tive um cão; chamava-se Sócrates.
O mesmo tipo de exercício, pelo processo de paralelo e contraste:
Prefiro cinema a teatro.
Vai grande diferença da paixão ao amor.
O mesmo tipo de exercício, pelo processo de apresentação de razões ou argumentos:
Liberdade e educação — eis as duas grandes forças das democracias.
Nenhum vício é mais degradante que o jogo.
O mesmo tipo de exercício, pelo processo de ilustração por meio de exemplos, ou pequena história:
Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não.
Você acredita em fantasmas?
V. Construa um parágrafo com tópico frasal sob a forma de interrogação.
TIPOS DE INTRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Tópico frasal (TF): apresentação de um ser/fato/objeto/circunstância. Desenvolvimento (D): descrição do ser/fato/objeto/circunstância.
TF: comparação entre dois ou mais seres/objetos/circunstâncias. (D): descrição das diferenças/semelhanças entre os dois ou mais seres/objetos/circunstâncias.
TF: afirmação/negação de um fato/evento/circunstância. (D): apresentação das razões que o levaram a afirmar/negar o fato/evento/circunstância.
TF: enunciação de um fato/evento/circunstância. (D): ilustração por história real/fictícia.
TF: uma pergunta. (D): resposta à pergunta.
TF: uma pergunta. (D): considerações sobre o sentimento provocado pela pergunta.
COMO ORGANIZAR O PARÁGRAFO
INTRODUÇÃO
O parágrafo é uma unidade de informação construída a partir de uma idéia-núcleo, materializada no tópico frasal, que, por sua vez, deve ser bastante claro e adequadamente desenvolvido. Assim, por exemplo, um bom parágrafo não pode incluir elementos que não estejam contidos na idéia-núcleo.
Um parágrafo deve apresentar quatro qualidades fundamentais:
ser completo;
ter unidade;
apresentar organização;
ter coerência.
Há várias maneiras de organizar o material contido num parágrafo. Embora não haja uma receita, é evidente que algumas ordens textuais são mais efetivas que outras. Assim, as mais comuns são:
cronológica;
espacial;
do particular para o geral;
do geral para o particular;
pergunta/resposta, efeito/causa.
Um parágrafo tem coerência quando suas frases formam um todo ou se encaixam perfeitamente. Se um parágrafo é coerente, o leitor passa de uma frase à outra sem vacilações, saltos ou lacunas. Assim, devem-se observar a coerência interna do parágrafo, materializada nas conexões entre as frases e no emprego de termos de referência, e a coerência entre os parágrafos, em que se destaca a perfeita articulação entre o dado e o novo, ou seja, a apresentação e retomada dos elementos do texto.
Um dos problemas mais comuns que afetam a coerência dos parágrafos diz respeito a alterações no sujeito. Se dizemos, por exemplo:
Pelé era bom atacante, mas a defesa contrária era muito esperta.
passa-se de um sujeito, Pelé, a outro, ligado por mas. Como a conjunção adversativa é, ao mesmo tempo, copulativa, torna-se estranho ligar duas frases com dois sujeitos distintos. O melhor seria dizer algo como:
Pelé era bom atacante, mas não o bastante para ultrapassar a esperta defesa contrária.
Outra alteração no sujeito bastante freqüente é a vacilação entre sujeito determinado e indeterminado, como em:
Quando se entra em férias, ficamos muito contentes.
Ou entre sujeito de voz ativa e passiva:
Quando entramos em férias, comprou-se um automóvel novo.
Outro problema de coerência nos parágrafos diz respeito à incompletude associativa, ou seja, quando, numa estrutura de comparação, o segundo termo não apresenta todos os elementos necessários à perfeita clareza da frase. Por exemplo:
A relação entre ator e televisão é diferente de qualquer outra forma dramática.
Ora, não se trata de comparar a relação entre ator e televisão com outra forma dramática, o que não tem sentido, mas de comparar tal relação com a existente nas outras formas dramática. Melhor seria dizer:
A relação entre ator e televisão é diferente da existente nas outras formas dramáticas.
PRÁTICA TEXTUAL
1. Um parágrafo é uma unidade de informação construída a partir de uma idéia-núcleo. Sublinheas idéias-núcleo dos trechos a seguir:
Iluminação representa muito mais do que conforto. Iluminação é segurança, produção e lazer. Iluminação é, mais do que tudo, melhoria de qualidade de vida, é um importante fator de justiça social.
Os americanos já chegaram a uma estatística aterradora: em 1991, cerca de cinqüenta e quatro mil pessoas morrerão de aids nos Estados Unidos, um número superior ao de americanos mortos em combate durante toda a guerra do Vietnã.
Convocados por João Paulo II, mais de cento e cinqüenta líderes religiosos de todo o mundo participaram, em Assis, Itália, de uma reunião ecumênica sem nenhum precedente na história da humanidade. Dos feiticeiros dos índios craws americanos aos animistas do Togo, passando pelos tradicionais cristãos, judeus, hindus e muçulmanos, e os mais restritos xintoístas, zoroastras, bahais e sikhs, praticamente toda a população da Terra esteve lá representada e todos elevaram suas preces em favor da paz.
Aos cinqüenta e quatro anos, depois de quatro casamentos e várias paixões inconfessas, Anouk Aimée é uma mulher só ....mas sempre fiel à moda de seu amado e costureiro, Ungaro.
 Quando os homens vão para o mar, com seus barcos pesqueiros, eles voltam trazendo toneladas de peixes e camarões, que depois são processados de acordo com as mais rígidas normas de higiene e conservação.
 Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar ou cantar tantas coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja.
Homem algum trata um automóvel tão estupidamente como trata outro ser humano. Quando o automóvel não quer funcionar, não atribui o pecado à sua aborrecida conduta. Não diz: “Você é um automóvel mau e não lhe darei mais gasolina enquanto não funcionar”. Procurará descobrir qual a falha e consertá-la.
Penso que há um misto de verdade e falsidade na admiração que se tem pela natureza, do qual é importante nos desvencilhar. Para começar, o que é natureza? De modo geral, aquilo com que a pessoa que nos fala estava acostumada na infância. 
2. Um parágrafo bem construído é aquele em que a idéia-núcleo é clara e completamente desenvolvida. Nos parágrafos a seguir, sublinhe a idéia-núcleo e verifique se seu desenvolvimento é correto. Justifique sua resposta.
Há três razões pelas quais João não vai para a universidade federal. Em primeiro lugar, é órfão de pai, e sua mãe ficaria sozinha em casa. Ela tem alguns amigos, mas eles não moram perto e, assim, ficaria isolada a maioria das noites. Apesar de João desejar muito fazer o curso superior, preferiu trabalhar perto de sua casa.
__________________________________________________________________
 Admiro meu primo Roberto por ser talentoso, inteligente e educado. É muito inteligente e aprende tudo muito facilmente e, sobretudo, é muito educado com todos. Eu o admiro por todas essas razões.
____________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Cada um dos períodos a seguir foi redigido de cinco formas diferentes. Leia-os com atenção e assinale a letra correspondente ao período que tem melhor redação, considerando correção, clareza, concisão e elegância.
1. a) O amor como elemento sensual está em Via Láctea com seus trinta e cinco sonetos; aquele é o tema que o poeta mais gosta.
b) Nos trinta e cinco sonetos de Via Láctea, o poeta encontra seu motivo mais caro, o amor sensual.
c) Assunto o mais caro do poeta, Via Láctea, com seus trinta e cinco sonetos, revela o amor sensual.
d) Via Láctea, nos seus trinta e cinco sonetos, trazem o grande motivo do poeta, o seu predileto amor sensualizado.
e) O amor como tema sensual é o motivo da predileção do poeta, que se evidência em trinta e cinco sonetos, componentes da Via Láctea.
2. a) Querendo saber que notícia tanto a mim afligia, Capitu, quando a ela revelei, se fez cor-de-cera. 
b) Ficou cor-de-cera Capitu, quando, com suas instâncias revelei a notícia que tanto a mim afligia.
c) Capitu, querendo saber que notícia era aquela que tanto me afligia, quando a ela revelei ela se fez como cera.
d) Capitu instava-me por saber a notícia que a tanto afligia-me. Revelando-lha ela se pôs cerúlea. 
e) Capitu queria saber que notícia era a que me afligia tanto. Quando lhe disse o que era, fez-se cor-de-cera.
3. a) Num prazo mínimo de dois anos, cada uma dessas tentativas estará testando, na prática, as suas qualidades e defeitos.
b) Tanto suas qualidades como seus defeitos, serão testados, na prática, por cada uma dessas tentativas, no prazo mínimo de dois anos.
c) Testar-se-á qualidades e defeitos dessas tentativas, de uma em uma, na prática, no prazo mínimo de dois anos.
d) Qualidades e defeitos, na prática, serão testados no prazo mínimo de dois anos, por cada uma dessas tentativas.
e) Tentativas, todas elas, devem testar-se, em um prazo de no mínimo dois anos, as qualidades e defeitos suas próprias.
4. a) Ninguém ficaria surpreendido se, nesse ritmo, não se processar brevemente, como próxima etapa das relações entre os dois países, o seu rompimento diplomático. 
b) O rompimento, no ritmo atual, entre os dois países, de suas relações diplomáticas, talvez seja para breve, o que não surpreenderá ninguém..
c) Nesse ritmo, não será surpresa para ninguém se o próximo passo for o rompimento de relações diplomáticas entre os dois países.
d) Brevemente, é possível que rompam os dois países, nesse ritmo, as suas relações diplomáticas, e não surpreenderão ninguém com isso.
e) Nesse ritmo, dentro em breve, e ninguém se deixará surpreender por isso, verificar-se-á possivelmente um rompimento entre os dois países de suas relações diplomáticas. 
6. FICHAMENTO
1. Conceito
Técnica de estudo e pesquisa que visa ao registro organizado de informações orais ou escritas.
2. Características
Um fichamento bem elaborado possui todos os dados necessários para se voltar rapidamente à fonte original. No decorrer do trabalho, pode surgir a necessidade de voltar à fonte. Outra preocupação é separar com clareza o material levantado das anotações pessoais. Sem esse cuidado, corre-se o risco de plagiar o texto original.
Tem um cabeçalho preciso, com título geral, título específico, numeração, referência bibliográfica (ABNT) e especificação da origem do livro, ou seja, de onde foi retirado.
É feito com o pensamento de que o material será incorporado ao trabalho em perspectiva, como ponto de referência. As anotações devem refletir, mediante transcrição literal ou por paráfrase, as afirmações do autor citado, do ponto de vista dele, da significação dos dados colhidos e do objetivo de leitura do pesquisador.
3. Tipos
Fichamento esquema;
fichamento resumo;
fichamento resenha;
fichamento citação.
4. Estrutura externa
	
Título geral
	
Título específico
	
nº
	
Referência 
	
Texto
7. RESENHA
Conceito
“Trabalho de síntese, publicado logo após a edição de uma obra, tendo por objetivo servir como veículo de crítica e avaliação.” (FRANÇA et al., 2001, p. 72-73).
Roteiro
Credenciais do autor
Informações gerais sobre o autor. Autoridade no campo científico? Quem fez o estudo? Quando? Por quê? Onde?
Conhecimento
Resumo das idéias principais da obra/texto. De que trata o livro/texto? O que diz? Como foi abordado o assunto? Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?
Quadro de referências do autor
Que teoria serviu de embasamento? Qual o método utilizado?
Apreciação
Julgamento da obra
Como se situa o autor em relação às escolas ou correntes científicas, filosóficas, culturais e às circunstâncias sociais, econômicas, históricas, etc.?
Mérito
Qual a contribuição dada? Idéias fundamentadas, originais, criativas? Conhecimentosnovos, amplos, abordagens diferentes?
Estilo
Conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente? Linguagem correta?
Forma
Lógica, sistematizada? Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?
Conclusão do autor
O autor faz conclusões? Quais?
Indicação
A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes?
REFERÊNCIA
FRANÇA, Júnia Lessa et al. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 5. ed. rev. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.
EXEMPLO 1 (RESENHA ACADÊMICA)
BUNGE, M. Questões correlatas. In: _____. Tratado de filosofia básica. São Paulo: EPU, 1976. vol. 2. cap. 10, p. 191-226.
Um texto denso, às vezes hermético, mas provocativo. Assim poderíamos qualificar, com certo grau de subjetividade, o Capítulo 10, do Tratado de filosofia básica, vol. 2, de Bunge. Como nosso propósito é resenhar esse capítulo, tornemos nossa avaliação mais objetiva.
O objetivo do autor é estudar a natureza dos laços que ligam a Semântica da Ciência a suas vizinhas próximas: Matemática, Lógica, Epistemologia e Metafísica. Ele atinge seu objetivo? Sim. Ao lermos seu texto, constatamos a importância da Semântica para qualquer disciplina científica, e não só para as referenciadas pelo autor, no sentido de que aquela nos possibilita precisar e avaliar melhor o arcabouço conceitual das outras áreas de conhecimento.
Muito oportuna é a análise feita pelo autor, à p. 218, das hipóteses de Whorf-Sapir. Através de uma argumentação clara, forte e concisa, ele nos mostra a fragilidade e falsidade das hipóteses desses autores, que são as seguintes: (a) as linguagens ordinárias estão carregadas de concepções do mundo ou metafísica e (b) a linguagem de uma pessoa determina, pelo menos em parte, a maneira como percebe e concebe o mundo. Ora, como observa Bunge (1976, p. 218):
[...] a doutrina Whorf-Sapir é efetuada pela psicologia educacional: o ensino oral é ineficaz, a menos que o sujeito já tenha adquirido algumas das idéias que a ele se transmite [sic]. Se não houver palavras para expressar idéias novas, elas são inventadas, em qualquer idade e em qualquer cultura; mas se as idéias não existirem, de nada valerão as palavras — exceto para disfarçar a pobreza de idéias [...].
Poderíamos arrolar outros argumentos do autor contra as hipóteses de Whorf-Sapir, mas tiraríamos do leitor a oportunidade de conferir, no original, a consistência das proposições de Bunge.
Se nem tudo são flores, há realmente alguns espinhos no texto do autor. À página 195, afirma que “[...] a matemática não diz respeito a idéias existentes por si mesmas e pairando sobre o mundo, nem diz respeito ao mundo [Grifo meu]”. Ora, se a Matemática não diz respeito ao mundo, ela diz respeito a quê? O autor valeu-se de uma afirmação vaga e incongruente.
Na 197, conclui: “[...] nossa definição de analiticidade resolve o problema teorético de elucidar essa noção, mas não é critério seguro para nos dizer se determinada fórmula é analítica — e muito menos para apontar componentes analíticos em contextos abertos”.
Parece-nos que o autor incorreu em uma contradição. Se uma definição só serve para resolver um problema teorético, mas não é um critério seguro para avaliar a analiticidade de determinada fórmula, qual o grau de eficácia dessa definição?
Apesar desses senões, consideramos a leitura do texto de Bunge esclarecedora e enriquecedora, principalmente pelo fato de correlacionar o estudo da Semântica com o de outras disciplinas, como a Matemática, Lógica, Epistemologia e Metafísica.
Prof. Wagner Carvalho,
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH),
Departamento de Ciências Humanas, Letras e Artes.
EXEMPLO 2
BERLO, David Kenneth. Definição: tentativa de especificação do sentido. In: ______. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. 8 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. cap. 11, p. 269-291.
Com linguagem clara, didática e objetiva, David Kenneth Berlo expõe nesse capítulo um resumo do conceito de definição e dos critérios para considerá-la como útil ou inútil, além de fazer uma síntese dos gêneros de definição: formal, indicativo, conotativo e, por fim, ainda discute o papel do dicionário.
O principal mérito do autor é apresentar as críticas mais contundentes e consistentes em relação ao gênero de definição mais empregado, o formal. Contra este, cita que as definições classificadoras ou formais: “1) são mais estáticas que dinâmicas ou relativistas; 2) implicam aplicação universal em lugar de aplicação apenas em situações particulares, e 3) deixam de lado as relações entre os termos que estão sendo definidos e os objetos do mundo físico aos quais os termos poderiam pretender referir-se” (BERLO, 1997, p. 274).
Apesar dessas críticas à definição formal, o autor nos adverte que é comum ouvirmos discussões sobre qual a definição correta, a formal ou a operacional? Ora, nenhuma pode ser considerada a melhor para todos os fins. Tudo vai depender do propósito da fonte, das necessidades do receptor e das espécies de significações com que o receptor se apresenta à situação de comunicação.
Se como diz o aforismo latino Quandoque bonus dormitat Homerus [até o bom Homero cochila às vezes], Kenneth Berlo não é uma exceção. Haja vista as seguintes afirmações do autor, verdadeiros roncos argumentativos: “As definições não nos trazem conhecimento” (p. 286) e “A melhor fonte sobre como as pessoas pronunciam, como grafam, o que querem dizer — a melhor fonte é o povo” (p. 288).
Quanto à primeira, cabe perguntar — em que sentido ele empregou a palavra conhecimento? Não é nada belo para quem aprecia Aristóteles se esquecer de uma das lições básicas do filósofo — quanto maior a extensão de um termo, menor sua compreensão. Sobre a segunda, afirmar que a melhor fonte para pronúncia e ortografia é o povo constitui um disparate tão grande quanto dizer que a melhor fonte para o sono é o café. Aqui Kenneth se mostra totalmente desinformado de noções primárias de níveis de linguagem, normas padrão e subpadrão, assunto da Sociolingüística.
Outros senões do texto, embora menos relevantes, devem ser imputados ao revisor e ao tradutor. Ao primeiro por deixar passar erros de ortografia como: a palavra dona de casa, na página 280, aparece com hífen. Ora, até o Aurélio, na segunda edição do seu dicionário, que é de 1986 (!), já corrigiu esse erro. Se bem que, como diz Berlo, a melhor fonte para esses assuntos é o povo ... Ao segundo, por nos “divertir” com frases como esta: “Este instrumento tem sido usado para predizer grande número de comportamentos, tais como a votação numa eleição, as várias fases personalísticas de pessoa sujeita a diversão [sic] de personalidade (...)”, p. 285.
Salvo esses lapsos, o importante é que o autor cumpre, com clareza e propriedade, o objetivo a que se propôs: [...] apresentar um ponto de vista sobre a definição com a esperança de que seja: 1) coerente com a opinião geral sobre o sentido [...] e 2) de alguma valia para o indivíduo confrontado com o problema de expor seus sentidos com maior especificidade”, p. 270.
Prof. Wagner Carvalho,
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH),
Departamento de Ciências Humanas, Letras e Artes.
8. ARGUMENTAÇÃO
“[...] conjunto de procedimentos lingüísticos e lógicos usados pelo enunciador para convencer o enunciatário.” (FIORIN, 1997, p. 52-53)
LÓGICA
Etimologia
Do grego logiké, através de logos: razão, discurso.
Definição
“Ciência das condições do pensamento correto (lógica formal) e do pensamento verdadeiro (lógica material) [...]”. (SARAIVA, 1972, p. 23).
Objetivo
Convencer o leitor ou ouvinte, mediante argumentos válidos e verdadeiros.
RETÓRICA
Etimologia
Do grego retoriké, através de rétor, orador.
Definição
É a “[...] arte de persuadir pelo discurso.” (REBOUL, 1998, p. 14).
Objetivo
Persuadir o leitor ou ouvinte, mediante qualquer tipo de argumento: válidoe verdadeiro ou válido e falso, ou inválido e verdadeiro ou inválido e falso.
ARGUMENTO
Definições
É a soma de um número x de premissas mais uma ou mais conclusões.
“[...] é qualquer grupo de proposições tal que se afirme ser uma delas derivada das outras, as quais são consideradas provas evidentes da verdade da primeira.” (COPI, 1978, p. 23)
Exemplo
(P1) Todo ser humano é mortal. 
(P2) Pelé é um ser humano.
(C) Logo, Pelé é mortal.
Notação do silogismo
	Premissa 1 Maior: s = m
Premissa 2 Menor: P = s
Conclusão: P = m
LÓGICA MATERIAL
Argumento válido/lógico
É aquele em que há uma relação de coerência e veracidade entre suas premissas e a conclusão.
Argumento inválido/falacioso
É o que apresenta, na relação de suas premissas com a conclusão, alguma incoerência ou falsidade.
Exemplo
(P1) Hitler era favorável à eutanásia;
(P2) você também,
(C) portanto, você é hitlerista.
REFERÊNCIAS 
COPI, I. M. Introdução à lógica. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978.
FIORI, J. L. Elementos de análise do discurso. 6. ed. São Paulo: Contexto, 1997.
REBOUL, O. Introdução à retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
SARAIVA, A. Filosofia. 7. ed. Porto: Educação Nacional, 1972.
COMO VERIFICAR O VALOR LÓGICO-MATERIAL DE UM ARGUMENTO
1. A pessoa que formule o argumento e a que o receba (ou o analise) estejam em condições de saber da veracidade das premissas.
2. As premissas têm de ser verdadeiras.
3. A conclusão deve decorrer lógica e coerentemente das premissas.
	Disciplina: Leitura e Produção de Textos
Professor: Wagner Carvalho
Conteúdo: Exercícios de argumentação
1. Às vezes, uma conclusão é fruto de uma série de premissas. Indique duas possíveis premissas de cada conclusão dada a seguir:
1. As provas de múltipla escolha devem ser proibidas.
1ª) ______________________________________________________________
2ª) ______________________________________________________________
2. O parlamentarismo deve ser implantado no Brasil.
1ª) ______________________________________________________________
2ª) ______________________________________________________________
3. Devemos comprar sempre carros nacionais.
1ª) ______________________________________________________________
2ª) ______________________________________________________________
4. Os alunos devem usar cadernos de papel reciclado.
1ª) ______________________________________________________________
2ª) ______________________________________________________________
2. Sempre que passamos de uma premissa diretamente a uma conclusão, assumimos como verdadeira alguma idéia intermediária. Quais são as idéias assumidas como verdadeiras nos seguintes raciocínios:
1. É melhor ultrapassar aquele carro; o motorista é uma mulher.
________________________________________________________________
2. Meu exercício tem a mesma resposta do livro; acertei mais um!
________________________________________________________________
3. O sinal do colégio está tocando; estou atrasado!
________________________________________________________________
4. Minha mãe a viu com outro no cinema; vou terminar o noivado!
________________________________________________________________
3. Em muitos casos recusamos a conclusão tirada da(s) premissa(s). Os argumentos abaixo podem ser recusados por várias razões:
( 1 ) a premissa não é verdadeira
( 2 ) a conclusão não é uma decorrência lógica da premissa
( 3 ) a premissa não é suficiente para a conclusão
Escreva nos parênteses o número correspondente a cada caso.
O PCB protege o povo contra a exploração.
O povo deve votar com o PCB. ( )
O governo Brizola construiu muitas escolas.
O analfabetismo decresceu no Governo Brizola. ( )
Os alunos acham a prova muito difícil.
Os alunos têm que apelar para a cola. ( )
Bermuda não é traje indecente.
Os alunos deviam ser proibidos de usar bermuda no colégio. ( )
A empresa não paga devidamente aos funcionários.
Os funcionários da empresa devem entrar em greve. ( )
Os camelôs apresentam deficiências físicas.
Os camelôs devem ser protegidos. ( )
Os camelôs vendem mais barato.
Deve ser permitida a presença de camelôs nas ruas. ( )
Tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.
Devemos copiar as leis americanas. ( )
4. As premissas de um raciocínio são normalmente de três tipos: fatos (F), julgamentos (J) ou testemunhos de autoridade (T).
Classifique as premissas dos argumentos a seguir de acordo com esses três tipos.
1. Uma pesquisa demonstrou que as águas das praias cearenses estão poluídas, por isso devemos evitá-las. ( )
2. O Ibope indica que o candidato X terá mais de cinqüenta por cento dos votos de todos os eleitores, por isso acho perda de tempo votar em qualquer outro. ( )
3. Muitos pivetes assaltam nos grandes centros, pois isso considero aconselhável que se reveja a lei de proteção ao menor. ( )
4. É muito melhor gastar quinhentos dólares nos Estados Unidos do que no Nordeste, por isso os aviões para Miami estão cheios. ( )
5. A ortografia da língua portuguesa é de difícil aprendizagem, por isto acho urgente uma revisão no sistema ortográfico. ( )
 
5. As inferências são de dois tipos: indutivas (do particular para o geral) e dedutivas (do geral para o particular). Em todos os casos a seguir, temos inferências indutivas; verifique se elas são fruto de generalização (G), relação de causa/efeito (C) ou de analogia (A).
1. O livro sobre a vida e a obra de Nélson Rodrigues é muito grosso e caro, por isso deve vender pouco.
 ( )
2. Os restaurantes estão fazendo como as lojas de roupas, oferecendo pratos a preços mais baratos, por isso estão vendendo mais. ( )
3. Os marinheiros têm uma namorada em cada porto, por isso as mulheres devem evitar casar-se com eles. ( )
4. Os animais também amam, sentem dor e prazer, e morrem, como os seres humanos. Por que falar de crueldade quando se defendem? ( )
5. Medindo grupos de cidadãos brasileiros de várias partes do país, inferimos que os nordestinos são mais baixos que os sulistas. ( )
6. Leia o texto e responda às perguntas:
Contam que um soldado vivia sempre bêbado. Um dia, o sargento o chamou, mostrou-lhe um copo onde colocou cachaça; pôs, em seguida, no mesmo copo, uma gema de ovo, e o resultado foi uma gosma asqueirosa. Virou-se para o soldado e disse:
— Veja, soldado, o que acontece no seu estômago quando você bebe! Depois de ver isso, o que você pretende fazer?
E o soldado, impressionado:
— Nunca mais vou comer ovo!
1. Que tipo de inferência indutiva foi usada pelo sargento?
________________________________________________________________
2. Por que a inferência surpreendeu?
________________________________________________________________
7. A forma mais importante de dedução é o chamado silogismo, um argumento que consiste de três frases: uma premissa maior, uma premissa menor e uma conclusão. Indique a conclusão dos dois silogismos a seguir.
1. As mulheres são mais delicadas que os homens.
Maria é uma mulher.
________________________________________________________________
2. Todo homem é mortal.
Eu sou homem.
________________________________________________________________
8. Um silogismo tem que preencher três condições: 1) ter três termos (usados duas vezes) e que não podem ser ambíguos; 2) apresentar premissas verdadeiras; 3) ser formalmente válido.
Indique o princípio que foi desrespeitado em cada um dos seguintes silogismos.
1. Um apartamento barato é raro.
Tudo o que é raro é caro.
Um apartamento barato é caro.
2. Gatos têm sete vidas. 
Maria é uma gata.
Maria tem sete vidas.
3. Todos os americanos vivem sob regime presidencialista.

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