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Resumo Direito Penal 1 (P1)

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Dia 03/10
Tempo de Crime – art. 4º, CP
O tempo do crime é o momento em que se considera o crime praticado. Para identificar, a doutrina tem três teorias:
a) atividade: o tempo do crime é o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
b) resultado: a ocorrência se dá pelo resultado, não importando o momento da ação ou da omissão. 
c) mista ou ubiquidade: considera-se os dois fatores (tempo da ação ou da omissão ou do resultado). 
Obs: direito penal não conta fração. Ex: hora em que a pessoa nasceu/fez aniversário. 
Lugar do Crime – art. 6º, CP
Teorias: 
a) Atividade: o lugar do crime é o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o resultado. 
b) resultado: o lugar do crime ocorre com o resultado. É desprezado o local da ação ou da omissão. 
c) mista: considera-se os dois fatores. 
Territorialidade - Art. 5º, CP
“Aplica-se a lei brasileira sem prejuízos de convenções, tratados e regras de direito internacional ao crime cometido no território nacional.” 
Territorialidade temperada: ocorre quando o Estado brasileiro abre mão de sua jurisdição em atendimento à condições impostas por tratados internacionais. 
Princ. Da Extraterritorialidade: é o fenômeno pelo qual a lei brasileira se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional, isto é, em locais submetidos à soberania externa ou mesmo em territórios em que país algum exerce seu poder soberano. Embora o fato tenha ocorrido fora do Brasil, nossa lei será aplicada por algum juízo ou tribunal pátrio. Há duas espécies de extraterritorialidade, a incondicionada (art. 7, I, §1º - nossa lei se aplica aos fatos praticados no exterior, independente de qualquer condição) ou condicionada (art. 7, II, §§2º e 3º - a aplicação da nossa lei depende do concurso de diversas condições).
Macro princípios: 
c.1) defesa e proteção (art. 7, I, a b e c, §3º): prevê a aplicação da lei penal brasileira aos crimes previstos no estrangeiro quando praticados ao bem jurídico brasileiro. Ex: crime contra a vida e liberdade do presidente da república, contra o patrimônio ou contra a fé pública, de adm. direta ou indireta. 
c.2) nacionalidade ativa (art. 7, II, b): prevê a aplicação da lei penal brasileira aos crimes ocorridos no estrangeiro praticados por brasileiros, não importando a nacionalidade do objeto jurídico passivo. Obs: princ. da nacionalidade ativa: se refere aos delitos praticados por brasileiros no exterior. Nacionalidade passiva: relativa àqueles fatos praticados por estrangeiro contra brasileiros, fora do nosso país. 
c.3) justiça universal (art. 7, I, d + art. 7, II, b): prevê aplicação da lei penal brasileira aos crimes ocorridos no estrangeiro quando o bem jurídico atingido for de relevância universal, não importando a nacionalidade dos sujeitos ativos ou passivos. 
c.4) representação (art. 7, II, e): aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados em embarcações ou aeronaves brasileiras e enquanto se encontram em território estrangeiro e aí não sejam punidos, não importando a nacionalidade. 
Dia 10/10:
Teoria do Crime:
Noções fundamentais: 
Conceito: o termo “do crime” serve para se referir a matéria que visa explicar a existência do ilícito penal. 
Infração Penal: existe diferença entre crime, delito e contravenção? Para o nosso sistema, crime e delito são sinônimos, mas não se confundem com contravenção. 
Crime x Contravenção: art. 1º da Lei de Introdução ao Cód. Penal: “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, pu ambas, alternativa ou cumulativamente.” 
Infração Penal:
Crime/Delito: são infrações penais consideradas mais graves. Puníveis com pena privativa de liberdade nas modalidades de reclusão e detenção. É possível tentativa e o limite da pena é de 30 anos. 
Contravenções Penais: são infrações menos graves que os crimes, são delitos-anões. Ofendem bens jurídicos não tão importantes quanto os protegidos ao se tipificar um crime. São puníveis com prisão simples ou multa, não sendo possível a tentativa. 
Três aspectos de infração penal: 
Formal: intenta em definir o delito focando em suas consequências jurídicas, isto é, na espécie de sanção cominada. Descreve apenas sob o aspecto positivista (afronta a lei). 
Material: é o que se ocupa da essência do fenômeno, buscando compreender quais são os dados necessários para que um comportamento possa ser considerado criminoso (ameaça os bens necessários ao convívio social). 
Analítico: crime é toda conduta típica, antijurídica e culpável. 
Teorias do Crime: 
Teoria Causalista ou clássica 
Está ligada aos métodos de causa e efeito, composta por três elementos: tipicidade, culpabilidade e ilicitude.
É composta por três elementos: tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
A conduta, elemento do fato típico, é posta como movimento humano (não cogita omissão) despido de finalidade. 
Não há espaço para análise do dolo ou culpa. 
Crime = fato típico, ilícito e culpável; Fato típico – conduta: ação humana voluntária causadora de modificação no mundo exterior. 
Culpável – imputabilidade (pressuposto); Dolo e culpa (espécies)
Teoria Neokantista ou neoclássica 
Também conhecida como causal valorativa. O Direito passa a ser visto não como uma ciência do ser, mas do dever ser. 
Também é tripartida
A conduta continua a ser um movimento humano voluntário, alcançando mais satisfatoriamente a explicação das condutas omissas. 
Teoria Finalista
Torna o dolo e a culpa como elementos da tipicidade, na conduta. 
DIFERENÇAS: 
	Teoria Clássica: CRIME
	Teoria Finalista: CRIME
	Fato típico (conduta “causalista” ou “mecanista”, resultado, nexo causal e tipicidade)
	Fato típico (conduta “finalista”, com dolo e culpa, resultado, nexo causal e tipicidade)
	Antijurídico 
	Antijurídico
	Culpável (dolo e culpa + imputabilidade)
	Culpável (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de condutas diversas)
IV – Conduta:
Comportamento exclusivo do ser humano. 
Pessoa jurídica não tem conduta, mas sim atividade (art. 225, p 3º, CF)
Dolosa ou Culposa
Pode constituir em um fazer (conduta comissiva) ou em um não fazer o que estava obrigada (conduta omissiva)
Conceitos: 
Causal – natural (Franz Von Liszt e Ernst Von Beling): ação é um movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo exterior.
Finalista (Hanz Welzel): ação é o exercício de uma atividade final. 
Social (Johanes Wessels): é todo comportamento social e juridicamente relevante, dominado ou pelo menos dominável pela vontade.
Causal – normativo (Edmund Mezger): ação é um movimento humano voluntário manifestado no mundo exterior.
Adotada no Brasil: Para a teoria finalista da ação, que foi adotada pelo nosso cód. Penal, será típico o fato praticado pelo agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta. Se ausente tais elementos, não poderá o fato ser considerado típico, logo sua conduta será atípica. Ou seja, a vontade do agente não poderá mais cindir-se da sua conduta, ambas estão ligadas entre si devendo-se fazer uma análise imediata no “animus” do agente para fins de tipicidade.
Conduta dolosa ou culposa:
Dolosa: quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo – art. 18, I, CP (todo crime é doloso. Somente será culposo se houver uma ressalva na lei.)
Culposa: quando o agente dá causa ao resultado em virtude de sua imprudência, negligência ou imperícia – art. 18, II, CP
Conduta Comissiva e Omissiva:
Comissiva ou positiva: quando o agente faz aquilo que a norma proibia. 
Omissiva ou negativa: quando deixa de fazer aquilo que a norma obriga. As omissivas podem ser: 
b.1) Próprias puras ou simples: quando a omissão vem prevista expressamente no tipo penal. Temos o chamado dever genérico de proteção. Ex: crime de omissão de socorro – art. 135, CP 
b.2) Impróprias,omissivas qualificadas ou comissivas por omissão: quando o agente em virtude de sua posição de garantidor prevista pelo art. 13, p 2º, CP. Ex: mãe que podendo, não socorre o filho morrendo na piscina. 
Dia 17/10: 
Ausência de Conduta (fato atípico – exclusão de tipicidade)
Força irresistível: se dá pela natureza e pelo homem. Natureza – fenômenos naturais. Força do homem – são aquelas reações causadas por coação física. 
 Movimentos reflexos: Ex: uma ação onde a causa e efeito se dá por choque elétrico ou susto.
Estados de inconsciências: hipnose, sonambulismo, ataques epiléticos. Obs: esquizofrenia já se encaixa em psicopatia 
Fases da realização da ação (não tem um crime realizado – planejamento)
Obs: “fases do crime” é diferente de “fases da realização da ação”. 
Interna: 
Representação: momento em que o agente imagina e projeta os resultados.
Escolha dos meios necessários: ex: compra de uma arma, de uma granada.
Consideração dos efeitos: se vai afetar outras pessoas além do alvo, algum patrimônio, etc.
Externa
Exteriorização: executa a ação. Não necessariamente tem êxito, não necessariamente pratica o crime. 
Tipicidade:
Teoria do Tipo: identificamos o ilícito penal que é retratado no modelo abstrato, que é criado em obediência ao princípio da legalidade (reserva legal). Pressupõe que para ter uma infração penal, deve ter uma lei anterior que a defina e uma pena (princ. da anterioridade). 
Obs: infração pena – bimodal 
Mais grave – crime e delito 
Menos grave – contravenção penal 
Tipicidade Penal 
Formal: leva em consideração a justa adequação (lei). É a subsunção perfeita da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei. 
Material: bem tutelado. 
Conglobante 
- Material: é a aferição do direito penal acerca do bem jurídico ofendido no caso concreto. 
- Antinormativo: conduta contrária à norma. O agente pratica uma conduta que está proibida no Dir. Penal. 
3.1) Adequação:
a) de subordinação direta: quando há uma adequação perfeita entre a conduta do agente e o tipo penal. Ex: A tirou a vida de B. A responde por homicídio. 
b) de subordinação indireta: quando a conduta praticada pelo agente não se amolda diretamente ao tipo penal. É necessária uma norma de extensão. Ex: A tenta tirar a vida de B, mas não consegue. É admitido a tentativa. 
3.2) Espécies de tipo:
a) Básico – art. 121, CP: são formas simples da descrição, previstos nos caputs dos tipos penais. 
b) Derivado – art. 112, p. 2º, CP (Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes): derivado de outro crime. 
c) Normais e anormais: 
d) Fechados – art. 121, CP: não exige nenhum juízo de valor. São aqueles tipos que a lei descreve por completo a conduta que se quer proibir ou impor. 
e) Abertos – exige tipo de antemão: Nesse caso, existe o juízo de valor. São aqueles em que a tipicidade só poderia ser avaliada com o auxilio de outro tipo (chamado de tipo de extensão). Ex: crimes culposos. 
f) Mistos – art. 211, CP (Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele): É o crime de ação múltipla, seu conteúdo é variado, há várias possibilidades de cometimento previstas no tipo penal. 
Classificação dos crimes:
Comuns e próprios: crimes comuns – praticados por qualquer pessoa, não se exige especificidade dos dois sujeitos ativos ou passivos. Crimes próprios – previstos no tipo. Praticados por pessoas qualificadas com determinadas especificidades. Ex: infanticídio. 
Crimes instantâneos e permanentes: tanto o instantâneo quanto o permanente são aqueles que se consumam com uma conduta. O que diferencia é que no instantâneo, o resultado não se prolonga no tempo. Já o permanente, o resultado se prolonga no tempo por vontade do agente. Como se identifica a modalidade permanente? 1º: O bem jurídico afetado deve ser imaterial: saúde, privacidade, liberdade. 2º: Normalmente é praticado p/ duas condutas. A primeira é comissiva e a segunda é omissiva. 
b.1) instantâneo de efeito permanente: ex: loteamento clandestino, apropriação de terras clandestinas. 
b.2) instantâneo de continuidade habitual: ex: cafetão, aliciação de menores, exploração da prostituição. (é como se estivesse cometendo o crime toda hora)	
c) Crimes:
Comissivos: quando é praticado através de uma ação. Ex: estupro e homicídio.
Omissivos: quando o agente deixa de fazer algo que poderia e deveria fazer.
Comissivos por omissão: quando o agente pratica uma conduta comissiva, mas o resultado se dá pela omissão (quer o resultado, mas se omite). Ex: mãe que abandona o filho, deixa se afogando na praia. 
Omissivos por comissão: ex: quando alguém está se afogando, mas uma pessoa impede o salva vidas de fazer o resgate. 
Materiais: são aqueles que se concretizam para atingirem o resultado naturalístico, ou seja, causam uma modificação essencial no mundo exterior. Ex: homicídio, sequestro, roubo, etc.
Formais: a lei prevê um resultado, mas não exige que ele ocorra para que haja consumação do crime. 
d) Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos: unissubjetivo – é aquele que pode ser praticado por uma pessoa. Ex: aborto, homicídio, roubo, etc. plurissubjetivo – caracteriza por ser praticado, obrigatoriamente, por mais de uma pessoa. Ex: crime que envolve associação criminosa, bigamia, rixa, etc. Embora o crime plurissubjetivo necessite de mais de uma pessoa, não significa que todas serão penalmente punidas pelo crime. Como é o caso da bigamia, em que um dos contraentes não sabe que o outro é casado. 
 e) Crimes unissubsistententes e plurissubsistentes: unissubsistentes – admite a prática através de um único ato para a concretização. Ex: desacato, injúria, violação de segredo profissional, etc. Plurissubsistentes: é praticado por mais de um ato. Ex: crime de roubo é formado pela subtração de coisa alheia + grave ameaça ou lesão, logo, deve haver mais de um ato para caracterizar o referido crime. 
 f) Crimes progressivos e progressão criminosa: Crimes progressivos – trata-se da evolução na vontade do agente, fazendo-o passar, embora num mesmo contexto, de um crime a outro, normalmente voltado contra o mesmo bem jurídico protegido. É o caso do homicídio que antes de atingir o resultado de morte, primeiramente ocorre a lesão corporal. Progressão criminosa: a intenção inicial do malfeitor é um crime, mas evolui para outro. Ex: inicialmente, o agente realiza o roubo, mas devido a vítima ter tentado se defender, o agente, por fim, acaba tirando e matando-a. 
 g) Crime habitual: Ocorre quando o agente pratica a mesma conduta (ação ou omissão) de forma reiterada e contínua, tornando-a um estilo de vida. Ex: exercício ilegal da medicina. 
Dia 31/10: 
1. Crime de forma livre ou de forma vinculada: 
O crime de forma livre é aquele em que não há vínculo entre a forma praticada e o tipo descrito. Por exemplo, o homicídio pode ser realizado de várias formas, através de um tiro, uma facada, por estrangulamento, etc. Já o crime de forma vinculada, o modo deve estar descrito na redação do tipo penal. Ex: art. 284 – CP “exercer curandeirismo prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância.”
2. Crimes Vagos:
Guilherme Nucci – “são aqueles que não possuem sujeito passivo determinado, sendo este a coletividade, sem personalidade jurídica”. Ex: crime de violação de sepultura. 
3. Crimes Remetidos: (norma penal em branco)
Caracteriza-se por fazer menção à outra norma. Ex: uso de documento falso previsto no art. 304 do CP.
4. Crimes Condicionados: 
São aqueles que dependem de uma condição para que o crime se configure. Ex: os crimes contra brasileiros praticados no exterior por estrangeiros.
5. Crimes de atentado ou empreendimento: 
São aqueles em que a forma tentada é punida com a mesma intensidade da forma consumada. Ex: evasão mediante violência contra a pessoa, prevista no art. 352 do CP. 
6. Elementos Específicos dos Tipos Penais: 
São elementosencontrados em todos os tipos penais:
a) núcleo: é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal. O núcleo será sempre verbo de ação, visto não poder uma pessoa ser incriminada por um estado ou por uma situação qualquer em que não concorra de forma ativa (negativa ou positiva/ação ou omissão).
b) sujeito ativo: é aquele que pode praticar a conduta delituosa descrita no tipo. Se qualquer um pode ser o sujeito ativo do crime, ou seja, se a conduta pode ser praticada por qualquer pessoa, o crime é tido como crime comum. Mas se somente um grupo de pessoas pode praticar o crime, dadas determinadas condições pessoais, o crime é tido como crime próprio. Somente o homem, aqui entendido como pessoa humana, pode praticar delitos. Societas Delinquire non potest. Mas e quanto à possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica por crimes ambientais? Pessoas jurídicas não tem conduta, tem atividade.
c) sujeito passivo: Pode ser formal ou material. Formal: é sempre o Estado, que sofre danos toda vez que suas leis são desobedecidas. Material: é o titular do bem jurídico tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa. Em alguns casos, pode ser o Estado. Ex: crimes contra a adm pública. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de delitos, com algumas ressalvas, como o caso de crime de injúria, tendo em vista que a pessoa não possui o que a doutrina costuma chamar de “honra subjetiva”. 
d) objetos do crime: 
 d.1) Objeto Jurídico: é o valor que o direito busca proteger e foi violado pela prática do crime em questão. O criminoso não gera objeto jurídico, ele o viola. 
 d.2) Objeto Material: é um pouco menos abstrato que o objeto jurídico, pois ele é definido dentro de cada norma penal. Se o objeto jurídico é o valor protegido pelo direito, o objeto material é a própria coisa ou pessoa atingida pelo crime. É o resultado físico ou mensurável de um crime, fugindo da abstração dos valores do objeto jurídico. 
OBS: PROVA – Relação entre objeto jurídico e objeto material.

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