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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: SOCIOLOGIA II (DURKHEIM) DOCENTE: JUAN LORENZO BARDALEZ HOYOS DISCENTE: SUEWELLIN RAFAELA RODRIGUES BRAGA / MAT:201705540057 RESUMO DO CAPÍTULO II DO LIVRO “UM TOQUE DE CLÁSSICOS” BELÉM 2018 Introdução A instauração da Sociologia no meio acadêmico e a consolidação da mesma como uma ciência empírica se deu, em grande parte, ao trabalho de Émile Durkheim. Por ter vivido numa Europa abalada por guerras e em processo de modernização, seu trabalho acabou refletindo uma tensão entre valores e instituições que, no meio desse processo, estavam sendo corroídos. As referências para estabelecer seu pensamento são tanto a Revolução Francesa e Industrial, quanto as ideias formadas por autores como Saint-Simon e Comte. Durkheim possui também influências da Filosofia Racionalista de Kant, do Darwinismo, do Organicismo Alemão e do Socialismo de Cátedra. A Especificidade do Objeto Sociológico Durkheim define a Sociologia como a ciência “das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento”. Segundo Durkheim, para que a sociologia se tornasse uma ciência autônoma, ela precisava delimitar seu próprio objeto, e nessa delimitação se deu os fatos sociais, que são os fenômenos que, citando Durkheim, compreendem “toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior.”. Sendo assim, o fato social é um fenômeno que tem vida própria, que possui autoridade e a exerce aos membros da sociedade, os coagindo a sentir, pensar e agir de certo modo. De acordo com a visão de Durkheim, a sociedade não é o resultado de um somatório dos indivíduos que fazem parte da mesma, mas uma síntese. Ele afirma também que os fenômenos que constituem uma sociedade nascem na coletividade e não de forma individual em cada um dos indivíduos. O Método de Estudo da Sociologia Segundo Durkheim Para o estudo da sociologia, Durkheim estabelece regras para a observação dos fatos sociais. A principal delas é conceitua-los como coisas, afastando os preceitos, e considera-los, independentemente das suas manifestações individuais, de forma mais objetiva possível. Sendo assim, o cientista social deve-se assumir sua ignorância, se livrando de suas prenoções ou noções triviais e adotando a dúvida metódica. A Dualidade dos Fatos Morais As regras morais são fatos sociais, também coativas, entretanto se apresentam também como “coisas agradáveis de que gostamos e desejamos espontaneamente”, ou seja, a coerção passa a não ser mais sentida devido ao respeito dos membros da sociedade para com os ideais coletivos, e por aparecer de forma desejável, mesmo que o cumprimento desses ideais se dê por um esforço e sob constrangimento. Durkheim defende que esses ideais coletivos, eventualmente, sejam revigorados, para que não se debilitem e assegurem a coesão, vitalidade e continuidade do grupo e de seus membros. Coesão, Solidariedade e Os Dois Tipos de Consciência Durkheim afirma que possuímos duas consciências. Uma que é comum com o nosso grupo e representa a sociedade que fazemos parte, e uma contrária, que nos representa no pessoal e distinto, fazendo de nós um indivíduo. A instrução pública tem como objetivo a constituição da consciência comum, que forma seus cidadãos para a sociedade e não para o comércio e/ou fábricas. No desenvolvimento da divisão de trabalho nas sociedades, a consciência comum ocupa apenas uma parte da consciência total do indivíduo, permitindo que o mesmo desenvolva sua personalidade. Durkheim, então, estabelece uma analogia entre a aproximação do homem e a mulher, que por serem diferentes, se completam e formam um todo através de sua união. Sendo assim, o equilíbrio e a solidariedade se originam nessa diferenciação, que constitui laços capazes de unir as sociedades orgânicas e seus membros. Os Dois Tipos de Solidariedade Durkheim faz uma divisão de solidariedade, que pode ser orgânica ou mecânica. Ele diz que a solidariedade é mecânica quando “liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum intermediário”, que é constituído de um conjunto com crenças e sentimentos comuns a todos os membros. Ou seja, suas consciências se assemelham e quase não encontramos características que diferenciam de forma nítida um indivíduo do outro. A partir da intensificação das relações sociais, os integrantes das sociedades ficam em contato suficiente entre eles, e assim, reagindo aos outros desde o ponto de vista moral. Com a multiplicação das relações intersociais, ocorre o progresso na divisão do trabalho, e com essa acentuação, a solidariedade mecânica é reduzida e gradativamente substituída pela solidariedade orgânica, derivada dessa divisão do trabalho. A função dessa divisão do trabalho é de integrar o corpo social e lhe assegurar a unidade. Durkheim afirma, então, que “somente existem indivíduos no sentido moderno da expressão quando se vive numa sociedade altamente diferenciada, ou seja, onde a divisão do trabalho está presente, e na qual a consciência coletiva ocupa um espaço já muito reduzido em face da consciência individual”. Essas duas solidariedades evoluem de forma inversa, onde uma progride e a outra se retrai, porém, cada uma cumpre sua função, assegurando a coesão social nas sociedades simples ou complexas. Os Indicadores dos Tipos de Solidariedade O indicador para a presença de um ou de outro tipo de solidariedade se dá na utilização da predominância de certas normas do Direito. O Direito tem uma forma estável e precisa, servindo como fator externo e objetivo para simbolizar os elementos importantes da solidariedade social. Nas sociedades onde as semelhanças entre seus membros são os principais pontos, um comportamento que foge da semelhança é punido por meio de ações com profundas raízes nos costumes. Ferir a consciência coletiva é uma violência com todos que ela abrange, e então é exercido uma vingança contra o agressor, na mesma medida da violação que ele cometeu contra essa sociedade. Essa punição possui a finalidade de proteger a coesão social e evitar que a mesma seja fragilizada. Ocasionalmente, essa pena atinge inocentes – como as famílias dos culpados -, por ter como base a paixão, então essa pena acaba se propagando de forma mecânica e irracional. Dessa forma, a sociedade pode cobrar ações resolutas entre seus participantes, visando a autopreservação, podendo até exigir que, em nome da coesão da sociedade, eles abdiquem da própria vida. A partir dessa visão, Durkheim analisa o suicídio enquanto fato social. Seguindo essa linha do suicídio como fato social, feitos estudos e análises, Durkheim observou as características dos suicidas e classificou o suicídio em três tipos, sendo eles: suicídio egoísta, suicídio altruísta e suicídio anômico. O suicídio egoísta se dá quando o indivíduo se sente desconectado com a sociedade em que ele vive, quando os laços entre a família, amigos, dentre outros, estão enfraquecidos e ele se sente isolado. Já o suicídio altruísta é aquele em que o suicida age pensando no coletivo – e não em si mesmo -, normalmente são movidos por alguma causa política ou religiosa. E o suicídio anômico se dá pela ausência de regras que mantem a coesão social, grandes mudanças repentinas numa sociedade, como exemplo uma crise econômica que leva pessoas ao desemprego; essas pessoas passam a se sentir perdidos e são suscetíveis ao suicídio. Segundo Durkheim, países mais desenvolvidos estão mais propensosa terem grandes taxas de suicídios, pois não possui um tipo de freio ao que se quer ter.
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