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A IMPORTANCIA DA METROLOGIA NA GESTAO EMPRESARIAL

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A IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA NA GESTÃO EMPRESARIAL E NA
COMPETITIVIDADE DO PAÍS
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Renato Campos
São Paulo State University
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A IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA NA GESTÃO 
EMPRESARIAL E NA COMPETITIVIDADE DO PAÍS 
 
 
 
Eduardo Abreu da Silva 
Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF/CCT/LEPROD 
Av. Alberto Lamego, 2000, CEP 28015-620, Campos-RJ, e-mail: eduabreu@petrobras.com.br 
 
Renato de Campos 
Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF/CCT/LEPROD 
Av. Alberto Lamego, 2000, CEP 28015-620, Campos-RJ, e-mail: rdcampos@uenf.br 
 
 
 
Abstract: The crescent globalization of the economy created numerous and critical 
technical barriers, including restrictions related to metrology, normalization, technical 
regulation and conformity evaluation questions. The metrology is present in all society, 
involving control of processes, commercial transactions, quality of products, human 
security and environment protection. The industrial investments accomplished by great 
companies in the metrology area are increasing every day, looking for to reach larger 
reliability in your processes. This article present the importance of the metrology to the 
competitiveness of enterprises and countries in this actual scenario, and the necessity of 
investments in this area. 
 
Keywords: metrology, quality, measurement. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O crescimento do comércio internacional em função das quedas de barreiras 
comerciais e criação de áreas de livre comércio, e o aumento das exigências do mercado 
consumidor a nível nacional e internacional, vêm exigindo das industriais adoção de 
padrões normativos de aceitação global e adequação às exigências das normas ISO 9000, 
ISO 14000, BS 8800 e em alguns casos a implantação de sistemas da qualidade conforme a 
ISO 17025, de forma que estas empresas continuem competitivas. 
As empresas e organizações que pretendem participar do mercado globalizado 
precisam enfrentar muitos desafios, entre eles podemos citar: preços competitivos, 
qualidade dos produtos, agilidade, flexibilidade e capacidade de inovação. Para que estas 
dimensões sejam atendidas é necessário investir em qualidade, normalização e estabelecer 
uma base metrológica que transforme amostras, calibrações, e ensaios em informações 
confiáveis para o processo de tomada de decisão. 
Na área de metrologia, poucas são as empresas que buscam através da qualificação e 
certificação de instrumentos de medição, avaliar as efetivas condições de uso, ou aplicar os 
resultados obtidos na forma de correção dos erros. O gerenciamento dos instrumentos de 
medição responsáveis pelo controle dos processos de produção é vital para o resultado do 
negócio, pois o aspecto metrológico é responsável por grande parte dos prejuízos causados 
por retrabalho. 
O processo de medição é suporte para a ciência, para identificação e solução de 
problemas, para controle da produção e para avaliação de produtos e serviços em todas as 
 1 
áreas da vida humana.[1]. A utilização da metrologia é uma forma de melhorar a qualidade 
dos processos produtivos, o que deve ser perseguido continuamente por todas as empresas 
que pretendem participar de um mercado altamente competitivo e globalizado. 
Este artigo destaca a importância da metrologia, e tece considerações sobre a sua 
evolução, estrutura organizacional, utilização de serviços credenciados, investimentos e o 
gerenciamento metrologico na PETROBRAS. 
 
2. EVOLUÇÃO DA METROLOGIA 
 
Desde os tempos mais remotos, a Humanidade tem contato com algum tipo de 
metrologia e obtido benefícios na quantificação, observações e no uso de medições para 
melhorar a qualidade de vida da população. 
Estudos arqueológicos comprovam existência de instrumentos de medição usados no 
passado. No ano 3000 AC, existia a unidade padrão cúbica, que foi utilizada nas 
construções das pirâmides. O cúbico real egípcio foi estabelecido como sendo o 
comprimento do antebraço de um faraó mais o comprimento da palma da mão dele, que 
foram transferidas para um pedaço de madeira e tornou-se o primeiro padrão na área de 
metrologia dimensional. Na construção da grande pirâmide de Giza, foi utilizado este 
sistema de medição que proporcionou uma exatidão de 0,05% em uma distancia de 230 
metros.[2] 
Atualmente alguns setores da industria, tais como: microeletrônica, aeroespacial, 
nanotecnologia, químico-farmacêutico, petróleo, automobilístico, biotecnologia, entre 
outros, exigem padrões referenciados ao universo subatômico e o desenvolvimento de 
pesquisas na área da nanometrologia. 
Medições são usadas por praticamente todas os setores da sociedade, atendendo 
diversas necessidades, entre as quais citamos transações comerciais, processos produtivos, 
processos sociais, procedimentos ligados à saúde, ao meio ambiente, à segurança dos 
trabalhadores e dos cidadãos e no setor científico envolve todos os resultados quantitativos. 
“Metrologia é a ciência da medição, abrangendo todos os aspectos teóricos e práticos 
relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou 
tecnologia”.[3] 
Na América Latina, o tema metrologia surgiu pela primeira vez em 1971 na 
Conferência de Brasília, que teve como tema a Aplicação de Ciência e Tecnologia na 
América Latina. Em 1972, o tema voltou a ser discutido no Quarto Encontro da Comissão 
Interamericana para a Educação, Ciência e Cultura (CIECC) em Mar Del Plata, Argentina. 
Neste encontro foi aprovada uma resolução que convocava os estados membros a conduzir 
um estudo sobre o estabelecimento de um sistema regional de metrologia e calibração. 
A Organização dos Estados Americanos (OEA) com a colaboração do Instituto 
Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), promoveu em 1974 um encontro internacional 
sobre metrologia. O resultado deste encontro foi à preparação de um documento que 
continha os objetivos, princípios, direção, fundos e funções de um sistema regional de 
metrologia e calibração. Participaram ativamente neste projeto a Argentina, Bolívia, Brasil, 
Costa Rica, Equador, Jamaica, México, Panamá, Paraguai e Uruguai. O projeto teve efeitos 
significativos que alcançaram outros países que não eram participantes formais, tais como 
o Chile, Colômbia, Guatemala, Peru e Venezuela. 
Como resultado das atribuições deste projeto, e com a assistência do Escritório de 
Ciência e Tecnologia da OEA, o Sistema de Metrologia Inter-Americano (SIM) constituído 
de 13 países da região, foi criado em 1979.[4] 
 
 
 
 2 
3. ESTRUTURA NACIONAL 
 
A nível nacional, os diversos países organizam seus sistemas metrológicos usando 
diferentes modelos. No Brasil, em 1973, foi instituído um sistema denominado Sistema 
Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (SINMETRO), com o objetivo de criar uma 
infra-estrutura básica de serviços tecnológicos capaz de avaliar e certificar a qualidade de 
produtos, processos e serviços, por meio de organismos de certificação, rede de 
laboratórios de ensaio e de calibração, organismos de treinamento, ensaios, e inspeção. 
Mensurações confiáveis devem basear-se em padrões de referencia confiáveis, 
conseqüentemente exigem uma sólida infra-estrutura. No Brasil, o Laboratório Nacional de 
Metrologia (LNM) assumiu a metrologia industrial,científica e legal, sendo considerado 
guardião nacional e verificador dos padrões de referência. 
O Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial 
(INMETRO) é o único organismo de credenciamento do SINMETRO e responsável pelo 
reconhecimento internacional do Sistema Brasileiro de Laboratórios de Calibração e de 
Ensaio. Faz parte de suas funções e responsabilidades: 
• coordenar no âmbito do governo a certificação compulsória; 
• articular, com os demais órgãos públicos, as ações que garantem o efetivo 
cumprimento da certificação; 
• exercer a secretaria executiva do CONMETRO; 
• gerenciar o credenciamento de organismos de certificação; 
• representar o sistema brasileiro nos foros nacionais e internacionais, visando o 
reconhecimento internacional do sistema; 
• estabelecer políticas para o credenciamento de organismo de certificação de sistema da 
qualidade, produtos, pessoal e de laboratórios de ensaios. 
 
Em função do aumento expressivo na demanda por serviços metrológicos que 
suplantaram a capacidade de atendimento do INMETRO, foi criado a Rede Brasileira de 
Calibração (RBC), que é constituída por laboratórios credenciados, que congregam 
competências técnicas e capacitações vinculadas à industria, universidades, institutos 
tecnológicos, que são habilitados à realização de serviços de calibração. 
 
4. IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA 
 
A Metrologia permite a precisão do processo produtivo, a diminuição do índice de 
incerteza, contribuindo para a redução do número de refugo nas empresas e, 
principalmente, para a qualidade do produto. 
Sua contribuição é fundamental, em função do crescente jogo de competitividade no 
mercado e a internacionalização das relações de trocas. A competitividade cresce 
proporcionalmente ao valor agregado do produto, sendo então a influência da Metrologia 
cada vez mais necessária. 
Na atualidade o comércio internacional vem sofrendo várias modificações, sendo 
uma delas a queda das barreiras tarifárias e o incremento cada vez maior das barreiras não 
tarifárias, que na verdade são representadas por barreiras técnicas. 
De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), que regulamenta 90% 
do comércio internacional, a maior parte desse comércio é afetado por padrões e 
regulamentos técnicos, sendo que a diminuição das barreiras comerciais tornou em maior 
evidência as barreiras técnicas, que compreendem as áreas de Metrologia, Normalização 
Técnica, Regulamentação Técnica e Avaliação de Conformidade. 
As tarifas comerciais vêm sendo derrubadas durante os anos, sendo que a média 
aplicada para bens era de 40% em 1947 e em 1994 com a Rodada do Uruguai, essa média 
 3 
caiu para menos de 4%. Praticamente todos os produtos e serviços produzidos pelos 136 
países membros da OMC estão cobertos por algum tipo de acordo.[5] 
 Com objetivo de disciplinar estas questões, a OMC criou o Acordo sobre Barreiras 
Técnicas ao Comércio, conhecido como TBT (Technical Barriers to Trade). Este acordo 
prevê regras para assegurar que padrões, regulamentos técnicos e procedimentos para 
avaliação de conformidade não sejam obstáculos para o comércio e devem ser 
transparentes, não discriminatórios e, se possível, baseados em padrões internacionais. 
Os países desenvolvidos criam vários obstáculos para o consumo de produtos 
oriundos dos países em desenvolvimento, questionando a confiabilidade de seu sistema 
metrológico e em última análise a qualidade final do produto. Como exemplo, podemos 
citar a indústria aeronáutica brasileira, que vem sendo obrigada a demonstrar nos Estados 
Unidos a confiabilidade de seu sistema metrológico. 
A metrologia facilita o comércio, a produção e os serviços, possibilitando que a 
competição entre empresas e países, opere em bases mais transparentes e justas, 
promovendo uma competição mais ética e sadia. 
Com relação ao cidadão, a metrologia procura diminuir a vulnerabilidade de abusos e 
explorações, que porventura possam ocorrer. Esta preocupação esta presente nas atividades 
do Bureau Internacional des Poids et Mesures (BIPM) e, no Brasil, no INMETRO, onde a 
proteção do cidadão, trabalhador e consumidor são prioritários. A atuação da Metrologia 
deverá aumentar com a maior percepção por parte do cidadão, de seus direitos, o que 
depende muito de sua educação e cultura. 
São relativamente recentes as preocupações com o Meio Ambiente, porém a 
metrologia também já atua nesta área, realizando medições corretas sobre o nível de 
poluição, tolerável pelo ser humano. É essencial que as medidas sejam realizadas de forma 
padronizada, confiável e reprodutível. 
O impacto da qualidade das informações é de vital importância para tomada de 
decisão gerencial. Segundo Willian Edwards Deming “o que se registra ao final de uma 
determinada operação de medição é o último produto de uma longa série de operações, 
desde a matéria-prima até a operação de medição propriamente dita. A medição é, pois, a 
parte final deste processo. Assim, do mesmo modo como é vital controlar estatisticamente 
as outras partes deste processo, é vital controlar-se estatisticamente o processo de medição; 
caso contrário, não há medida que tenha significado comunicável”.[6] 
A confiabilidade metrológica abrange diversas etapas, tais como: especificação 
correta dos instrumentos de medição, treinamento, controle estatístico das medições, 
conscientização dos envolvidos no processo, rastreabilidade das medições, controle dos 
instrumentos de medição. 
Devido a sua importância, os organismos de normalização nacional e internacional, 
(podendo citar: INMETRO, International Organization for Standardization - ISO, 
Internacional Electrotechnical Commission - IEC, Associação Brasileira de Normas 
Técnicas - ABNT), enfocam através de normas especificas (tais como: NBR ISO 9001, 
NBR ISO 10012, ISO 17025 e NR-13) o gerenciamento da qualidade metrológica como 
um dos pré-requisitos para o reconhecimento da qualidade dos processos e 
conseqüentemente a Certificação do Sistema da Qualidade.[7] 
O sistema metrológico é um dos itens que mais geram não-conformidades no 
processo de auditoria de certificação, sendo conseqüência da falta de conhecimento da 
importância que o mesmo traz para os processos. 
Todos instrumentos utilizados nos processos e que impactam na qualidade dos 
produtos precisam ser controlados, o que significa conhecer seus erros, possuir um 
certificado de calibração e ter rastreabilidade. 
A calibração dos instrumentos deve ser realizada por laboratórios que tenham a sua 
confiabilidade metrológica comprovada. No Brasil quem gerencia a confiabilidade 
 4 
metrológica é o INMETRO, sendo responsável pelo credenciamento dos laboratórios de 
calibração. Os laboratórios credenciados formam a RBC - Rede Brasileira de Calibração. 
 
5. UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS CREDENCIADOS 
 
A padronização é atualmente uma questão fundamental para a viabilização do 
comércio internacional devido aos seguintes motivos: a grande demanda por produtos que 
atendam as especificações relacionadas à saúde, ao ambiente e à segurança das pessoas e o 
não atendimento aos requisitos técnicos. 
Neste sentido as organizações têm procurado implantar sistemas de garantia da 
qualidade de acordo com as normas da série ISO 9000. Na área dos laboratórios de 
calibração e ensaio o padrão considerado adequado é a norma ISO 170125 que tem por 
objetivo principal fornecer evidências pelas quais um laboratório pode demonstrar que 
opera um sistema da qualidade e possui competência técnica para realizar os serviços de 
calibração e de ensaio. 
O credenciamento é o instrumento que formaliza, perante o mercado, a credibilidade 
de um laboratório de calibração e de ensaio. É um processo que reconhece a competência 
técnica do laboratório, através da avaliação independente (terceira parte), garantindo que 
os resultadosdos serviços de calibração e de ensaio são confiáveis. Possui um caráter 
voluntário e concedido para uma gama de serviços. O credenciamento possibilita aos 
laboratórios as seguintes vantagens: 
• Diferencial competitivo por comprovarem a sua competência técnica e credibilidade; 
• Possibilitar aos clientes maior confiança nos resultados; 
• Acesso a programas de comparações interlaboratoriais; 
• Atendimento a um mínimo de requisitos técnicos e de qualidade; 
• Salvaguarda de responsabilidade civil; e 
• Fornece base uniforme para o mercado avaliar a capacidade técnica. 
Para os usuários dos serviços dos laboratórios credenciados, as seguintes vantagens 
podem ser citadas: 
• Garantia de que os serviços são realizados conforme procedimentos reconhecidos; 
• Maior confiança nos resultados; 
• Diminuição do número de auditorias; 
• Superação de possíveis barreiras técnicas para produtos destinados a exportação; e 
• Mecanismo simples de seleção de fornecedores. 
As maiores dificuldades enfrentadas pelos laboratórios brasileiros são: o custo de 
adequação aos requisitos de credenciamento, desconhecimento do retorno que o 
credenciamento possibilita, baixa demanda, custos de consultorias para auxiliar a 
implantação do sistema da qualidade, custo do credenciamento e manutenção, deficiências 
do pessoal técnico e estrutura física. 
A tendência de crescimento do número de laboratórios credenciados é uma realidade. 
No Brasil existem aproximadamente 1000 laboratórios de calibração e 5000 laboratórios 
de ensaio e apenas 3%, cerca de 160, compõem a rede dos laboratórios credenciados na 
RBC. Podemos considerar como um número satisfatório ao compararmos estes números 
com a Alemanha, onde existem 240 laboratórios credenciados pelo Physikalisch 
Technische Bundesanstalt (PTB) e levando em consideração que o PTB possui mais de 
100 anos e o INMETRO 37 anos. Porém, no Brasil existe uma concentração de 
laboratórios nas regiões sul e sudeste.[8] 
Existe uma preocupação dos laboratórios em atender as exigências do mercado 
quanto à formalização da credibilidade laboratorial e o entendimento por parte dos mesmos 
que os benefícios do credenciamento ultrapassam a questão comercial. Um indicador deste 
 5 
fato é que em 1998 a importação brasileira de produtos metrológicos movimentou 
aproximadamente 1 bilhão de dólares. 
 
6. INVESTIMENTOS NA ÁREA DE METROLOGIA 
 
O investimento industrial na área de metrologia tem aumentado substancialmente nos 
últimos anos. Estudo realizado nas indústrias norte-americana de semicondutores mostra 
que foram investidos mais do que U$ 50 milhões em 1990 na área metrológica. Em 1996 o 
valor foi de U$ 2,4 bilhões e o investimentos projetado para 2001 está entre U$ 3,5 e U$ 
5,5 bilhões. Conforme o estudo, investimento em metrologia pode ter impacto 
significativo, mas percebido a médio prazo. Desta forma, pesquisa e desenvolvimento de 
novas tecnologias de medição devem antecipar-se às necessidades futuras das 
industrias.[2] 
Nos EUA aproximadamente 13% do PIB são gastos na área de saúde, sendo que 20% 
destes recursos são aplicados na melhoria da confiabilidade dos resultados laboratoriais. Os 
reflexos destes investimentos são percebidos, por exemplo, na diminuição da incerteza dos 
exames de medição de colesterol, que estava na ordem de aproximadamente 18% e hoje 
encontram-se na faixa de 5,5% à 7,2%.[2] 
A comercialização para os mercados norte americano, europeu e asiático exigem a 
demonstração formal de conformidade dos produtos e serviços, assim sendo, o certificado 
de conformidade é uma das formas de demonstrar o atendimento aos requisitos 
especificados. Com isto, os acordos de reconhecimento mútuo tornam-se extremamente 
importantes, pois evitam repetições de teste e avaliações em diversos países, otimizando 
tempo e recursos, possibilitando maior competitividade para os produtos e serviços.[9] 
O INMETRO já possui o reconhecimento junto a European Cooperation for 
Accreditation (EA), Internacional Laboratory Accreditation Cooperation ( Ilac ) e Pacific 
Laboratory Accreditation ( Aplac ), como organismo de credenciamento de laboratórios de 
calibração e de ensaios, possibilitando que as acreditações laboratoriais no Brasil sejam 
aceitas pelos países signatários destes acordos. [10] 
 Este ano através, a FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de 
Janeiro), através do edital Faperj 02/2001, promoveu o financiamento de projetos em 
áreas temáticas de pesquisa definidas relevantes para o estado do Rio de Janeiro. Entre as 
18 áreas definidas, uma é a metrologia e outra é a instrumentação, relacionada diretamente 
com a área anterior. 
 
7. GERENCIAMENTO METROLÓGICO NA PETROBRAS 
 
Ciente da importância da metrologia na produção de petróleo e após estudo de 
viabilidade econômica, a Unidade de Negócio da PETROBRAS (UN-BC), localizada em 
Macaé, Estado do Rio de Janeiro, direcionou recursos para o desenvolvimento da 
confiabilidade metrológica e a implantação de laboratórios de calibração. 
Os recursos aplicados ultrapassam U$ 400 mil, distribuídos entre os Laboratórios de 
Metrologia (Dimensional, Elétrica, Força, Temperatura e Pressão) que ocupam uma área 
de 150 m². 
Os laboratórios possuem infraestrutura apropriada para as suas atividades, tais como: 
controle de temperatura e umidade de acordo com os parâmetros específicos de cada 
laboratório, áreas destinadas para recebimento e triagem de material, mão de obra 
qualificada, padrões de referência e equipamentos adequados aos serviços realizados. 
As atividades dos laboratórios incluem a calibração de instrumentos de medição, 
suporte técnico às unidades operacionais e controle dos instrumentos de medição. O 
gerenciamento dos laboratórios segue as práticas de gestão da qualidade, possuindo um 
 6 
sistema da qualidade implantado conforme os requisitos da norma ISO 17025. Atualmente, 
os laboratórios encontram-se na fase final do credenciamento junto ao INMETRO. 
A metrologia está presente nas áreas de perfuração e produção de petróleo, em várias 
atividades, tais como: monitoramento e controle da temperatura das turbo-máquinas, 
medição de parâmetros do processo produtivo, manutenção de equipamentos, operação do 
sistema elétrico das plataformas de petróleo e calibração dos instrumentos utilizados na 
área de saúde. 
Os benefícios alcançados incluem: maior continuidade operacional, melhoria da 
qualidade dos produtos, atendimento aos requisitos normativos, maior segurança dos 
equipamentos, instalações e das pessoas envolvidas no processo. 
 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Conforme descrito neste artigo, a Metrologia está inserida no contexto da Qualidade 
e da Normalização, devendo ser tratada como uma atividade estratégica que possibilita a 
redução dos custos, melhoria da qualidade, maior segurança na operação dos processos, 
possibilitando maior competitividade que resultará na obtenção de melhores índices de 
lucratividade. 
O investimento pelo poder público e privado no desenvolvimento da cultura 
metrológica no país, possibilitará a inserção cada vez maior das empresas brasileiras no 
comércio internacional e uma conscientização por parte da sociedade dos impactos da 
metrologia nos produtos consumidos. 
 Recomendamos que seja feita uma reflexão sobre quais são os instrumentos de 
medição que controlam os processos, se eles estão adequados, se existe rastreabilidade 
metrológica, quais correções necessárias e os impactos que causaram ou estão 
proporcionando na qualidade do produto. 
Finalizando, a mudança de um sistema econômico fechado e protegido, para um 
sistema econômico aberto e globalizado, traz grandes desafios que deverão ser vencidos 
por todos, sendo que atualmente a utilização da metrologia se apresenta como um 
importante meio para ajudar a melhorar a competitividade das empresas e do país. 
 
9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
[1]Neto, E. P. Gerenciando a Qualidade Metrológica. Rio de Janeiro, Editora Imagem. 
(1993) 
[2]Semerjian, H.G., Watters R.L. Impact of measurement and standards infrastructure on 
the national economy and international trade, V. 27, pp 179-196. (2000) 
[3]Moscati, G. Metrologia, desenvolvimento e qualidade de vida. IEE em 
 Revista. n°5 : pp 5 – 7. (1998) 
[4]Harasic, O. R., Marban, R. National Laboratories of Metrology in the Western 
 Hemisphere. Quality Progress. pp 59 – 85. (1999) 
[5]Seiler, E. The World Trade System and Metrology. In: Metrologia 2000, São Paulo. 
Anais...São Paulo: Internacional Trade Mart, 2000, p.103.(2000) 
[6]Silva, O. Rede de Metrologia visa aperfeiçoar o sistema metrológico. IEE em 
 Revista. n°5: pp 4 – 5. (1998) 
[7]Associação Brasileira de Normas Técnicas. Sistema de gestão da qualidade - Requisitos: 
NBR ISO 9001. (2000) 
[8]Banas Qualidade. Artigo: Metrologia investe em modernização. Banas Qualidade, 
Maio. pp 56-62. (2000) 
[9]Souza, R.D.F. Barreiras Técnicas: desafio a ser compreendido. Metrologia, n°3.p.19:22, 
2000 
 7 
[10]Filho, H.R Reconhecimento internacional: um fator de competitividade. 
Metrologia,n°3 pp. 18-19. (2000) 
[11]Valle, B., Bicho, G.G. Guia 25 – a ISO dos laboratórios. Controle da Qualidade, n°85: 
pp 88 – 92. (1999) 
[12]Jornada, J. A. H., Rio Grande do Sul é pioneiro em redes. Controle da Qualidade. 
n°83: pp 52 – 53. (1999) 
[13]Associação Brasileira de Normas Técnicas. Requisitos de garantia da 
 qualidade para equipamentos de medição: NBR ISO 10012-1. (1993) 
[14]INMETRO. Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de 
 Metrologia: Portaria nº 029. (1995) 
[15]Associação Brasileira de Normas Técnicas. Requisitos gerais para a 
 capacitação de laboratórios de calibração e de ensaio: ISO/IEC Guia 25. (1993) 
 8 
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