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Desvendando a Lei Federal 13.022 Parte 1

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Desvendando a Lei Federal 13.022/14 – Parte 1 
 
Publicado em 30/11/2015 
Por Alan Braga 
 
A lei federal 13.022, de 08 
de agosto de 2014, trás uma 
nova ótica sobre as Guardas 
Civis Municipais, dando-lhe uma 
normativa geral suas atribuições 
e competências a nível nacional, 
padronizando seus atos e obrigações. Antes estas instituições estavam sujeitas 
a diversas interpretações legais, e na visão de uns essas corporações era 
polícia, em outras era apenas um órgão auxiliar, e para outros apenas tratados 
como órgãos de vigilância patrimonial do município. Esta lei atrelou os 
parâmetros mínimos sobre as GCM, na qual o município pode ampliar sua 
força e fortalecer a segurança pública no âmbito da sua territorialidade 
municipal. 
Vejamos agora a interpretação de cada artigo desta lei que coloca as 
GCM definitivamente no patamar dos órgãos que compõe a Segurança Pública 
brasileira. 
 
Capítulo I – Disposições Preliminares 
Art. 1º Esta lei institui normas gerais para as guardas municipais, disciplinando 
o § 8º do art. 144 da Constituição Federal. 
Até então por não existir uma lei 
especifica que tratasse das 
normativas e atribuições gerais 
comuns de todas as Guardas 
Municipais do país, essas 
corporações eram sujeitas a 
diversas interpretações legais e 
até questionadas a legalidade de 
suas atuações e prisões. Esta lei 
veio e norteou todas essas 
questões servindo de um grande 
avanço para as guardas 
municipais no campo da 
segurança pública. 
Art. 2º Incumbe as Guardas Municipais, instituições de caráter civil, 
uniformizadas e armadas conforme prevista em lei, a função de proteção 
municipal preventiva, ressalvadas as competências da União, dos Estados e do 
Distrito Federal. 
Conforme explica-se neste artigo, nas guardas municipais não cabe a questão 
do militarismo, são órgãos de segurança pública de caráter civil semelhante a 
Polícia Rodoviária Federal, na qual também é um órgão de segurança pública 
de caráter civil e uniformizada, com cargos que possuem nomes específicos 
não podendo ter nomes semelhantes as instituições militares, não podendo 
também ser regidas por regimento militares. O uniforme é o que dá a 
identificação do agente da Guarda Municipal, que no Brasil adotou-se a cor 
azul marinho, onde esta cor é o padrão universal para o policiamento urbano 
estabelecido pela ONU. As Guardas Municipais podem ser armadas conforme 
legislação especifica, que atualmente esta atrelada aos artigos 6º do Estatuto 
do Desarmamento (Lei Federal 10.826/03) e artigos 40 ao 44 do Decreto-lei 
Federal 5.123/04 e também das portarias da polícia federal, haja visto que para 
existir o porte de armas institucional das Guardas Civis Municipais tem que 
haver um convênio da Prefeitura com a Polícia Federal liberando a corporação 
GCM a portar armas de fogo de calibres permitidos para a mesma, que 
atualmente são os calibres 38, 380 e 12. Uma grande e importante informação 
foi a de atuação preventiva na proteção municipal, reafirmando que as GCM 
podem e devem esta fazendo patrulhamento nas vias públicas das cidades 
fortalecendo a segurança dos mais diversos logradouros públicos dando uma 
sensação maior de segurança a população, podendo atuar em flagrante delito 
qualquer um meliante que esteja cometendo algum tipo de crime, desde contra 
o patrimônio público aos contra a vida. 
 
Capítulo II - Dos Princípios 
Esse capítulo é composto apenas de um único artigo, na qual é o art. 3°, 
descrito da seguinte forma: 
"Art. 3° São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:" 
Ou seja, quer dizer que neste artigo trás o mínimo de atuação na qual as 
guardas municipais devem estarem fazendo suas atividades que são relatadas 
em cinco incisos, fundamentados na preservação dos direitos humanos, os 
quais são: 
I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania e 
das liberdades públicas; 
Neste inciso remeti - se ao artigo 5° da Constituição Federal, na qual as GCM 
devem proteger o direto a vida, a liberdade de expressão, de reuniões e 
manifestações públicas, preservando as mínimas condições de convivência e 
existência de uma sociedade respeitosa e harmônica garantindo a manutenção 
da ordem pública. 
II - preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas; 
O inciso mostra que as GCM devem atuar na proteção dos direitos humanos 
universais, atuar em ações defesa social, interligando com ações que valorizam 
éticos, morais e sociais. 
III - patrulhamento preventivo; 
Mostra que as GCM podem está atuando em diversos logradouros públicos do 
município e em todas as áreas de sua responsabilidade, fazendo com que sua 
presença atua inibindo a ocorrência de diversos tipos de crimes, e quando 
ocorrer poder deter e conduzir em flagrante delito conforme art. 301 do Código 
de Processo Penal, visto que um logradouro público também é um bem público 
conforme o art. 99 do Código Civil Brasileiro, e neste patrulhamento preventivo 
evitar danos a sociedade preservando a vida. 
IV - compromisso com a 
evolução social da comunidade; 
Atuando em ações sociais e 
prevenção à violência, como 
palestras educativas e sociais 
nas comunidades, atividades 
que envolvam a população como 
o policiamento preventivo comunitário. 
V - uso progressivo da força; 
Denota que a Guarda Municipal pode usar a força necessária para conter 
situações de risco e criminosos dentro de um escalonamento para poder conter 
toda a situação e voltar a normalidade. E dentro desta escala do uso 
progressivo da força estão desde a ação de presença do agente, como 
técnicas de gerenciamento de crises, uso de equipamentos de menor potencial 
ofensivo (também chamados de baixa letalidade) até chegar nos uso de 
equipamentos letais que podem ser usados pelas Guardas Municipais, 
respaldando-se e tento suas ações medidas conforme leis e portarias 
específicas como a lei federal 13.060/14 e Portaria Interministerial n° 4.226/10, 
sendo que na hipótese de excesso deste uso da força pelo agente da Guarda 
Municipal, o mesmo poderá responder juridicamente conforme diz a lei federal 
7.209/84, podendo ser de forma dolosa ou culposa, assim como também 
responder pelos artigos 284 e 292 do Código de Processo Penal e pelo uso 
inadequado de algemas conforme lei federal 4.898/65 e súmula vinculante n° 
11 do STF. 
 
Por 
Alan Santos Braga 
Guarda Civil Municipal de Salvador / BA 
alansantb@hotmail.com

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