Buscar

Resenha do filme Crash

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resenha do filme “Crash- No limite”. DIR – UFLA – IED 2014/2
Professor: Leonardo Gomes Penteado Rosa
Bárbara Dias de Souza: 201420743
“Em Los Angeles ninguém te toca. Estamos sempre atrás do metal e do vidro. Acho que sentimos tanta falta desse toque, que batemos uns nos outros só para sentir alguma coisa.”
O filme “Crash - No Limite”, o grande vencedor do Oscar 2006, dirigido por Paul Haggis em 2004, está imerso no contexto pós 11 de setembro e passa na cidade de Los Angeles, Estados Unidos da América, retratando, primordialmente, as diferentes formas de preconceito raciais, culturais e sociais presentes na sociedade contemporânea estadunidense. A drama não apresenta protagonistas e como sugere a anomatopeia “crach” toda história é contruidas por encontros aparentemente casuais, na verdade, por choques ou colisões físicas, morais e metafóricas entre as personagens, quais possuem atitudes moralmente questionáveis, o que aponta-nos para a reflexão sobre o cotidiano moderno.
Os Estados Unidos da América, país no qual tem suas leis baseadas no princípio de igualdade, além de ser caracterizado por muitos como o modelo da democracia a ser seguido e por defender os Direito Humanos, que são “direito inerentes a todos os seres humanos, independente da raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.” Tem seu cotidiano simulado e, é retrato como algo um tanto diferente dessa sua imagem de exclusão da segregação entre as classes sociais e etnias. Na drama fica evidente os casos de intolerância pelo diferente, desrespeito e, principalmente, do racismo. Já no ínicio do filme é possivel identificar gestos de discriminação: Quando ocorre uma batida de carros entre duas mulheres, uma asiática a outra latina, ambas se ofedem ridicularizando caracteristicas culturais da outra, com falas como “Mexicanos não sabem dirigir.” e “[...] escreva em seu relatório o quanto estou indignada por ter sido atingida por uma asiática.”. Percebe-se então que racismo se desenvolve em formas diversas e complexas, além da questão entre o “branco e negro” é notória nesta e em outra situações que revelam o despresos pelas diferentes etnias. 
A globalização pode ser descrita com uma processo economico e social que associam países e pessoas de diversas origens, facilitando a integração de cidadaos de distintos lugares porém alguns deles, ainda, não estão aptos a conviver e aceitar as diferenças culturais, de gênero, personalidade ou costume, causando então, muitos conflitos. Individuos tendem a generalizar caracteristicas e as atribuem a determinado grupos: todo latino é mexicano, os orientais são terroristas, negros são associados ao crime, pobre é inferior ao rico. Como expemplica a cena que mostra um estabelecimento destruído, por seu dono, cuja cultura é oriental, ser culpado pelo atentado de 11 de Setembro. A questão é que estas classificações, na maioria das vezes, são correspondentes, apenas, à parcela que constitui estes grupos. Além disso, esses preceitos dificultam a superação do preconceito que acaba conduzindo os comportamentos e valores de vários seres humanos.
Durante a trama há inúmeros exemplos de estigmas: sofrido ou sentido, o primeiro pode ser caracterizado como aquele em que o individuo discriminado sabe o motivo que essa intolerância se baseia, como por exemplo: O oficial John Ryan di scute com Shaniqua para tentar resolver a situação de seu pai e diz: “Não posso olhar para você sem pensar nos 5 ou 6 homens brancos mais qualificados que não estão no seu lugar.”, também quando Jean Cabot discute com seu marido em voz bastante alta após o sequestro de seu carro “O cara ali de cabeça raspada, calça caindo na bunda e tatuagem de cadeia, ele não vai vender nossa chaves para os amigos criminosos dele assim que sair por aquela porta?” Já o segundo, seria a situação em que esta implícito porquê do preconceito: John Ryan em uma ligação para o plano de saúde do seu pai pergunta a atendente seu nome, ela responde: Shaniqua, então ele fala: “Shaniqua! Era só o que me faltava”. Nos Estados Unidos, por questões culturais, pode se dizer que é este nome é empregado em pessoas negras, assim, o oficial percebe conversa com uma negra e sua reação é de desprezo. Mas isso não pode ser classificado como um estigma sofrido uma vez que ele não ter deixa claro que o fato da mulher não ser branca seja o motivo pra essa sua atitude. Fica evidente também quando Jean se aproxima de seu marido no mesmo momento em que avista dois homens negros na rua, deixando o expectador com a dúvida se ela realmente estava com frio ou se estava com receio pelos homens não serem brancos. A qual é resolvida algumas cenas depois, já que em um conversa com seu marido Rick ela diz: “[...] Se uma pessoa branca vê dois negros andando em sua direção e se vira, e, vai à outra direção ela é racista, certo? Bom, eu fiquei com medo, e não falei nada, dez segundos depois tinha uma arma apontada na minha cara” Com essa afirmação torna-se evidente o estigma sentido, por que Anthony, um dos negros que estava na rua, sente que foi discriminado por sua cor, mas Jean Cabot não deixa explicito se isso realmente aconteceu. 
O filme induz o telespectador a reflexões, desde o inicio ao fim, essas diz respeito aos valores e comportamento da sociedade: o preconceito racial, cultural e social, as atitudes diante de estereótipos, consequentemente, direciona o pensamento para a da ética e a moral, as quais teoricamente conduzem o comportamento humano. É visível no drama a utilização do senso comum ao invés do individual, induzindo, dessa forma, aos ideais pré-formados sobre o outro. Como o caso do oficial Hanson que da carona para um negro, Peter, e se sente intimidado quando este com a voz exaltada coloca a mão no bolso, então o policial atira erroneamente supondo que aquele indivíduo teria uma arma e assim, ameaçaria a sua segurança pessoal isso porque, por apresentar algumas características, ele seria um suspeito em potencial. Porém o carona detinha, apenas, uma estatueta de São Cristóvão em seu bolso, coincidentemente, igual à que o Hanson possuía em seu carro. O que é possível averiguar, nessa situação, é que o fato do homem apresentar cor de pele escura, ter provavelmente uma renda baixa, já que estava em uma noite fria de inverno pedindo carona, fez com que o Hanson tivesse a garantia que ele apresentasse perigo. Isso porque a sociedade por sentimento de insegurança pelo diferente possui a tendência de estabelecer que estas particularidades característica do cidadão negro em questão correspondem a indivíduos criminosos. 
Neste mesmo exemplo é possível a analise da questão moral, a qual seria o conjunto de normas de conduta que são aceitas segundo um consenso coletivo ou individual, e do princípio de legalidade que diz respeito à obediência das leis. O continuar desse episodio demostra que o policial, após matar o homem, o tira de seu carro, deixando Peter na beira do asfalto e logo em seguida com cuidados de luvas, para não haver provas de seu crime, queima seu carro em um bairro afastado. Visto isso, percebe-se que, apesar de ser um oficial, age versus a lei e contra o que seria moralmente correto, discordante das atitudes corretas, do ponto de vista da ética coletiva: assumir seu delito e ser julgado por autoridades especifica. Porém o receio de como seria visto pela comunidade por matar um homem, supostamente, inocente ou como seria julgado, já que poria ser condenado mesmo alegando que agiu daquela maneira por legitima defesa fez que ele preferisse esconder o acontecimento. 
Outros inúmeros acontecimentos ao decorrer do longa-metragem explicita a relação entre o preconceito e a ética individual dos cidadãos contemporâneos. Ocorrem cenas em que uma autoridade abusa do seu poder, outras que expressam a desconfiança pelo diferente, o pré- julgamento e egoísmo: o policial faz uma revista em uma mulher negra de maneira inapropriada, sexualmente abusiva e humilhante, na frente de seu marido usando, para isso, o seu poder como oficial.O promotor distingue, em uma das suas falas, os negros dos homens de bem. Um homem negro apresenta vergonha de sua cultura e tenda camufla-la, fingindo que tem origem budista. O oriental sofre explícita discriminação por vendedor americano pelo caos presente dos Estados Unidos, por ser confundido com um iraquiano, recusando-lhe até mesmo o “direito de possuir armas”, o qual de acordo com a segunda emenda à Constituição americana atribui a todos os seus cidadãos, além de possui seu estabelecido vandalizado por ser culpado pelo Iraque ter bombardeado as torres gêmeas. Uma mulher mal trata sua ajudante por ela ser latina. O diretor de filmes fala pro outro “Jamal está falando como um branco” como se todas as etnias devessem falar de uma maneira exclusiva, posteriormente ele ainda afirma que o personagem branco teria de ser o inteligente, como se as pessoas negras não tivessem tal característica. Um jovem negro acredita que a sociedade conspira contra ele por ele apresentar essa etnia. 
Crash expõe as relações raciais na sociedade contemporânea, aonde o ideal de solidariedade e de fraternidade não é estabelecido na convivência entre os grupos de distintas culturas, classes sociais ou étnicas nos Estados Unidos da América, e mostra como o preconceito está impregnado em várias situações cotidianas, mesmo após a criação dos Direitos Humanos. Evidencia um conflito entre os cidadãos americanos, brancos e ocidentais, e os cidadãos negros, latinos ou orientais, uma vez que todas essas personagens apresentam perfil psicológico complexo e atitudes contrárias ao senso moral no filme, esses possuem suas histórias entrelaçadas durante a senda comum marcado pela discriminação. Nesse vaivém de encontros e desencontros, incompreensões mútuas, intolerâncias e oportunismos a longa-metragem faz uma crítica à desigualdade de oportunidades em todos os aspectos da sociedade norte-americana, porém, em uma análise detida, examinando as cenas com cautela, contata-se, sem muito esforço, que o drama apresenta singelo preconceito, mesmo sendo um filme que critica e propõe a combater esses preceitos. Atribuindo qualidades morais, éticas ou intelectuais apenas aos brancos ocidentais, e aos personagens negros uma estrutura moralmente racista.
Em algumas situações é possível identificar como Crash aplica uma “justiça poética” em casos que envolvem os brancos, esses possuem o privilégio de redenção moral de seus defeitos éticos, mas quando se refere às minorias discriminadas isso não ocorre: O Ryan, oficial branco, para o carro de Cameron, diretor de TV negro, por flagrar o casal praticando sexo oral com o veiculo em movimento. Depois disso o policial revista abusivamente Christine na presença de seu marido, mesmo cometendo esses desrespeito Ryan torne-se herói quando resgata Christine de um carro acidentado prestes a explodir, deixando uma mensagem implícita: Mesmo que Ryan se desviou de princípios morais, ele é um policial destemido e que Christine deverá ter por ele uma eterna gratidão, já o casal negro se tivesse contido seus desejos sexuais poriam evitar aquele grande constrangimento, além disso Cameron foi incapaz de defender sua mulher, não denunciando o policial aos órgãos competentes por medo de aparecer nos jornais como um negro por vergonha de suas origens . Jean Cabot, mulher do promotor público Rick, apesar de deixar claramente sua posição preconceituosa ao decorrer da historia, se redime agradecendo sua ajudante latina e a caracterizando como uma amiga no final da trama. Nenhum atributo moral positivo é vinculado a Dixon, o tenente negro que se recusa a encaminhar a acusação contra Ryan o que leva à conclusão que ele é egoísta, já que mesmo sendo negro não quer tomar atitudes que ajudariam retrair o racismo. O que se pretende mostrar apontando essas falhas é que elas induzem o expectador a supor que em certos aspectos, as minorias possuem certa culpa pela sua discriminação, isso por causa do seu comportamento e das suas atitudes cotidianas.

Continue navegando