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Introdução
Quando pensamos no conhecimento científico, questionamentos de toda ordem podem surgir. Já quando o tema é pesquisa, as dúvidas são recorrentes: será que toda pesquisa produz conhecimento científico? O que torna uma pesquisa um trabalho de natureza científica? Qual é o papel da divulgação científica para a contribuição do conhecimento?
A história social do conhecimento revela que existem diferentes tipos de conhecimento: implícito, explícito, puro, aplicado, concreto, abstrato, local, mítico e religioso. O conhecimento científico, assim, é uma forma de conhecimento. Ele tem se transformado em decorrência de condicionantes históricos e sociais. Dessa forma, o que é considerado um conhecimento validado varia conforme lugar e época.
Essa história social do conhecimento acompanha diferentes movimentos e concepções teóricas e filosóficas explicativas de como se processa o próprio conhecimento. Podemos citar como exemplos o positivismo, a fenomenologia, o estruturalismo e a dialética. Nesse contexto, é possível articular aos estudos do conhecimento a história da ciência e do conhecimento científico.
Em cada uma das correntes filosóficas contemporâneas é possível encontrar seu correspondente argumento explicativo e orientador dos pressupostos científicos a respeito dos fenômenos da natureza, principalmente no que diz respeito aos fenômenos sociais e à validade de suas aplicações e generalizações. Estas, por sua vez, será que dizem respeito apenas aos pressupostos epistemológicos?
Os diferentes movimentos e concepções teóricas e filosóficas explicativas de como se processa o conhecimento também orientam pressupostos metodológicos diferenciados na pesquisa científica, que, a seu modo, orientam procedimentos e técnicas de pesquisa.
Dessa forma, ao longo deste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer diferentes procedimentos e técnicas de pesquisa e as particularidades da pesquisa qualitativa, bem como refletir sobre a importância das normas de apresentação de trabalhos acadêmicos. Você verá, também, normas e técnicas exigidas na elaboração de referências e citações de trabalhos acadêmicos. Assim, poderá conhecer os principais gêneros textuais científicos e a composição dos elementos pré-textuais e pós-textuais desses gêneros.
Vamos aos estudos!
3.1 Procedimentos e técnicas de pesquisa
Em ciências, encontramos estudiosos e pesquisadores interessados no campo da metodologia de pesquisa como campo específico de conhecimento. Os estudos produzidos no campo da metodologia científica a compreendem como uma disciplina de natureza instrumental para o cientista que visa à discussão problematizadora do problema de pesquisa, mediante o uso de métodos e técnicas. Os estudos distinguem, então, métodos de abordagem e métodos de procedimentos.
Consideradas as bases lógicas da investigação científica, Gil (2011) identifica os métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Lakatos e Marconi (2017) classificam os métodos por sua inspiração filosófica e elevado grau de abstração. Além disso, apresentam como métodos de abordagem: método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e método dialético.
A classificação distintiva se refere aos denominados métodos de procedimentos vistos por Lakatos e Marconi (2017, p. 106) como “[...] etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos e menos abstratas”. Para essas autoras, os métodos de procedimentos podem ser considerados históricos, comparativos, monográficos, estatísticos, tipológicos e estruturalistas. 
Nas palavras de Gil (2011), os métodos de procedimento podem ser entendidos como comparativos, monográficos, estatísticos, clínicos, experimentais e observacionais. O consenso entre os estudiosos da metodologia científica é que, em geral, a combinação de dois ou mais métodos se faz necessária no direcionamento da investigação científica.
E você, sabe o que caracteriza cada um desses procedimentos de pesquisa?
O método comparativo, de consolidada utilização nas ciências sociais, permite o estudo comparativo de comunidades, grupos sociais, sociedades e povos em diferentes espaço e tempo, com o intuito de investigar divergências e similaridades. O método comparativo pode ser empregado em pesquisa qualitativa e quantitativa, bem como em pesquisas descritivas e exploratórias. Segundo Gil (2011, p. 17), “[...] podem ser realizados estudos comparando diferentes culturas ou sistemas políticos [...] pesquisas envolvendo padrões de comportamento familiar ou religioso de épocas diferentes”.
O método experimental é usado com propriedade nas ciências naturais e visto com reservas nas ciências sociais. Ele se caracteriza pelo estudo do objeto em determinadas condições, controladas por meio de variáveis, visando observar alterações produzidas no objeto.
O método monográfico, por sua vez, caracteriza-se pelo estudo em profundidade de indivíduos, profissões, categorias de trabalhadores, condições (juventude, infância e dependentes químicos), instituições, grupos ou comunidades; com a intenção de formular generalizações representativas de outros casos ou, até mesmo, de todos os casos semelhantes.
Em contrapartida, o método estatístico é característico do uso de processos estatísticos para a comprovação da relação dos fenômenos entre si, com a finalidade de obter generalizações quanto a natureza, frequência ou significado. Para Lakatos e Marconi (2017, p. 108), “[...] a estatística pode ser considerada mais do que apenas um meio de descrição racional; é também um método de experimentação e prova, pois é método de análise”. Sua aplicação, portanto, é útil em pesquisas de abordagem quantitativa e qualitativa.
O método clínico é característico das pesquisas na área da Psicologia e Psicanálise, uma vez que trata de casos individuais e experiências subjetivas, sem expectativa de fazer generalizações totalizantes. Trabalhos como os de Freud, na Psicanálise; e de Piaget, na Epistemologia Genética, são exemplos clássicos de aplicação do método clínico.
Temos, também o método funcionalista, que, conforme Lakatos e Marconi (2017, p. 110), concebe a sociedade, de um lado, como uma “[...] estrutura complexa de grupos ou indivíduos, reunidos numa trama de ações e reações sociais; de outro, como um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às outras”. Com base nos pressupostos do método funcionalista, o antropólogo Malinowski (1884-1942) desenvolveu o método etnográfico, consolidado no campo da pesquisa qualitativa. 
Desde a década de 1970, tomou impulso a prática de pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica, por parte de antropólogos, sociólogos e pesquisadores na área da educação. A etnografia tem um sentido próprio: “[...] é a descrição de um sistema de significados culturais de um determinado grupo” (LUDKE; ANDRÉ, 2013, p. 14). Alguns pressupostos sobre o comportamento humano no método etnográfico são o contexto em que efetivamente ocorrem os atos humanos e o quadro referencial dentro do qual os indivíduos situam suas atividades, suas percepções e seus sentimentos.
Nas observações de Macêdo (2010, p. 33), foi, talvez, o antropólogo Malinowski o “[...] pioneiro na utilização do conceito de contexto, concebido como o conjunto de todos os elementos que formam uma cultura, tecido relacional e conjuntamente”.
Assim, a pesquisa etnográfica é de natureza fenomenológica, utilizada na Antropologia e, posteriormente, em outras áreas, permitindo a consolidação da pesquisa qualitativa nas ciências humanas e sociais. Vamos nos deter, agora, em explorar um pouco mais a pesquisa científica de abordagem qualitativa. 
3.1.1 Pesquisa qualitativa
A abordagem qualitativa da pesquisa científica tem origem nas práticas investigativas dos antropólogos. Entre as abordagens de enfoque qualitativo estão os estudos etnográficos, o estudo de campo, a etnometodologia, a observação participante, a entrevista qualitativa, o estudo de caso, apesquisa participante e a pesquisa-ação.
Ludke e André (2013, p. 11) apresentam cinco características básicas de um estudo de abordagem qualitativa:
a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados, e o pesquisador como seu principal instrumento;
há farta descrição dos dados coletados, de situações, acontecimentos, uso de material fotográfico, desenhos, transcrições de depoimentos, conversas e entrevistas. Todos os dados da realidade são valorizados;
o interesse com o processo é maior do que com o produto. O problema é investigado em sua manifestação direta em atividades e interações cotidianas;
o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. Isso exige do pesquisador redobrado cuidado científico;
a tendência no processo de análise dos dados é seguir o método indutivo.
Para o pesquisador inexperiente, pode parecer que a pesquisa de campo é a mesma coisa que a coleta de dados. Contudo, vale fazermos a distinção entre esses procedimentos. A coleta de dados é uma etapa que ocorre em toda pesquisa e são inúmeros os meios para se fazer. Dito isso, esclarecemos que a pesquisa de campo, por outro lado, consiste na investigação de fatos e fenômenos na forma como ocorrem. Nesse caso, como em outras modalidades, o problema de pesquisa, os objetivos, o referencial teórico e o metodológico procuram o aprofundamento das questões de investigação, principalmente mediante o uso de técnicas de observação.
De acordo com a natureza da pesquisa, as técnicas para coleta de dados, de análise e interpretação deveram ser definidas. Na literatura, encontramos a pesquisa de campo dividida em três modalidades de estudos, as quais podemos entender melhor a partir do quadro a seguir.
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Quadro 1 - Breve síntese demonstrativa das três modalidades representativas da pesquisa de campo.Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.
O emprego da pesquisa de campo em suas diferentes modalidades, por parte de pesquisadores nos campos da Sociologia, da Antropologia Cultural, da Educação e do Serviço Social, é amplamente aceito.
A etnometodologia se configura, também, em uma pesquisa de abordagem qualitativa, pois “[...] a importância teórica e epistemológica da etnometodologia se deve ao fato de efetuar uma ruptura radical com modos de pensamento da sociologia tradicional. Mais que teoria constituída, ela é uma perspectiva de pesquisa, uma nova postura intelectual” (COULON, 1995, p. 7).
Na etnometodologia, o processo de investigação científica se ocupa dos etnométodos, ou seja, das atividades cotidianas realizadas pelos indivíduos em seus lugares e contextos; atividades rotineiras como decisões, comunicações e escolhas; e atividades simples ou complexas, especializadas ou míticas. Isto é, ocupa-se das práticas sociais realizadas pelos indivíduos ou grupos em seus contextos de realização. A etnometodologia, então, afirma a importância dos etnométodos “[...] para que a análise das ações não se dê independentemente das práticas e dos contextos das atividades sociais que as produzem e as mantêm” (MACEDO, 2010, p. 73).
Trabalhar com etnométodos exige de um pesquisador acolher os universos empírico e simbólico em que os indivíduos culturalmente situados habitam, negociam sentidos e expõem suas singularidades. Isso requer disciplina, olhar atento e crítico na arte de observação, rigor metodológico e sólidos conhecimentos em seu campo de trabalho.
Passemos, então, a entender um pouco sobre a pesquisa-ação, uma metodologia de pesquisa na qual a compreensão dos etnométodos e das ações concretas realizadas pelos membros envolvidos na pesquisa é de fundamental relevância.
A pesquisa-ação é definida por Thiollent (2000, p. 23) “[...] como um tipo de pesquisa organizada de modo participativo, com a colaboração de pesquisadores e membros ou grupos implicados em determinada situação ou prática social”. Dessa forma, em colaboração, pesquisadores e indivíduos agem na identificação dos problemas de pesquisa, na busca por soluções e na análise de possíveis ações transformadoras.
A pesquisa-ação como metodologia das ciências sociais possui duas características principais: a conexão entre pesquisadores e membros implicados no contexto da pesquisa, além da ampliação do conhecimento dos pesquisadores e dos membros implicados na pesquisa em relação à situação ou prática social identificada como ponto de origem do problema de pesquisa.
No âmbito das pesquisas de concepção qualitativa, podemos destacar, também, a pesquisa participante. Essa é um tipo de pesquisa considerada flexível, sendo que permite uma adaptação a cada realidade investigada. A pesquisa participante almeja, de forma geral, dois objetivos, um de ordem prática e outro de ordem epistemológica. A esse respeito, Soares (2000, p. 44) esclarece a natureza desses objetivos, que seriam de
[...] ordem prática cuja participação da sociedade é fundamental nos processos decisórios e de conhecimento para identificação de sistemas de valores das comunidades, e, socialização dos resultados dessa investigação, adicionando-lhes conhecimentos científicos pertinentes. 
Vale destacar um ponto, por vezes ruidoso, entre a pesquisa participante e a pesquisa-ação: essas correntes de investigação de abordagem qualitativa diferem em seus pressupostos, principalmente no papel assumido pelo pesquisador. Na pesquisa-ação, o pesquisador assume um papel ativo de intervenção na realidade dos fatos observados, o que não ocorre na pesquisa participante.
Além disso, temos, ainda, o estudo de caso, que pode servir para estudos de natureza tanto quantitativa quanto qualitativa. O estudo de caso se caracteriza pelo foco na interpretação do contexto, concebido na perspectiva dos elementos tecidos e cruzados das práticas cultural e social, na intenção de revelar aspectos ainda obscuros. Nos estudos de caso são utilizadas múltiplas fontes de informação e coleta de dados, no sentido de aprofundar a investigação e torná-la cada vez mais completa. Esse aprofundamento, portanto, favorece o surgimento de aspectos divergentes e conflitantes presentes no contexto investigado.
Ao esclarecer sobre o estudo de caso, Ludke e André (2013, p. 21) afirmam que sua principal característica é ser o estudo de uma instância singular, sendo “[...] o objeto estudado tratado como único, uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente situada”.
Vistos alguns dos principais procedimentos de abordagem da pesquisa qualitativa, passaremos a estudar, a seguir, as técnicas adotadas nesses procedimentos. 
3.1.2 Técnicas de coleta de dados: observação e entrevista
Minayo et al. (1998) destacam a entrevista e a observação participante como formas de abordagem técnica do trabalho de abordagem qualitativa. Lakatos e Marconi (2017), por sua vez, relacionam diferentes tipos de observação e entrevistas.
A observação é o elemento básico da investigação científica, sendo considerado ponto de partida da pesquisa social. Conforme alerta Macêdo (2004, p. 151), o processo de observação não é um “[...] ato mecânico de registro. Apesar da especificidade da função do pesquisador que observa, ele está inserido num processo de interação e atribuição de sentidos”.
 
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Quadro 2 - Variantes procedimentais da técnica de observação científica, utilizadas nas pesquisas de abordagem qualitativa.Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.
Lakatos e Marconi (2017) ainda identificam diferentes tipos de entrevistas.
Na entrevista padronizada ou estruturada, temos o plano de entrevista que estabelece o roteiro a ser seguido, quem será entrevistado, o local e a hora previamente acertados para sua realização. O padrão do roteiro da entrevista serve como instrumento comparativo para o pesquisador.
Na entrevista de tipo aberta ou não-estruturada, o pesquisador conduz livremente a entrevista de maneira informal, em um tipo de conversação ou mediante um roteiro de perguntas abertas.A entrevista semiestruturada, por outro lado, combina características gerais dos tipos anteriores.
No tipo de entrevista denominada painel, as questões previamente elaboradas são apresentadas de forma repetida às mesmas pessoas em intervalos de tempo programados. Essa técnica oferece possibilidade de estudo comparativo.
Esses estudos, em suas variadas formas, têm como objetivo contribuir no avanço científico e na produção do conhecimento nas áreas, mediante a difusão científica por meio da publicação de livros, teses, dissertações, artigos científicos, promoção de eventos e periódicos científicos. Sendo assim, para compreendermos como se organizam as apresentações dos diferentes trabalhos acadêmicos e científicos, vamos analisar com detalhes as normas presentes nessas elaborações na sequência.
3.2 Normas de apresentação de trabalhos acadêmicos 
Desde o início do trabalho, o pesquisador está ciente de que, em dado momento, deverá comunicar aos seus pares e à comunidade científica os resultados de pesquisa realizada. Esse é um momento singular para o pesquisador, afinal, ao apresentar o trabalho de pesquisa, ele deverá reunir a técnica, o domínio do tema, as reflexões e as percepções da laboriosa caminhada. Assim, nesse momento, o conhecimento e a habilidade na aplicação das normas de apresentação de trabalhos acadêmicos são de importância capital.
O estilo de escrita se configura uma construção pessoal, ainda que impregnada das muitas referências presentes na experiência do autor. Com o exercício da escrita, esse estilo vai sendo consolidado e a tarefa passa a fluir de maneira menos tensa, embora iniciar o texto seja sempre um desafio, seja o autor experiente ou iniciante.
Com isso, a decisão de como iniciar um texto envolve escolhas delicadas. Castro (2011) recomenda iniciar por descrições das etapas do trabalho científico, dos detalhes vivenciados no percurso, mesmo que, ao final, parte desse material venha a ser descartado. Assim, ao menos servirá como ponto de partida. Além disso, uma boa sugestão indicada pelo autor é deixar a escrita da introdução para o final do trabalho, já que esse tópico é um convite à leitura do conjunto da obra e, portanto, deve ser atrativo e apresentar uma ideia geral de todo o trabalho realizado.
Cercar-se de material de apoio à escrita também é de suma importância para o autor. Esse material pode ser, por exemplo, um dicionário da língua portuguesa, um dicionário específico da área de estudo, um consistente manual de estilo acadêmico e, até, um documento que trata das normas e técnicas adotas por determinada instituição acadêmica ou científica. Dessa forma, o autor deve se certificar se existe em sua instituição de ensino um manual de estilo acadêmico e aproveitar ao máximo a leitura.
Ademais, as normas de apresentação de um trabalho acadêmico seguem orientação de duas ordens. A primeira está ligada às orientações determinadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), enquanto que a segunda se refere à normalização definida pela instituição de origem à qual o autor está ligado ou aos critérios estabelecidos por periódicos científicos, no caso de submissão de trabalho científico para apreciação e aprovação.
A ABNT é uma instituição privada que atua no país como foro nacional para normalização de procedimentos padronizados de forma geral, como nas áreas odonto-médico-hospitalar, farmacêutica, transporte, agricultura, nutrição e documentação.
A ABNT, criada em 1940, é constituída de comitês formados por diferentes áreas de atividades técnica e científica. O Comitê Brasileiro de Informação e Documentação (ABNT/CB-14), aliás, é o responsável por estabelecer as normas de apresentação dos trabalhos acadêmicos. 
No geral, as normas para apresentação de trabalhos acadêmicos se referem a escolha de papel branco em formato A4, sendo que o papel do tipo reciclado pode ser aceito nas versões intermediárias; digitação e impressão no anverso da folha; tamanho e tipo de fonte com destaque para os tipos “Arial” e “Times New Roman”. Contudo, é recomendado observar a indicação fornecida pela instituição à qual o trabalho será submetido. De toda sorte, a orientação é utilizar apenas um dos tipos de fonte em todo o trabalho.
As normas sobre organização de capítulo, título, subtítulo e seções deve ser guiada por saber que “[...] é a conveniência da exposição que ditará qual a estrutura mais apropriada” (CASTRO, 2011, p. 60). Assim, esses elementos têm função informativa e devem ser atrativos ao leitor, interessado em conhecer o conteúdo anunciado, não sendo excessivamente curto, nem longo demais. Deve expressar a ideia central do assunto.
No tangente à configuração de margem, espaçamento, notas de rodapé, paginação, disposição de ilustrações e tabelas é recomendado seguir as orientações do manual institucional elaborado em conformidade com as normas da ABNT em vigência.
Mas e quanto às referências? O que fazer para acertar a norma?
Essa é uma dúvida frequente entre os autores. Vale a regra básica de consultar exaustivamente a ABNT referente e o manual de estilo acadêmico da instituição. No entanto, para nos aprofundarmos, vejamos alguns elementos de destaque sobre esse assunto a partir de agora.
3.2.1 Referências e citações
As referências bibliográficas e eletrônicas são convenções utilizadas em trabalhos acadêmicos com o objetivo de relacionar todos os documentos citados e consultados no desenvolvimento no trabalho. De acordo com a ABNT, em sua norma NBR 6023/2000, esse elemento normalizador do trabalho acadêmico representa “[...] o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual”.  Eles podem ser localizados em nota de rodapé, no final do texto do capítulo, em lista de referências no final do trabalho e, no caso de resenhas ou resumos, identificada no cabeçalho do trabalho.
A lista de referências é composta de elementos essenciais “[...] indispensáveis para a identificação das fontes das citações de um trabalho”, bem como elementos complementares “[...] opcionais que podem ser acrescentados aos essenciais para melhor caracterizar as publicações referenciadas” (KOCHE, 2016 p. 156), como o número total de páginas.
Comumente, em trabalhos acadêmicos, a sequência alfabética e o sistema autor-data são preferenciais por sua ampla divulgação e uso na academia. Contudo, a ordenação das referências pode ser do tipo:
Sequência alfabética: quando adotado o sistema autor-data;
Numérica: segundo a ordem de citação no texto e quando adotado o sistema numérico; 
Cronológico: segue a ordem cronológica crescente, no caso de haver mais de uma referência do mesmo autor.
A lista de referências no final do trabalho é separada entre si por um espaço simples e alinhada somente à margem esquerda. As obras referenciadas podem ser consideradas no todo, obra completa ou em parte, como capítulo, parte de coletânea com autores e títulos específicos.
Vejamos, a seguir, dois exemplos de especificações mais recorrentes em trabalhos acadêmicos. 
Exemplo de uso de referência com um autor pessoal: “SANTOS, Boaventura de Sousa. O Discurso e o Poder. Ensaio sobre a sociologia da retórica jurídica. Porto Alegre: Fabris, 1988.”;
Exemplo de uso de referência em capítulo de livro de diferente autoria: “CHARLOT, Bernard. Formas do Aprender e Conexões de Saberes: os significados da noção de conexão quando se trata de saberes. In: SILVA, Veleida Anahí (Org.). Conexões de Saberes: um desafio, uma aventura, uma promessa. São Cristóvão: Editora UFS, 2007.”.
Ao organizar as referências, o nome do autor ou autores da obra é um destaque e merece atenção para diferentes ocorrências. No caso de até três autores, são citados todos separados por ponto e vírgula. Já nos casos em que há registro de mais de três autores, é citado o primeiro autor, seguido da expressão latina et al. (outros). Nos casos de obras com vários autores, em que um deles ocupa a função de organizador ou coordenador, o nome será citado, seguido da abreviaçãocaracterística da função exercida “Org.” ou “Coord.”.
O acesso crescente da internet e a possibilidade de uso dessa ferramenta como suporte e apoio à pesquisa também exige atenção no trato dos materiais consultados. A obra consultada por meio da internet deve ser referenciada (obra no todo ou parte dela) com todos os elementos essenciais relativos ao gênero (livro, artigo, jornal ou outros), acrescida da expressão “Disponível em: <endereço eletrônico>” e data de acesso a referida obra com o termo “Acesso em: 00/00/0000” ou “Acesso em: 00 de xxxxxx de 0000”.
Na sequência, estudaremos um caso para entender melhor quanto a importância do uso de bibliografias.
Em casos de submissão de artigos, papers em periódicos científicos, congressos, colóquios e outros eventos acadêmicos, as determinações de estilo são previamente especificadas e cabe aos interessados em submeter o trabalho seguir as orientações na forma como aparecem. Por certo, elas vão estar de acordo com as normas gerais regidas pela ABNT.
A consistência de um trabalho acadêmico se dá, em parte, mediante a menção feita pelo autor a outras obras e autores notoriamente reconhecidos em determinado campo de saber. Garantir o reconhecimento da contribuição e a autoria das obras consultadas é uma exigência e um dever para quem ocupa o lugar de autor, além de oferecer credibilidade à sua própria obra. Esse reconhecimento se faz por meio das normas de citação.
As citações podem ser do tipo citação direta curta, com a transcrição fiel em até três linhas; citação direta longa, com mais de três linhas; e citação indireta ou paráfrase, caso em que a ideia original inspira outra forma de expressão sem a transcrição literal. A citação de citação ocorre quando o autor não teve acesso direto às obras, mas por intermédio de outro autor. Nesses casos, usa-se a expressão latina apud, que significa “citado por”, “conforme” ou “segundo tal autor”.
O uso de citação tem como função fundamentar argumentos sobre determinado assunto, reforçar uma ideia ou ilustrar um tema com a opinião de outros autores. Vale destacar, a respeito disso, o pensamento de Castro (2011, p. 4), em que “[...] a redação não é uma transcrição mecânica de ideias prontas, mas uma fase de construção do trabalho, totalmente, imbricada com o próprio desenvolvimento do raciocínio”.
Dessa forma, podemos entender que os procedimentos de normalização do trabalho acadêmico visam atribuir cientificidade, objetividade, clareza e consistência ao texto científico. Conhecer e primar o uso das normas técnicas de documentação e informação representa, para o pesquisador, seu compromisso ético e profissional. Nesse conjunto de normas, insere-se, ainda, os elementos pré-textuais e pós-textuais do texto acadêmico e científico. Vamos estudá-los a partir de agora.
3.3 Elementos pré-textuais e pós-textuais
Talvez você já tenha se perguntado sobre os elementos que devem ser contemplados na escrita de um texto acadêmico. É possível até que ache tudo muito cheio de normas e exigências, mas, na verdade, quando há crescente familiaridade com as normas e técnicas empregadas em sua aplicação, seus usos vão ganhando sentido e fica clara a necessidade de consultar as normas técnicas sempre que houver alguma dúvida.
Os trabalhos científicos, na forma de trabalho de conclusão de curso (TCC) de graduação ou especialização, dissertação de mestrado ou tese de doutorado, por exemplo, são todos trabalhos monográficos, pois se constituem como relatos de pesquisas já realizadas, em que um único tema ou problema foi investigado. Esses trabalhos monográficos contam com uma estrutura básica comum, com pequenas variações. Estas, por seu lado, devem-se ao grau relativo ao curso correspondente.
A estrutura básica dos trabalhos monográficos se divide em elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais.
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Quadro 3 - Relação dos elementos pré-textuais de trabalhos monográficos, considerando o caráter obrigatório ou opcional.Fonte: LUBISCO, 2012, p. 21.
Os elementos textuais são compostos de introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução apresenta o texto ao leitor, antecipando o que poderá encontrar sobre o problema investigado. O desenvolvimento é o corpo lógico de todo o trabalho de pesquisa e pode se dividir “[...] em tantas partes quantas forem necessárias, utilizando-se para isso os capítulos, as seções e as subseções, tendo o cuidado de não perder a unidade” (KOCHE, 2016, p. 145). Por fim, a conclusão retoma o problema de pesquisa no intuito de apresentar os resultados finais e as contribuições possíveis, bem como o fechamento global da pesquisa.
De acordo com a NBR 14724 (ABNT, 2005), o apêndice “[...] é um texto ou documento, de caráter opcional, [...] elaborado pelo autor a fim de complementar sua argumentação”. Enquanto isso, temos que um anexo é um texto de caráter opcional, o qual não foi elaborado pelo autor. 
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Quadro 4 - Relação dos elementos pós-textuais de trabalhos monográficos, considerando o caráter obrigatório ou opcional.Fonte: LUBISCO, 2012, p. 45.
O texto científico, em geral, tem sua estrutura baseada nos elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. No entanto, existem gêneros textuais científicos, os quais examinaremos de forma detalhada na sequência.  
3.4 Gêneros Textuais Científicos
Considerando as categorias proposta por Lubisco (2012), podemos caracterizar em trabalhos acadêmicos e científicos o trabalho de conclusão de curso (TCC) de graduação ou especialização, a dissertação e a tese; além de outros, como o trabalho didático, exigido nos cursos de graduação para efeito de aprendizado e avaliação de estudos; a sinopse; a resenha; o relatório técnico científico; o projeto de pesquisa; o artigo; e o paper.
Cabe esclarecermos, aqui, o sentido de gênero textual científico tomado na perspectiva de gênero do discurso, quando há interação por meio da escrita, tendo como resultado a função que o autor atribui ao texto, além do leitor para quem o autor escreve quanto as condições de produção do texto (SOARES, 2012).
Consideremos, então, as características de cada um desses gêneros textuais científicos. Conforme definição da NBR 14724 da ABNT (2005) dissertação é o
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento da literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre
A produção de dissertações e teses exige, por parte dos programas de pós-graduação, a composição de quadro acadêmico científico, estrutura física e administrativa, disponibilidade de recursos humanos, materiais e fontes de financiamento que requerem a manutenção e a dinamização de grupos de pesquisa. Por parte dos candidatos, a produção de dissertações de mestrado e teses de doutorado, que exigem esforços pessoais e investimento de estudos e pesquisa de longo tempo, nem sempre financiados.     
Ao final, a conclusão dos trabalhos de dissertação e tese ocorre em sessões de defesa pública e sustentação oral, perante banca examinadora, em um modelo de ritual de passagem.
O trabalho de conclusão de curso, em graduação e pós-graduação, tornou-se uma prática de ensino, principalmente por determinação da Portaria CNE/CES n. 1, de 3 de abril de 2001, que estabeleceu a obrigatoriedade como requisito para a conclusão de pós-graduação lato sensu.
Conforme a natureza do curso, a instituição pode determinar em seu projeto pedagógico a modalidade de TCC. Entre elas, a mais frequente é a monografia, mas também pode ser um plano de negócio, um plano de intervenção ou diagnóstico empresarial. Nos cursos de graduação, o TCC, também para atender a natureza do curso, pode ser na forma de artigo, monografia, projetode iniciação científica ou atividade teórico-prática.
A respeito dos trabalhos de monografia, Lakatos e Marconi (2017, p. 235) alertam que
[...] a característica essencial da monografia não é a extensão, como querem alguns autores, mas o caráter do trabalho (tratamento de um tema delimitado) e a qualidade da tarefa, isto é, o nível da pesquisa, que está intimamente ligado aos objetivos propostos. 
O artigo científico, por sua vez, é um tipo de texto que trata de pesquisa concluída ou em andamento, tendo por objetivo discutir ideias, processos, metodologia de pesquisa, objetos da investigação, divulgar resultados parciais ou finais. Sua divulgação ocorre por meio da publicação em periódicos ou apresentação em eventos científicos.
Conforme a ABNT, NBR 6022 (2003), o artigo é “[...] a parte de uma publicação com autoria declarada”. Ainda segundo a mesma lei, de acordo com as pretensões do autor, o artigo pode ser original ou de revisão. No artigo original, o autor apresenta resultados de pesquisa ainda não publicados, enquanto que no artigo de revisão o autor analisa dados e informações já divulgadas em outras fontes.
Durante os cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, os estudantes/pesquisadores comumente produzem artigos para fins didáticos, científicos e de difusão dos dados levantados, publicação de resultados parciais e, ao final, os resultados alcançados com a pesquisa.
Já o paper é um tipo de artigo científico resumido que trata sobre determinado tema ou resultado parcial de uma pesquisa. Sua discussão se dá a partir de determinado ponto de vista.
O paper, em geral, é escrito com o objetivo de divulgar a pesquisa em eventos científicos. Ele possui uma estrutura particular de artigo científico, a qual podemos entender melhor com a figura a seguir.
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Figura 1 - Estrutura básica e apresentação dos elementos textuais de escrita do paper.Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.
Temos, ainda, as resenhas. Lakatos e Marconi (2017, p. 264) apresentam uma análise comparativa entre o texto do tipo resenha, que faz uma descrição minuciosa de uma obra, e a resenha crítica, que apresenta o conteúdo de uma obra, incluindo a leitura, o resumo, a crítica e a formulação de um conceito de valor.
Em suma, a resenha possui como objetivos destacar as contribuições de determinada obra no âmbito de seu campo de saber, e apresentar, de forma concisa, as ideias básicas da obra. Lakatos e Marconi (2017) também alertam para o fato de a resenha exigir do autor capacidade de juízo de valor, competência na matéria e aprofundado conhecimento do assunto. Assim, é um gênero textual elaborado por autores e cientistas experientes.
A escrita da resenha por parte dos estudantes se coloca como exercício de aprendizado, afinal, a estrutura básica da resenha é peculiar, própria do gênero.
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Quadro 5 - Síntese dos elementos constitutivos do gênero textual do tipo resenha crítica.Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017, p. 265.
Os diferentes gêneros textuais científicos, com suas especificidades, requerem atenção as singularidades de gênero, conhecimento e observância das normas e técnicas determinadas por instituições normalizadoras. Aspectos relevantes ficam por conta do estilo de escrita do autor, atenção ao uso da linguagem direta e acessível ao público a quem se destina a produção, além de clareza, simplicidade e objetividade. Cuidado e rigor na atenção às regras gramaticais e ortográficas, à lógica na argumentação das ideias. Para isso, o autor deve fazer leitura sistemática do texto em diferentes etapas, procedendo revisões e adequações pertinentes.

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