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A ÉTICA PROTESTANTE E O “ESPÍRITO” DO CAPITALISMO: O 
CAPITALISMO E SEU ARRIMO TEOLÓGICO 
 
Confissão religiosa e estratificação social 
 
​​Max Weber, no capítulo confissão religiosa e estratificação social, fala a diferença da 
posição social e econômica entre católicos e protestantes, segundo discussões feitas 
frequentemente nas imprensas da Alemanha. Weber conta que os protestantes eram 
predominantemente proprietários do capital, tinham mão de obra mais qualificada, que 
eram empresários com a mais alta qualificação técnica e comercial. E isso se dava não só 
em lugares onde havia uma distinção religiosa correspondente a uma diferença de 
nacionalidade, e sim em quase todos os lugares onde o desenvolvimento do capitalismo 
teve sua expansão, pois, segundo o autor, ocorreu uma livre redistribuição social e 
profissional, acentuando essa desigualdade econômica e social entre protestantes e 
católicos. Diante disso, Weber indica os dois principais motivos para esse fenômeno, que 
são; posse de capital e uma educação cara, diz que ambas estão ligadas historicamente, até 
hoje, com as riquezas hereditárias. Aponta também que, especialmente através do segundo 
motivo, o Protestantismo formou em seu meio, uma crítica ao tradicionalismo religioso, 
que os levou a questionar “verdades absolutas” e dogmas. Weber fala: 
 
“...Reforma significou não tanto a eliminação da dominação eclesiástica sobre a vida de. modo 
geral, quanto a substituição de sua forma vigente por unia outra. E substituição de uma dominação 
extremamente cômoda, que na época mal se fazia sentir na prática, quase só formal muitas vezes, 
por uma regulamentação levada a sério e infinitamente incômoda da conduta de vida como um 
todo” (WEBER, 2004, p.30) 
 
O rompimento com a dominação católica, mostra claramente o caráter revolucionário que a 
reforma trouxe. Para Weber, a vida que a doutrina católica impunha era cômoda, ao ponto de 
deixar de lado questões importantes da vida. No que diz respeito à economia, há uma definição 
do catolicismo dada por Weber que faz entender a diferença entre católicos e protestantes. O 
catolicismo acaba estimulando a quem nele crê, uma vida que garanta apenas sua subsistência, 
que se contente com o que tem e não busque mais do que o necessário. Já o protestante não, 
além de darem liberdade de consciência aos fiéis, ao que se refere a doutrina, interpretam a 
folga como pecado, ou seja, há um incentivo a acumulação. Weber fala: 
 
“A dominação da Igreja católica – ‘que pune os hereges, mas é indulgente com os pecadores’, no 
passado mais ainda que hoje – é suportada no presente até mesmo por povos de fisionomia 
econômica plenamente moderna [e assim também a aguentaram as regiões mais ricas e 
economicamente mais desenvolvidas que a terra conhecia na virada do século XV]. (​WEBER, 2004​, p. 
31) 
 
Weber faz uma análise para se entender com mais clareza essa questão, ele discorre sobre o 
fato da porcentagem de alunos católicos ser menor no nível superior em relação ao total da 
população por conta da diferença de patrimônios herdados e que isso é um dos fatores que faz 
os protestantes estarem mais nitidamente a frente em qualificação técnica, ou seja, mais 
preparados para as profissões comerciais e industriais. Ele fala também da preferencias dos 
católicos de escolherem uma formação pela “Gymnasien humanísticos” (Weber, 2004) e 
mesmo que não explique a diferença econômica, essa observação, consegue explicar o por que 
dos católicos não se interessarem pela aquisição capitalista. Nesse sentido, o autor faz uma 
outra observação, que faz entender a pequena participação dos católicos nas indústrias 
modernas, e ele diz que, se dá pelo fato das fábricas selecionarem a sua mão de obra mais 
qualificada, depois fazê-los responsáveis pela sua própria força de trabalho e logo tirar os 
melhores executores deste trabalho. O autor evidencia a frequência em que artesãos católicos 
tendem a se tornarem apenas mestres artesãos, diferente dos artesãos protestantes, que tendem a 
ocupar setores administrativos e escalões superiores do operário qualificado. Segundo Weber, 
esse fenômeno está associado a educação religiosa, que acaba sendo fator determinante na 
escolha profissional. 
Assim, o autor segue analisando essas questões e descreve no decorrer da obra ​sobre as 
duas religiões, afirmando que ambas possuem um “estranhamento do mundo”. Esse 
estranhamento se faz presente no catolicismo através da devoção eclesial e no protestantismo 
através da participação na vida de aquisição capitalista. Apesar do inerente interesse material 
vigente entre os protestantistas, há uma forte devoção que permeia todos os aspectos da vida. 
Tal fato é afirmado por Weber como sendo predominante no calvinismo. Weber cita 
Offenbacher sobre as diferenças que estão sendo mencionadas acima: 
 
“O católico (...) é mais sossegado; dotado de menor impulso aquisitivo, prefere um traçado de vida o 
mais possível seguro, mesmo que com rendimentos menores, a uma vida arriscada e agitada que 
eventualmente lhe trouxesse honras e riquezas/Piz por gracejo a voz do povo: ‘bem comer ou bem 
dormir, há que escolher’. No presente caso, o protestante prefere comer bem, enquanto o católico quer 
dormir sossegado”. 
 
A citação acima é importante para se entender exatamente o que Weber quer transmitir 
nesse capítulo do livro. O autor objetiva diferenciar o ponto de vista católico da ascese 
protestante, deixando claro que a primeiro preocupa-se pouco com os problemas práticos da 
vida, especificamente aqueles que dizem respeito à vida econômica, isto é, o católico prefere 
“dormir sossegado”. A partir disso, percebe-se que Weber quer ensinar que o católico opta pelo 
descanso e que utiliza o trabalho apenas para lhe garantir isso. Por outro lado, Weber apresenta 
o protestante como líder, preocupado em “comer bem”, ​referindo-se a todo o trabalho que essa 
expressão dá . ​Weber ao final do capítulo, afirma sobre as divergências entre o protestantismo 
da época de Lutero e Calvino e o protestantismo atual. Na visão do autor, essas diferenças não 
estão presentes na “alegria com o mundo”, ou seja, nos aspectos econômicos e progressistas, 
mas sim naqueles puramente religiosos.

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