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Resumo: GUARINELLO, Noberto Luiz. Ordem, Integração e Fronteiras no Império Romano. Um ensaio. Ano 2010, v.1. São Paulo.

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UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
CAMPUS IV – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA
DISCIPLINA: ASPECTOS DA ESCRAVIDÃO: ANTIGUIDADE E MODERNIDADE - SEMESTRE 2018.2
DOSCENTE: Caroline Santos Silva 
DISCENTE: Suziane Veras 
Resumo 
GUARINELLO, Noberto Luiz. Ordem, Integração e Fronteiras no Império Romano. Um ensaio. Ano 2010, v.1. São Paulo.
A História Antiga foi desenvolvida através de uma concepção europeia que atribuía todas as narrativas de história antiga ao Império Romano. Essa interpretação em torno desse pensamento conferiu ao legado Romano uma referência como fonte histórica suprema no que se refere aos estudos sobre a antiguidade, criando por muito tempo uma visão que enquadrava somente as contribuições culturais, sociais e política romana. Guarinello faz uma abordagem sobre como discorreu essa nova perspectiva que ampliava o mundo da História Antiga para além do mundo romano, sem diminuir a supremacia dos romanos e toda a sua ascensão dentro do panorama da antiguidade. Essa atribuição integral sobre uma história que centralizava Roma e Grécia começou a ser desvencilhada após a década de 1960, e de acordo com o texto de Guarinello, três fatores desencadearam essa expansão teórica dentro da historiografia. O primeiro fator observado foi a junção dos mundos greco-romano dentro de uma mesma narrativa através do modo teórico. O autor Moses Finley priorizou sua investida em criar definições mais profundas sobre o mundo antigo, além de expandir sua percepção mais crítica e exploradora sobre o Mediterrâneo, expondo, portanto, sua importância camuflada dentro da história. O segundo argumento seria uma importante transformação nos anos 1990, onde uma discreta virada cultural se fez ocorrer em meio a grandes acontecimentos históricos como a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética. Esses fatos contribuíram para uma valorização dos estudos sobre o mundo antigo e uma consciência pela procura de uma identidade social. Essa identidade que é citada no texto, se refere ao desenvolvimento na comunicação, na variedade linguística e cultural de um povo que passou a permitir esse processo de transformação social dentro do império romano. Em terceiro lugar, está o Mediterrâneo, que teve sua importância recriada e hoje configura o Mundo Mediterrâneo. Para além de suas características natural, e seus aspectos de fronteira física, o Mediterrâneo está para algo que liga ou conecta os locais, as comunicações e as relações sócias, ao invés de dividir e separar em termos geográficos. A partir dessas opções de fatores que privilegiaram o passado antigo, é fato que essa parte da história prosperou no sentido de pesquisas e estudos, diante desses novos conceitos como cultura, identidade, comunicação e todas essas teorias que vieram dos anos 1960. Continuando dentro desse desenvolvimento teórico da antiguidade, o Mediterrâneo tinha seus fluxos de contribuição social, mas havia uma questão com mais vigor dentro dessa narrativa. Como contornar as fronteiras políticas e culturais de diferentes povos que estavam ao redor das margens do mediterrâneo, viviam abaixo do poder do Império Romano, que aliás era na sua grande maioria uma civilização rural e diversificada? Afinal, onde havia diversidade de povos, também havia diversidade de relações sociais, culturais e políticas, a ordem social também era diversificada. O sentido de ordem aqui, não tem relação com missão ou dever, e sim com um sistema de vida, uma elaboração social. Além disso, não teve um momento exato onde essa ordem passou a existir, ela aconteceu em diversos momentos, no decorrer dos atos no passado, e foi se tornando complementar e natural na vida de todos, como uma filosofia coletiva. A importância dessa ordem social está na afirmação de um espaço com consenso assumido, mesmo inserido em um local com eminentemente competitivo e cheios de confrontos, além de também ter desenvolvido suas próprias fronteiras internas e externas. O conceito de fronteira também passa por reformulações, dessa forma, tal conceito corre riscos de intepretação assim como o conceito de identidade. Para facilitar essa compreensão, é com convicção que se pode afirmar que a ordem romana é uma incorporação de um elemento na sociedade, uma forma de integração no coletivo romano. Assim, a própria natureza é a primeira fronteira, que sendo ela controlada, faz com que a coletividade humana por se desenvolver e se reproduzir, coletividade essa, que é a segunda fronteira dessa ordem romana, lodo depois vem o trabalho morto, a terceira fronteira. Quando essas três fronteiras agem em conjunto, se é possível apropriar-se de um local, se organizar e viver em sociedade. Nesse segmento, a ordem é a própria comunidade, mutável em suas variáveis formas, inclusive na modificação de suas fronteiras. Portanto, cada comunidade retrata um conjunto de suas próprias fronteiras, sejam elas políticas, sociais, econômicas ou culturais. A partir disso, cada grupo humano se encontra com outros grupos, e com eles podem se agregar ou não, e é por conta dessa possibilidade de integração entre as comunidades, que o Império Romano se tornou amplo e incorporado, resultado de um trabalho coletivo e cultural. Do século V a.C. ao I a.C., a diversidade de conhecimentos se expandem, as relações comerciais se desenvolvem e as diferentes posturas sociais se propagam, fazendo com as fronteiras alcancem mais grupos, enquanto que o Mediterrâneo continua diversificado. Com a intenção de resolver a violência, foi criada uma nova ordem imperial que reconstruía e ordenava suas fronteiras internas. O significado dessa nova ordem seria a centralização do poder romano, que do alto da hierarquia social, comandaria as ordens locais e continuaria seu legado com um novo poder unificado. Porém, dentro das cidades ao redor do Império Romano, essa nova ordem do poder teve muitas consequências. Os acordos entre as cidades foram transformados em acordos com o próprio imperador, e com isso foram criados tributos, impostos e instituições políticas. Quando essas medidas passaram a ser tomadas, a hierarquia social passou a ser elitizada de acordo com a propriedade privadas, sem contar com as diferenças culturais que reforçaram essa divisão social. Por fim, o preço de um processo de integração não foi baixo, a determinação de um poder único, a marginalização da pobreza e a violência contra qualquer ato de contestação sobre esse poder, diante disso a mais importante fronteira para o Império era do enriquecimento. Por conta disso, muitos acontecimentos se desenvolveram para superar essa fase de insatisfação social, político e religiosa. A insuficiência de transformar essa integração em uma verdadeira conjuntura social, explica por um lado, sua ruína como unidade política. 
Jacobina-Ba, 04 de outubro de 2018, Suziane Veras. Graduanda em Licenciatura em História. 2º semestre, turma 2018.2. Universidade Estadual Da Bahia - UNEB

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