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Teoria da Argumentacao

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CURSO DE DIREITO
Caderno de Exercícios
TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO
Professor: João Nunes de Cerqueira Filho
COLABORADORES:
Adma Andrade Viegas
Claire Neib Guimarães
Cláudia Pessanha
Fernanda Dermier
Gerson Rodrigues
Isabel Arco Verde Santos 
Isabel Leventoglu
Kátia Araújo
Mara Haum
Maria Cláudia Ribeiro de Andrade
Maria Tereza Moura
Mariza Bahia
Néli Cavalieri
Nelson Tavares
Saulo Cruz Gomes
Valquíria Paladino
Viviane Azevedo
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AULA 1
ASSUNTO ABORDADO: as condições de produção do texto argumentativo.
OBJETIVOS DA AULA: contextualizar a disciplina Teoria da Argumentação como continuidade do trabalho de produção das peças processuais iniciado em Interpretação e Produção de Textos aplicadas ao Direito. Compreender as diferenças entre texto narrativo e texto argumentativo. Reconhecer a relevância da narração para a produção da argumentação.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 2 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
Compor conflitos de interesses por meio judicial é uma das funções primordiais do Direito. Tais conflitos advêm de divergentes formas de se interpretar um determinado fato jurídico. É nessa instância que se legitima o texto argumentativo.
A argumentação jurídica caracteriza-se, especialmente, por servir de instrumento para expressar a interpretação sobre uma questão do Direito, que se desenvolve em um determinado contexto espacial e temporal. Ao operar a interpretação, impõe-se considerar esses contextos, ater-se aos fatos, às provas e aos indícios extraídos do caso concreto e sustentá-la nos limites impostos pelas fontes do Direito.
Parece claro que nenhum juiz pode apreciar um pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento. A narração ganha status de maior relevância, porque serve de requisito essencial à produção de uma argumentação eficiente�. É por essa razão que se costuma dizer que a narração está a serviço da argumentação.
Resumidamente, um profissional do Direito deve recorrer ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista, mas para o sucesso dessa tarefa, precisa ter, antes, uma boa narração, na qual foram expostos os fatos de maior relevância sobre o conflito debatido. Na disciplina Interpretação e produção de textos aplicadas ao Direito, você desenvolveu de forma mais consistente o estudo da narração (simples e valorada); é chegada a hora de aprofundar o estudo da argumentação.
Para melhor compreender as características que distinguem narração e argumentação, observe a tabela.
	
	NARRAÇÃO
	ARGUMENTAÇÃO
	
Qual o Objetivo?
	Expor os fatos importantes do caso concreto a ser solucionado no Judiciário.
	Defender uma tese (ponto de vista) compatível com o interesse da parte que o advogado representa.
	
Como o fato é tratado?
	Cada fato representa uma informação que compõe a história da lide a ser conhecida no processo.
	O fato (informação) narrado é aqui retomado com o status de elemento de persuasão; é um elemento de prova com o qual defende a tese.
	
Qual o tempo verbal utilizado?
	Pretérito – é o mais utilizado, porque todos os fatos narrados já ocorreram. (Ex.: o empregado sofreu um acidente);
Presente – fatos que se iniciaram no passado e que perduram até o momento da narração. (Ex.: o empregado está sem capacidade laborativa);
Futuro – não é utilizado porque fatos futuros são incertos.
	Presente – tempo verbal mais adequado para sustentar o ponto de vista. (Ex.: o autor deve ser indenizado por seu empregador);
Pretérito – deve ser usado para retomar os fatos (provas / indícios) relevantes da narração, com os quais defenderá a tese. (Ex.: o autor deve ser indenizado por seu empregador porque sofreu um acidente no local de trabalho);
Futuro – deve ser usado ao desenvolver as hipóteses argumentativas. (Ex.: o trabalhador deve receber o benefício do INSS, pois, caso contrário, não terá como se sustentar).
	Qual a pessoa do discurso?
	Utiliza-se a 3ª pessoa, por traduzir a imparcialidade necessária à atividade jurídica.
	Também se utiliza a 3ª pessoa, pela mesma razão.
	Como os fatos são organizados?
	Os fatos são dispostos em ordem cronológica, ou seja, na mesma ordem em que aconteceram no mundo natural.
	Os fatos e as idéias são organizados em ordem lógica, ou seja, da maneira mais adequada para alcançar a persuasão do auditório.
	
Quais seus elementos constitutivos?
	Uma narrativa bem redigida deve responder, sempre que possível, às seguintes perguntas: a) O quê? (fato gerador); b) quem? (partes); c) onde? (local do fato); d) quando? (momento do fato); e) como? (maneira como os fatos ocorreram); f) por quê? (motivações da lide).
	Antes de redigir uma argumentação consistente, tente refletir sobre, pelo menos, as seguintes questões: a) Qual o fato gerador do conflito? b) qual a tese que será defendida? C) com que fatos sustentará essa tese? d) Que tipos de argumento deverá utilizar?
	
Qual a natureza do texto?
	O texto narrativo tem natureza predominantemente informativa. Sua função persuasiva está atrelada à fundamentação.
	O texto argumentativo tem função persuasiva por excelência.
	Quanto à parcialidade...
	Uma narrativa pode ser simples (imparcial) ou valorada, dependendo da peça a produzir.
	Não há como defender uma tese sem adotar um posicionamento. Toda argumentação é valorada.
QUESTÃO
Leia a produção escrita abaixo e identifique se é um texto narrativo ou argumentativo. A seguir, identifique nele as características que o particularizam, de acordo com o conteúdo da tabela já apresentada. Justifique sua resposta com elementos retirados do próprio texto.
Texto
STJ dá a empregada carro que patrão queria�
Parecia a sorte grande, mas um cupom premiado que dava direito a um carro 0 km trouxe desemprego e um arrastado processo judicial a uma empregada doméstica do Rio de Janeiro. Seus patrões, casal morador de um dos condomínios mais luxuosos da cidade, a acusaram de ter obtido os cupons ao fazer compras para eles e reivindicaram a posse do carro.
Após seis anos de disputa judicial, Marcela de Sousa, 34, recebeu o Mercedes Classe A que ganhou em um sorteio de um supermercado do Rio, em 1999.
"Após toda a humilhação que passei, vou vendê-lo o mais rápido possível e comprar minha casa", disse Marcela, que mora de aluguel em uma favela de Jacarepaguá, zona oeste da cidade.
A humilhação a que se refere teve início no dia em que foi informada pelo supermercado de que ganhara a Mercedes Classe A.
"A partir daquele dia deixei de ser a empregada de confiança, que trabalhava havia cinco anos na casa, para virar criminosa. Eles jogaram todas as minhas roupas no elevador e levaram o caso para a delegacia", diz a mineira radicada no Rio há cerca de dez anos.
Na ocasião, Anselmo Farias e Sônia Conrado Farias, patrões de Marcela, alegaram que a empregada tinha obtido os cupons com as compras feitas para eles. Naquele ano, o casal tinha na garagem quatro carros: um Fiat Coupé, um Vectra, uma caminhonete e uma Dakota Sportage. Marcela dizia que havia feito também compras para a sua casa. Não convenceu os patrões.
O casal mora no Golden Green, condomínio onde tem como vizinhos o atacante Ronaldo, do Real Madrid, e o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
"Conseguimos fazer uma perícia e foi comprovado que os cupons da família tinham sido depositados. Marcela fez questão de escrever os nomes dos chefes e dos filhos deles nos recibos. A partir daí, ficou mais fácil provar a inocência dela", disse o advogado José Augusto Loureiro.
A empregada conseguiu vitória no Tribunal de Justiça do Estado há cerca de dois anos, mas os ex-patrões recorreram ao Superior Tribunal de Justiça. Há cerca de seis meses, o STJ manteve a decisão do tribunalfluminense. O casal não tem mais como recorrer. Os advogados dos ex-chefes de Marcela não foram encontrados para comentar o caso.
Na época, o Mercedes Classe A valia R$ 29 mil. Atualmente, o carro, que tinha apenas 18 km rodados, deve ser vendido por cerca de R$ 25 mil. "O pesadelo chegou ao final. Vou agora limpar meu nome", disse a empregada, referindo-se ao processo por danos morais contra os ex-chefes.
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AULA 2
ASSUNTO ABORDADO: silogismo a serviço da argumentação.
OBJETIVOS DA AULA: compreender que a tendência brasileira de valorização excessiva da norma escrita tem forte influência do Positivismo. Estabelecer uma relação entre o raciocínio positivista e o silogismo – método pelo qual aquele se operacionaliza. Reconhecer a importância do raciocínio silogístico para a argumentação. Ponderar sobre a relevância da razoabilidade para a atividade jurisdicional.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 1 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
O ensino de Direito no Brasil fundou suas raízes em forte influência do chamado Positivismo jurídico. Segundo essa doutrina, os profissionais que atuam na solução de conflitos levados ao Judiciário deveriam encontrar o sentido do direito no sistema de normas escritas (direito positivo) que regulam a vida social de um determinado povo.
De acordo com os adeptos dessa teoria, portanto, a prática jurídica deveria limitar-se à aplicação objetiva das normas vigentes ao caso concreto que se pretendia analisar, por meio de um método denominado silogismo. Esse método caracteriza-se por uma operação lógica em que compete ao juiz amoldar os acontecimentos da vida cotidiana à norma proposta pelo Estado.
Na prática, o silogismo� apresenta três proposições – premissa maior, premissa menor e conclusão – que se dispõem de tal forma que a conclusão deriva de maneira lógica das duas premissas anteriores. Mas será que a lei deve ser aplicada a qualquer custo, ou cabe ao magistrado interpretar a vontade do legislador e usar a norma com razoabilidade? Nesse sentido, vamos refletir sobre o caso concreto que se lê.
Texto
Lavrador é preso por raspar casca de árvore
Ele usava a casca de árvore para fazer chá para sua mulher, que está doente�
O ministro José Sarney Filho (Meio Ambiente) e as entidades ambientalistas Greenpeace e ISA (Instituto Socioambiental) criticaram a prisão, em flagrante, do lavrador José dos Anjos, 58 anos, que, durante dois anos, raspou a casca de uma árvore para fazer chá para sua mulher, que está doente.
José raspava a casca de uma árvore chamada almesca, em uma área de preservação permanente que fica às margens do córrego Pindaíba, em Planaltina (a 44 km de Brasília).
O lavrador disse que usava a casca para fazer chá para a mulher, Helena dos Anjos. Ela tem Doença de Chagas. José conta que soube que o chá melhorava as condições dos acometidos pela doença.
Em 20 de junho de 2000, José foi surpreendido com um tiro para o alto, dado por soldados da Polícia Florestal, quando raspava a almesca. Preso em flagrante delito, algemado e levado para a delegacia, o lavrador foi enquadrado na Lei do Meio Ambiente (Lei 9.605, de 1998). Segundo o delegado Ivanilson Severino de Melo, José provocou "danos diretos ao patrimônio ambiental”, crime previsto no artigo 40 da lei. O delito, inafiançável, é punido com 1 a 5 anos de prisão.
José foi colocado numa cela com outros cinco presos, acusados de homicídio e roubo.
	ESTRUTURA DO SILOGISMO
	
	Art. 40, Lei 9.605/98: causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação, independentemente de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1° Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
	
José raspava a casca de uma árvore chamada almesca, em uma área de preservação permanente que fica às margens do córrego Pindaíba, em Planaltina.
	
José praticou crime ambiental, previsto no art. 40 da Lei 9.605/98. Deve ser punido com reclusão por um período de um a cinco anos.
Pergunta-se:
O procedimento adotado pelos agentes da Polícia Florestal e pelo Delegado está em conformidade com o que determina a lei?
A conduta de José está prevista na lei como crime?
A intenção do legislador, quando produziu a norma, era punir casos como o de José?
É justa a sua prisão? Deve ser condenado? Por quê?
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AULA 3
ASSUNTO ABORDADO: demonstração e argumentação.
OBJETIVOS DA AULA: estabelecer a diferença entre demonstração e argumentação. Compreender a contribuição da demonstração para a argumentação jurídica.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 1.3 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
Vamos reconhecer uma situação prática em que a demonstração pode auxiliar a argumentação a alcançar seus objetivos. Não se esqueça de que a demonstração caracteriza-se por ser um “meio de prova, fundado na proposta de uma racionalidade matemática”, a qual é operacionalizada pela lógica formal – silogismo.
	RACIOCÍNIO DE NATUREZA ARGUMENTATIVA
	Quem quer?
Menor representado pela mãe.
	
	Requerente (autor).
	O quê?
Alimentos
(pensão a título de provisão para mantença do menor).
	
	Pedido.
	De quem?
Do pai do menor.
	
	Requerido (réu).
	
Por quê?
A lei estabelece essa obrigação
	
	Fundamento jurídico do pedido:
Art. 1.696, CC: o direito à prestação de alimentos é recíproco entre país e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
	
	
	
	DEMONSTRAÇÃO – MEIOS DE PROVA
	Para desenvolver uma argumentação que convença o magistrado da procedência do pedido de alimentos, é necessário demonstrar que realmente o requerido tem essa obrigação de alimentar o requerente, ou seja, é fundamental que a parte autora demonstre a paternidade para o juiz, sem a qual não tem qualquer serventia o fundamento jurídico selecionado.
Quais os meios de prova admitidos pelo Direito no tocante à comprovação (demonstração) da paternidade?
Art. 1605, CC: na falta, ou defeito, do termo de nascimento (certidão), poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito:
I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente;
II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos."
	
	
	
	
Conclusão:
	Sem a demonstração da paternidade, não terá sucesso a argumentação de que o requerido tem a obrigação de prestar alimentos ao requerente, com fundamento no art. 1696, CC.
Supermercado é responsabilizado por morte de cliente
Raimundo Lopes dos Santos moveu ação de indenização por danos morais e materiais contra o supermercado Bom Apetite, localizado na Avenida Moraes Filho, 350, em Mesquita, bairro da cidade de Cachoeirinha, no Espírito Santo, por fato ocorrido em 15 de janeiro de 2008, quando sua esposa Madalena dos Santos, que fazia compras no estabelecimento, depois de escorregar em alimentos derramados no chão do supermercado, caiu e veio a falecer. 
Ao cair, Madalena esbarrou em uma prateleira e várias latas de azeite caíram sobre ela, tendo uma delas atingido a sua cabeça. Depois do acidente, ao tentar levantar-se, sentiu-se desnorteada e com fortes dores na cabeça, não conseguindo locomover-se. A vítima foi levada, então, para a sala de primeiros socorros do estabelecimento, onde uma atendente lhe disse que ficasse em repouso até sentir-se melhor. Vinte minutos depois, vendo que a mãe não melhorava, a filha que a acompanhava pediu a presença de um médico para examiná-la. Passadas três horas de espera, e vendo que nenhuma assistência médica havia sidoprovidenciada pelo supermercado, a filha de Madalena exigiu do gerente que a mãe fosse levada a um hospital, ao qual, infelizmente, a acidentada já chegou em estado crítico, em conseqüência da hemorragia cerebral provocada pelo forte impacto da lata de azeite em sua cabeça.
Segundo os médicos que a atenderam, a demora no atendimento agravou o quadro hemorrágico e não foi possível salvá-la. Para Raimundo, sua mulher morreu por dupla negligência do supermercado: primeiro por conta da queda causada pelos alimentos esparramados no chão e, depois, pela demora em oferecer-lhe socorro.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6 - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
De acordo com o Código Civil:
Art. 1.784 - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Questão
Após a leitura do texto, produza esquema semelhante ao da página anterior. O objetivo deste exercício é ajudá-lo a compreender a relevância da demonstração como meio de prova que serve à argumentação.
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AULA 4
ASSUNTO ABORDADO: estrutura e linguagem do texto argumentativo: situação de conflito, tese e contextualização do real.
OBJETIVOS DA AULA: compreender que a tarefa de persuadir o magistrado terá mais chances de sucesso se for bem planejado o texto argumentativo. Desenvolver o planejamento do texto argumentativo pela seleção dos elementos: a) situação de conflito; b) tese; c) contextualização do real (fatos - provas e indícios).
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura dos capítulos 5.1.1, 5.1.2 e 5.1.3 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
A produção do texto argumentativo pressupõe um raciocínio extremamente complexo, que seleciona e organiza várias informações. O advogado já experiente realiza esse procedimento mentalmente, mas para o estudante de Direito, por questões de ordem didática, é importante que essa preparação seja feita, por escrito, passo a passo. Nesta aula, seguiremos as três primeiras tarefas: a) identificação da situação de conflito; b) escolha da tese a ser defendida; c) seleção dos fatos por meio dos quais a tese será defendida.
O conteúdo referente a esse assunto encontra-se disponível em CAVALIEIRI FETZNER, Néli Luiza; VALVERDE, Alda; TAVARES, Nelson. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008, capítulo 5.1.
Segundo os autores, na página 100, registrar a situação de conflito é fundamental para delimitar a questão sobre a qual se argumentará. Isso porque serão fornecidos os elementos indispensáveis para compor o caso concreto e inseri-lo no contexto jurídico. Nesta, o orador definirá a centralidade da questão jurídica que estará sob apreciação, isto é, o fato jurídico. Em seguida, identificará as partes envolvidas na lide, devidamente qualificadas, determinando aquele que, em tese, representa o sujeito passivo e o que será considerado sujeito ativo. Por fim, estabelecerá quando e onde esta ocorreu.
A tese representa o ponto de vista a ser defendido, com base em todas as informações (fatos) disponíveis sobre o caso concreto e nos limites permitidos pela norma.
Para conseguir sustentar a tese, torna-se necessário extrair do caso concreto todas as informações que, explícita ou implicitamente, concorrem para comprová-la. Compreender o caso concreto, interpretar todas as suas sutilezas, valorá-las, apreender os diversos sentidos que um mesmo fato, prova ou indício promovem é fundamental para a produção de um texto argumentativo consistente. É essa seleção de fatos que representa a contextualização do real.
Leia o texto e, em seguida, faça o que se pede.
Casamento sem fotos
Maria Helena Assis e José de Almeida mantiveram um relacionamento estável durante quase 12 anos, e sempre sonharam em se casar. Por serem pessoas simples e de poucos recursos, a noiva (doméstica) e o noivo (tecelão) adiaram o casamento até que pudessem realizá-lo da forma como pretendiam. 
A cerimônia foi marcada para o dia 21 de janeiro de 2008 na Igreja de São Francisco de Assis, em Juiz de Fora, MG. Em maio de 2007, na empresa Cinderela Modas e Imagens, de propriedade de Joana Araújo, onde Maria Helena alugou um vestido de noiva, o casal contratou o serviço de filmagem e fotografia com o estúdio que funciona no mesmo local. O valor da filmagem (R$180,00) e do álbum (R$150,00) começaram a ser pagos em agosto de 2007, em cinco prestações, juntamente com as prestações relativas ao aluguel do vestido. 
No dia do casamento, ao chegarem à igreja, os noivos imediatamente procuraram pelos contratados para que pudessem iniciar a sessão de fotos e filmagem, mas eles não haviam chegado. Após 20 minutos de espera, a noiva foi incentivada pelos familiares a entrar na igreja e não esperar mais pelos profissionais, que de fato não apareceram.
A noiva alegou ter entrado na igreja atônita, sentindo-se ofendida, frustrada, envergonhada e triste, pois o momento sonhado há mais de 10 anos “havia-se tornado um pesadelo”. Por meio de provas testemunhais, comprovou-se que os noivos não puderam desfrutar da festa de casamento; saíram mais cedo da recepção em razão do nervosismo e do constrangimento por que passaram.
Procurada pelo casal, a proprietária da Cinderela Modas e Imagens disse nada ter com o problema, pois havia cumprido a sua parte que era o aluguel do vestido, não cabendo a ela responsabilidade pelo estúdio de fotografia, embora ele funcione no mesmo local, tenha o mesmo telefone de contato e as mesmas funcionárias de sua empresa.
Questão 1
Destaque:
a) o fato gerador do conflito sobre o qual o caso concreto discorre (o quê?);
b) as partes, devidamente identificadas (quem?);
d) quando e onde esse fato ocorreu.
Com base nessas informações, produza o parágrafo relativo à situação de conflito.
Questão 2
Decida qual tese pretende defender. Tendo em visa que a tese deve estar circunscrita pelos limites da norma, caso entenda necessário, recorra aos recortes abaixo.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6 - São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência;
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição eriscos.
De acordo com o Código Civil:
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
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AULA 5
ASSUNTO ABORDADO: Estratégias argumentativas - técnicas de elaboração de hipóteses.
OBJETIVOS DA AULA: compreender que as hipóteses são argumentos possíveis a serem utilizados na fundamentação. Desenvolver o hábito de ponderar a força persuasiva do argumento antes mesmo de redigi-lo.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 5.1.4 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
Hipóteses são raciocínios previamente construídos que poderão ser utilizados no texto argumentativo como estratégia persuasiva. Partindo de fatos comprovados, o argumentador tira uma inferência. Há, assim, uma relação lógica entre as duas partes da hipótese.
Observe o esquema que representa a hipótese causal:
		 +				 +
Agora, conheça o esquema que representa a hipótese condicional:
		 +				 +
Para esclarecer como são produzidas essas hipóteses, conheça o exemplo extraído de Lições de argumentação jurídica: imagine que uma casa tenha sido assaltada. A tese a provar é que houve participação, no assalto, de alguém da família ou da empregado da casa. Digamos que foram destacados do real os seguintes elementos:
Fato: somente o quarto da dona da casa foi vasculhado;
Prova testemunhal (depoimento de Sueli, a dona da residência assaltada): “No mês passado, trouxe todas as minhas jóias, que guardava no cofre do banco, a fim de dividi-las com as minhas três filhas”;
Indício: o assaltante sabia o que desejava furtar.
Hipóteses causais:
1ª) utilizando-se do fato:
Já que somente o quarto da dona da casa havia sido vasculhado, o assalto teria sido planejado.
2º) utilizando-se da prova testemunhal:
Uma vez que Sueli afirmou que trouxera as jóias para casa a fim de dividi-las com as filhas, o assaltante teria conhecimento da atual localização das jóias.
3ª) utilizando-se do indício:
Tendo em vista que o assaltante sabia o que desejava furtar, seria alguém íntimo da família.
Com base nessas hipóteses, todas relacionadas pelo mesmo objetivo - provar que houve a participação, no assalto, de alguém conhecido da família - o texto argumentativo será estruturado. Nele, as suposições se transformarão em afirmações, isto é, em inferências das quais não se tem dúvida. Tais afirmações, ainda, deverão estar acompanhadas das justificativas que representarão como se processou a conexão entre o fato, a prova ou o indício e a conclusão, que se extraiu a partir dessa conexão.
QUESTÃO
Após analisar a estrutura das hipóteses apresentadas (conectores e tempos verbais), elabore uma hipótese causal e outra condicional sobre o caso concreto a seguir. Considere que as hipóteses têm por função intensificar o caráter persuasivo de sua tese.
Texto
Aluno agride colega dentro da sala de aula
Por pouco um trabalho sobre fraturas, feito em conjunto por cinco alunos da 2ª série do ensino médio do Colégio Novo Horizonte, na Barra da Tijuca, não virou uma aula prática. No dia 18 de março de 2008, por não ter realizado sua parte no trabalho e ter sido cobrado pelo grupo, o aluno Marcial Guerra de Brito, de 23 anos, que é professor de dança, transformou-se num pitboy e agrediu com socos e pontapés a colega de turma Nair Cristina Oliveira, de 18 anos, dentro da sala de aula. Depois da agressão, ela ligou para a polícia pelo 190 e, em companhia da mãe, registrou queixa na 16ª DP.
Nair contou que, além de levar socos e pontapés, foi jogada ao chão e chutada. Atônitos, 20 colegas que assistiram à agressão tentaram segurar Marcial, que saiu correndo. O agressor, que tem cerca de 1,80m, será chamado pela polícia para prestar esclarecimentos nos próximos dias.
— Meus pais nunca me bateram. Eu não fiz nada, só perguntei se ele tinha feito a parte dele no trabalho. Ele partiu para cima, me agrediu covardemente e ainda disse que não passava da minha obrigação fazer o trabalho todo — desabafou a estudante.
Nair foi, na tarde do mesmo dia, ao Instituto Médico Legal fazer exames de corpo de delito. Ela teve ferimentos na perna e hematomas na cabeça, no pescoço e no braço direito. A delegada Viviane Carvalho registrou o caso como lesão corporal.
Para Roberto Barreto, um dos responsáveis pela escola, o caso alcançou uma proporção que não merecia.
— O rapaz veio falar comigo. Ele disse que as meninas iriam denunciá-lo ao professor por não ter feito o trabalho. Marcel perdeu a cabeça. Ele disse que ela deu um tapa em seu ombro e que apenas revidou — afirmou Barreto, adiantando que o aluno irá para outra unidade do colégio. — Ele ficou sem ambiente. 
Nair, que mora na Barra da Tijuca, disse que a confusão começou por volta das 9h30m. Os alunos tinham sido divididos em quatro grupos para fazer o trabalho de educação física. O tema para o grupo de Naira era sobre fraturas no corpo humano.
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ASSUNTO ABORDADO: tipos de argumento - seleção e combinação.
OBJETIVOS DA AULA: distinguir os vários tipos de argumento disponíveis ao profissional da área jurídica. Redigir parágrafos argumentativos persuasivos.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 4.3 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
Os argumentos são recursos lingüísticos que visam à persuasão, ao convencimento. O argumento não é uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas ciências exatas. O argumento implica um juízo do quanto é provável ou razoável.
A) ARGUMENTO PRÓ-TESE
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduzem fatos distintos favoráveis à tese escolhida.
B) DE AUTORIDADE (EX AUCTORITATE OU AB AUCTORITATE)
Argumento constituído com base nas fontes do Direito, em pesquisas científicas comprovadas.
C) ARGUMENTO DE SENSO COMUM
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso geral; está amplamente difundido na sociedade.
D) ARGUMENTO DE CAUSA E CONSEQÜÊNCIA
Estabelece a relação de causalidade. São apresentadas as causas e as conseqüências de um ato praticado.
E) ARGUMENTO DE PROVA
É construído a partir de um indício extraído de um fato real.
Observe o esquema adiante:
Fato real	>	Indício	>	Argumento
Leia o texto.
Falsa entrevista
Gugu responderá a ação na Justiça Estadual de São Paulo
O apresentador responde a processo civil na 6ª Vara Cível Central por causa da exibição de uma entrevista, no programa Domingo Legal, do SBT, com supostos integrantes da organização criminosa PCC -- Primeiro Comando da Capital.
A promotora de Justiça Déborah Pierri entrou com ação civil pública contra o apresentador de TV. Na ação, o Ministério Público de São Paulo pede a condenação de Gugu à indenização por danos morais difusos, no valor mínimo de R$ 750 mil reais, por causa da exibição da entrevista.
A matéria afirmou que um repórter do SBT, enviado pelo Programa “DomingoLegal”, entrevistava integrantes da organização PCC. Denúncias graves foram feitas pelos supostos traficantes, que apontaram ainda o envolvimento de policiais e delegados (sem citar nomes) em um esquema de corrupção para fazer “vistas grossas” ao trabalho da organização.
Em estilo sensacionalista, a matéria foi exibida pouco a pouco ao longo de todo o programa. Descobriu-se, depois, que a farsa havia sido montada pelo diretor do programa, com a anuência omissiva do apresentador, Augusto Liberato.
Em sua tese, a promotora de Justiça atribui a Gugu prática comercial abusiva. Pela primeira vez, o Ministério Público paulista imputa responsabilidade pessoal a um apresentador de TV, não como simples preposto da emissora de televisão (no caso, o SBT), pelos danos causados à sociedade.
Debora Portinari alega que o apresentador tinha conhecimento do conteúdo do programa antes mesmo de ser veiculado e com omissão dolosa não tomou qualquer iniciativa para poupar seus telespectadores, submetendo-os a tamanha iniqüidade. “Na verdade, desrespeitando os valores mínimos de ética e solidariedade, autorizou a transmissão da farsa”, diz o texto da Inicial.
“Ante ao exposto, requer condená-lo como responsável pela indenização dos danos morais difusos impostos a todos os consumidores, expostos às imagens indevidamente veiculadas no programa Domingo Legal, em 7 de setembro de 2003, cujo valor deverá ser o correspondente a totalidade dos valores, percebidos à título de merchandising no referido programa, mas não inferior a R$ 750 mil, pois esse foi o seu proveito econômico, além de juros e atualização monetária, cujo produto ao final deverá ser revertido ao Fundo de Reparação de Interesses Difusos”, pede a promotora.
QUESTÃO
Redija três parágrafos argumentativos. Escolha os argumentos dentre as opções elencadas no início desta aula.
Observação: caso deseje redigir um argumento por autoridade, é possível recorrer ao Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6°, CDC - São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
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 AULA 7
ASSUNTO ABORDADO: argumento de oposição.
OBJETIVOS DA AULA: perceber a quebra de expectativas como estratégia discursiva do argumento de oposição, apoiada no uso dos operadores argumentativos de concessão e adversidade.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 4.3.5 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
O argumento de oposição serve ao profissional do Direito como uma estratégia discursiva eficiente para a redação de uma boa fundamentação. Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-o como uma possibilidade de conclusão, para depois apresentar, como argumento decisório, a perspectiva contrária.
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite antecipar as possíveis manobras discursivas, que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta.
Observe o quadro abaixo:
	Estrutura do argumento de oposição concessiva
	Operador argumentativo Concessivo
	Ponto de vista contrário à tese defendida
	Ponto de vista favorável à tese defendida
	Embora ...
	...não exista lei que obrigue alguém a ser pai, nem que garanta reaproximações indesejadas, ...
	... a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva.
	Conector sintático que põe em foco a evidência contrária
	Evidência que apóia a argumentação contrária à tese em defesa.
	Argumento decisório, contrário à perspectiva anterior.
	Estrutura do argumento de oposição restritiva
	Ponto de vista contrário à tese defendida
	Operador argumentativo adversativo
	Ponto de vista favorável à tese defendida
	Não existe lei que obrigue alguém a ser pai, nem que garanta reaproximações indesejadas, ...
	... mas ...
	... a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva.
	Evidência que apóia a argumentação contrária à tese em defesa.
	Conector sintático que permite uma manobra discursiva, que desarticula o argumento introdutório.
	Argumento que anula a proposição inicial do parágrafo, gerando uma quebra de expectativa.
Para ficar ainda mais clara essa estrutura, os parágrafos anteriores foram desenvolvidos. Compreenda que as estruturas sugeridas não são, de forma alguma, instrumentos que impedem a liberdade redacional do argumentador; ao contrário, a partir delas novas informações podem ser acrescidas – sem descaracterizar a estratégia.
Argumento de oposição concessiva
Embora haja quem argumente ser impossível pensar a afetividade como valor jurídico, pois não existe lei que obrigue alguém a ser pai, nem garanta reaproximações indesejadas, a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva. Essa reparação André Júlio deve a Alexandre, por sua luta inglória desde quase os sete anos de idade, a fim de reaver o afeto do pai. Falta de carinho, de atenção e de presença não se quantifica, mas pode ser compensada para amenizar o sofrimento de Alexandre, por ter tido um pai ausente.
Também podemos trabalhar dessa maneira:
Argumento de oposição restritiva
Há quem argumente ser impossível pensar a afetividade como valor jurídico, ou seja, que não existe lei que obrigue alguém a ser pai, nem garanta reaproximações indesejadas, mas a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva. Essa reparação André Júlio deve a Alexandre, por sua luta inglória desde quase os sete anos de idade, a fim de reaver o afeto do pai. Falta de carinho, de atenção e de presença não se quantifica, mas pode ser compensada para amenizar o sofrimento de Alexandre, por ter tido um pai ausente.
QUESTÃO
Após a leitura do texto que segue, indique os elementos desfavoráveis e os favoráveis à tese de não culpabilidade de Antônio Soares dos Santos.
Agora, redija dois parágrafos argumentativos, um de oposição concessiva e outro de oposição restritiva.
TEXTO�
Na manhã de 23 de fevereiro de 2008, 25 agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, acompanhados por agentes do IBAMA, prenderam Antônio Santos e Silva, por tráfico de aves, em Honório Gurgel, subúrbio do Rio de Janeiro. Além dele também foi detido Edson Alves da Silva, conhecido comerciante de aves nas feiras livres da cidade.
Com eles foram apreendidas 90 aves entre curiós, trinca-ferros, coleiros e canários. Ambos foram levados para a delegacia, de onde Eduardo, que já tinha sido flagrado no mesmo delito no ano passado, foi liberado duas horas depois. Em 2007, livrou-se do processo pagando cesta básica de R$ 130,00 e prestando um mês de serviço comunitário numa creche. Agora diz que precisa mudar de vida para não ficar pagando cesta básica sempre.
Já Antônio, que retirava as gaiolas com os pássaros de uma caminhonete quando os policiais chegaram ao local, ainda ficou mais algumas horas prestando esclarecimento sobre a origem dos animais. Servente de pedreiro, analfabeto e desempregado há um ano, disse que mantém sua família fazendo as entregas e alega não saber a origem das aves. Declarou ainda que: “faço essas descargas pro seu Henrique há uns seis meses, o bom é que recebo adiantado, e se não trabalhar nisso eu e minha família vamos morrer de fome. Se o doutor me arranjar trabalho certo deixo esse negócio de passarinho de lado”.
Ao ser perguntado sobre a pessoa para qual trabalhava, respondeu ser um homem já velho, de nome Henrique, não sabendo dar nenhuma outra informação, inclusive sobre a origem da caminhoneteque utilizava para o transporte. O motorista, que conduzia o veículo, não foi encontrado na feira. Segundo testemunhas, saiu correndo assim que a polícia chegou ao local.
Um agente do IBAMA, que participou da blitz, demonstrou-se decepcionado com o resultado da investida, pois segundo ele quem é preso nunca é o verdadeiro responsável pelo tráfico dos animais.
O delegado Luiz Xavier, titular da Delegacia de Meio Ambiente, responsável pelo inquérito, defende o endurecimento da lei para os traficantes de animais. Dados da Renctas mostram que o tráfico é o terceiro mais rentável do mundo, atrás apenas da venda de drogas e armas.
A Lei de Crimes Ambientais não prevê o tráfico. Põe na mesma situação aquela senhora que cria um pássaro em cativeiro e o traficante. É necessário agravar a pena nos casos de tráfico, deixando cestas básicas e serviços comunitários para os pequenos infratores – afirmou Luiz Xavier.
O tenente Érico Santos Cardoso, do Batalhão Florestal, diz que o artigo 29 da Lei 9.605/98 desestimula a guarda de animais silvestres em cativeiro com penas para quem não tem autorização legal, mas que as normas do Ibama abrem o leque da comercialização, já garantida pela Lei 5.197 de 1967, que estabelece que caberá ao poder público incentivar a construção de criadouros para fins econômicos e industriais.
– Para se abrir um criadouro, basta ter um CPF. O mercado legal de animais silvestres acaba estimulando e agregando valores ao tráfico. O xanxão, por exemplo, chega a custar R$ 500,00 no mercado legal de pets, informou o tenente.
Segue material de apoio para produzir os argumentos.
Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais)
CAPITULO V - DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Seção I - Dos Crimes contra a Fauna
Art 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1° Incorre nas mesmas penas:
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
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AULA 8
ASSUNTO ABORDADO: expressões introdutórias de parágrafos.
OBJETIVOS DA AULA: auxiliar o discente na redação do texto argumentativo, com a sugestão de expressões introdutórias de parágrafos. Compreender os mecanismos discursivos e lingüísticos da coesão seqüencial de parágrafos.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 3.4 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
Os elos coesivos entre parágrafos reforçam a tessitura do texto, permitindo uma maior eficiência discursiva por parte do argumentador. Eles podem ser utilizados de acordo com o objetivo de cada parágrafo elaborado, devendo-se levar em consideração algumas possibilidades interpretativas:
	Por enumeração
	Por oposição
	Por causa
	Por conseqüência
	Ressalta(m)-se 
	É bem verdade que...
	Como se há verificar...
	Neste sentido, deve-se dizer...
	Além desses fatores...
	Não se pode olvidar que...
	Como se pode notar...
	Oportuno se torna dizer que...
	É de verificar-se que...
	Não há olvidar-se que...
	É de verificar-se que...
	Cumpre-nos assinalar que...
	Registre-se, ainda, que...
	Bom é dizer que...
	Devido a...
	Diante do exposto...
	Assinale-se, ainda, que...
	Por outro lado...
	Em virtude de...
	Diante disso...
	Convém ressaltar...
	Ao contrário do que foi dito...
	Em face de...
	Em face de tal situação...
	Além desses fatores...
	Conectores de oposição: conjunções adversativas e concessivas.
	Substantivos: causa, motivo, razão, explicação, pretexto, base, fundamento, gênese, origem, o porquê.
	Em virtude desses fatos...
	Soma(m)-se a esses aspectos o(s) fato(s)...
	Verbos que indicam oposição (contrariar, impedir, obstar, vedar...)
	Verbos que indicam causa (determinar, permitir, causar, gerar...)
	Em face dessa questão...
	Mister se faz ressaltar que...
	
****
	Locuções prepositivas: em virtude de..., em razão de..., por causa de..., em vista de..., por motivo de...
	Substantivos: efeito, produto, decorrência, fruto, reflexo, desfecho.
	Registre-se, ainda, que...
	
****
	Conjunções: porque, pois, já que, uma vez que, porquanto, como.
	Verbos que indicam conseqüência (ocasionar, gerar, provocar...)
	É de ser relevado...
	
****
	
****
	Locuções e conjunções: logo, então, portanto, por isso, por conseguinte, pois.
QUESTÃO
Selecione algumas das expressões do quadro anterior e produza três parágrafos argumentativos que defendam uma tese sobre a situação de conflito apresentada na matéria jornalística. O tipo de argumento é de sua livre escolha.
Adriana Mendes ajuizou ação indenizatória em face da empresa MC Donald´s. A autora deseja que a ré seja condenada a lhe pagar R$ 10 mil de indenização porque encontrou uma formiga grudada na batata frita.
Alega que, ao se deparar com o inseto, experimentou um sentimento de repugnância e nojo que lhe gerou danos morais. Adriana destacou na Inicial que houve, também, “violação ao princípio da confiança, outro norte a ser perseguido nas relações de consumo”.
A consumidora contou que, ao começar a comer, encontrou um corpo estranho grudado na batata e, logo depois, constatou que era uma formiga. Depois do ocorrido, procurou o gerente da loja para reclamar. Como nada foi feito, tirou uma foto e recorreu à Justiça. No pedido, alegou que tal situação criou um grande constrangimento de natureza moral.
O MC Donald's, para se defender, alegou que o Juizado não poderia processar a questão porque era necessária prova pericial e que tal requisito se torna incompatível com a Lei 9.099/95, que dispõe sobre a competência dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
O réu sustentou, ainda, que não existe a menor possibilidade de haver qualquer tipo de corpo estranho nos lanches da empresa e que não há que se falar em qualquer tipo de indenização.
Observação: caso deseje redigir um argumento por autoridade, é possível recorrer aos dispositivos a seguir:
Art. 2°, CDC - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3°, CDC - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 2° - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Art. 6, CDC - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência;
Art. 14, CDC. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danoscausados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
De acordo com o Código Civil:
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Caso entenda adequado, utilize o trecho adiante, retirado de um Acórdão:
Em uma ação de indenização, além da ação ou omissão, há que se apurar se houve dolo ou culpa do agente no evento danoso, bem como se houve relação de causalidade entre o ato e o prejuízo sofrido pela vítima.
(juiz Yale Sabo Mendes, do Juizado Especial Cível de Cuiabá - MT).
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AULA 9
ASSUNTO ABORDADO: produção do texto jurídico argumentativo: fundamentação e conclusão.
OBJETIVOS DA AULA: Redigir a fundamentação e a conclusão de um texto jurídico. Desenvolver a habilidade persuasiva, mediante utilização das fontes do direito e em consonância com a teoria da argumentação jurídica.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 5.2.1 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
QUESTÃO
Após o embasamento teórico e a prática até aqui desenvolvidos, retome os elementos constitutivos da argumentação jurídica (situação de conflito, tese, contextualização do real e hipóteses) e produza uma fundamentação e uma conclusão.
Leia o caso a ser discutido.
Dose de agressividade
Record se livra de indenizar delegado da Polícia Federal
A TV Record foi citada para responder a uma ação de indenização por danos morais, ajuizada pelo delegado da Polícia Federal, Marcos Von Held. O delegado pediu indenização por conta da reportagem que divulgou seu remanejamento do cargo que ocupava na PF em São Paulo e o comentário que associou sua imagem à corrupção. Von Held foi diretor da Delegacia Marítima, Aérea e de Fronteira e hoje chefia a Delegacia de Imigração.
Na época, o afastamento do delegado foi provocado por suspeitas do Ministério Público Federal de envolvimento de agentes da PF com o crime organizado. As investigações do MPF envolviam uma suposta relação de policiais com o doleiro Antonio Otávio. Não há confirmação, por sentença judicial, de o delegado ter cometido improbidade administrativa no exercício do cargo.
Von Held sustentou que a reportagem e o comentário feito por Boris Casoy, na época âncora do Jornal da Record ofendeu sua honra, imagem e reputação. Segundo ele, seu remanejamento do posto da PF se deu por questões administrativas.
A emissora sustenta que as reportagens não extrapolaram o direito de informar, nem a liberdade de expressão, como alegou o autor. Para a ré, ela exerceu suas prerrogativas legais sem ultrapassar as barreiras que separam o lícito daquilo que é abusivo. Afirmou que o Jornal da Record informou o público sobre acontecimentos que envolviam a rotatividade de delegados, um caso singular que coincidiu com a divulgação de escândalos envolvendo denúncia de corrupção da PF paulista.
No final da reportagem, o apresentador Boris Casoy afirmou que seria preciso uma limpeza nos quadros da Polícia, que estaria falida moralmente. Isso, segundo a emissora, não é suficiente para exigir o dever de indenizar.
“As expressões contundentes não estão em dissonância com o estado de coisas que foram relatos, lembrando que o exercício de crítica, por ser um direito, não constitui um salvo conduto para agredir, contudo, uma certa dose de agressividade se permite, porque caso não se admita o emprego de linguagem dura ou ácida, não se atinge o objetivo de criticar, que no fundo, visa alertar, provocar reflexão e formar opiniões”, sustentaram os advogados da missora.
Para eles, não cabe reprovar o noticiário por divulgar as denúncias e investigações deflagradas com os nomes de “Anaconda”, “Lince” e “Shogun”. Também não cabe a reprovação por eventual lesão ao direto da personalidade - honra, imagem e reputação - do delegado, pela forçosa conclusão que se deve chegar, diante de tudo o que constou, do exercício regular da função social da imprensa.
Se considerar conveniente, utilize os recortes a seguir:
Código Civil: CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Art 5º, IV, CRFB/88. É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. (Lei de Imprensa nº. 5.250);
V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem (Lei de Imprensa - Lei nº 5.250);
XIV – É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (Lei de Imprensa - Lei nº 5.250)
Lei de Imprensa – Lei nº5250
Art. 12. Aqueles que, através dos meios de informação e divulgação, praticarem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos às penas desta lei e responderão pelos prejuízos que causarem.
Art. 13. Constituem crimes na exploração ou utilização dos meios de informação e divulgação os previstos nos artigos seguintes.
Art. 15. Publicar ou divulgar: a) segredo de Estado, notícia ou informação relativa à preparação de defesa interna ou externa do País, desde que o sigilo seja justificado como necessário, mediante norma ou recomendação prévia determinando segredo, confidência ou reserva; b) notícia ou informação sigilosa, de interesse da segurança nacional, desde que exista, igualmente, norma ou recomendação prévia determinando segredo, confidência ou reserva.
Pena: de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.
Art. 16. Publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados.
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AULA 10
ASSUNTO ABORDADO: Planejamento do discurso jurídico argumentativo.
OBJETIVOS DA AULA: produzir fundamentação e conclusão do texto jurídico-argumentativo.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 5.2.2 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
	A argumentação jurídica, para ter sucesso, deve recorrer a estratégias que expressem a interpretação sobre uma questão do Direito que se desenvolve em um contexto espacial e temporal. Portanto, antes de argumentar, é necessário que se proceda a um planejamento, considerando-se os contextos, os fatos, as provas e os indícios extraídos do caso concreto, sustentando-se sempre nas fontes do Direito. Torna-se necessário, também, ter em mente os prováveis argumentos do opositor, a fim de neutralizá-los.
	Após a análise minuciosa do caso concreto, são escolhidos os recursos argumentativos para a produção do texto jurídico. Assim, o texto será construído não instintiva e espontaneamente, mas apoiado em um planejamento, a fim de mantera unidade e a coerência necessárias ao convencimento. Somente com organização é possível traçar estratégias persuasivas capazes de fazer com que a tese defendida seja aceita.�
Questão
Analise os elementos constitutivos da argumentação jurídica que seguem e escreva a fundamentação e a conclusão pertinentes.
1- Situação de conflito
Eneida Santana, babá da filha do médico José Silveira, foi proibida de entrar na piscina do condomínio Vila Azul, em Vila Isabel, no dia 19 de março de 2008, para cuidar da menor.
2- Fato gerador
Impedimento de acesso à piscina do condomínio Vila Azul.
3- Tese
A proibição de a babá freqüentar a piscina representa limitação ao direito da menor Estela.
4- Contextualização do real
Provas favoráveis à tese:
- A criança está de férias e os pais, não;
- Segundo consta da narrativa dos fatos, a babá não pôde acompanhar a menor na piscina;
- De acordo com o Regulamento do Condomínio Vila Azul, a freqüência à piscina restringe-se aos moradores; 
- O Regulamento do Condomínio Vila Azul estabelece que crianças de dois anos não podem freqüentar a piscina desacompanhadas;
- José Silveira declarou estar disposto a levar a babá para fazer todos os exames médicos exigidos pelo condomínio.
Alegações do condomínio:
- De acordo com o síndico, a assembléia decidiu negar o pedido de José Silveira em obediência ao artigo 18 do Regulamento Interno do Condomínio, que restringe aos moradores o direito de freqüentar a piscina.
5- Hipóteses
Favoráveis à tese:
- Uma vez que a babá fora impedida de acompanhar a criança, este fato não configuraria uma forma de cercear o direito de a menor freqüentar a piscina do condomínio?
- Já que José Silveira prontificou-se a levar a babá para realizar exame médico, sua presença na piscina não constituiria risco maior que o de qualquer morador à saúde dos freqüentadores da piscina;
Contrária à tese:
- Se o condomínio autorizasse a presença da babá na piscina, estaria abrindo um precedente para desrespeito a outros artigos do Regulamento Interno.
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AULA 11
ASSUNTO ABORDADO: produção do texto jurídico argumentativo: fundamentação e conclusão.
OBJETIVOS DA AULA: Redigir a fundamentação e a conclusão de um texto jurídico. Desenvolver a habilidade persuasiva, mediante utilização das fontes do direito e em consonância com a teoria da argumentação jurídica.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 5.2.3 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
QUESTÃO
Após o embasamento teórico e a prática até aqui desenvolvidos, retome os elementos constitutivos da argumentação jurídica (situação de conflito, tese, contextualização do real e hipóteses) e produza uma fundamentação e uma conclusão.
Leia o caso a ser discutido.
UM CASO DE ABUSO SEXUAL
SÃO PAULO - Preso sob acusação de abusar sexualmente de pacientes dopados em seu consultório, o pediatra Euller Erick, 48 anos, preso na noite de quarta-feira, admitiu ao delegado Vargas Soares Neto ser ele o homem que aparece na fita de vídeo divulgada pelas emissoras de TV. A gravação mostra um adolescente sendo examinado pelo médico, que o adormece com uma injeção para depois despi-lo e abusar dele. “Ele disse: sou eu mesmo”, contou o titular do 52o. Distrito Policial, no Butantã, Zona Oeste de São Paulo. O médico foi transferido para o 12o. DP, onde ficam detidas as pessoas com curso superior.
A conduta do terapeuta especializado em adolescentes chocou os profissionais que ontem assistiram a algumas das 30 fitas de vídeo apreendidas pela polícia. Diante das imagens, o presidente de Pediatria de São Paulo, Fábio Ancona Lopes, não conseguia acreditar no que via. Boca aberta, olhar petrificado, Ancona volta e meia desviava os olhos da tela, como que para se recuperar. “Ele sedava o menor e, a partir daí, passava a se comportar de uma forma abominável”, revelou. “Ele é um pedófilo que realiza o ato criminoso com meninos jovens”, contou Ancona.
Acompanhados por integrantes do Ministério Público Federal, policiais vasculharam o consultório e o apartamento de Erick. Descobriram que as cenas de abuso foram gravadas em uma das quatro salas do consultório, a mais afastada da recepção, onde foram apreendidos frascos de sedativo injetável vazios. O sonífero encontrado age de forma imediata: o paciente dorme rapidamente e não se lembra de nada ao acordar. O médico dirigia o Instituto São Paulo de adolescência e cobrava R$ 300,00 por consulta.
No apartamento do pediatra, malas prontas indicavam uma possível fuga. A polícia apreendeu disquetes e o computador do médico, suspeito de participar de uma rede internacional de pedófilos. A secretária Cláudia Soares, funcionária de Erick há 15 anos, depôs e disse nunca ter desconfiado da conduta ilegal do pediatra.O Conselho Regional de Medicina do Estado abriu uma sindicância e se reúne extraordinariamente hoje para analisar o caso. Uma junta médica fará exame de sanidade mental no acusado. 
BRASÍLIA – O médico Euller Erick não será julgado por pedofilia. O crime não está especificado no Código Penal, que é de 1940. O projeto do novo código, que tramita no Congresso, prevê o delito e estipula pena de oito a doze anos de reclusão.
A juíza Márcia Lucy explica, porém, que isso não significa impunidade para a prática de sexo com criança. Relações sexuais com menores de 14 anos, mesmo consentidas, são consideradas estupro. O entendimento é que os menores não têm maturidade para consentir a relação sexual. Pelo mesmo motivo, ainda que sem conjunção carnal, carícias trocadas com menores de 14 anos são caracterizadas como atentado violento ao pudor. “Presume-se a violência se a vítima: a) não é maior de 14 anos”, diz o artigo 224 do Código Penal.
O mesmo artigo, na alínea c, diz que também é presumida a violência se a vítima “não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência”. Por isso, Erick poderá ser acusado de atentado violento ao pudor (artigo 214): “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal.” O médico sedava as vítimas antes de praticar atos libidinosos, o que impossibilitava a resistência. A pena prevista é reclusão de seis a dez anos.
No Estatuto da criança e do Adolescente (ECA), dos dezessete “crimes em espécie” previstos, só dois têm relação com o sexo. O artigo 240 (ECA), prevê reclusão de um a quatro anos para quem utilizar crianças e adolescentes em peças, novelas ou filmes “em cena de sexo explícito ou pornográfica”. O 241(ECA), estipula a mesma pena para quem “fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”.
Observação: se entender adequado, procure na legislação e na doutrina outras informações, além daquelas presentes no texto, que ajudem a fundamentar sua tese.
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AULA 12
ASSUNTO ABORDADO: produção do texto jurídico argumentativo: fundamentação e conclusão.
OBJETIVOS DA AULA: Redigir a fundamentação e a conclusão de um texto jurídico. Desenvolver a habilidade persuasiva, mediante utilização das fontes do direito e em consonância com a teoria da argumentação jurídica.
Para responder aos exercícios desta aula, sugerimos a leitura do capítulo 6 de CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org); TAVARES Jr., Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
“Fundamentar é prestar contas daquilo que se diz. Toda fundamentação está, nesse sentido, a serviço do mútuo entendimento, o que não exclui a possibilidade de conflito. Discutir racionalmente significa entender-se mutuamente (...). Assim, numa discussão-com, o orador fundamenta sua ação lingüística para produzir no ouvinte um sentimento de convicção em termos de conquistar sua adesão a uma asserção verdadeira (...). Uma fundamentação convincente produz consenso porque é capaz de verdade,isto é, a verdade é aí condição de consenso”.
Tércio Sampaio Ferraz Jr.,
Questão
Após o embasamento teórico e a prática até aqui desenvolvidos, retome os elementos constitutivos da argumentação jurídica (situação de conflito, tese, contextualização do real e hipóteses) e produza uma fundamentação e uma conclusão.
Leia o caso a ser discutido.
MULHER QUE ABANDONOU FILHOS SE ARREPENDE
Nos últimos dois dias, a dona de casa Regina Gomes, 40 anos, passou por experiências que ficarão marcadas para o resto de sua vida: a decisão cruel de abandonar os dois filhos – o menino T.L.S., de 7 anos, e a menina M.L.S., de 5 anos – anteontem, nas proximidades da Central do Brasil, e a emoção de reencontrá-los ontem no Centro Municipal de Assistência à Infância Ayrton Senna (Comasi), em Vila Isabel. A dor estampada nos olhos revelava o arrependimento de seu ato. “Fiz isso para chamar a atenção do meu marido, que deixou meus filhos com fome e não dá notícias há dois meses. Mas estou muito arrependida. Não pensei nas conseqüências para as crianças.”
A juíza da 1a. Vara da Infância e da Juventude, ficou surpresa com o caso de Regina. “Ela tem casa, seus filhos eram bem tratados e não possuem o perfil de crianças de rua. Vamos avaliar essa situação com cuidado, mas de antemão ela demonstrou com essa atitude que não reúne condições psicológicas para ficar com as crianças no momento”. Regina, que já trabalhou como acompanhante de idosos, vai participar de um programa de atendimento psicológico destinado aos pais, que será iniciado em breve, no auditório do Juizado da Infância e da Juventude. As crianças serão mantidas no Comasi, até que apareça algum parente capaz de assumir a responsabilidade dos menores.
O pai das crianças, o músico José Carlos Gomes, 42 anos, ainda não foi encontrado. A juíza enviou ofício para a central de Inquérito do Ministério Público, cujo teor pode acarretar responsabilidades penais para os pais por negligência e incapacidade de exercer o poder familiar. Regina, que tem mais três irmãos – um deles mora em uma casa espaçosa, que pode abrigar seus filhos – poderá contar com um advogado da Defensoria Pública a partir de segunda-feira. “Estava envergonhada de ficar pedindo ajuda aos meus irmãos. Mas acho que não existe vergonha maior do que esta que estou passando”, contou.
Seu irmão Manoel, 36 anos, que ganha R$ 120 por semana trabalhando como vigia em uma loja em Campo Grande (Zona Oeste), prometeu não desamparar as crianças. “Minha irmã cometeu um ato de desespero, mas não quero condená-la. Acordar de manhã e não ter um pão para oferecer aos filhos é muito duro. Só não concordo com o abandono dos filhos desta maneira. Segundo Manoel, José não demonstrava ser um bom pai. “Ele nunca deu uma boa assistência para os filhos. E agora desaparece desse jeito”. Manoel esteve ao lado da irmã durante todo o tempo, tentando confortá-la.
Regina precisou mesmo de amparo quando viu os filhos brincando pelos corredores do abrigo, depois de ter recebido autorização judicial para visitá-los em Vila Isabel. Um pouco mais controlado, T. limitou-se a abraçar a mãe e tio, indiferente. Regina admite que nada justifica sua atitude de abandonar os filhos num local onde há focos predominantes de violência, mas afirma que chegou a uma situação limite. “Estava desempregada. Meu marido desapareceu. Foi o desespero. Mas nunca mais abandono meus filhos.” Ela será beneficiada pelo programa de bolsa família da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e poderá visitar os filhos sempre às quartas-feiras e domingo, das 10h às 18h. 
Se considerar conveniente, utilize os recortes abaixo, extraídos do Código Penal Brasileiro.
Abandono de incapaz
Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 1° - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2° - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Aumento de pena
§ 3° - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
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AULA 13
ASSUNTO ABORDADO: Revisão e fixação de conteúdo.
OBJETIVO DA AULA: Retomar as principais questões desenvolvidas ao longo do semestre.
Vimos, ao longo do semestre, as características do texto jurídico-argumentativo e suas condições de produção. Refletimos, ainda, sobre as principais estratégias argumentativas e conhecemos os tipos de argumento disponíveis ao profissional do direito.
Adiante, você encontrará um texto, disponível no site do Superior Tribunal de Justiça, que trata da dificuldade de identificar com exatidão os conceitos de caso fortuito e de força maior.
Esses dois exemplos materializam a subjetividade do processo de persuasão e a importância da argumentação nessa tarefa.
Questão
Leia o material e reflita, em um texto de até 20 linhas, com base em todo o repertório acumulado ao longo deste curso, qual a importância da argumentação para a atividade jurídica.
Texto�
ST J - O Tribunal da Cidadania
O STJ e os processos envolvendo casos fortuitos ou de força maior
Um buraco no meio da via pública, um assalto à mão armada dentro de um banco e um urubu sugado pela turbina de avião que atrasou o vôo de centenas de pessoas. Todas essas situações geram pedidos de indenização, muitos dos quais chegam ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que foram julgados com base num tema muito comum no Direito: o caso fortuito ou de força maior.
O Código Civil brasileiro diz que o caso fortuito ou de força maior existe quando uma determinada ação gera conseqüências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir: CASO FORTUITO + FORÇA MAIOR = FATO/OCORRÊNCIA IMPREVISÍVEL OU DIFÍCIL DE PREVER QUE GERA um ou mais EFEITOS/CONSEQÜÊNCIAS INEVITÁVEIS. Portanto pedidos de indenização devido a acidentes ou fatalidades causadas por forças da natureza podem ser enquadrados na tese de caso fortuito ou de força maior.
Vamos imaginar que um motorista está dirigindo em condições normais de segurança. De repente, um raio atinge o automóvel no meio da rodovia e ele bate em outro carro. O raio é um fato natural. Se o condutor provar que a batida aconteceu devido ao raio, que é um acontecimento imprevisível e inevitável, ele não pode ser punido judicialmente. Ou seja: ele não vai ser obrigado a pagar indenização ao outro envolvido no acidente.
Ao demonstrar que a causa do acidente não está relacionada com o veículo, como problemas de manutenção, por exemplo, fica caracterizada a existência de caso fortuito ou força maior.
Mas nem todas as ações julgadas no STJ são simples de analisar assim. A maior parte das disputas judiciais sobre indenização envolve situações bem mais complicadas. Como o processo de uma menina do Rio de Janeiro A garota se acidentou com um bambo lê no pátio da escola e perdeu a visão do olho direito.
A instituição de ensino deveria ser responsabilizada pelo acidente? Os pais da menina diziam que sim e exigiram indenização por danos morais e materiais. Por sua vez, o colégio afirmava que não podia ser responsabilizado porque tudo não passou de uma fatalidade. O fato de o bambolê se partir e atingir o olho da menina não podia ser previsto: a chamada tese do caso fortuito. Com essa alegação, a escola esperava ficar livre da obrigação de indenizar a aluna.
Ao analisar o pedido, o STJ entendeu que a escola devia indenizar a família. Afinal, o acidente aconteceu por causa de uma falha na prestação dos serviços prestados pela própria instituição de ensino. Assim como esse, outras centenas de processos envolvendo caso fortuito e indenizações chegam ao STJ todos os dias.
Assalto à mão armada no interior de ônibus, trens, metrôs? Para o STJ é caso fortuito. A jurisprudência do Tribunal afirma que a empresa detransporte não deve ser punida por um fato inesperado e inevitável que não faz parte da atividade fim do serviço de condução de passageiros.
Entretanto em situações de assalto à mão armada dentro de agências bancárias, o STJ entende que o banco deve ser responsabilizado, já que zelar pela segurança dos clientes é inerente à atividade fim de uma instituição financeira.
E o buraco causado pela chuva numa via pública que acabou matando uma criança? Caso fortuito? Não. O STJ decidiu que houve omissão do Poder Público, uma vez que o município não tomou as medidas de segurança necessárias para isolar a área afetada ou mesmo para consertar a erosão fluvial a tempo de evitar a tragédia.
E onde entra o urubu nessa matéria? Numa ação de indenização por atraso de vôo contra uma companhia aérea. A empresa alegou caso fortuito porque um urubu foi tragado pela turbina do avião durante o vôo. Mas o STJ considerou que acidentes entre aeronaves e urubus já se tornaram fatos corriqueiros no Brasil, derrubando a tese do fato imprevisível. Resultado: a companhia aérea foi obrigada a indenizar o passageiro.
Moral da história: Imprevistos acontecem, mas saber se o caso fortuito ou de força maior está na raiz de um acidente é uma questão para ser analisada processo a processo, diante das circunstâncias em que o incidente ocorreu.
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 AULA 14
ASSUNTO ABORDADO: Revisão e fixação de conteúdo.
OBJETIVO DA AULA: Retomar as principais questões desenvolvidas ao longo do semestre e estabelecer uma relação com o ASSUNTO ABORDADO no semestre anterior.
No segundo período, você estudou, na semana 6 do caderno de exercícios de Interpretação e produção de textos aplicadas ao texto jurídico, o uso da modalização no texto jurídico.
A modalização é conteúdo de grande relevância para a produção do texto jurídico-argumentativo. Sugerimos revisitar esse conteúdo.
Questão
Tendo em vista que os modalizadores são marcas disparadoras do raciocínio jurídico e que, como tal, constituem importante instrumento na produção do texto argumentativo, comente, em até 15 linhas, a contribuição dos modalizadores para a produção do texto.
TEXTO�
Letícia dos Santos Pinho, estudante de administração de empresas, 23 anos, moveu uma ação de indenização por danos morais e materiais em face da empresa LKM Contraceptivos, fabricante de uma marca de DIU (Dispositivo Intra-Uterino). Letícia ficou grávida em fevereiro de 2006, após utilizar o produto defeituoso fabricado pela empresa ré. Esse fato obrigou a autora a trancar matrícula no meio do sexto período de seu curso universitário para a realização do parto e posterior período de resguardo. O bebê nasceu em 11 de novembro de 2006.
Certamente, a falta de anseio por um filho naquele momento evidenciou-se pela própria atitude da autora em procurar um método contraceptivo para evitar a gravidez. Tal decisão denota uma conduta consciente, cuidadosa e responsável por parte da autora. A negligência da empresa-ré, ao fabricar um produto defeituoso, resultou em transtornos para a vida acadêmica, afetiva e social da requerente, que pleiteia, além de indenização, pensão alimentícia mensal para a criança até que esta atinja a maioridade.
A autora recusou a solução, aparentemente mais fácil, de praticar um aborto, por ser contrária às suas convicções íntimas e criminosa em face da legislação brasileira. O dano de difícil reparação está ligado ao próprio nascimento da criança. Isso só faz aumentar a necessidade de pensão fixada, para que fique garantida uma boa qualidade de vida à criança, além do pagamento dos gastos com o parto.
Embora a empresa-ré argumente que não haja provas de que o DIU fora de fato usado, nem mesmo que haja nexo causal entre a utilização o produto e a gravidez, foi comprovada a existência de provas da aplicação do DIU na paciente em setembro de 2005, fornecidas por depoimento do médico da paciente e por relatório de médico perito. Além disso, um exame de ultra-sonografia da autora realizado na Clínica Ecomedical, em maio de 2006, comprovou a gravidez de 13 semanas.
Ainda depõe contra a credibilidade da empresa a publicação, em 14 de março de 2006, do edital de n° 32 da Consultoria Técnica e Vigilância Sanitária (COVISA), informando sobre a interdição cautelar de todos os lotes do produto usado, por causa da presença de reações adversas, como gravidez indesejada. Basta haver indícios da existência de nexo causal entre a conduta da empresa-ré de disponibilizar no mercado produto de confiabilidade duvidosa e a gravidez indesejada pela autora, para se exigir a antecipação dos efeitos de tutela.
Em face do exposto, a empresa LKM Contraceptivos deve ser condenada a pagar a Letícia dos Santos Pinho uma indenização por danos morais e materiais no valor de R$ 10.000,00 para ressarcir os gastos com o parto, além de fazer depósitos mensais equivalentes a dois salários mínimos na conta da autora, como garantia de pensão para o sustento da criança até que esta atinja a idade de dezoito anos.
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AULA 15
ASSUNTO ABORDADO: Revisão e fixação de conteúdo.
OBJETIVO DA AULA: Retomar as principais questões desenvolvidas ao longo do semestre.
O Supremo Tribunal Federal, em 2008, enfrentou, com grande repercussão, a possibilidade de utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas. Existe, na Internet, farto material disponível sobre o assunto. A questão é polêmica e, até a decisão final da Corte, muitos argumentos favoráveis e contrários à autorização dessas pesquisas serão apresentados.
Consulte os textos a que tiver acesso sobre o assunto e debata o tema de forma ampla. Para auxiliá-lo, oferecemos uma reportagem sobre a questão.
Questão
A partir do que sugere o texto, elabore uma dissertação argumentativa sobre o seguinte tema:
As decisões da Corte Suprema devem ter como parâmetro valorativo apenas a norma jurídica e os princípios gerais do Direito ou questões outras (comoção social, interesse político, ciência, valores religiosos etc.) devem influenciar a opinião dos Ministros?
Recorra a, pelo menos,quatro tipos de argumento diferentes.
Texto�
STF decide se país deve utilizar células-tronco
O Supremo Tribunal Federal (STF) fará um julgamento histórico: decidirá se o país pode utilizar células-tronco embrionárias (extraídas de embriões congelados há mais de três anos e com a autorização dos pais) em pesquisas científicas. 
O debate em torno da questão vem gerando polêmica desde que o ex-procurador geral da República Cláudio Fonteles questionou a constitucionalidade da Lei de Biossegurança com base no argumento de que se são embriões, têm, portanto, direito à vida.
Seja qual for a decisão tomada pelos ministros do STF, a resposta à constitucionalidade do artigo 5º da Lei de Biossegurança, que permite o uso de células-tronco de embriões em pesquisas, deverá gerar polêmica. 
Na opinião do presidente da Comissão de Bioética do Hospital das Clínicas de São Paulo, Cláudio Cohen, nem o começo e nem o fim da vida têm momentos exatos. Ao contrário, ambos são processos. Ele cita como exemplo a morte, que era determinada pela parada cardiorrespiratória do paciente, depois foi superada pelo conceito de morte cerebral e mais recentemente pelo de morte encefálica. 
Para o bioeticista, a questão deve ser avaliada do ponto de vista da ciência. “A gente não pode parar o progresso da humanidade simplesmente porque há um valor que pode estar sendo questionado pela Igreja...não é que você está matando alguém, se essas células-tronco seriam jogadas fora e se, ao invés disso, forem feitas pesquisas, isso me parece bastante coerente”, afirma. 
Segundo Cohen, falar de células-tronco não é o mesmo que falar de embrião. “Assim como eu posso dizer os gametas, o óvulo e o espermatozóide um dia podem se tornar um embrião e depois ser implantados no útero, é tudo um processo”, diz. 
Na opinião do médico, os ministros deverão votar pela continuidade das pesquisas com células-tronco embrionárias. 
“Já existe uma norma da biossegurança que diz que esses óvulos que já foram

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