Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Prova Didática Concurso Público para Professor Adjunto A Farmacologia de Antimicrobianos Dr. César Arruda Meschiari Macaé – RJ Junho/2018 ROTEIRO DE AULA Definição de antibióticos; Origem dos antibióticos; Classificação dos antibióticos de acordo com a estrutura química; Classificação dos antibióticos de acordo com o espectro de atividade; Classificação dos antibióticos de acordo com o tipo de atividade; Mecanismo de ação dos antibióticos; Toxicidade dos antibióticos; Uso combinado dos antibióticos; Resistência aos antibióticos. Agentes antimicrobianos: fármacos utilizados no tratamento de doenças Infeciosas. Antimicrobianos são divididos em: Antibióticos: fármacos obtidos a partir de microrganismos; Quimioterápicos: compostos químicos sintéticos e semissintéticos. DEFINIÇÕES Histórico dos antimicrobianos Em 1465 o mercúrio foi utilizado no tratamento da sífilis; 1630: os europeus utilizavam a quinina no tratamento da malária; Nobel 1908: Paul Ehrlich - primeiro quimioterápico elaborado em laboratório (Salvarsan, arsênico combinado com compostos orgânicos) utilizado no tratamento da sífilis; 1929: Alexander Fleming em 1929 observou de que culturas e de estafilococos eram inibidas por colônias de Penicillium sp; 1932: Gehard Domagk sintetiza a primeira sulfunamida (Prontosil); 1939: Domagk recebe prêmio Nobel de medicina; 1941: Chain e Florey purificam a penicilina e utilização dos antibióticos durante a Segunda Guerra Mundial; 1945: Fleming, Chain e Florey recebem o Nobel de medicina. 1961: 513 fármacos antimicrobianos Atualmente: 8000 fármacos antimicrobianos Fármacos antimicrobianos Fármacos antimicrobianos FAIR; TOR, 2014; Linha do tempo da introdução dos antibióticos no uso clínico. Bases farmacocinéticas do tratamento antimicrobiano BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Concentração inibitória mínima Concentração que resulta em inibição de ≥ 99% Concentração mínima que deve alcançar o sítio de ação Bases farmacocinéticas do tratamento antimicrobiano Bases farmacocinéticas do tratamento antimicrobiano Penetração dos antimicrobianos nos compartimentos anatômicos Exemplo: Levofloxacino Concentração de pico amostra/plasma: Pele: 1,4 Lavado alveolar: 2,8 Urina: 67 Falência terapêutica: Infecção de pele e tecidos moles: 16% Infecções pulmonares: 3% Infecções urinárias: 0% 1. Estrutura celular bacteriana ESTRUTURA CELULAR BACTERIANA Ribossomos Citoplasma Plasmídeo DNA Membrana celular Parede celular PAREDE BACTERIANA: COLORAÇÃO DE GRAM 50-100 camadas de glicopeptideo de espessura 1 ou 2 camadas de glicopeptideo de espessura Qual é a fundamentação do uso de fármacos antimicrobianos? Explorar as diferenças celulares e moleculares entre o microrganismo e o hospedeiro, a fim de diminuir efeito adversos. Mecanismos de ação das drogas antimicrobianas TORTORA, FUNKE, CASE. Microbiology: An introduction. 10th ed. Adaptado. Mecanismos de resistência a antimicrobianos Inibidores da síntese da parece celular 1. β-lactâmicos Estrutura molecular dos β-lactâmicos Penicilinas Cefalosporinas Carbapenemos Monobactâmicos PAREDE BACTERIANA: transpeptidação BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Mecanismo de ação dos β-lactâmicos Inibição da transpeptidase Ausência das ligações cruzadas Desestabilização da parede celular Fármacos β–lactâmicos são bactericidas! Lise celular durante a replicação Penicilinas Estrutura molecular: A: Anel tiazolina B: Anel β-lactâmico A B BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Fármacos impermeáveis à segunda membrana. A estrutura molecular deve conter grupamentos hidrofílicos para entrar pelos canais de porina Resistencia às β-lactamases BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. (naturais) Inibidores das β-lactamases Possuem atividade antimicrobiana intrínseca fraca; Inibidores irreversíveis da β-lactamase; Alta biodisponibilidade oral; Utilizado em associação com penicilinas. Cefalosporinas Modificações em R1: Resistance a ácidos; Resistente a β-lactamases; Ampliação do espectro de ação; Afinidade do fármaco pelo receptor. Modificações em R2: Aumento no tempo de meia-vida. BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Espectro de ação das cefalosporinas Anaeróbios Monobactâmicos Principal representante: Aztreonam Atividade: Gram negativos; Resistência moderada a β-lactamases Pseudomonas ; enterobacterias Opção terapêutica para pacientes alérgicos à penicilinas. Carbapenemos Caracterizado pelo anel de cinco átomos, que difere das penicilinas por conter ligação insaturada e um carbono no lugar do enxofre; Resistente a atividade da β-lactamase; Ação contra Gram positivo e negativo; Ação contra bactérias aeróbias e anaeróbias; EX: imipeném Uso parenteral; Fármaco é degradado rapidamente pela desidropeptidase no túbulo renal. Utilizado em conjunto com cilastatina, um inibidor dessa enzima Reações alérgicas aos β-lactâmicos Fármaco é alergênico mas não é imunogênico, pois é uma molécula pequena; O fármaco precisa estar ligado a uma proteína do hospedeiro para desencadear uma reação imunológica. Reações adversas aos Β-lactâmicos Glicopeptídeos 2. Vancomicina Estrutura molecular dos glicopeptídeos Glicopeptídeos Estrutura molecular complexa: Açúcares e aminoácidos Tricíclicas: Vancomicina Tetracíclicas: Teicoplanina VANCOMICINA: Mecanismo de ação Inibição das ligações cruzadas por bloqueio do sítio D-alanina-D-alanina da cadeia polipeptídica dos monômeros de glicopeptídeos. VANCOMICINA: Mecanismo de resistência bacteriana Alteração da terminação D-alanina-D-alanina Bacitracina (polipeptídicos) Estrutura molecular Bacitracina 3. Mecanismo de ação da bacitracina Inibe na regeneração do transportador lipídico C55, bloqueando sua desfosforilação; Interfere com transporte dos monômeros de ácido N-acetil-murâmico, impedindo a formação da parede celular; Ação contra gram positivos; Efeito bactericida; Uso tópico ou IM (nefrotoxicidade grave); Associação com aminoglicosídeos (neomicina). Ciclosserina Estrutura molecular Ciclosserina 4. Mecanismo de ação da ciclosserina Análogo da D-alanina; Inibe a alanina racemase: conversão de L-alanina em D-alanina; Inibição D-alanina ligase, interrompendo a incorporação deste aminoácido a síntese da parede bacteriana; Amplo espectro; Efeito bactericida; Uso oral; Reações adversas: cefaleia, sonolência, psicose e suicídio. Polimixinas (polipeptídicos) Estrutura molecular das polimixinas Polimixina B 5. Mecanismo de ação das polimixinas Semelhantes a detergentes câtionicos; Interagem com os fosfolipídios e desorganizam a membrana celular; Ação contra gram negativos; Efeito bactericida; Uso tópico ou parenteral; Crescente interesse devido à resistência a outros antibióticos. Reações adversas das polimixinas Hipersensibilidade tópica é rara; Nefrotóxicos; Nefrotóxicos; Potencialização dos efeitos adversos dos aminoglicosídeos. Resumo dos inibidores da síntese da parede celular RANG et al. 2007. Inibidores da síntese proteica Diferenças entre os ribossomos de procarioto e eucariotos Ribossomo procarioto e antibióticos Síntese proteína bacteriana: Efeitos dos antibióticos na tradução do RNA mensageiro RANG et al. 2007. Síntese proteína bacteriana: Efeitos dos antibióticos na tradução do RNA mensageiro RANG et al. 2007. Aminoglicosídeos 1. Estrutura molecular dos aminoglicosídeos Estreptomicina Aminoglicosídeos Passagem através da membrana interna depende de energia Katzung Local de ação dos β–lactâmicos Inibido por: anaerobiose (energia), Ca2+, Mg+, pH ácido (abcesso) e hiperosmolaridade. Aminoglicosídeo Mecanismo de ação dos aminoglicosídeos Bacteriostáticos Bactericidas BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012.Mecanismo bacteriano de resistência aos aminoglicosídeos Absorção diminuída (anaerobiose, Ca2+, Mg+, pH ácido e hiperosmolaridade); Inativação por enzimas (acetilases, adenilases e fosforilases); Modificação da estrutura do ribossomo 30S; Expressão de proteínas de efluxo. Mecanismo bacteriano de resistência aos aminoglicosídeos BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Reações adversas Ototoxicidade: 0,5 a 25% dos pacientes; Perda de audição, cefaléia, labirintite, perda de equilíbrio, náuseas e vômitos. Nefrotoxicidade: 8 a 26% dos pacientes; Após 7 dias de tratamento. Insuficiência renal aguda; Bloqueio neuromuscular: Inibe a liberação pré-sináptica e a sensibilidade pós-sináptica à acetilcolina. Tratamento: gluconato de cálcio Esquema de ajuste posológico dos aminoglicosídeos na insuficiência renal BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Tetraciclinas Estrutura molecular das tetraciclinas Tetraciclina 2. Mecanismo de ação das tetraciclinas BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Bloqueio da síntese proteína; Liga-se a subnidade 30S; Inibe ligação do RNA transportador ao sítio A; Efeito bacteriostático. (Excessão: Minoxiclina) Excreção: circulação enterro-hepática pela bile, glucoronidação, e excreção renal. Reações adversas Macrolídeos Estrutura molecular das tetraciclinas Eritromicina 3. Mecanismo de ação dos macrolídeos BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Bloqueio da síntese proteína; Liga-se a subnidade 50S; Inibe translocação do RNA transportador do sítio A para o sítio P; efeito bacteriostático. Macrolídeos Eritromicina: Instável em meio ácidos; Insolubilidade; Ssolução: sintetizada na forma de sais orgânicos estolato, estearato, entre outros. Azitromicina e claritromicina: Resistentes à ácides. Macrolídeos Inibidor do CYP3A4 Antagonista do cloranfenicol: sitio de ação próximos na unidade 50S Clindamicina Estrutura molecular Clindamicina 4. Mecanismo de ação da clindamicina BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Semelhante aos macrolídeos; Liga-se a subnidade 50S; Inibe translocação do RNA transportador do sítio A para o sítio P; Efeito bacteriostático. Cloranfenicol (derivados do nitrobenzenos) Estrutura molecular Cloranfenicol 5. Mecanismo de ação do cloranfenicol BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012. Bloqueio da síntese proteína; Liga-se a subnidade 50S; Inibe a reação de transpeptidade; Efeito bacteriostático. Cloranfenicol Pró-fármaco: ativado por lipases ou estearases; Amplo espectro: gram positivos e negativos; Atravessa barreira hemato-encefálica: tratamento de meningites. Inibidores duplicação do DNA ou RNA Quinolonas Estrutura molecular das quinolonas Ciprofloxacina 1. Semelhança com as bases nitrogenadas puricas Mecanismo de ação das quinolonas Inibição da helicase (DNA girase/topoisimerase II); Quebra da fita de DNA bacteriano; Mecanismo de ação das quinolonas Em altas concentrações: inibição da topoisimerase IV; Inibição da separação das duas fitas de DNA. Inibidor de CYP1A2, CYP3A4 Rifamicinas Estrutura molecular das rifamicinas Rifampicina 2. Mecanismo de ação das rifamicinas Ligação estável com a subunidade β da RNA polimerase bacteriana; Inibe a síntese de RNA; Uso oral e IV; Tratamento da tuberculose; Meia-vida de 3,5 h; Depuração hepática; Indutor de CYP1C2, CYP2C9 e CYP2C19; Efeitos adversos: líquidos orgânicos avermelhados, exantemas, nefrite, trombocitopenia e colestase. Inibidores da síntese de metabolitos essências Sulfonamidas e trimetoprima Estrutura molecular das sulfonamidas Sulfanilamida 1. Mecanismo de ação das sulfonamidas Inibidor competitivo da diidropteroato-sintase; Inibe a síntese de ácido fólico; Resulta na inibição da síntese purinas, timidina e aminoácidos; Efeito bacteriostático. Diminuir dose = diminuir efeito adverso Teratogênicas: Classe C Destruição de hemácias = Kernicterus = toxicidade para o sistema nervoso do feto glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) Aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio EROs Richard J. Fair1 and Yitzhak Tor Antibiotics and Bacterial Resistance in the 21st Century. Perspectives in Medicinal Chemistry. Perspectives in Medicinal Chemistry. 2014. BRUNTON, L.L; CHABNER, B.A..; KNOLLMANN, B.C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman. 12º ed . New York: Mc Gragw Hill, 2012. ISBN 0071624422. RANG et al. Farmacologia – Rang & Dale. 7º ed. 2007. London:Elsevier Inc, 2007. ‘’
Compartilhar