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ATUAÇÃO DO PERITO CONTADOR PERANTE A POLICIA FEDERAL

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ATUAÇÃO DO PERITO CONTADOR PERANTE UM INQUERITO DA POLÍCIA FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO DA LAVA JATO[1: Trabalho de conclusão do curso de pós-graduação Lato sensu em Educação a Distância pelo Convênio UCDB/Portal Educação]
Luan Pedro Moura Ramos[2: Licenciado em 2015 pela Escola Superior Madre Celeste – ESMAC graduado em Ciências Contábeis, E-mail luanmoura87@gmail.com]
Neusa Oviedo Ramirez[3: Professora Mestre da Universidade Católica Dom Bosco. Orientadora de Trabalho de Conclusão do Curso de pós-graduação Lato sensu da UCDB/Portal Educação. E-mail:]
RESUMO
O objetivo deste trabalho demonstrar o papel das obrigações acessórias e declarações exigidas pela Receita Federal do Brasil, como fator de transparência e identificação de enriquecimento ilícito particularmente, um case da Lava Jato. E como os objetivos específicos, analisar o laudo pericial, no que for pertinente a perícia Contábil, identificar os crimes contra o sistema financeiro e a lavagem de dinheiro. Especificamente foram registrados a revisão da literatura referente aos conceitos e às normas profissionais e técnicas que regulam a atividade do perito contador, apresentação a legislação penal pertinente a Perícia Contábil contra crimes financeiros, demonstrar as formas de atuação do perito-contador, dentro da Polícia Federal, em um estudo de caso e analise as formas de atuação identificando o papel do perito contador nos inquéritos policiais. Nesse sentido o perito contábil fez a análise segundo as perguntas do Delegado da Polícia Federal e concluiu que, o período e nos documentos analisados, não foi identificada a existência de evolução patrimonial a descoberto do investigado, logo não houve enriquecimento ilícito e que os dados revelam que a movimentação bancaria e fiscal são compatíveis com as rendas declaradas.
PALAVRAS-CHAVES: 1 PERÍCIA. 2 CRIMES FINANCEIROS. 3 POLÍCIA FEDERAL.
INTRODUÇÃO: 
O objetivo deste trabalho é demonstrar o papel das obrigações acessórias e declarações exigidas pela Receita Federal do Brasil, como fator de transparência e identificação de enriquecimento ilícito particularmente, um case da Lava Jato. E como os objetivos específicos, analisar o laudo pericial, no que for pertinente a perícia Contábil, identificar os crimes contra o sistema financeiro e a lavagem de dinheiro
Especificamente foram registrados a revisão da literatura referente aos conceitos e às normas profissionais e técnicas que regulam a atividade do perito contador, apresentação a legislação penal pertinente a Perícia Contábil contra crimes financeiros, demonstrar as formas de atuação do perito-contador, dentro da Polícia Federal, em um estudo de caso e analise as formas de atuação identificando o papel do perito contador nos inquéritos policiais.
A escolha do tema Perícia Contábil Criminal para este Trabalho de Conclusão de curso justifica-se pelo interesse em conhecer com detalhes como é realizada a perícia em um inquérito policial realizada pela Polícia Federal. Pois, é cada vez maior o número de crimes praticados contra o sistema financeiro. Crimes estes que envolvem lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outros. O grau de dificuldade para investigá-los está aumentando consideradamente, pois os criminosos estão sempre inovando.
Para construção deste trabalho de pesquisa, serão utilizados a pesquisa descritiva e bibliográfica.
Os conceitos utilizados nesta pesquisa foram Perícia Contábil, Laudo Pericial, Código Penal Brasileiro, Lei de Crimes Financeiros, Polícia Federal, que são os principais instrumentos para que um perito possa desenvolver, com excelência, seu trabalho dentro da Polícia Federal. 
PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia (do latim peritĭa) é a habilidade, sabedoria e experiência em um assunto particular. Perícia pode ser um estudo desenvolvido por um especialista em um assunto confiado por um juiz, um tribunal ou outra autoridade, incluindo a apresentação de um relatório (o relatório do perito ou perito). 
Segundo a NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015, no item 2, “a perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente”.
Segundo Magalhães (2006, p. 12/13) “entende-se por perícia o trabalho de notória especialização feito com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma autoridade formal no julgamento de um fato, ou desfazer conflito em interesse de pessoas”. A Perícia Contábil Judicial pode ser solicitada para efeito de prova ou opinião que exija conhecimento dessa área profissional, com o objetivo de auxiliar o Juiz de direito no julgamento de uma lide. “Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito...” (CPC 2015, art. 156). 
Fonseca (apud, ZANNA 2007, p.21) ensina que: A Perícia contábil é uma área de especialização da Contabilidade que vem despontando como amplo e promissor campo de atuação do contador. [...] É um importante ramo da contabilidade, e, para sua realização, faz-se necessário profissional especializado, que esclarece questão sobre patrimônio das pessoas físicas e jurídicas.
Como toda área que exigi conhecimento técnico e científico para sua utilização, não seria diferente com perícia contábil. O profissional da área que pretende exerce essa respeitosa área da contabilidade deve está sempre estudando, se atualizando, buscando o mais aprofundado conhecimento da matéria que se tem o fim de se periciar.
2 TIPOS DE PERÍCIA
 
A Perícia Contábil cada vez mais está sendo requisitado para auxiliar na solução de crimes financeiros, porquanto o número de inquéritos na Polícia Federal cresce constantemente. Conforme o CPC, a perícia tem força de prova, embasa em outros elementos que provam, como a escrita contábil, os documentos, entre outros, a perícia é específica. São de grande importância, bem como decisivas, muitas vezes, nos Julgamentos. Em qualquer situação que envolver fatos patrimoniais de pessoas, empresas, instituições onde esteja a dúvida, aparece a perícia como auxiliar. Logo, é um universo muito amplo a atuação do Perito Contábil. As perícias podem ser Judiciais, Extrajudiciais e Semijudiciais. No trabalho vamos explorar mais a Perícia Semijudicial porque é onde se encaixa o laudo pericial da Operação Lava-Jato da Polícia Federal. 
2.1 Perícia Semijudicial
 É a perícia realizada no meio estatal, por autoridades policiais, parlamentares ou administrativas, bem com o procurador do trabalho, que têm poder jurisdicional, por estarem sujeitas a regras legais e regimentais, e é semelhante à Perícia Judicial. 
A perícia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato institucional do estado porém fora do poder judiciário, tendo como finalidade principal ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuário. Esta espécie de perícia subdividi-se segundo o aparato estatal atuante, em policial (nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquérito ou especiais) e administrativo tributário (nas esferas da administração pública tributaria ou conselhos de contribuintes) classificamo-las em semijudiciais porque as autoridades policiais, parlamentares ou administrativas tem algum poder jurisdicional, ainda que relativo e não com a expressão e extensão do poder jurisdicional classicamente enquadrável como pertencente ao poder judiciário e ainda por estarem sujeitas a regras legais e regimentares que se assemelham as judiciais. (RIOS GONÇALVES, 2007, p. 459).
	Deve-se observar que a perícia polícia faz parte do inquérito de investigação, logo, ele é solicitado pelo Ministério Público ou pelo delegado de polícia, seja a nível federal ou estadual, seja como for, é um procedimento administrativo que compete aos poderes constituídos para elucidação ou investigaçãopeculiar de um problema particular.
RIOS GONÇALVES assim trata da prova pericial:
A prova pericial semijudicial, que pode recair sobre pessoas ou coisas, faz-se necessária quando se tornar relevante a obtenção de informações sobre fatos controversos que dependem de conhecimento técnico. É uma prova passiva e real, porque recai sobre coisas ou pessoas que, por si só, não comunicariam ao juízo daquelas informações relevantes para o julgamento do processo.
O perito é aquele que detém os conhecimentos técnicos para fornecer as informações necessárias sobre os assuntos de sua especialidade. O novo CPC, art. 156, § 1º, estabelece que eles devem ser escolhidos entre profissionais com tal habilitação, ou ainda quando o juiz perceber que, para um caso específico, o conhecimento técnico que se necessita não é daqueles que dependem de curso universitário.
A prova pericial só se justifica quando as questões de fato duvidosas exigirem uma análise feita por pessoa que tenha conhecimentos específicos e técnicos que ultrapassem o conhecimento que se espera das pessoas comuns.
O novo CPC, art. 156, qualifica o perito como aquela pessoa que assistirá o juiz sempre que a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. Aquele que for do conhecimento comum, ou que decorra das máximas de experiência, não justifica a determinação de perícia.
Por isso, o novo CPC art. 464, enumera as hipóteses em que o juiz a indeferirá. São elas: a) quando a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; b) for desnecessária em vista de outras provas produzidas; c) quando a verificação for impraticável (2017, p. 458-459).
Continua o referido doutrinador a respeito da necessidade da produção de prova pericial:
A perícia semijudicial faz-se necessária quando a matéria sub judice exigir conhecimento técnico, mesmo que o juiz da causa tenha tais conhecimentos. Há casos de juízes que têm outras qualificações, por terem se formado em cursos de medicina, engenharia ou outros antes de enveredar para o direito. Mesmo assim, a perícia faz-se necessária, porque o magistrado não pode julgar com base em ciência própria, mas com fundamento naquilo que consta dos autos. Não justificam a realização de perícia aqueles conhecimento técnicos que estão ao alcance de todos e não dependem de um aprofundamento que exija intervenção de especialistas. Há certas noções de matemática, biologia, química e física que são de domínio comum e prescindem da nomeação de perito (2007, p. 459).
O juiz indeferirá a perícia semijudicial quando ela for desnecessária, porque, de todos os méis de prova, ela é a mais onerosa para as partes e possivelmente a de produção mais demorada. Por isso, se os fatos puderem ser provados de outro meio, o juiz deve preferi-los (RIOS GONÇALVES, 2007, p. 459).
Assim, se as partes solicitarem qualquer esclarecimento técnico, e o juiz entender necessário (poderá também determinar de ofício), nomeará uma pessoa de sua confiança que detenha os conhecimentos técnicos ou científicos em determinada área do conhecimento humano e pertinente ao objeto litigioso e determinará o seu comparecimento em juízo a fim de prestar os esclarecimentos possíveis e necessários a respeito dos fatos (MEDEIROS, 2015, p. 269).
Assinala MEDEIROS sobre a perícia semijudicial:
Se desejar, o perito poderá levar em carga o processo para realizar um melhor estudo, sempre em data anterior à audiência e de maneira tal que não retarde em nenhuma hipótese a tramitação do feito. Em audiência, o juiz e as partes farão as perguntas que acharem pertinentes ao esclarecimento da matéria fatual.
Os litigantes poderão optar pela designação de assistentes (é mera faculdade), os quais elaborarão unilateralmente os seus estudos para posterior juntada ao processo dos respectivos documentos. Mas não há qualquer relação de dependência entre a indicação de perito para prestar esclarecimentos em audiência e a produção de provas unilaterais. Pelo contrário, se as partes desejarem, inclusive no momento da propositura da ação, já poderão perfeitamente instruir o processo com o referido documento, o qual será analisado oportunamente pelo julgador, em conjunto com todo o elenco probatório. Se for o caso, será inclusive cortejado com as informações do perito, em audiência. (2015, p. 269-270).
RIOS GONÇALVES destaca que a prova pericial semijudicial “também ser excluída quando a verificação for impraticável. Há duas razões para que tal ocorra: a) a impossibilidade de o perito ter acesso à coisa ou à pessoa, em razão de perecimento, falecimento ou desaparecimento. No caso da pessoa, há ainda a possibilidade de ela recusar submeter-se ao exame, não podendo o juiz obrigá-la (2017, p. 459).
Ademais, o “CPC, art. 371, consagrou o princípio da persuasão racional ou livre convencimento motivado. Isso permite ao juiz analisar livremente a prova, dando a cada uma o valor que lhe parecer apropriado. Compete-lhe valorizar as provas e a sua capacidade de formar-lhe o convencimento.” (RIOS GONÇALVES, 2016, p. 441).
	
3.Laudo Pericial Contábil
O laudo pericial é a manifestação final apresentado pelo perito, onde, deverão constar as conclusões da perícia que darão subsídios para que o delegado da polícia federal possa concluir os inquéritos com a devida fundamentação. O laudo pericial contábil, segundo a definição dada pela NBC-TP 1 “é um documento escrito, no qual o perito-contador deve registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho”. A NBC-TP 1 ainda esclarece que “Nele serão registrados de forma circunstanciada, clara e objetiva, sequencial e lógica, o objeto da perícia, os estudos e observações realizadas, as diligências executadas para a busca de elementos de prova necessários, a metodologia e critérios adotados, os resultados devidamente fundamentados e as suas conclusões. O laudo pericial deve ser feito com clareza e precisão de suas informações, de preferência deve ser embasado em documentos que comprovem as informações nele contidas, para que assim, possa servir à instrução processual e produzir seus efeitos legais.
Sá (2007, p. 42), define laudo como sendo o “julgamento ou pronunciamento, baseado nos conhecimentos que tem o profissional da contabilidade, em face de eventos ou fatos que são submetidos a sua apreciação”. 
Conforme o artigo 473 do novo CPC: O laudo pericial deverá conter: 
I – a exposição do objeto da perícia; 
II – a análise técnica ou científica realizada pelo perito; 
III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; 
IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. 
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. 
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
Hoog (2004, p. 102) explica que o laudo pericial contábil tem sua característica morfologia e resenha contábil científica normatizada, que é a demonstração da verdade em que se funda o pedido ou a contestação de um direito. O laudo pericial contábil deverá ser uma peça técnica, escrita de forma objetiva, clara, precisa, concisa e completa, se faz necessário à metodologia contábil apropriada ao laudo pericial contábil,e de forma fundamental à categoria contábil. O laudo pericial contábil deve conter, no mínimo, os seguintes itens: a) identificação do processo e das partes; b) síntese do objeto da perícia; c) metodologia adotada para os trabalhos periciais; d) identificação das diligências realizadas; e) transcrição dos quesitos; f) respostas aos quesitos; g) conclusão; h) identificação do perito-contador nos termos do item 13.5.3 desta norma; i) outras informações, a critério do perito-contador, entendidas como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o laudo pericial. (item 19 da Res. 978/03).
Logo após a finalização de todos os processos necessários à realização da perícia e análise dos documentos apresentados, o profissional basear-se neles para confecção do laudo pericial, que auxiliará o delegado em sua decisão, servindo de prova técnica para tal fim. Cabe ao perito demostrar todas as fontes de informações e pesquisas utilizadas na elaboração do laudo, indicando os livros, os documentos, os trabalhos de pesquisas, bem como as técnicas adotadas, em resumo, deverá elencar tudo que é de interesse da perícia, para que não haja dúvidas em relação a sua confiabilidade. 
4. Quesitos e Respostas
O perito contador deve observar as perguntas efetuadas pelas partes, no momento próprio dos esclarecimentos, pois tal ato se limita às respostas a quesitos integrantes do laudo pericial, às explicações sobre o conteúdo da lide ou sobre a conclusão do laudo pericial contábil, dispõe a NBC TP 1.
Quesitos, segundo Hoog (2004, p.88), podem ser definidos da seguinte forma: “São entendidos como sendo as perguntas que se fazem ao perito-contador, para se obter uma prova cabal sobre pontos controvertidos; naturalmente todo quesito implica uma resposta”. 
Hoog afirma ainda: “as respostas dos quesitos devem ser de forma escrupulosa, clara, ter precisão, e manter-se nos limites da pergunta ou do ponto controvertido determinado pelo condutor judicial. Este entendimento primário torna o laudo imparcial, confiável, respeitado e valorizado a independência de juízo acadêmico e faz diferença competitiva na prestação de serviço aos tribunais, por ser este o espírito da equidade técnica profissional. As respostas aos quesitos, como a conclusão de um laudo, parecer técnico ou relatório de ciência, deverão ser sempre lastreadas em robusta força de eficácia; são a alma do laudo, portanto esta será mais robusta e rica se for devidamente fundamentada.
A elaboração dos quesitos é de responsabilidade de quem precisa do conhecimento na área específica. O juiz, as partes ou delegado de polícia, por exemplo, quando se deparam com uma situação em que exigir-se o conhecimento específico de algum tema que não faça parte de seus conhecimentos solicitam a ajuda de uma especialista, os peritos. Com o perito-contador não seria diferente, o delegado da Polícia Federal ao se deparar em uma investigação de crimes financeiros encaminha ao setor de perícias solicitando ao perito-contador que esclareça, respondendo os QUESITOS elaborados pelo Delegado, questões que envolvam o pré-requisito de conhecimento em contabilidade.
5 - DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
A lei 7.492, de 16 de junho de 1986, dispõe em seu artigo 11 “Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
No que tange ao crime de Lavagem de Dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores coube à Lei 9.613/1998 dispor. Vale salientar que houve significativa mudança no ano de 2012, em consequência da Lei 12.683/2012 que alterou de crimes para infrações penais os atos que eram considerados antecedentes para ocorrência do fato típico do tipo penal descrito na lei. Em seu artigo 1º a lei descreve o que se tipifica como crime: “ Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)”. O parágrafo 1º do mesmo artigo amplia a abrangência do tipo penal: “Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal.
I - os converte em ativos lícitos;
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
Ademais, o parágrafo 4º dispõe que a pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. 
 O crime de em questão só admite a forma dolosa, bem como se consuma com a prática da primeira fase do crime. O STF entende que a mera ocultação do objeto do ato delituoso não é caracterização de lavagem de dinheiro. Exigindo a tentativa de colocar o dinheiro sujo na economia formal, tornando-o, portanto, limpo para a sociedade, órgãos fiscalizadores e demais. 
6- POLÍCIA FEDERAL E A INVESTIGAÇÃO (INQUERITO POLICIAL)
Depois da explanação acerca da perícia contábil de modo genérico, passa-se a direcionar este trabalho de pesquisa um caráter mais voltado a um tipo específico de perícia, a perícia contábil em matéria criminal.
Fazer-se uma breve fundamentação dos aspectos ligados à Polícia Federal, a perícia criminal, assuntos os quais o perito contador precisa conhecer e dominar para assim desenvolver o trabalho pericial perante o Departamento da Polícia Federal.
A Constituição da República de 1988 em seus parágrafos do artigo 144 dispõe acerca da competência da Polícia Federal, bem como da Perícia Criminal Federal: 
Parágrafo 1º: A polícia federal, na forma da lei, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
IV - exercer, com exclusividade, funções policiais investigativas sobre infrações penais jurisdicionadas ao julgamento do competente poder judiciário da União. 
Parágrafo 2º: A polícia federal científica, dirigida por perito policial federal de carreira, incumbe as atividades de medicina legal envolvendo a coleta de dados, exames periciais e emissão de laudos para fins de apuração de infrações cíveis e penais de interesse e competência da União.
O Perito Judicial, nomeado pela Autoridade competente, elabora o documento denominado Laudo Pericial, que dá sustentação as decisões ou investigações, quando da instrumentalização jurídica do fato, fortalecendo concepções quando vier a tomar as decisões concernente.
O delegado da Polícia Federal, dentro das suas esferas de atribuições poderá achar que o Laudo precisa ser mais abrangente ou consistente, sendo que para tal fim deverá encaminha para o setor de perícia do Órgão, refazê-lo, trazendo maiores informações, através de exames e outros meios técnicos e científicos para uma melhor fundação.
No Brasil, infelizmente, verifica-se que o trabalho do perito, muitas vezes não recebe o valor que possui, existindo em algumas áreas do Poder Judiciária a praxe de não observar as Leis que regem o trabalho do perito, mormente, da responsabilidade civil do mesmo, não sendo o referido agente público indiciado, bem como não existe a oficialização ao órgão competente para que o mesmo seja responsabilizado junto ao Órgão ou Conselho responsável pelas suas atividades, tais como: Conselho Regional de Medicina, Psicologia, Contabilidade e outros, mas isso é tema para outro trabalho, o que resta percebere que a perícia começa quando o delegado da Polícia Federal precisa de subsídios para que sua investigação seja realizada a plena poderes e todas as informações que possam estar inseridas no processo de investigação tem que ser levantadas e averiguadas para então encaminhar ao Ministério Público para propositura da ação penal respectiva.
Nas Ordenações Filipinas, não era reconhecido o Inquérito Policial e nem sequer as Polícias Administrativas e Judiciárias, o Código de Processo de 1832 tratava de Inspetores, mas não em atividade policial, foi com a Lei 2.033/71 regulamentada pelo Decreto-lei 4.824/71 que regulamentou o Inquérito policial pela primeira vez (TOURINHO FILHO, 2003, p. 190).[4: As Ordenações filipinas - o mais bem-feito e duradouro código legal português - foram promulgadas em 1603 por Filipe I, rei de Portugal, e ficaram em vigência até 1830. São formadas por cinco livros, sendo o último deles dedicado inteiramente ao direito penal.]
A Polícia Federal é que exerce a polícia de atividade judiciária dentro do devido processo legal, e, portanto, com respeito aos direitos e garantias individuais, colhendo as informações necessárias e verdadeiras, sejam a favor ou não do indiciado. O Inquérito não é para apurar culpa, mas sim a verdade de um fato da vida que tem aparente tipificação penal (RANGEL, 2007, p. 67).
Como procedimento administrativo, sem rito estabelecido, destinado à investigação criminal (FELDENS; SCHMIDT, 2007, p. 13, 28), é realizado de forma escrita ou datilografada, trata-se de matéria de direito processual, e conforme prescreve artigo 22, I, da Constituição Federal, é da União a competência para legislar sobre essa disciplina. É sigiloso o inquérito para que a colheita das informações não seja prejudicada por terceiros ou até mesmo as provas sejam preservadas (TOURINHO FILHO, 2003, p. 202-203)
Entretanto, sobre a parte da legislação em que se encontram os ditames relativos ao inquérito policial, lecionam Feldens, Schmidt (2007, p. 13), estarem determinados do artigo 4º. ao 23 do Código de Processo Penal.
Tourinho Filho (2003, p. 191) dispõe sobre as atividades desenvolvidas pelas Polícias Federais para que seja iniciado o inquérito policial.
[...] dirigidas por Delegados de Polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de investigar as infrações penais e sua respectiva autoria, bem como fornecer às Autoridades Judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos.
Feldens, Schmidt (2007, p. 14) ao analisar a natureza do inquérito policial previsto como um procedimento administrativo salienta que, devido ao caráter instrumental que embasa o inquérito, tendo a finalidade de subsidiar futura ação penal, através da colheita de elementos possíveis identificadores da autoria e da materialidade do fato considerado crime, que nesta fase pré-processual o acusado é mero objeto de investigação, não fazendo, portanto, o inquérito, justiça.
O Estado é o titular do direito de punir, realizado por órgãos próprios, como a atividade primária da Polícia Judiciária, realizando diligências e produzindo inquérito sobre todos os fatos determinantes quanto à autoria e a materialidade, o encaminhará para que o Estado, por meio do órgão do Ministério Público, se manifeste, prosseguindo com a denúncia ou arquivando os autos do Inquérito (TOURINHO FILHO, 2003, p. 191-192).
Na realização do inquérito policial o Código de Processo Penal em seu artigo 4º., dispôs sobre a atribuição para apurar infração penal e sua autoria, destinando à polícia judiciária essa função e alertou no parágrafo único do mesmo artigo para a competência de outras autoridades administrativas realizarem a mesma função que por lei seja cometida (FELDENS; SCHMIDT, 2007, p. 15-16).
É peça meramente informativa, onde o titular da ação penal encontra elementos que sejam suficientes ao oferecimento da queixa ou denúncia, portanto, de acordo com Tourinho Filho (2003, p. 199), desde que estejam presentes todas as informações necessárias, será o Inquérito Policial dispensado.
Inquérito policial poder ser realizado também por outras autoridades administrativas, segundo Feldens, Schmidt (2007, p. 15-16), é a afirmação da possibilidade de dispensa do inquérito policial para o oferecimento de denúncia.
Complementa o mesmo autor anteriormente citado, que a Lei dos Juizados Especiais, número 9.099/95, em seu artigo 77, § 1º., disciplina sobre o oferecimento da denúncia nos crimes de menor potencial ofensivo, com a dispensa do inquérito policial. Compete a autoridade policial, de acordo com Código de Processo Penal e entendimento de Feldens, Schmidt (2007, p. 32-33) a oitiva do ofendido e do indiciado, oitivas que não são obrigatórias, mas necessárias para elucidação do fato. Se ouvido o indiciado deverá ter seus direitos constitucionais preservados, não o contraditório nem a ampla defesa por tratar-se de mero objeto de investigações, mas direito ao silêncio, de não se auto-incriminar, a não admissibilidade de provas ilícitas. Ainda quanto às atribuições da autoridade policial, lhe compete o reconhecimento de pessoas e coisas que eventualmente contribuíram para a prática do fato definido como crime. A busca pessoal em caso de posse de arma proibida ou de papéis que constituam o corpo de delito será realizada pela mesma autoridade sem que seja necessária autorização judicial (FELDENS; SCHMIDT, 2007, p. 34-35).
7 - ATUAÇÃO DO PERITO CONTÁBIL
Trazer para a sociedade esclarecimentos referente a um crime tão antigo e que atinge direta e indiretamente a todos, bem como analisar as alterações positivas da nova Lei do Crime da Lavagem de Dinheiro é um dos motivos para abordar esse tema. 
Lavagem de Dinheiro é um crime que está muito perto de qualquer cidadão, que muitas vezes não o enxerga. As vezes, compra-se um produto de uma loja de fachada que serve somente para lavar o dinheiro. Isso pode estar por todos os lugares. 
De acordo com a Convenção de Viena de 1988 (PORTAL EDUCAÇÃO, 2017) a lavagem de dinheiro é: 
Converter ou transferir propriedade, sabendo que tal propriedade é derivada de crime [...] com o objetivo de dissimular a origem ilícita da propriedade ou de assistir qualquer pessoa que esteja envolvida no cometimento de tal crime [...] para evitar as consequências legais de seus atos; ocultar ou dissimular a natureza, fonte, localização, movimentação ou propriedade de bens, sabendo serem provenientes de crime; adquirir, possuir ou utilizar propriedade, sabendo ser proveniente de um crime. 
A lavagem de dinheiro, conforme afirma Lilley (2001), abrange mais do que tráfico de drogas. Para este autor, os atos ilegais ocorrem com a finalidade de se obter dinheiro, e quando esse recurso é gerado pelo crime, ele torna-se inútil. 
Observa-se o que diz o autor: 
Tradicionalmente, a lavagem de dinheiro tem sido encarada (isoladamente) como a limpeza do dinheiro sujo gerado por atividades criminosas; na imagem mental coletiva, esses crimes estão provavelmente associados ao tráfico de drogas. É claro que a lavagem de dinheiro inclui esse tráfico, mas na verdade abrange muito mais. Para entender e avaliar o poder e a influência da lavagem de dinheiro, é necessário recordar a finalidade dos 15 crimes. 
A imensa maioria dos atos ilegais é perpetrada para conseguir uma só coisa: dinheiro. Se for gerado pelo crime, o dinheiro será inútil a menos que a fonte sórdida dos recursos possa ser disfarçada ou preferivelmente ‘apagada’. A dinâmica da lavagem de dinheiro assenta sobre o âmago corrupto dos muitos problemas sociais e econômicos espalhados pelo mundo todo ( LILLEY, 2001, p. 11).
Assim, a lavagem de dinheiro seria a forma de tornar o dinheiro advindo de forma ilícita em lícito, e assim passível de utilização para as mais diversas transações. Segundo comenta Barros (2004, p. 25): 
A lavagem de capitais é produto da inteligência humana. Ela não surgiu do acaso, mas foi e tem sido habitualmente arquitetada em toda parte do mundo. A bem da verdade é milenar, ocostume é utilizado por criminosos no emprego dos mais variados mecanismos para dar aparência lícita ao patrimônio constituído de bens e capitais obtidos mediante ação delituosa. 
A lavagem de dinheiro é a forma encontrada de tornar legal o que foi conseguido de forma ilegal. Esse processo utiliza inúmeras operações que são organizadas em fases. A preocupação com esse tipo de crime possui característica global, pois se relaciona diretamente com o crime organizado, em que se explora tudo que é proibido e lucrativo acumulando capitais de formas ilícitas. Além disso, aumenta as atividades do tráfico de drogas, não se limitando dessa forma a territórios nacionais. Diante das circunstâncias, foi necessário ampliar as forças dos Estados para combater de maneira internacional tais delitos, visto que essa criminalidade não estava ligada a um único país.
Em nosso projeto vamos focar especificamente em uma parte desse combate, na operação Lava Jato, o enfoque do perito contábil nas análises de um dos casos da lava jato, solicitado pelo Delegado responsável, visto que houve a denúncia de enriquecimento ilícito de um dos investigados.
Sem a pretensão de esgotar as possibilidades de possíveis casos em que a perícia contábil é aplicável, será apresentada uma única situação para as quais se requer o trabalho pericial contábil. A Perícia versa sobre a Operação lava Jato onde se discute o enriquecimento ilícito de um filho dos investigados.
Os trabalhos periciais foram realizados em conformidade com a legislação processual e com as leis, resoluções técnicas e profissionais pertinentes ao caso. Os trabalhos foram iniciados primeiramente através de um estudo dos documentos disponibilizados nos autos do processo. Buscou-se através deste estudo a total interação técnica a ser adotada nos desenvolvimentos dos trabalhos periciais, que visam esclarecer os fatos narrados no processo e dos quesitos apresentados. 
Em 23 de agosto de 2016, no SETOR TÉCNICO-CIENTÍFICO da Superintendência Regional de Polícia Federal no Estado do Paraná, designado pelo Chefe do Setor, Perito Criminal Federal, o Perito Criminal Federal elaborou o presente Laudo Pericial, no interesse do IPL n° XXXX/2016-4-SR/PF/PR, a fim de atender à solicitação do Delegado de Polícia Federal, encaminhada por meio do Memorando n° xxxxx/2016-SR/PF/PR, de 28/07/2016, registrado no Sistema de Criminalística sob o n° xxxx/16-SETEC/PR, em 01/08/2016, descrevendo com verdade e com todas as circunstâncias tudo quanto possa interessar a Justiça e respondendo aos quesitos formulados, abaixo transcritos:
"..., solicito a Vossa Senhoria que sejam realizados exames econômico-financeiros na documentação bancária e fiscal da pessoa de XXXXXXXXX afim de responder aos seguintes quesitos: 
a) há compatibilidade na movimentação financeira com os rendimentos declarados do investigado? 
b) há compatibilidade na evolução patrimonial com os rendimentos declarados?
c) há evolução patrimonial a descoberto do investigado?
d) há registros do pagamento de aluguel do imóvel matrícula 206.784?
e) há registros de pagamentos pelas reformas do imóvel matrícula 206.784 apontadas no laudo pericial 2272/2016? " (PF, 2016)
	O Perito Contábil, considerou oportuno, visando garantir a integridade das informações analisadas, foi efetuada autenticação eletrônica dos arquivos recebidos para exame, por intermédio de software que implementa o algoritmo de domínio público MD5. Em razão da pouca praticidade em listar o hash de todos esses arquivos no corpo do Laudo Pericial, foi relacionado na Tabela 1 apenas o hash dos principais arquivos de onde foram extraídas a maior parte das informações agregadas ao presente laudo. 
Segundo o Laudo Pericial XXX/16, também foram recebidos para exame os dados bancários do Caso SIMBA 002-PF-xxxxx-29, onde constavam registros da movimentação financeira do investigado, CPF 000.000.000-00, além de cópia dos Laudos Periciais n°xxxx/2016 e xxxx/2016-NUCRIM/SETEC/SR/PF/SP, relativos ao imóvel matrícula xxx.xxx.
7.1 Dos Exames
Os exames foram realizados pelo perito contador, em conformidade à Orientação Técnica n° xxx/2014-DITEC/PF, notadamente através da observação direta dos documentos apresentados visando à identificação dos registros de interesse para a realização da perícia, tendo sido adotadas rotinas necessárias para a análise e constatação dos fatos contábeis e financeiros registrados nesses documentos, digitação dos dados úteis e necessários para a realização dos exames e apresentação das informações resultantes das verificações em comento. 
Nesse sentido, inicialmente o perito contador efetuou a inclusão em planilha eletrônica de cálculo das informações consignadas nas DIRPFs (Declarações de Ajuste Anual para fins de Imposto de Renda Pessoa Física) do investigado, relativas aos anos-calendário de 2004 a 2014, visando à apuração da evolução patrimonial e das sobras financeiras do citado investigado.
7.2 Do Laudo Pericial 
O perito contábil agregou às informações constantes nas DIRPFs. Para fins da análise da compatibilidade da evolução patrimonial e da movimentação financeira do investigado, os dados lançados nos demonstrativos DIMOB (Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias) e DECRED (Declaração de Operações com Cartões de Crédito), além do valor do imposto de renda a restituir do ano-calendário anterior. 
Na sequência, o perito contábil procedeu-se a importação da movimentação bancária extraída do Caso SIMBA 002-PF-000000-00. Como movimentação financeira foram considerados os lançamentos efetivos à crédito das contas bancárias do investigado, com o expurgo dos registros que não configuravam entrada efetiva de valores. 
Ademais, para fins comparativos com os valores movimentados nas contas bancárias do investigado, o signatário calculou o que se denominou "Fontes de Recursos ". A "Fonte de Recursos" calculada pelo signatário é composta por todas as receitas aptas à geração de créditos bancários. Assim, foram somados os valores decorrentes dos rendimentos tributáveis, isentos/não tributáveis e sujeitos à tributação exclusiva na fonte (diminuídas as parcelas retidas na fonte), os valores obtidos pela venda de bens. Dentre outras operações similares. Cabe destacar que foi considerado, por conservadorismo, que a totalidade de tais valores transitou pelas contas bancárias do investigado. 
Levado a efeito tais etapas, foram observadas as seguintes situações em relação à composição patrimonial e financeira do investigado, incluindo comentários acerca dos resultados das análises técnicas correspondentes.
7.3 - Resposta aos quesitos pelo perito contábil
a) há compatibilidade na movimentação financeira com os rendimentos declarados do investigado?
Conforme descrito na Seção III.2, a movimentação financeira efetiva a crédito das contas bancárias de titularidade do investigado, mostrou-se, na maioria dos anos, inferior às respectivas Fontes de Recursos, no período compreendido entre os anos de 2004 a 2014.
b) há compatibilidade na evolução patrimonial com os rendimentos declarados?
Frente às informações prestadas ao fisco federal, e demais dados apresentados para exame, foi constatado que a evolução patrimonial do investigado é formalmente compatível com as sobras financeiras correspondentes, no período compreendido entre os anos de 2004 a 2014. Conforme pode ser visualizado na Tabela 5 (ANEXO) do Seção III. 1. Cabe destacar que dos cerca de 5,2 milhões de rendimentos brutos do investigado no período de 2004 a 2014, aproximadamente 3,8 milhões (73%) foram oriundos da distribuição de lucros da empresa G4 - Entretenimento e Tecnologia Ltda. Contudo, o pagamento de lucros pela G4, não observou, em diversos anos, a composição societária da empresa, conforme comentado na Seção III. 1. 
c) há evolução patrimonial a descoberto do investigado?
No período e nos documentos analisados, não foi identificada a existência de evolução patrimonial a descoberto do investigado. 
d) há registros do pagamento de aluguel do imóvelde matrícula xxx.xxx? 
Nos dados e informações disponíveis para exame, não foram identificados registros que indicassem o pagamento de aluguéis pelo imóvel de matrícula xxx.xxx. Cabe informar que foram localizadas algumas transferências de valores do investigado para um suposto locatário, em valores unitários de R$ 15.000.00, conforme descrito na Subseção III.3.1. Entretanto, pelas datas de transferência (que não obedecem a periodicidade normal para contratos de locação), inexistência de registros no fisco federai de operação de aluguel para o imóvel em questão (não consta DIMOB), além do valor, frente a estimativa do fisco federal, ser incompatível ao valor de mercado para o tipo de locação, não foi possível atribuir, de forma inequívoca, como tendo sido realizadas a título de pagamento de aluguéis.
e) há registros de pagamentos pelas reformas do imóvel de matrícula xxx.xxx apontadas no laudo pericial ?
Foram identificados alguns pagamentos, conforme descritos na Subseção III.3.2, compatíveis com as reformas no imóvel de matrícula xxx.xxx, relatadas no Laudo Pericial n° 0000/2016-NUCR1M/SETEC/SR/PF/SP. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O perito contábil é o contador devidamente registrado no Conselho Regional da classe e possuidor de profundo conhecimento da matéria pericial contábil. Trata-se do profissional que atua na área de perícia contábil, seja judicial ou extrajudicial, já o perito-contador é o profissional nomeado pelo Juiz para atuar em perícia judicial ou como contratado pela parte, nos casos da perícia extrajudicial, ou ainda como escolhido para atuar na perícia contábil arbitral, enquanto que o perito-contador assistente é o contratado e indicado pelas partes para atuar em perícia judicial ou extrajudicial.
Exercer a profissão com zelo é condição prevista no inciso I do artigo 2º do Código de Ética do Contabilista, portanto a Norma Profissional além de resgatar essa condição do Código atribui outras condições que devem ser observadas pelo Contador quando investido da função de perito-contador nomeado, contratado ou assistente.
Nesse sentido o perito contábil fez a análise segundo as perguntas do Delegado da Polícia Federal e concluiu que, o período e nos documentos analisados, não foi identificada a existência de evolução patrimonial a descoberto do investigado, logo não houve enriquecimento ilícito e que os dados revelam que a movimentação bancaria e fiscal são compatíveis com as rendas declaradas.
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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10695045/artigo-420-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973. Acesso em: 15/04/2018
http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm , Acesso em: 22/05/2018

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