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A PROFISSÃO DE PERITO LIVRO

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A PROFISSÃO DE PERITO 
CONTÁBIL
2
Nelson Bueno de Oliveira 
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
 A PROFISSÃO DE PERITO CONTÁBIL
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Revisor
Elvis Araujo Albertin
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ 
Oliveira, Nelson Bueno de
O48p A profissão de perito contábil / Nelson Bueno de Oliveira,
São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021.
 41 p.
 ISBN 978-65-89881-64-3
 1. Perícia contábil. 2. Arbitragem. 3. Mediação. I. Título.
 
CDD 657
____________________________________________________________________________________________
 Evelyn Moraes – CRB: 8 SP-010289/O
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
O Perito Contábil e a natureza de seu trabalho ______________ 05
Ética, Responsabilidade e Qualificação _______________________ 19
Zelo, Plano de Trabalho, Honorários, Processo Civil __________ 33
Teoria e Prática do trabalho do Perito Contábil ______________ 48
A PROFISSÃO DE PERITO CONTÁBIL
5
O Perito Contábil e a natureza de 
seu trabalho
Autoria: Nelson Bueno de Oliveira
Leitura crítica: Elvis Araujo Albertin
Objetivos
• Estudar a atuação do Perito Contábil como auxiliar 
da Justiça, assistente técnico das partes, perito em 
processos de Arbitragem e perito em processos de 
Mediação.
• Conhecer a legislação e a regulação da atividade de 
Perícia e, em particular, da Perícia Contábil.
• Verificar como a atuação do Perito Contábil contribui 
para a gestão de conflitos na sociedade.
• Conhecer os conceitos e fundamentos da atividade 
de Perícia Contábil.
6
1. Perícia Contábil e prova pericial
O Perito Contábil é o profissional que trabalha e faz a Perícia Contábil, 
que é uma das áreas de especialização da Contabilidade. Sá (2019) 
explica que ela é a verificação de fatos ligados ao patrimônio de uma 
entidade ou de uma pessoa; assim, o Perito Contábil deve emitir um 
parecer, com esse objeto, a respeito de uma questão específica. Para 
emitir esse parecer, ele se utiliza da tecnologia das Ciências Contábeis e 
realiza procedimentos adequados para formar a sua convicção sobre os 
fatos.
A perícia, em sentido geral, segundo Moura (2020), é um meio de prova, 
por meio da qual os fatos controversos, que são debatidos no âmbito 
judicial ou extrajudicial, são verificados, examinados e esclarecidos. Já no 
âmbito da lei de processo civil, é o instituto, conforme Moura (2020, p. 
5), que vem “mostrar o fato, quando não haja meio de prova documental 
para o revelar, ou quando se quer esclarecer circunstâncias a respeito 
dele que não se achem perfeitamente definidos.” Assim, a prova 
pericial destina-se a evidenciar a verdade de algum fato, a demonstrar 
e constatar a verdade, a fim de elucidar circunstâncias e consequências 
em um conflito entre partes na sociedade.
O Novo Código Civil, Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (BRASIL, 
2002), preceitua, em seu artigo 212, que o fato jurídico pode ser 
provado mediante perícia, além de confissão, documento, testemunha e 
presunção. Não existe prevalência, segundo Moura (2020), de um meio 
de prova sobre outro, porém, para a elucidação de fatos que exijam 
conhecimento específico, técnico e científico, a prova pericial é adequada 
e relevante. Assim, a perícia é a prova especializada.
Assim sendo, Sá (2019) explica que há esta classificação para perícias: 
(a) Perícias no âmbito da Justiça; (b) Perícias no âmbito administrativo; 
(c) Perícias no âmbito da Arbitragem ou Justiça Privada; e (d) Perícias 
7
especiais. Por exemplo, uma perícia no âmbito administrativo seria 
contratada por uma empresa para averiguar uma suspeita de desvios 
em determinado setor. Em perícias especiais, pode-se citar os 
procedimentos de due diligence (exame contábil profundo das contas 
de uma entidade) utilizados em processos de fusões e aquisições de 
empresas. Nesse contexto, o que se diz a respeito da Arbitragem aplica-
se também à Mediação.
Quanto à Perícia Contábil, em particular, é atribuição privativa de 
contador com registro regular no Conselho Regional de Contabilidade 
de seu Estado. O Perito Contábil, assim qualificado, pode atuar em Juízo, 
quando nomeado pelo juiz, exercendo a função de auxiliar da Justiça. Se 
indicado pelas partes, no processo judicial, chama-se assistente técnico. 
A Perícia Contábil também pode ocorrer semelhantemente no âmbito 
extrajudicial, em Arbitragem e em Mediação.
Segundo Crepaldi (2019), esses agentes são os demandantes do 
trabalho pericial em geral. No Poder Judiciário, é o juiz, que requer 
informações técnicas de uma área do conhecimento para auxiliá-lo em 
sua decisão. No âmbito extrajudicial, na Arbitragem, o árbitro tem uma 
atuação semelhante à do juiz nos tribunais. No caso do mediador ou 
do conciliador, estes não têm poder decisório sobre as questões em 
controvérsia, e, se se utilizarem de trabalho pericial, será para ajudar no 
processo de autocomposição das partes em conflito.
Ainda, segundo Crepaldi (2019), no âmbito judicial ou extrajudicial 
(Arbitragem e Mediação), temos os advogados das partes, que se 
utilizam dos laudos periciais para defender os interesses e a posição 
de seus clientes. No âmbito judicial e extrajudicial, temos as partes 
litigantes, que veem na perícia a possibilidade de constituir prova que 
valide suas argumentações. Em complemento, no seio da sociedade, 
em geral, qualquer agente, pessoa física ou jurídica, pode contratar 
um perito para ajudar na solução de uma controvérsia particular, sem 
recorrer ao Poder Judiciário ou à Arbitragem e à Mediação.
8
2. Legislação e regulação para a profissão de 
Perito Contábil
O Novo Código de Processo Civil, Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, 
contém em seus artigos 149 e 156, respectivamente:
Artigo 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam 
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe 
de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, 
o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o 
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. (grifo nosso)
Artigo 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato 
depender de conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente 
habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em 
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. (BRASIL, 2015)
As normas profissionais que regem a profissão de Perito Contábil são:
I. NBC PP 01 (R1), de 19 de março de 2020. “Esta norma tem como 
objetivo estabelecer procedimentos relativos à atuação do 
contador na condição de perito contábil.” (CFC, 2020a)
II. NBC PP 02, de 21 de outubro de 2016. “O Exame de Qualificação 
Técnica(EQT) para perito contábil tem por objetivo aferir o 
nível de conhecimento e a competência técnico-profissional 
necessários ao contador que pretende atuar na atividade de 
perícia contábil.” (CFC, 2016a)
III. Resolução CFC n. 1.502/16, de 19 de fevereiro de 2016. “Dispõe 
sobre o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis CNPC do Conselho 
Federal de Contabilidade CFC.” (CFC, 2016b)
A NBC PP 01 (R1) preceitua o seguinte em seu item 2:
9
Perito é o contador detentor de conhecimento técnico e científico, 
regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade e no 
Cadastro Nacional dos Peritos Contábeis, que exerce a atividade pericial de 
forma pessoal ou por meio de órgão técnico ou científico, com as seguintes 
denominações: (a) perito do juízo é o contador nomeado pelo poder judiciário 
para exercício da perícia contábil; (b) perito arbitral é o contador nomeado 
em arbitragem para exercício da perícia contábil; (c) perito oficial é o contador 
investido na função por lei e pertencente a órgão especial do Estado; (d) 
assistente técnico é o contador ou órgão técnico ou científico indicado e 
contratado pela parte em perícias contábeis. (grifo nosso) (CFC, 2020a)
Salienta-se que o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em 
sua 5ª edição, de 2010, define que Direito Civil é o “conjunto de normas 
reguladoras dos direitos e obrigações de ordem privada atinente às 
pessoas, aos bens e às suas relações.” (FERREIRA, 2010) Esclarece-se que 
pessoas aqui, no Código Civil (BRASIL, 2002), são tanto as naturais (seres 
humanos) quanto as jurídicas.
Também, destaca-se a diferença entre o Código de Processo Civil 
e o Código Civil (BRASIL, 2002). O Código de Processo Civil trata de 
todo o andamento que um processo judicial pode apresentar, desde 
a petição inicial até o trânsito em julgado da ação. Ele regulamenta 
todos os procedimentos válidos que os atores (juiz, partes, serventes 
dos tribunais, auxiliares da Justiça, instâncias superiores etc.) de um 
processo judicial devem seguir.
Assim, pode-se perceber que o contador, com registro regular no 
Conselho Regional de Contabilidade (CRC), pode atuar como Perito 
Contábil tanto na esfera judicial, jurisdicional, quanto na esfera 
extrajudicial, em processos de Arbitragem e de Mediação, mais comuns. 
Ademais, pode atuar como auxiliar do juiz ou do árbitro, conforme o 
caso, ou assessorando as partes, como assistente técnico.
O Perito Contábil, então, quando acionado, trabalha com o uso de 
procedimentos e técnicas adequados, com o objetivo de que seu laudo 
10
pericial seja constituído como prova de fatos ou de circunstâncias 
de um ponto controverso, discutido por partes, para a solução de 
conflitos. Os casos mais comuns de acionamento desse profissional são 
para examinar fatos que envolvam questões econômicas, financeiras, 
contratuais e de cálculos, mas quais o conhecimento técnico de 
Contabilidade é totalmente útil.
É imprescindível também que o Perito Contábil conheça Matemática 
Financeira, e, para isso, o livro de Hazzan e Pompeo (2014) é uma 
sugestão de obra de consulta e referência. Ele deve entender, entre 
outros temas, sobre aplicabilidade de regimes de capitalização – juros 
simples e compostos –; taxas equivalentes proporcionais e efetivas; 
sistemas de amortização de empréstimos; e uso de calculadora 
financeira, como a HP 12C, e de planilha, como Microsoft Excel.
3. Perito Contábil e a gestão e solução de 
conflitos
Na esfera judicial, o Perito Contábil, conforme Crepaldi (2019), é 
nomeado por um juiz de primeira instância. Nas demais instâncias 
superiores da Justiça, não existe propriamente uma prova pericial, pois 
os ministros e desembargadores (juízes das instâncias superiores) fazem 
as análises dos laudos periciais contábeis já existentes no processo e 
manifestam suas decisões em grau de recurso. Mecanismo semelhante 
ocorre na esfera extrajudicial da Arbitragem e da Mediação. Assim, a 
Perícia Contábil existe para suprir a insuficiência de conhecimentos 
técnicos específicos dos julgadores (juiz ou árbitro) sobre os fatos 
controversos debatidos no processo judicial ou arbitral.
Sabe-se que conflitos ocorrem cotidianamente no seio social; fazem 
parte da vida. E, para resolvê-los, as partes conversam, discutem e fazem 
acordos no âmbito amistoso e negocial e as coisas se aplacam. Ocorre 
11
que, em alguns casos, a negociação no âmbito amistoso não é frutífera 
e as pessoas e as entidades buscam a Justiça ou a Arbitragem ou a 
Mediação para a solução do conflito.
Sobre os conflitos na sociedade, Tartuce (2018) explica que conflito é 
um embate, uma pendência, um pleito, uma oposição entre partes. É o 
entrechoque de ideias tendo em vista controvérsias sobre fatos, coisas 
ou pessoas. Outras expressões para o termo são disputa, lide e litígio.
Há muitas dificuldades e obstáculos na gestão de conflitos, uma vez 
que aspectos subjetivos das pessoas fazem com que o processo de 
comunicação seja prejudicado, ou mesmo rompido, e não haja um 
tratamento eficaz para o que se discute. O tratamento adequado das 
disputas é essencial, e Tartuce (2018) diz que a proliferação de conflitos 
é uma realidade inexorável em função do crescimento da interação e da 
interdependência entre as pessoas e as organizações.
3.1 Conciliação e Mediação
O Novo Código de Processo Civil e a Lei de Mediação, Lei n. 13.140, 
de 26 de junho de 2015 (BRASIL, 2015b), trazem aprimoramentos no 
marco legal para meios consensuais de gestão de conflitos, instituindo a 
audiência de conciliação ou mediação como etapa do processo judicial. A 
Lei de Mediação, em seu art. 1º, preceitua:
(...) a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e 
sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. 
E se considera como mediação a atividade técnica exercida por terceiro 
imparcial, sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as 
auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a 
controvérsia. (BRASIL, 2015b)
A Conciliação e a Mediação são institutos do Novo Código de Processo 
Civil, que, em seu artigo 165, assim estabelece:
12
Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, 
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e 
mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, 
orientar e estimular a autocomposição.
§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo 
respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não 
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o 
litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou 
intimidação para que as partes conciliem. (grifo nosso)
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver 
vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender 
as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo 
restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos. (grifo nosso)
Tartuce (2018) ainda define que Conciliação é uma técnica de 
autocomposição entre as partes, promovida por um profissional, 
o conciliador, que intervém de maneira imparcial para, ouvindo e 
discutindo pontos de vista, auxiliar os contendores, as partes, para 
celebrar um acordo. Ele pode emitir opiniões sobre vantagens e 
desvantagens das posições manifestadas pelas partes e propor soluções 
alternativas para a controvérsia, sem, no entanto, deter poder decisório 
sobre elas. A Conciliação, declara Tartuce (2018), pode ocorrer em 
uma demanda judicial, perante os tribunais, bem como no âmbito 
de instituições privadas de solução de conflitos, como a Câmara de 
Conciliação, Mediação e Arbitragem da FIESP/CIESP1 de São Paulo. 
Nesses âmbitos privados, nota-se, na prática, que a Mediação engloba 
também a Conciliação.1 Disponível no seguinte link: http://www.camaradearbitragemsp.com.br/pt/index.html. Acesso em: 2 jun. 2021.
13
Observa-se que, na Conciliação, as partes normalmente não se conhecem 
antes do surgimento do conflito. Por exemplo, um consumidor que adquire 
um bem pela internet e, na entrega, há discrepâncias em relação ao pedido, 
surgindo um conflito na devolução ou troca do produto; ou um conflito que 
surge para resolver um acidente de trânsito.
Sobre a Mediação, como reforço:
Mediação é o meio consensual de abordagem de controvérsias em 
que uma pessoa isenta, o mediador, e devidamente capacitada atua 
tecnicamente para facilitar a comunicação entre as pessoas e propiciar 
que elas possam, a partir da restauração do diálogo, encontrar formas 
proveitosas de lidar com as disputas. (TARTUCE, 2018, p. 53)
Já na Mediação, as partes normalmente tinham um relacionamento 
anterior que ficou deteriorado pelo conflito. Ao atuar, o mediador, 
também imparcial, pode conseguir reatar o diálogo e construir em 
conjunto uma solução para o conflito existente, mas não propriamente 
propondo soluções. O mediador, da mesma forma que o conciliador, 
não tem poder decisório sobre as partes.
Por exemplo, duas empresas que possuíam um bom relacionamento 
comercial e agora apresentam um conflito. Assim, para evitar o total 
rompimento, com perdas recíprocas, custos e demora com um processo 
judicial, decidem recorrer a um meio consensual, como a Mediação, para 
o equacionamento da pendência.
Ressalta-se novamente que no âmbito extrajudicial, privado, a mediação 
engloba a conciliação. Isso pode ser notado na atuação da Câmara da 
FIESP/CIESP já citada. No âmbito judicial (do Novo Código de Processo 
Civil), a diferença entre essas atividades é mais nítida. “O foco na 
Mediação é o conflito e não a solução. Na Conciliação é o contrário, o 
foco é a solução e não o conflito” (CAHALI, 2018, p. 50).
14
3.2 Arbitragem
Cahali (2018) diz que, em épocas remotas, os conflitos eram 
solucionados com a imposição da vontade da parte mais forte. Porém, 
com o passar do tempo, atendendo aos anseios da sociedade, o Estado 
idealizou o monopólio da jurisdição, ou seja, o Estado passou a mediar e 
dizer o direito das partes litigantes, mediante processo judicial válido.
Além disso, o mesmo autor explica que há formas autocompositivas de 
solução de litígios, sendo elas a negociação, a conciliação e a mediação. 
Nestas, embora um terceiro participe, o conciliador (com propostas 
de solução) ou o mediador (sem propostas de solução), o resultado 
depende da vontade das partes, não havendo poder decisório nem no 
conciliador nem no mediador.
Já o instituto da Arbitragem é um método heterocompositivo de 
solução de conflitos. Cahali (2018) define que isso se denomina solução 
adjudicada, ou seja, as partes se submetem à decisão proferida por um 
terceiro, mesmo que contrária a seus interesses. Esse decisor é o juiz, 
o magistrado, na esfera da Justiça; ou o árbitro, na esfera extrajudicial, 
privada, da Arbitragem.
A Arbitragem, ao lado da jurisdição estatal (Poder Judiciário), representa 
uma forma heterocompositiva de solução de conflitos. As partes capazes, 
de comum acordo, diante de um litígio, ou por meio de uma convenção, 
estabelecem que um terceiro, ou colegiado, terá poderes para solucionar a 
controvérsia, sem a intervenção estatal, sendo que a decisão terá a mesma 
eficácia que uma sentença judicial. (CAHALI, 2018, p. 125)
A Arbitragem é um instituto privado de solução de conflitos ou 
método extrajudicial, e a decisão dada pelo árbitro, preceitua Cahali 
(2018), é imposta às partes, e, por essa razão, diz-se que a solução é 
adjudicada, e não consensual, como ocorre no âmbito da Conciliação 
e Mediação.
15
Figura 1 – A Arbitragem e a Jurisdição Estatal são métodos 
heterocompositivos de solução de conflitos
Fonte: ISerg/iStock.com. 
A Arbitragem é prevista na Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. 
No artigo 31, consta o seguinte: “A sentença arbitral produz, entre as 
partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida 
pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título 
executivo.” (BRASIL, 1996). Já no artigo 515, inciso VII, do Novo Código 
de Processo Civil (BRASIL, 2015a), está previsto que a sentença arbitral é 
título executivo judicial.
Entre os benefícios de se recorrer à Arbitragem, discorre Cahali 
(2018), está a rapidez do processo ao se comparar ao tempo médio 
de um processo judicial até se chegar ao trânsito em julgado (final 
definitivo de uma ação judicial). Nesse ponto, é necessário destacar 
o congestionamento que existe na esfera jurisdicional, em função 
de diversas razões. A Lei de Arbitragem (BRASIL, 1996) prediz que o 
processo arbitral deve se cumprir em um prazo de seis meses.
Nota-se na prática que principalmente as empresas de maior porte 
já incluem em seus contratos comerciais, em particular com os seus 
fornecedores, cláusulas que elegem uma Câmara de Arbitragem 
16
para solucionar controvérsia ou conflito que surja em decorrência do 
contrato. Isso é benéfico às partes, porque a solução eficaz de conflitos 
preserva o relacionamento comercial entre elas, além de ser um 
procedimento mais célere do que a esfera jurisdicional.
3.3 Títulos Executivos Judiciais e Extrajudiciais
Após prolatada uma sentença judicial, cabe o seu cumprimento no 
sentido de a parte vencida pagar à parte vencedora um determinado 
valor, que é o conceito de título executivo judicial.
No âmbito do Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 515 
(BRASIL, 2015a), consta que as decisões homologatórias (decisões 
que contêm confirmação de algo feita pelo juiz), de um procedimento 
de autocomposição judicial, geram um título executivo judicial. Se 
a autocomposição for extrajudicial e homologada pelo juiz, o título 
executivo extrajudicial transforma-se em título executivo judicial. O 
artigo 784 (BRASIL, 2015a) do mesmo instituto também versa sobre 
a matéria. Entende-se aqui a autocomposição como o resultado dos 
procedimentos de Conciliação e Mediação, que podem transitar tanto 
na esfera judicial quanto na extrajudicial.
Na Mediação, regulado no artigo 20 da Lei n. 13.140, o procedimento de 
Mediação será encerrado, concluído desta forma:
(...) com a lavratura do seu termo final, quando for celebrado acordo ou 
quando não se justificarem novos esforços para a obtenção de consenso, 
seja por declaração do mediador nesse sentido ou por manifestação de 
qualquer das partes. O termo final de mediação, na hipótese de celebração 
de acordo, constitui título executivo extrajudicial e, quando homologado 
judicialmente, título executivo judicial. (grifo nosso) (BRASIL, 2015b)
17
4. Conclusão
O contador pode atuar em diversas modalidades profissionais. Por 
exemplo, pode ser um empreendedor ao abrir um escritório de 
Contabilidade, ou pode atuar como auditor, consultor financeiro ou 
consultor tributário. No ambiente corporativo, pode desempenhar 
funções como a de tesoureiro e de controller na área financeira, entre 
outras atividades. Uma das modalidades profissionais para o contador é 
o de Perito Contábil, que, ao fazer Perícia Contábil, pode desempenhar 
esse papel como auxiliar da Justiça, assistente técnico das partes, perito 
em processos de Arbitragem e perito em processos de Mediação.
Há uma legislação e uma regulação específicas para a atividade pericial, 
sendo importante lembrar aqui que a perícia tem força de prova em um 
processo judicial ou arbitral. Assim, há uma relevância para a sociedade 
no trabalho do Perito Contábil, uma vez que é um ator necessário para a 
gestão e a solução de conflitos.
Referências
BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem. 
Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em: 20 abr. 2021.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: 
Presidência da República, 2002.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 20 abr. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília: 
Presidência da República, 2015a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 7 maio 2021.
BRASIL. Lei n. 13.140, de 26 de junho de 2015. Dispõe sobre a mediação entre 
particulares como meio de solução de controvérsias [...]. Brasília: Presidência da 
República, 2015b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 7 maio 2021.
18
CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem. 7. ed. São Paulo: Thomson Reuters 
Brasil, 2018.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PP 01 (R1) – Perito Contábil. 2020. 
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CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PP 02 – exame de QT p/ perito 
contábil. 2016a. Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
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CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC TP 01 (R1) – Perícia Contábil. 2020. 
Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/
NBCTP01(R1)&arquivo=NBCTP01(R1).doc. Acesso em: 15 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.502, de 19 de 
fevereiro de 2016. 2016b. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.
com/search?q=cache:oCwYX71pIikJ:https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/01/
Res_1502.doc+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em: 15 abr. 2021.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Manual de Perícia Contábil. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5. ed. Curitiba: 
Positivo, 2010.
HAZZAN, Samuel; POMPEO, José Nicolau. Matemática Financeira. 7. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014.
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia Contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MOURA, Ril. Perícia Contábil: Judicial e Extrajudicial. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas 
Bastos, 2020.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos Conflitos Civis. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: Método, 2018.
19
Ética, Responsabilidade e 
Qualificação
Autoria: Nelson Bueno de Oliveira
Leitura crítica: Elvis Araujo Albertin
Objetivos
• Estudar e examinar o Código de Ética Profissional do 
Contador, conforme a NBC PG 01, de 2019.
• Estudar a NBC PP 01 (R1), de 2020, com as normas 
sobre a atuação do Contador como Perito Contábil.
• Conhecer os requisitos da profissão de Perito 
Contábil, a habilitação e as responsabilidades civil e 
penal.
• Verificar a NBC PP 02, de 2016, sobre normas do 
Exame de Qualificação Técnica para Perito Contábil, 
bem como a Resolução CFC n. 1.502, de 2016, sobre 
o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC). 
• Reconhecer a educação profissional continuada EPC, 
recomendada para o Perito Contábil pela NBC PG 12 
(R3), de 2017. 
20
1. Ética profissional do Perito Contábil
A palavra ética, segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda 
Ferreira, em sua 5ª edição, de 2010 (FERREIRA, 2010), refere-se, em 
filosofia, aos estudos dos juízos de apreciação relativos à conduta 
humana, suscetíveis de qualificação em termos de bem e mal, em um 
contexto de sociedade ou mesmo em termos absolutos do indivíduo. 
Assim, nota-se que a ética busca balizar com um conteúdo moral o 
comportamento, a conduta, do ser humano na sociedade. Um código de 
ética profissional, por sua vez, é algo no mesmo sentido da ética, porém 
focado na atuação da pessoa em sua atividade profissional.
O Código de Ética Profissional do Contador está consubstanciado na 
NBC PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. Nesse documento, consta um 
padrão de conduta destinado ao profissional que exerce a profissão 
contábil.
A NBC PG 01 preceitua o seguinte quanto aos deveres do Contador:
• Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade 
técnica, observando as Normas Brasileiras de Contabilidade e a 
legislação vigente, resguardando o interesse público, os interesses 
de seus clientes ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e 
independência profissionais;
• recusar sua indicação em trabalho quando reconheça não se achar 
capacitado para a especialização requerida;
• guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício 
profissional, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados 
os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades 
competentes, entre estas os Conselhos Federal e Regionais de 
Contabilidade; (...)
21
• aplicar as salvaguardas previstas pela profissão, pela legislação, 
por regulamento ou por organização empregadora toda vez que 
identificar ou for alertado da existência de ameaças mencionadas 
nas normas de exercício da profissão contábil, observando o 
seguinte:(i) tomar medidas razoáveis para evitar ou minimizar 
conflito de interesses; e (ii) quando não puder eliminar ou 
minimizar a nível aceitável o conflito de interesses, adotar medidas 
de modo a não perder a independência profissional;
• abster-se de expressar argumentos ou dar conhecimento de 
sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes 
interessadas, ou da Justiça da causa em que estiver servindo, 
mantendo seu trabalho no âmbito técnico e limitando-se ao seu 
alcance;
• abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria 
que constitui objeto do trabalho, mantendo a independência 
profissional; (...)
• despender os esforços necessários e se munir de documentos e 
informações para inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de 
emitir opinião sobre qualquer caso; (...)
• manifestar, imediatamente, em qualquer tempo, a existência de 
impedimento para o exercício da profissão; (...)
• cumprir os Programas de Educação Profissional Continuada de 
acordo com o estabelecido pelo Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC);
• informar o número de registro, o nome e a categoria profissional 
após a assinatura em trabalho de contabilidade, propostas 
comerciais, contratos de prestação de serviços e em todo e 
qualquer anúncio, placas, cartões comerciais e outros. (CFC, 2019)
22
Todo esse conteúdo aplica-se ao profissional da Contabilidade em 
sentido amplo. Entretanto, dada a natureza de seu trabalho, ou seja, a 
produção de prova pericial, que será utilizada nas cortes jurisdicional 
e arbitral, no caso do Perito Contábil ainda mais, deve o Contador, 
atuando em perícia, executar seu ofício com total compromisso com os 
princípios e procedimentos éticos.
Comentam-se a seguir aspectos sobre os deveres do Contador, 
constantes do Código de Ética Profissional, em particular tendo em 
mente a perspectiva do Perito Contábil, o qual, integrante do Cadastro 
Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), pode a qualquer momento ser 
nomeado por um juiz de Direito que precise de seu trabalho para 
elucidar pontos controversos em determinado processo judicial. Assim, 
se ele reconhece que não está devidamente inteirado naquela área de 
conhecimento contábil específico requerido e demandado pelo processo 
judicial, não deve aceitar o processo, fazendo uma petição nos autos 
deste.
O site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), por exemplo, possui 
um sistema digital de peticionamento eletrônico que permite bastante 
praticidade nesse sentido. Para isso, o Perito Contábil deve possuir a 
sua certificação digital para poder apor sua assinatura eletrônica nos 
documentos oficiais.
Registra-se também que, quando qualificado para integrar o CNPC, 
o Perito Contábil indica, entre seus dados, as áreas de concentração 
em que pretende atuar. No entanto, podem ocorrer nomeações 
desafiadoras, como as que envolvam Recuperação Judicial ou ações 
indenizatórias provenientes de sofisticadas relações comerciais 
conflituosas. Assim, nada obsta que o profissional de Contabilidade,ao ser nomeado para um processo específico, possa tomar isso como 
desafio e consultar literatura fidedigna, bem como outras fontes de 
conhecimento confiáveis. O que importa é que a qualidade técnica do 
laudo pericial a ser produzido esteja assegurada.
23
Sobre o conflito de interesses, o artigo 3º, I, da Lei n. 12.813 define 
que Conflito de Interesse é “a situação gerada pelo confronto entre 
interesses públicos e privados, que possa comprometer o interesse 
coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o desempenho da função 
pública.” (BRASIL, 2013). Isso se aplica mais ao servidor público, porém o 
conceito vale perfeitamente também para a vida privada. Mais adiante, 
estudaremos as situações de suspeição e impedimento que envolvem a 
atividade de Perito Contábil.
2. Atividade de Perito Contábil: Especificação
Isso que se diz sobre um processo judicial aplica-se perfeitamente na 
esfera extrajudicial como a Arbitragem. Sobre essa questão, pode-se 
dizer que tudo o que se aplica à atividade do Perito Contábil no âmbito 
da Justiça, ou no âmbito jurisdicional, também vale para a Arbitragem 
em uma Câmara Arbitral.
Na Mediação, na forma da legislação específica, esta se reveste de um 
grau de informalidade maior, embora não prescinda do rigor técnico, 
se um profissional de Contabilidade for requisitado para contribuir 
com o processo. Assim, pode-se admitir que o que se diz sobre o Perito 
Contábil se aplica mais objetivamente às esferas jurisdicional e arbitral, 
ponderada a produção da prova pericial. No entanto, há autores que 
admitem conceituar a função desse profissional em outras esferas 
extrajudiciais e negociais. Nesse ponto, Sá (2019) admite estas funções 
para a classificação das perícias: (a) perícias no âmbito da justiça; 
(b) perícias no âmbito administrativo (ex.: para apurar fraudes em 
uma empresa com a qual o contador contratado não possua vínculo 
empregatício anterior); (c) perícias no âmbito da arbitragem ou justiça 
privada; e (d) perícias especiais (ex.: due diligence em fusões e aquisições 
de empresas).
24
No entanto, nesse aspecto específico, há uma definição mais restritiva da 
atividade de perícia, conforme a NBC PP 01 (R1), que preceitua o seguinte:
Perito é o contador detentor de conhecimento técnico e científico, 
regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade e no 
Cadastro Nacional dos Peritos Contábeis, que exerce a atividade pericial de 
forma pessoal ou por meio de órgão técnico ou científico, com as seguintes 
denominações: (a) perito do juízo é o contador nomeado pelo poder judiciário 
para exercício da perícia contábil; (b) perito arbitral é o contador nomeado 
em arbitragem para exercício da perícia contábil; (c) perito oficial é o contador 
investido na função por lei e pertencente a órgão especial do Estado; (d) 
assistente técnico é o contador ou órgão técnico ou científico indicado e 
contratado pela parte em perícias contábeis. (grifo nosso). (CFC, 2020a)
Em síntese, assim define a NBC TP 01, de 19 de março de 2020, a 
atividade de Perícia Contábil, de forma mais abrangente, admitindo 
chamar de Perícia Contábil aquela exercida no âmbito negocial, 
voluntário, espontâneo:
A perícia contábil, tanto a judicial como a extrajudicial, é de competência 
exclusiva de contador registrado em Conselho Regional de Contabilidade. 
Entende-se como perícia judicial aquela exercida sob a tutela da justiça. 
A perícia extrajudicial é aquela exercida no âmbito arbitral, estatal ou 
voluntária. A perícia arbitral é aquela exercida sob o controle da Lei 
da arbitragem. Perícia estatal é executada sob o controle de órgão do 
Estado, tais como perícia administrativa das Comissões Parlamentares de 
Inquérito, de perícia criminal e do Ministério Público. Perícia voluntária 
é aquela contratada espontaneamente pelo interessado ou de comum 
acordo entre as partes. (grifo nosso). (CFC, 2020b)
3. Impedimento e Suspeição
Em sua atuação, em particular na esfera jurisdicional e arbitral, o Perito 
Contábil deve ter especial cuidado com eventuais conflitos de interesse, 
25
inclusive conforme preceitua o Código de Ética Profissional do Contador. 
Sá (2019) explica que as razões da suspeição e de impedimento são as 
mesmas atribuídas um juiz de Direito.
Figura 1 – As situações previstas para o juiz de Direito, que indiquem 
seu impedimento e sua suspeição, são aplicáveis ao Perito Contábil
Fonte: simpson33/iStock.com. 
A NBC PP 01 (R1) declara que “impedimentos profissionais são situações 
fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer, 
regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo 
judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral” (CFC, 2020a). Caso o Perito 
Contábil perceba em determinado caso que não pode exercer suas 
atividades com isenção ou imparcialidade, é necessário que se declare 
impedido ou suspeito, após nomeado ou indicado, tanto na esfera 
jurisdicional quanto na arbitral. Na esfera jurisdicional, deve fazer 
petição nos autos do processo justificando a sua escusa e o motivo do 
impedimento ou da suspeição e recusar, fundamentando sua posição, 
o processo. Caso o conflito de interesses se configure, por exemplo, 
na esfera negocial, voluntária, em que seja contratado para atuar por 
26
pessoas ou entidades, deve declarar-se, por razões de ordem ética, 
impedido ou suspeito conforme o caso.
O impedimento e a suspeição do juiz de Direito, aplicáveis ao Perito 
Contábil, dizem respeito à imparcialidade do juiz no exercício de 
sua função. Reforça-se que o que se diz do Perito Contábil na esfera 
jurisdicional aplica-se à sua atuação na esfera arbitral, mesmo que atue 
como assistente técnico da parte (ex.: uma parte, sem o saber, contrata 
o contador que tem ou teve vínculos coincidentemente com a outra 
parte litigante).
É dever do juiz declarar-se impedido ou suspeito, podendo alegar motivos 
de foro íntimo. O impedimento tem caráter objetivo, enquanto a suspeição 
tem relação com o subjetivismo do juiz. A imparcialidade do juiz é um 
dos pressupostos processuais subjetivos do processo. No impedimento 
há presunção absoluta de parcialidade do juiz em determinado processo 
por ele analisado, enquanto na suspeição há apenas presunção relativa. 
(JUSBRASIL, 2009).
O Novo Código de Processo Civil, Lei n.13.105, de 16 de março de 2015, 
no artigo 144, estabelece o seguinte sobre o impedimento do juiz de 
Direito, que se aplica ao Perito Contábil: impedimento significa ser 
vedado atuar em processo em que pelo menos uma destas característica 
se configure:
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções 
no processo:
I. em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou 
como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como 
testemunha;
II. de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III. quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou 
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer 
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro 
grau, inclusive;
27
IV. quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou 
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro 
grau, inclusive;
V. quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa 
jurídica parte no processo;
VI. quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das 
partes;
VII. em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de 
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII. em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, 
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, 
até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de 
outro escritório;
IX. quando promover ação contra a parte ou seu advogado. (BRASIL, 2015)
Já em seu artigo 145, estabelece o seguinte sobre a suspeição do juiz 
deDireito, que se aplica ao Perito Contábil: suspeição significa uma 
questão de fórum íntimo do juiz e ele pode ou não atuar no processo, 
dependendo de se sentir seguro quanto à sua imparcialidade e se isso 
não der margem a questionamentos das partes quanto à sua isenção.
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I. amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II. que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou 
depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do 
objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do 
litígio;
III. quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge 
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, 
inclusive;
IV. interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem 
necessidade de declarar suas razões (...). (BRASIL, 2015)
28
4. Habilitação profissional
A NBC PP 01 (CFC, 2020a) assevera que o Perito Contábil deve 
comprovar sua habilitação para o exercício da função com a Certidão 
de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de 
Contabilidade (CRC) e com o pertencimento ao Cadastro Nacional de 
Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). 
Pontua-se melhor sobre o CNPC na sequência deste estudo.
Caso o Contador seja indicado ou contratado para atuar como assistente 
técnico da parte, na esfera judicial, extrajudicial ou negocial/voluntária, 
deve também apresentar ao contratante as qualificações que o 
habilitem para o serviço de perícia. Assim, ele “só deve aceitar o encargo 
se reconhecer estar capacitado com conhecimento, discernimento e 
independência para a realização do trabalho” (CFC, 2020a).
5. Responsabilidade Civil e Criminal
A NBC PP 01 preceitua que a legislação civil determina responsabilidades 
e penalidades para o profissional que exerce a função de perito, as quais 
consistem em multa, indenização e inabilitação. Já a legislação penal 
estabelece penas de multa e reclusão para os profissionais que exercem 
a atividade pericial de maneira contrária à lei.
O Escritório de Advocacia Lopes e Nono explica que Responsabilidade 
Civil é:
o dever de reparar dano causado a outrem, por ações ou omissões do 
sujeito ou de terceiros de sua responsabilidade. A Responsabilidade 
Civil tem diversas classificações, podendo ser esta contratual ou 
extracontratual, direta ou indireta, subjetiva ou objetiva, dentre 
outras classificações cabíveis dentro do Direito Civil. (LOPES E NONO 
ADVOGADOS, [s.d.])
29
Acrescenta ainda sobre esse tema que:
responsabilidade extracontratual é aquela que decorre diretamente da lei, 
é geralmente ligada à culpa. Pois, independentemente de dolo, intenção, 
aquele que causar prejuízo a outrem, deve ressarcir, reparar a perda 
provocada, conforme dispõe o artigo 927 do Código Civil Brasileiro. (LOPES 
E NONO ADVOGADOS, [s.d.])
6. Qualificação técnica, CNPC e educação 
continuada
A NBC PP 02, de 21 de outubro de 2016, versa sobre normas do 
Exame de Qualificação Técnica (EQT) para o Perito Contábil, que “tem 
por objetivo aferir o nível de conhecimento e a competência técnico-
profissional necessários ao contador que pretende atuar na atividade de 
Perícia Contábil” (CFC, 2016b). É uma avaliação escrita, cuja aprovação 
assegura ao Contador o registro no CNPC do CFC. O conteúdo 
programático do EQT abrange: Legislação Profissional; Ética Profissional; 
Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnicas e Profissionais inerentes à 
perícia; Legislação Processual Civil aplicada à perícia; Língua Portuguesa 
e Redação; e Direito Constitucional, Civil e Processual Civil afetos à 
perícia.
A Resolução CFC 1.502, de 19 de fevereiro de 2016 (CFC, 2016a), 
regulamenta o CNPC, o qual é integrado digitalmente aos sistemas do 
Poder Judiciário, permitindo ao juiz de Direito identificar um Contador 
devidamente habilitado para a atividade de Perícia Contábil. Dessa 
forma, para integrar o CNPC, o Contador, devidamente habilitado, 
deve ser aprovado no EQT. Já sua permanência no Cadastro está 
condicionada à obrigatoriedade do cumprimento do Programa de 
Educação Profissional Continuada (EPC), contemplado pela NBC PG 12 
(R3), de 7 de dezembro de 2017, que é assim definida:
30
atividade que visa manter, atualizar e expandir os conhecimentos e 
competências técnicas e profissionais, as habilidades multidisciplinares 
e a elevação do comportamento social, moral e ético dos profissionais 
da Contabilidade, como características indispensáveis à qualidade dos 
serviços prestados e ao pleno atendimento das normas que regem o 
exercício da Profissão Contábil. (CFC, 2017)
Os Contadores que pertencem ao CNPC devem cumprir, no mínimo, 
40 pontos de EPC por ano-calendário. Esses pontos são referentes 
a atividades de aquisição de conhecimento, como cursos, palestras, 
workshops e seminários em que os temas técnicos da Contabilidade 
sejam abordados, com enfoque científico. O CRC normalmente promove 
e divulga atividades e entidades de ensino que possuem certificações 
para a ministração dessas atividades educacionais. A atividade 
acadêmica específica do Contador também pontua na EPC.
7. Conclusão
Existe algo de nobre na atividade do Perito Contábil. Quando estiver 
atuando como perito do juiz ou como perito do árbitro, ele busca com 
sua técnica contábil encontrar a verdade dos fatos e das circunstâncias 
e produzir a prova pericial. E, mesmo que atue como assistente técnico 
da parte, na esfera jurisdicional ou arbitral, ele diz a verdade dos 
fatos sob a perspectiva de quem o contrata, estando os limites de seu 
trabalho nesse caso estabelecidos pelo procedimento regido pela ética 
profissional. Isso também se aplica em casos de Mediação e na área 
negocial/voluntária em que atue.
Para ser Perito Contábil, é necessário estar habilitado no CRC que o 
jurisdiciona, bem como pertencer ao CNPC. Além disso deve cumprir a 
pontuação exigida pela EPC do CFC.
31
Referências
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interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo federal [...]. 
Brasília: Presidência da República, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12813.htm. Acesso em: 7 junho 2021.
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília: 
Presidência da República, 2015a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 7 junho 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. 
Aprova a NBC PG 01-Código de Ética Profissional do Contador. 2019. Disponível 
em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/
NBCPG01&arquivo=NBCPG01.doc. Acesso em: 22 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PG 12 (R3), de 7 de dezembro 
de 2017. Altera a NBC PG 12 (R2) que dispõe sobre educação profissional 
continuada. 2017. Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2017/NBCPG12(R3)&arquivo=NBCPG12(R3).doc. Acesso em: 22 abr. 
2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PP 01 (R1), de 19 de março de 
2020. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito contábil. 2020a. 
Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/
NBCPP01(R1)&arquivo=NBCPP01(R1).doc. Acesso em: 15 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC TP 01 (R1), de 19 de março de 
2020. Dá nova redação à NBC TP 01, que dispõe sobre perícia contábil. 2020b. 
Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/
NBCTP01(R1)&arquivo=NBCTP01(R1).doc. Acesso em: 15 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1.502, de 19 de fevereiro 
de 2016. Dispõe sobre o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do 
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) [...]. 2016a. Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/001502&arquivo=Res_1502.
doc. Acesso em: 22 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução NBC PP 02, de 21 de outubro 
de 2016. Aprova a NBC PP 02 que dispõe sobre o exame de qualificação técnica 
para perito contábil. 2016b. Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/
detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCPP02&arquivo=NBCPP02.doc. Acesso em: 22 
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CREPALDI, Silvio Aparecido. Manual de Perícia Contábil. São Paulo: Saraiva 
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32
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Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/noticias/801942/entenda-as-diferencas-
entre-impedimento-e-suspeicao. Acesso em: 7 junho 2021.
LOPES E NONO ADVOGADOS. O que é Responsabilidade Civil? [s.d.]. Disponível 
em: https://lopesenonoadv.com.br/o-que-e-responsabilidade-civil/. Acesso em: 7 
junho 2021.
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia Contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MOURA, Ril. Perícia Contábil: Judicial e Extrajudicial. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas 
Bastos, 2020.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
33
Zelo, Plano de Trabalho, 
Honorários, Processo Civil
Autoria: Nelson Bueno de Oliveira
Leitura crítica: Elvis Araujo Albertin
Objetivos
• Compreender o zelo profissional como norteador da 
conduta de trabalho do Perito Contábil, conforme a 
NBC PP 01 (R1), de 2020.
• Estudar o plano de trabalho e a respectiva proposta 
de honorários periciais.
• Conhecer as atividades do Perito Contábil sob a ótica 
do Novo Código de Processo Civil, Lei n. 13.105/2015.
34
1. Zelo profissional
O vocábulo zelo, segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda 
Ferreira, em sua 5ª edição, de 2010 (FERREIRA, 2010), refere-se à 
dedicação, ao desvelo, ao cuidado por alguém ou por algo. É a diligência 
de alguém na execução de um trabalho e serviço; é administrar algo com 
diligência.
1.1 Essência do zelo profissional
A NBC PP 01, de 19 de março de 2020, diz que:
O termo “zelo”, para o perito, refere-se ao cuidado que ele deve dispensar na 
execução de suas tarefas, em relação à sua conduta, documentos, prazos, 
tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e aos demais 
profissionais, de forma que sua pessoa seja respeitada, seu trabalho levado 
a bom termo e, consequentemente, o Laudo Pericial Contábil e o Parecer 
Pericial-Contábil sejam dignos de fé pública. (CFC, 2020a)
O Laudo Pericial Contábil é o relatório final produzido pelo perito 
do juízo, enquanto o Parecer Pericial Contábil é o relatório final 
produzido pelo assistente técnico da parte. A NBC TP 01 (R1) (CFC, 
2020b) preceitua que “concluídos os trabalhos periciais, o perito 
nomeado deve apresentar Laudo Pericial Contábil, e o assistente 
técnico pode oferecer seu Parecer Pericial Contábil, obedecendo aos 
respectivos prazos legais e/ou contratuais”. No âmbito arbitral, tais 
denominações também são aplicáveis.
Ainda segundo a NBC TP 01 (R1):
O Laudo Pericial Contábil e o Parecer Pericial Contábil devem ser 
elaborados somente por contador ou pessoa jurídica, se a lei assim 
permitir, que estejam devidamente registrados e habilitados. A habilitação 
é comprovada por intermédio da Certidão de Regularidade Profissional 
35
emitida por Conselho Regional de Contabilidade ou do Cadastro Nacional 
de Peritos Contábeis do Conselho Federal de Contabilidade.
O Laudo Pericial Contábil e o Parecer Pericial Contábil são documentos 
escritos, que devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da 
perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu 
objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão 
do seu trabalho. Os peritos devem consignar, no final do Laudo Pericial 
Contábil ou do Parecer Pericial Contábil, de forma clara e precisa, as suas 
conclusões. (CFC, 2020b)
Em complemento a tudo o que preceitua o Código de Ética Profissional 
do Contador, na realização dos trabalhos periciais, o zelo profissional do 
Perito Contábil, segundo a NBC PP 01, abrange o seguinte:
(a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia judicial e nos termos 
contratados em perícia extrajudicial, inclusive arbitral;
(b) comunicar ao juízo, antes do início da perícia, caso o prazo estipulado 
no despacho judicial para entrega do laudo pericial seja incompatível com 
a extensão do trabalho, sugerindo o prazo que entenda adequado;
(c) assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações prestadas 
em matéria objeto da perícia, os quesitos respondidos, os procedimentos 
adotados, as diligências realizadas, os valores apurados e as conclusões 
apresentadas no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil;
(d) prestar os esclarecimentos determinados pela autoridade competente, 
respeitados os prazos legais ou contratuais;
(e) propugnar pela celeridade processual, valendo-se dos meios 
que garantam eficiência, segurança, publicidade dos atos periciais, 
economicidade, o contraditório e a ampla defesa;
(f) ser prudente, no limite dos aspectos técnico-científicos, e atento às 
consequências advindas dos seus atos;
(g) ser receptivo aos argumentos e críticas, podendo ratificar ou retificar o 
posicionamento anterior. (CFC, 2020a)
36
Sobre isso, trazemos aqui algumas explicações. Na alínea “b” anterior, 
o comunicado do perito contábil ao juiz de Direito é manejado por 
uma petição que se faz no contexto do processo judicial. O juiz tem a 
autoridade para deferir ou não a petição do perito, quando este requer 
um prazo maior para cumprimento de seu trabalho.
Com relação ao que se diz na alínea “e”, a Constituição Federal do Brasil, 
de 1988, estabelece, em seu artigo 5º, que:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes: (...) LX–a lei só poderá restringir a 
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem [...]. (grifo nosso). (BRASIL, 1988)
A publicidade dos atos processuais, portanto, é um instrumento de 
transparência do Poder Judiciário dado à população, sendo os autos do 
processo (documentos constituintes do processo judicial) disponibilizados 
a qualquer cidadão, mesmo que não seja parte do assunto. Assim, a 
publicidade dos atos periciais deve ser entendida como as petições que 
o perito faz nos autos do processo, comunicando o início dos trabalhos 
periciais, entre outros procedimentos. Isso é importante porque leva as 
partes litigantes a apresentarem ao perito contábil todas as informações 
e documentos que possam ser úteis e relevantes para a constituição das 
provas periciais, tanto da parte que acusa (parte autora) quanto da parte 
que se defende (parte ré). Dessa forma, todos têm acesso ao mesmo 
tempo aos procedimentos praticados pelo perito contábil, o que viabiliza 
o tratamento isonômico a todos os envolvidos. No âmbito arbitral, os 
procedimentos são adaptados.
Ainda na alínea “e”, o contraditório e a ampla defesa referem-se ao fato 
de o perito contábil dar às partes oportunidades igualitárias, isonômicas, 
para se manifestarem e defenderem seus pontos de vista e interesses 
no processo judicial.
37
Agora, na alínea “g”, quando se diz que o perito contábil deve ser aberto, 
receptivo a críticas e argumentos, quer dizer que, se houver um ponto, 
um fato ou um documento trazido pelas partes que altere o que o 
Perito Contábil admitia sobre algo, ele pode perfeitamente modificar 
ou retificar seu posicionamento, sendo algo natural de acontecer. No 
contexto do zelo profissional, o Perito Contábil deve esmerar-se em 
cálculos, estudos, exames de documentos e investigações para evitar 
erros que possam – ainda que somente na aparência – indicar falta de 
diligência na elaboraçãodos trabalhos periciais.
1.2 Detalhes do zelo profissional
Diz a Bíblia Sagrada, no livro de Eclesiastes, capítulo 10, versículo 1, que 
“qual a mosca morta faz o unguento do perfumador exalar mau cheiro, 
assim é para a sabedoria e a honra um pouco de estultícia” (BÍBLIA, [s.d.]). 
Com sua vivência, o autor bíblico, provavelmente o Rei Salomão, argumenta 
que, se alguém sábio e honrado tiver por um momento de lapso um 
comportamento estúpido ou desarrazoado, toda a sua sabedoria e sua 
honradez serão esquecidas por todos, prevalecendo a sua estupidez.
Outrossim, por sua vez, há um ditado popular que diz “o diabo mora nos 
detalhes”, o que pode ser considerado correto, uma vez que grandes 
empreendimentos, projetos ou trabalhos podem apresentar falhas 
incontornáveis em seus detalhes. Por exemplo, uma tropa de um exército 
bem armado e treinado pode ficar inoperante se o alimento ou a água dos 
soldados estiver contaminado. Por outro lado, esse ditado indica que a 
atenção e o zelo para pequenas coisas trazem resultados compensadores.
Dessa forma, o perito contábil deve sim esmerar-se por um trabalho 
de natureza técnica e científica. Porém, nos passos e nas etapas de seu 
trabalho pericial, ao lidar com partes estressadas pelo conflito existente 
e pelas perdas suportadas, bem como com magistrados, advogados, 
outros contadores, serventuários da justiça ou das câmaras arbitrais, 
não pode se descuidar ou não ter zelo com os detalhes do que faz.
38
Assim, a NBC PP 01 (CFC, 2020a) coloca que a “transparência e o respeito 
recíprocos entre o perito nomeado e os assistentes técnicos pressupõem 
tratamento impessoal, restringindo os trabalhos, exclusivamente, ao 
conteúdo técnico-científico”. Caso o perito contábil contrate outras pessoas 
para o ajudar no desenvolvimento do trabalho pericial, deve ter em mente 
que permanece responsável pelo trabalho de sua equipe técnica.
Tendo sempre todo o zelo com o cumprimento de prazos, quando 
não for possível concluir o Laudo Pericial Contábil no prazo fixado 
pela autoridade competente, segundo a NBC PP 01 (CFC, 2020a), “deve 
o perito nomeado requerer a sua dilação antes de vencido aquele, 
apresentando os motivos que ensejaram a solicitação”. Reforça-se que 
isso é uma petição que se faz ao juiz de Direito, que pode ou não deferir 
o que se pede. O que aqui se diz no âmbito jurisdicional aplica-se com 
adaptações à esfera arbitral.
Na perícia extrajudicial, em particular na Arbitragem, o perito deve 
estipular os prazos necessários para a execução dos trabalhos e 
a descrição dos serviços a executar na proposta de trabalho e os 
honorários, e posteriormente no contrato de prestação de serviços 
firmado com o contratante. No trabalho pericial, segundo a NBC TP 01 
(R1), uma diligência são todos os:
[...] atos adotados pelo perito, inclusive, comunicações às partes e seus 
assistentes, na busca de documentos, coisas, dados e informações e outros 
elementos de prova necessários à elaboração do trabalho pericial; e, ainda, 
o trabalho de campo na busca de elementos necessários que não estejam 
juntados aos autos. (CFC, 2020b)
Assim, “a realização de diligências, para a busca de elementos de provas, 
quando necessária, deve ser comunicada aos assistentes técnicos com 
antecedência legal” (CFC, 2020b). Dessa forma, recomenda-se que o 
Perito Contábil, quando fizer diligências, comunique-se formalmente 
com o agente, que é detentor da informação e do documento, bem 
como faça, paralelamente, a inserção de sua diligência também nos 
39
autos do processo judicial para a publicidade dos atos periciais. 
É importante reforçar que tudo o que se diz sobre um processo 
judicial aplica-se na esfera extrajudicial, como a Arbitragem, mas com 
adaptações.
2. Plano de trabalho e honorários periciais
Conforme descreve Sá (2019), o “plano de trabalho em perícia contábil 
é a previsão, (...) para a execução das tarefas, no sentido de garantir 
a qualidade dos serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião ou 
resposta.” Além disso, pontua que este deve ter a seguinte estrutura em 
termos de fases ou etapas:
1. Pleno conhecimento da questão (se for judicial, pleno conhecimento 
do processo).
2. Pleno conhecimento de todos os fatos que motivam a tarefa.
3. Levantamento prévio dos recursos disponíveis para exame.
4. Prazo ou tempo para a execução das tarefas e entrega do laudo ou 
parecer.
5. Acessibilidade aos dados (se depende de muitos locais, com 
deslocamentos, burocracias etc.).
6. Pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados e 
confiabilidade de documentação.
7. Natureza de apoios, biblioteca, computadores e outros, se 
necessários. (SÁ, 2019, p. 28)
A sugestão de Sá (2019) para a elaboração do plano de trabalho pericial 
é oportuna. Com base nisso, o Perito Contábil pode estimar as horas 
de trabalho que desenvolverá e o consumo de estrutura logística. 
Por exemplo, em termos hipotéticos, para pedido dos honorários, ele 
pode fazer em seu plano de trabalho uma planilha com as seguintes 
características:
40
Quadro 1 – Exemplo de planilha com o critério e o raciocínio para o 
pedido de honorários periciais – Dados hipotéticos
Quanto ao orçamento de elaboração do Laudo Pericial Contábil
Atividades a serem efetuadas para a confecção 
do Laudo Pericial Contábil (LPC)
Horas de 
trabalho 
do perito
Valor da hora de trabalho = R$ 731,69, 
(referência de 2021, SESCON RS), 
com rebate de 35% 
(R$ 731,69 x 0,65 = R$ 476,00)
1
Leitura e análise detalhadas das razões 
técnicas das partes, constantes, entre outros, 
da inicial, das contestações, dos laudos, dos 
pareceres, das certidões, das decisões dos 
tribunais, dos cálculos apresentados etc. Exame 
dos documentos constantes dos autos.
12 5.712,00
2 Realização de cálculos, simulações e análise de resultados. 6 2.856,00
3
Realização de pesquisas bibliográficas e de outras 
pesquisas que contribuam para a elucidação 
dos pontos controversos do processo judicial.
2 952,00
4
Elaboração de termos de diligência. Análise 
das respostas e dos documentos apresentados 
em função dos termos de diligência.
2 952,00
5 Reunião ou comunicação com assistentes técnicos das partes. 1 476,00
6 Elaboração do LPC com conclusões e respostas aos quesitos dos assistentes técnicos das partes. 8 3.808,00
7 Edição, montagem e revisão final do LPC. 2 952,00
8 Resposta aos pedidos w esclarecimentos e às contestações apresentadas pelas partes. 2 952,00
 
Total 1 – Trabalho da perícia – (A): 35 16.660,00
 
  Quanto aos trabalhos de logística necessários para o exercício da perícia
 
Deslocamentos etc. Quant. Quilometragem (em km)
Valor 
quilometro 
rodado 
(em R$)
Total 
(em R$)
1
De Jundiaí a São Paulo: 130 km, 1h30 de 
percurso (um sentido), incluindo pedágios 
e estacionamento, ida e volta.
3 130 0,85 331,50
SUBTOTAL LOGÍSTICA       331,50
1
Aluguel de sala de reunião para 
encontro com assistentes técnicos. 1 - 450,00 450,00
Total 2 – Logística – (B) 781,50
Total (A + B) (honorários projetados) 17.441,50
Honorários solicitados 17.400,00
Obs.: quadro não oficial, apenas uma referência.
Fonte: adaptado de SESCON RS (2021).
41
É importante ressaltar que a referência não oficial de valor da hora 
de trabalho do Perito Contábil é um quadro produzido pelo SESCON 
RS (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Rio Grande do 
Sul), uma vez que o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) opta por 
não produzir quadros dessa natureza sob o risco de isso caracterizar-
se como regulamento de preços em um mercado livre de serviços 
contábeis. Porém, é oportuno se ter essa referência informal.
Conforme Quadro 1, a sugestão é pedir honorários no valor de 65% 
da referência do SESCON RS, com seu critério próprio, ponderando 
o mercado de serviços contábeis, a economia e o seu potencial de 
trabalho. Cada perito contábil tem total liberdade e autonomia para 
propor os honorários que serão suportados pelas partes em um 
processo judicial, mediante homologação do juiz de Direito. Na esfera 
arbitral,adaptem-se os procedimentos.
Sá (2019) propõe esta orientação para um plano de trabalho do perito 
contábil:
Os planos periciais possuem conteúdo suficiente para que a opinião seja 
transmitida pelo perito, assim como possa satisfazer os que requereram 
a verificação e opinião. Não há como padronizar, pois muitos são os 
casos que ocorrem [...]. O importante é que os planos sigam os itens que 
compõem o objeto de indagação. Assim, por exemplo, em uma perícia 
administrativa em que se examina a atuação de um chefe de almoxarifado, 
o objetivo é saber se ele desviou materiais do estoque, visto que há uma 
acusação de que ele tem vendido materiais a atravessadores, tirando 
proveito próprio, e de que o último inventário feito não conseguiu apurar 
diferenças.
Percebe-se, no caso, que a possibilidade é a da manipulação nos registros 
de movimentação. Podem ocorrer duas hipóteses básicas: compras 
registradas com entradas “a menor” ou saídas “a maior”. O plano deve 
girar em torno de tais verificações. O conteúdo seria verificar as “entradas” 
contra as notas de compras e as “saídas” contra as requisições, e estas 
contra as ordens de produção. Isso porque, partindo-se das notas fiscais 
42
de compras, se o registro de entrada foi “a menor”, logo isso será acusado; 
partilhando-se das ordens de fabricação contra as notas de requisições de 
estoques, deve-se, também, se houver, detectar a diferença. Isso porque os 
“saldos” de cada item do estoque conferem com os “levantamentos físicos” 
que foram realizados. (grifo nosso). (SÁ, 2019, p. 34)
Assim, percebe-se que o plano de trabalho do Perito Contábil é flexível 
e adaptável a cada caso. Além das razões naturais de um planejamento, 
é fundamental que ele seja feito, pois o pedido de honorários é feito em 
função dele.
3. Atividades do Perito Contábil sob a ótica do 
Novo Código de Processo Civil
Sá (2019) diz que o Novo Código de Processo Civil (NCPC), Lei n. 
13.105, de 16 de março de 2015, obviamente no âmbito jurisdicional, 
trata da aplicação das normas processuais fundamentais. Na esfera 
da Arbitragem, com grau maior de liberdade, deve-se adaptar os 
procedimentos. Assim, o NCPC preceitua o seguinte quanto ao Perito 
Contábil.
Artigo 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico 
que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver 
requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício 
ou requerida por ambas as partes.
§ 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos 
honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente.
§ 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será 
corrigida monetariamente e paga de acordo [...].
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de 
beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser: I–custeada com 
43
recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor 
do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado; II–paga com recursos 
alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no 
caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado 
conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do 
Conselho Nacional de Justiça. (BRASIL, 2015)
Ainda sobre a atividade do Perito Contábil, preceitua o NCPC:
Artigo 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato 
depender de conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente 
habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em 
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado [...]
§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado 
pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá 
recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente 
detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.
Artigo 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe 
designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do 
encargo alegando motivo legítimo.
§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da 
intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de 
renúncia ao direito a alegá-la [...].
Artigo 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas 
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado 
para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, 
independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz 
comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas 
que entender cabíveis. (BRASIL, 2015)
Também estabelece estes procedimentos para a Perícia Contábil:
44
Artigo 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e 
fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação 
do despacho de nomeação do perito: I–arguir o impedimento ou a 
suspeição do perito, se for o caso; II–indicar assistente técnico; III–
apresentar quesitos.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I–
proposta de honorários; II–currículo, com comprovação de especialização; 
III–contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde 
serão dirigidas as intimações pessoais.
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, 
manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará 
o valor, intimando-se [...].
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos 
honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo 
o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e 
prestados todos os esclarecimentos necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a 
remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho [...]. (BRASIL, 2015)
Em complemento, sobre as atividades do Perito Contábil, segundo o 
NCPC:
Artigo 473. O laudo pericial deverá conter: I–a exposição do objeto 
da perícia; II–a análise técnica ou científica realizada pelo perito; III–a 
indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser 
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento 
da qual se originou; IV–resposta conclusiva a todos os quesitos 
apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem 
simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
45
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem 
como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico 
do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos 
podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, 
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da 
parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo 
com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos 
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
Artigo 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz 
ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. (grifo nosso). 
(BRASIL, 2015)
Sobre os grifos anteriores, esclarece-se o seguinte:
a. A indicação da metodologia utilizada pelo perito contábil para a 
produção da prova pericial é fundamental, pois é a metodologia 
adequada que robustece a conclusão do trabalho pericial. Nesse 
ponto, é como se fosse, em um trabalho científico, desenvolver uma 
pesquisa com correta metodologia, aceita na comunidade acadêmica.
b. Os quesitos apresentados pelas partes, pelo juiz de Direito ou 
pelo Ministério Público devem ser convenientemente respondidos 
e esclarecidos pelo Perito Contábil. Lembre-se de que quesitos 
são perguntas apresentadas no bojo do processo judicial antes 
daperícia, ou seja, pontos que as partes, o juiz ou o Ministério 
Público entendem que precisam ser esclarecidos para a solução 
da controvérsia e do conflito.
c. Caso o perito contábil perceba que alguns quesitos lançados 
pelas partes são eminentemente procrastinatórios ou alheios ao 
objeto da perícia, deve registrar em sua resposta, com habilidade, 
diplomacia e rigor técnico.
d. Apesar de o laudo pericial ser um documento técnico, ele vai 
ser utilizado por magistrados e outros agentes que não são 
46
especializados em Ciências Contábeis; em função disso, o linguajar 
do laudo pericial tem que ser acessível e compreensível pelas 
pessoas em geral.
e. O Perito Contábil deve ter total zelo em não emitir opiniões 
pessoais sobre algo, já que isso não é cabível. O que ele 
afirmar deve ter lastro no trabalho pericial realizado, segundo 
metodologia científica apropriada.
f. O perito contábil deve fazer uma petição formal e inseri-la nos 
autos do processo judicial, a fim de contribuir para a publicidade 
de seus atos periciais e vincular as partes ao assunto, bem como 
propiciar tratamento igualitário e isonômico às partes.
4. Conclusão
Não há como exagerar a importância do zelo profissional para o Perito 
Contábil. É claro que todo profissional deveria ser zeloso com o que faz, 
mas para o Perito Contábil isso é ainda mais relevante. Com seu trabalho 
na produção do laudo pericial, ele indica o que é verdadeiro, e um 
magistrado na esfera jurisdicional ou no âmbito arbitral utiliza essa verdade 
evidenciada, com metodologia científica, para decidir a solução do conflito.
Assim, o Perito Contábil deve desenvolver seu trabalho com toda a 
atenção e zelo. Ele deve dar atenção para as grandes coisas e, sem 
preciosismo improdutivo, para as coisas pequenas também, verificando 
os detalhes que podem esconder perigos processuais.
Referências
BÍBLIA [on-line]. Eclesiastes 10:1. [s.d.]. Disponível em: https://www.bible.com/pt/
bible/1608/ECC.10.1.ARA. Acesso em: 7 jun. 2021.
47
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 
Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jun. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília: 
Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 7 junho 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. 
Aprova a NBC PG 01-Código de Ética Profissional do Contador. 2019. Disponível 
em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/
NBCPG01&arquivo=NBCPG01.doc. Acesso em: 22 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC PP 01 (R1), de 19 de março de 
2020. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito contábil. 2020a. 
Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/
NBCPP01(R1)&arquivo=NBCPP01(R1).doc. Acesso em: 15 abr. 2021.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. NBC TP 01 (R1), de 19 de março de 
2020. Dá nova redação à NBC TP 01, que dispõe sobre perícia contábil. 2020b. 
Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/
NBCTP01(R1)&arquivo=NBCTP01(R1).doc. Acesso em: 15 abr. 2021.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Manual de Perícia Contábil. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5. ed. Curitiba: 
Positivo, 2010.
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia Contábil. 2. ed. São Paulo: Senac, 2016.
MOURA, Ril. Perícia Contábil: Judicial e Extrajudicial. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas 
Bastos, 2020.
SÁ, Antônio Lopes de. Perícia contábil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
SESCON RS. Tabela referencial de honorários 2021. 2021. Disponível em: http://
www.sesconrs.com.br/tabela-referencial-de-honorarios-2021/. Acesso em: 7 jun. 
2021.
48
Teoria e Prática do trabalho do 
Perito Contábil
Autoria: Nelson Bueno de Oliveira
Leitura crítica: Elvis Araujo Albertin
Objetivos
• Compreender a importância do conhecimento 
acadêmico e teórico e da metodologia científica para 
o trabalho do Perito Contábil.
• Conhecer a prestação de esclarecimentos ao 
julgador e às partes, após a entrega do laudo 
pericial.
• Estudar casos práticos de perícia contábil e modelos 
de documentos a serem produzidos.
• Conhecer o que seria o padrão de um trabalho 
pericial contábil adequado.
49
1. Conhecimento acadêmico e teórico. 
Metodologia científica no trabalho pericial.
O vocábulo teoria, conforme definido no Dicionário de Aurélio Buarque 
de Holanda Ferreira, em sua 5ª edição, de 2010 (FERREIRA, 2010), 
significa o conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou de uma 
ciência; doutrina ou sistema fundamentado nesses princípios; conjunto 
de conhecimentos que possuem graus de sistematização e credibilidade, 
que se “propõem explicar, elucidar, interpretar ou unificar um dado 
domínio de fenômenos e acontecimentos que se oferecem à atividade 
prática” (grifo nosso). É um conjunto sistemático de conhecimentos que 
não entram em contradição com os axiomas e os teoremas aceitos em 
um ramo científico. Assim, pode-se perceber que a teoria é derivada 
de práticas que ficam consagradas e consolidadas em um determinado 
campo de conhecimento científico.
Ainda segundo esse dicionário (FERREIRA, 2010), axioma é uma 
premissa evidente que se admite como universalmente verdadeira 
sem necessidade de ser demonstrada. É uma proposição verdadeira e 
dela derivam teorias dentro de um sistema lógico e matemático (ex.: a 
menor distância entre dois pontos é configurada por uma linha reta). 
Já um teorema é uma proposição que, para ser aceita, necessita de 
demonstração lógica e matemática (ex.: o teorema de Pitágoras propõe 
que, em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à 
soma dos quadrados dos catetos).
Naturalmente, ressalta-se que as Ciências Contábeis são um ramo das 
Ciências Sociais, ou seja, os números reportados pela Contabilidade são 
decorrentes de julgamentos, decisões e arbitramentos humanos. Nesse 
sentido, seus números são diferentes dos números das Ciências Exatas, 
como os da Matemática.
Sá (2019), de maneira categórica, afirma o seguinte:
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Se o perito é inquirido, por exemplo, sobre a capacidade de liquidação 
(pagamento) de uma empresa, não basta ao perito informar que existe ou 
não um poder de solvência; necessária se torna a justificativa pertinente, 
bem como a argumentação teórica sólida sobre o que foi respondido, 
inclusive com citações de autores clássicos e de reconhecida competência.
Se um quesito indaga se um capital foi ou não suficiente para a exploração 
de determinado negócio e se os dirigentes se omitiram em realizar 
aportes ou buscar recursos próprios, a resposta deverá alicerçar-se em 
argumentos que só a ciência contábil tem condições de oferecer.
Se a dúvida a esclarecer é sobre preço de mercado de um ativo 
imobilizado, é preciso que o perito argumente sobre o que é pertinente na 
teoria do valor sob a ótica contábil, fazendo ver que nem sempre é o que 
o mercado dita, mas o que deveras vale funcionalmente um componente 
patrimonial, (...).
Se a indagação de opinião versasse sobre uma indenização em base de 
lucros cessantes, a argumentação deveria ser buscada na teoria do rédito* 
e na do risco. (...)
Uma opinião técnica sem o embasamento científico é apenas subjetiva e 
pode ter falhas, que podem ser facilmente contestáveis. (grifo nosso). (SÁ, 
2019, p. 234)
Explica-se que rédito (*), citado no trecho anterior, é o conceito 
atrelado ao resultado da atividade econômica das entidades que 
provoca uma variação patrimonial positiva ou negativa, mas sem que 
isso seja decorrente de uma providência dos proprietários, como 
uma integralização de capital. Quando uma entidade apresenta lucro, 
provoca com a constituição das reservas de lucro um aumento do 
Patrimônio Líquido (PL).
Porém, o ponto fundamental abordado por Sá

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