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Aspectos Conceituais de Seguros

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INTRODUÇÃO ATUARIAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Michel Dias Correa 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Os seguros estão presentes na vida de qualquer pessoa. Desde os 
primórdios, quando as Grandes Navegações se iniciaram, as operações de 
seguro também começaram, mesmo que de maneira bem rudimentar. 
A evolução foi inevitável, chegando aos dias de hoje, em que o mercado 
de seguros possui forte regulamentação, garante coberturas das mais variadas 
a toda a população e se apresenta como uma excelente área de estudos e de 
trabalho. 
Importante é saber não somente como funciona o mercado de seguros na 
prática, mas também as diferenças conceituais entre os diversos tipos de 
seguros, as instituições públicas e privadas que os regulamentam, além de toda 
a parte legal que norteia as operações entre seguradoras e segurados. 
É exatamente isso que começaremos a ver agora: os aspectos 
conceituais e legais dos seguros, vindos desde a época das Grandes 
Navegações até os dias atuais. 
CONTEXTUALIZANDO 
Você já comprou um carro ou já pensou em comprar? Você já comprou 
um imóvel ou já pensou em comprar? Esses itens podem ser muito caros, então 
você já comprou um celular ou pensou em comprar? É mais provável que sim. 
Pois saiba que até mesmo os celulares já possuem seguros disponíveis para 
alguns modelos. 
E se não existisse o seguro? O que aconteceria quando ocorre um 
acidente de carro em que o lado culpado notadamente não tem recursos para 
arcar com os prejuízos de todos? O seguro serve para isso: para “comprar” os 
riscos das operações mediante o recebimento de um valor chamado de prêmio. 
O que você consideraria na hora de contratar um seguro de veículo, que 
é um dos mais comuns no Brasil? O que faria uma seguradora ser considerada 
boa na sua opinião? São muitas questões e até agora nenhuma resposta, mas 
conforme você for lendo o material desta aula ficará claro o que deve ser 
considerado no momento da contratação de um seguro, seja para o celular, para 
a casa, para o carro ou para a vida. 
TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DE SEGUROS 
 
 
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Os seguros estão presentes na vida de todas as pessoas, quer elas 
queiram ou não. Muitas vezes nós fazemos seguros mesmo sem querermos, 
como é o caso dos veículos e de financiamentos imobiliários. A partir de agora 
nós veremos os aspectos conceituais de seguros no mundo, em Portugal e no 
Brasil. 
1.1 A história do seguro no mundo 
Em algum momento da sua vida você já fez ou deve ter pensado em fazer 
um seguro, seja qual for a razão específica. Pode ser para um veículo, para sua 
casa, um seguro de vida ou até mesmo ligado a atividades profissionais. Os 
seguros estão muito presentes em nossa vida, e isso ocorre praticamente em 
todos os momentos dela. 
Para entender melhor os aspectos conceituais dos seguros, é necessário 
que nós tenhamos em mente que o seguro, de uma maneira mais ampla, surge 
para realizar o controle de algo que nós, apenas com a nossa própria vontade, 
não conseguimos fazer: o risco. 
O seguro é algo muito antigo em sua operacionalidade, pois já na 
Babilônia – e isso há mais de 2 mil anos antes de Cristo – as caravanas com um 
grande número de camelos que cruzavam o deserto arcavam, em conjunto, com 
os prejuízos decorrentes da morte dos animais, expostos à mais cruel das 
intempéries naturais: a secura extrema desértica. Também na porção de terra 
onde hoje está localizada a China e na época do Império Romano, os seguros, 
ou algo próximo a isso, eram operacionalizados por meio de associações com o 
objetivo de ressarcimento de prejuízos de seus membros (Larramendi et. al, 
1997). 
Na China antiga, os comerciantes já reduziam os riscos nas operações 
com base em um princípio bem simples, o de não colocar todos os ovos dentro 
de uma mesma cesta. É claro que eles não viajavam com cestas e sim com 
carregamentos que completavam o espaço de cargas de um navio inteiro. Para 
evitar o problema de um navio afundar e todas as mercadorias serem perdidas, 
eles se juntaram entre si e passaram a distribuir de maneira igualitária e 
proporcional não somente os riscos, mas também as mercadorias a serem 
transportadas. 
No vídeo disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=QuuwYAriO
uU> fica mais clara essa forma de ajuda que os grandes navegadores utilizavam 
 
 
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de maneira constante para diminuir as perdas associadas aos eventos que eles 
não conseguiam gerenciar. E isso acontecia não apenas com embarcações 
chinesas, mas também com as embarcações árabes e com os camelos, os quais 
levavam uma parte dos bens de cada dono e não tudo. Caso ocorresse algo 
inesperado com um camelo, as perdas seriam bem menores. 
Logo após o Renascimento veio um período em que era maior a 
quantidade de negociação de mercadorias, algo que era denominado 
Mercantilismo. Naquele momento da história da humanidade, o gerenciamento 
de riscos ganhou mais importância ainda. Naquela época, o que havia era uma 
forma de seguro diferente da que temos hoje em dia, mas que era bem viável 
para os navegadores. Vamos ver como ela funcionava. 
Em uma grande viagem, se ocorresse sucesso no transporte, o 
equivalente ao segurador da época cobrava um valor do comerciante que 
realizou a viagem caso ele chegasse ao seu destino ileso, algo como o prêmio 
do seguro, conforme temos atualmente. Caso ocorresse algum fato inesperado 
e o navegador perdesse todo o seu produto durante o transporte, esse segurador 
pagaria todo o valor da carga, a qual já havia sido avaliada antes da embarcação 
zarpar. 
Nessa época, o seguro era operacionalizado por pessoas e não por 
empresas, e era comum a desconfiança por parte dos contratadores em relação 
a um eventual acionamento em caso de acidente, o que temos hoje como 
sinistro. 
A coisa foi evoluindo em forma e estrutura, e no ano de 1347, em Gênova, 
na Itália, há o registro da confecção do primeiro contrato de seguro do mundo, 
com diversas cláusulas que isentavam as empresas seguradoras do pagamento 
em caso de sinistros. Consequentemente, em 1385 e 1397 as primeiras apólices 
foram firmadas, respectivamente em Pisa e em Florença, ambas cidades 
italianas. 
Até que chegou a Revolução Industrial e o seguro se tornou algo tão 
comum que era peça quase obrigatória na formação de uma nova indústria. 
Desde aquela época até os dias de hoje, os processos produtivos e de 
distribuição têm potencial de gerar prejuízos enormes em eventualidades 
negativas como sinistros. Por essa razão, a atividade de uma empresa 
seguradora acaba por se tornar uma atividade de cunho social, pois garante a 
continuidade das atividades dentro de uma região qualquer. 
 
 
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1.2 A história do seguro em Portugal 
Considerando que o Brasil é uma ex-colônia portuguesa, não só nossos 
costumes como sociedade, mas também nossa herança comercial e de práticas 
mercantilistas é devida aos nossos descobridores. Por essa razão foi separado 
um tópico para que possamos ver como se estruturou o seguro em Portugal e, 
consequentemente, o que nós acabamos por adotar aqui. 
Inicialmente, no ano de 1293, o Rei D. Diniz de Portugal estabeleceu que 
os seguros deveriam ser exclusivamente destinados às atividades marítimas. 
Afinal de contas, Portugal era uma nação conquistadora, e tais conquistas eram 
predominantemente obtidas por vias marítimas. Então podemos imaginar que 
não somente as grandes descobertas, mas também prejuízos gigantescos 
derivavam das operações marítimas portuguesas. 
É de lá que vem o termo prêmio para os seguros, pois os mercadores 
pagavam quantias sobre as embarcações, as quais estavam vinculadas àsoperações futuras planejadas para cada uma delas. 
No ano de 1370, foram criadas as bolsas do Porto e de Lisboa por D. 
Fernando I, que determinou o pagamento de dois por cento sobre o valor das 
embarcações. Mas foi apenas em 1529 que o cargo de escrivão de seguros foi 
criado. Menos de três décadas depois, em 1552, foi criado um dos mais antigos 
tratados de seguros de toda a história, que é o Livro de Pedro de Santarém. 
Saiba mais 
Há mais informações sobre Pedro de Santarém em: 
<http://santaremhistorico.blogspot.com.br/2009/11/pedro-de-santarem.html>. 
Em 1578 foi criada a atividade do profissional responsável pela regulação 
dos seguros, que era o corretor de seguros. Ele tinha uma remuneração prevista 
de cinco vezes a do escrivão de seguros, e os seguros, a partir de então, só 
seriam considerados válidos se passassem pelas mãos de um corretor. 
Mas foi apenas em 1791 que as companhias privadas de seguros 
puderam operar em Portugal, por meio da criação da Casa de Seguros de 
Lisboa, criando o Alvará Régio naquele ano. Com isso, surgiu quase que 
automaticamente a primeira companhia portuguesa de seguros, denominada 
Companhia Permanente de Seguros. 
 
 
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Na sequência dos anos, muitas empresas foram criadas, algumas delas 
tendo atividades até os dias atuais, mas com outras denominações. Tais 
alterações ocorreram em decorrência de fusões e aquisições entre empresas, 
mas a base das operações continuou a mesma. Os seguros foram basicamente 
os seguros de incêndio e os terrestres, chegando aos seguros de vida, sem 
negociação prévia. 
A Revolução dos Cravos, período em que ocorreu a nacionalização das 
empresas privadas, foi sucedida pela volta das empresas às mãos privadas, e 
em 1982 foi criada a Associação Portuguesa de Seguradores. Atualmente há um 
sem-número de empresas e serviços oferecidos concernentes a seguros, todos 
seguindo a tendência mundial de coberturas e obrigações para os segurados. 
1.3 A história do seguro no Brasil 
Seguindo os passos dos colonizadores, no Brasil o seguro apenas se 
desenvolveu após a vinda da Família Real Portuguesa e da consequente 
abertura dos portos, o que apenas ocorreu no ano de 1808. O seguro marítimo 
foi o primeiro a ser oferecido, naturalmente, e a companhia seguradora pioneira 
no Brasil foi a Companhia de Seguros Boa-Fé, também criada em 1808. 
O Banco do Brasil foi criado nesse mesmo ano, e embora hoje trabalhe 
com seguros e possua uma empresa que oferece exclusivamente este tipo de 
serviço, foi criado com o propósito de servir de suporte para a sede da Coroa 
Portuguesa, que se instalou em terras brasileiras. 
Saiba mais 
Quer saber mais sobre a história do Banco do Brasil desde a criação até 
os dias de hoje? Então acesse <http://www.bb.com.br/portalbb/page22,3669,36
69,22,0,1,8.bb?codigoNoticia=29857> e navegue pelos mais de 200 anos de 
história do banco. 
As leis portuguesas regularam a atividade securitária em território 
brasileiro até o ano de 1850, quando entrou em vigor o Código Comercial 
Brasileiro. Esse Código foi o responsável por profundos e mais elaborados 
estudos em termos de seguro marítimo. 
Os seguros terrestres também passaram a ser comercializados depois da 
entrada em vigor do Código e, embora proibido, o seguro de vida passou a ser 
comercializado em 1855. O mercado tinha tanta representatividade que, a partir 
 
 
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de 1862, algumas empresas estrangeiras começaram a operar em território 
brasileiro por meio da instalação de filiais. 
Um problema que começou a ocorrer é que essas empresas, ao 
recolherem dos clientes os valores relativos aos prêmios, enviavam-nos para as 
matrizes em países estrangeiros. Isso provocava uma verdadeira fuga de 
divisas, e em 1895 um dispositivo legal, a Lei n. 294, foi constituído, obrigando 
as empresas a reinvestirem o capital obtido no Brasil para fazer frente aos riscos 
assumidos por elas dentro do próprio país. Isso fez com que algumas empresas 
saíssem do mercado nacional, descontentes com o cenário legal instituído. 
Desde o século XIX o Brasil vem evoluindo muito em termos de legislação 
e práticas comerciais relativas aos seguros, e várias seguradoras estrangeiras 
já voltaram para território nacional. Atualmente as operações de seguro são 
fiscalizadas pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), fundada em 
1966. 
TEMA 2 – LEGISLAÇÃO DE SEGUROS 
Há várias legislações diferentes que versam sobre o seguro, impondo 
normas ou simplesmente detalhando o que pode ou o que não pode ser feito em 
termos securitários. 
Essa normatização possui uma hierarquização formal muito bem 
constituída, começando pela Constituição Federal e terminando nas leis 
ordinárias, passando pelas leis complementares e pelo próprio Novo Código 
Civil. Vamos ver essas legislações com mais detalhes a partir de agora. 
2.1 A Constituição Federal 
Não apenas no que concerne aos seguros, mas a qualquer ponto relativo 
à nossa vida cotidiana, a Constituição Federal é a lei maior. Significa dizer que 
não há dispositivo legal que possa se sobrepor à Constituição. 
Vejamos a seguinte situação: imaginemos que um município ou um 
estado brasileiro queira implantar um novo seguro-desemprego, talvez mais 
completo e abrangente do que o oferecido pelo Governo Federal. Como todas 
as prerrogativas do seguro-desemprego estão evidenciadas na nossa 
Constituição Federal, não há legislação que, direta ou indiretamente, possa 
alterá-la, sob o risco de se tornarem nulas antes mesmo de entrarem em vigor. 
 
 
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Outro exemplo, fugindo da parte securitária, para enfatizar o poder que a 
Constituição Federal possui nas nossas vidas está relacionado à segurança. 
Imagine que um governador ou um prefeito mais liberal resolva liberar o porte de 
armas a qualquer cidadão que resida em determinado estado ou cidade do 
Brasil. Ele simplesmente não poderá emitir dita lei, pois a Constituição Federal 
expressamente determina que é ela mesma quem define os critérios relativos à 
armamento e desarmamento no país. 
Portanto, ela pode, no máximo, delegar a autoridade para outros 
dispositivos legais, como leis ordinárias, lei complementares, decretos ou 
equivalentes. Mas se qualquer um desses dispositivos passar por cima de algum 
ditame constitucional, automaticamente perde a validade jurídica. 
Saiba mais 
Quer ficar por dentro de alguns aspectos adicionais sobre a Constituição 
Federal vigente no Brasil? Então acesse 
<https://www.youtube.com/watch?v=m5U2FgB5xzA> e aprenda mais. 
2.2 Legislação básica de seguros 
A despeito da possibilidade de se comercializar o seguro de vida em terras 
nacionais, uma das primeiras legislações específicas sobre o tema é o Decreto-
Lei n. 5.384, de 1943. Após essa regulamentação específica, promulgada 
durante a Segunda Guerra Mundial, apenas no ano de 1964 é que a profissão 
de corretor de seguros foi regulamentada, também por uma legislação 
específica, a Lei n. 4.594 daquele ano. 
Dois anos depois, em 1966, foi criado o Sistema Nacional de Seguros 
Privados, o qual regulava todas as operações de seguros em território nacional. 
No ano seguinte, o Decreto-Lei n. 261 dispunha sobre as sociedades de 
capitalização, que é uma operação muito comum no Brasil e que, embora 
formalmente não seja uma operação de seguro, assemelha-se muito a uma, pois 
normalmente assegura uma parcela de capital durante determinado período. 
Vários dispositivos legais durante esses anos apenas tratavam de 
regulamentar, corrigir ou extinguir outros dispositivos legais mais antigos, e a 
legislação pouco evoluiu em termos práticos. Apenas em 1968 foi que a Lei 
n. 5.488 incluiu a correção monetária nos casos de liquidação dos sinistroscobertos exclusivamente por contratos de seguros. 
 
 
9 
Fora isso, nada andou muito ou teve alteração significativa até quase o 
meio da década de 1970, quando, em 1974, entrou em vigor a Lei n. 6.194, já no 
final do ano, quase em 1975, estabelecendo o Seguro Obrigatório de Danos 
Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), ou por 
sua carga, a pessoas transportadas ou não. 
À época, esse seguro, obrigatório como o próprio nome dizia, alterou toda 
a dinâmica de funcionamento securitário no Brasil, pois obrigava todos os 
veículos a possuírem a cobertura, mesmo que não fosse vontade expressa do 
proprietário. Para entender como funciona melhor essa lei, em vigor até hoje, 
você pode acompanhar o desempenho do DPVAT, que é o seguro veicular 
obrigatório vigente no nosso país acessando 
<https://www.seguradoralider.com.br/Centro-de-Dados-e-
Estatisticas/Desempenho-DPVAT> (acesso em: 12 jul. 2018). 
Novamente vivemos mais uma década meio apagada em termos de 
criação de legislações específicas para os seguros, e apenas em 1984 é que 
entrou em vigor a Lei n. 7.278, alterando alguns dispositivos previamente postos 
em vigor quando da regulamentação da profissão de corretor de seguros, a qual 
havia ocorrido duas décadas antes, em 1964. 
Outra importante lei que entrou em vigor em 1989 e que trata de seguros 
é a Lei n. 7.944, que instituiu a Taxa de Fiscalização dos mercados de Seguro, 
de Capitalização e da Previdência Privada Aberta. Este último ponto, inclusive, 
era pouquíssimo utilizado pela população em geral, que contava com os serviços 
da seguridade social para garantir a aposentadoria ao final da vida laboral. 
Hoje em dia é muito comum encontrarmos pessoas que já optam por não 
serem mais dependentes do seguro social, buscando formas alternativas de 
acumulação de capital para garantir tranquilidade financeira na aposentadoria, 
mas isso não é um assunto específico de legislação de seguros. Portanto, 
sigamos com nossa revisão das leis. 
De qualquer forma, verificando o aumento que ocorreu por serviços 
ligados à previdência privada (que na prática é uma espécie de seguro), o 
governo publicou em 1998 o Regimento Interno do Conselho de Recursos do 
Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de 
Capitalização por meio do Decreto n. 2.824 daquele ano. 
Já no novo milênio, o Novo Código Civil estabeleceu em capítulo 
específico algumas regulamentações para os contratos de seguro. Do art. 757 
 
 
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até o art. 802 há uma série de especificidades acerca dos contratos de seguro, 
as quais devem ser seguidas tanto pelas empresas ofertantes dos serviços 
quanto pelos clientes, os segurados. 
TEMA 3 – CONTRATOS DE SEGURO 
Os contratos de seguro são instrumentos muito utilizados durante toda a 
nossa vida, mas dificilmente eles são obrigatórios. No Brasil não são muitos os 
seguros obrigatórios, como o de veículos e a seguridade social. 
Independentemente das modalidades de seguros, todas apresentam as mesmas 
características gerais, que norteiam a análise tanto da empresa seguradora 
como dos segurados. É exatamente isso que veremos neste tópico: as 
características gerais dos contratos de seguro. 
3.1 Características dos contratos de seguro 
O contrato de seguro é o instrumento formal que faz com que o segurador 
se obrigue a garantir os direitos legítimos do segurado evidenciados em apólice, 
riscos estes previamente determinados, desde que tenha sido acordado o 
pagamento do prêmio respectivo. 
No Brasil, para que um seguro possa ser comercializado, é necessário 
que uma entidade seja formalmente constituída para tal fim e que seja 
legalmente autorizada para comercializar contratos de seguro. 
Saiba mais 
Você conhece as características dos contratos de seguros e como você 
pode resolver problemas que podem ocorrer em decorrência deles? O vídeo 
disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=mrdsGKTB1FQ> explica 
detalhadamente tal situação. 
Voltando às características dos contratos de seguros, quais são os itens 
mais comumente encontrados em um contrato celebrado no Brasil? Vamos 
começar a ver essas características agora. 
A primeira coisa que um contrato de seguro deve ter é a comprovação do 
pagamento do prêmio, que pode ser feita com a exibição da apólice ou do bilhete 
de seguro ou por qualquer instrumento que comprove o respectivo pagamento 
do prêmio ao segurador. 
 
 
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Os riscos e os interesses a serem garantidos para os segurados 
precedem a proposta de seguro propriamente dita, pois devem inicialmente ser 
definidos os pontos e itens a serem cobertos e, na sequência, é feita a avaliação 
de risco. 
Vamos pensar em uma situação em que o segurado quer que o seu 
veículo fique segurado. Ele procurará uma seguradora com os detalhes do 
veículo, itens opcionais e eventuais coberturas adicionais, como para-brisa ou 
outros itens que normalmente não são cobertos. 
É um procedimento normal a seguradora querer os dados pessoais do 
futuro segurado para identificar os riscos a serem cobertos. A idade, por 
exemplo, pode indicar estatisticamente a probabilidade do envolvimento em 
acidentes. Já os endereços residencial e comercial indicam possibilidades de 
roubos e furtos, de acordo com os índices oficiais divulgados. 
De qualquer forma, o objetivo é deixar o preço do prêmio o mais justo 
possível para ambas as partes: o segurador e o segurado. 
A nulidade do contrato é uma característica muito importante para os 
acordos de seguro celebrados. Nessa parte do contrato serão definidas as 
situações em que a garantia oferecida ao segurado deixará de existir, 
normalmente proveniente de um ato doloso do segurado, de um beneficiário dele 
ou de um representante legal de qualquer um dos dois. 
Por exemplo, ainda considerando o seguro de veículos, caso um 
segurado tenha buscado os serviços de uma seguradora para garantir cobertura 
no caso de roubo ou furto e for comprovado que ele abandonou o veículo em 
local ermo para que este fosse roubado, está atestada a má-fé e o dolo por parte 
do segurado. 
Essa situação pode fazer com que o segurador declare o contrato como 
nulo, pois estava expressamente definido que qualquer ação dolosa por parte do 
segurado teria como consequência a nulidade contratual. 
Outra característica, embora pareça óbvia, é que apenas terão direito de 
indenização os segurados que estiverem adimplentes com os respectivos 
pagamentos. Pode ser que haja parcelas vincendas, ou seja, que ainda não 
venceram, mas o que não pode ocorrer é a existência parcelas já estejam 
vencidas e não pagas. Nessas situações o segurado não terá direito à 
indenização. 
 
 
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Partindo-se do pressuposto de que todos os lados agem de boa-fé, não é 
permitida a declaração inexata ou a omissão de dados que possam influenciar a 
empresa seguradora na tarefa de aceitar ou não os riscos e definir o preço do 
prêmio a ser pago. Vamos ver um exemplo? 
Imagine que o seguro de veículo prevê uma análise do perfil do futuro 
segurado. São perguntas simples, mas que englobam a rotina da pessoa. Se for 
perguntado se utiliza o veículo para realizar trabalhos como motorista, vendedor 
ou similar e a resposta for não, caso haja um sinistro durante o transporte de 
passageiros ou em deslocamento entre um cliente e outro, a seguradora pode 
se recusar legalmente a pagar a indenização com base no fato de ter havido 
omissão de fatos ou inexatidão nas informações prestadas no momento da 
formalização do contrato e da emissão da apólice. 
Não é apenas a empresa seguradora que possui obrigações em um 
contrato de seguros. O segurado também possui diversas obrigações, e entreelas está a de comunicar à empresa seguradora, no primeiro momento em que 
tiver conhecimento, quaisquer eventos que possam influenciar de alguma forma 
os riscos originalmente cobertos. 
Caso o segurado não comunique de maneira imediata e seja constatada 
má-fé por parte dele pela empresa seguradora, ele pode até mesmo perder o 
direito à garantia oferecida na apólice decorrente de eventos fortuitos. 
Exemplificando: se uma residência possui uma janela com problemas na tranca 
e o proprietário do imóvel não faz nada, mesmo sabendo que há o problema, se 
for comprovado pela seguradora a omissão do proprietário, no caso de um 
evento como um assalto ou um furto, nada será ressarcido pela empresa 
seguradora, pois o segurado não cumpriu com suas obrigações contratuais. 
A agravação de risco e a diminuição de risco são situações muito comuns, 
mas que não possuem o mesmo tratamento legal em se tratando de contratos 
de seguros. Vejamos a primeira situação: quando foi firmado um contrato de 
seguro de veículo, o proprietário declarou, verdadeiramente, que o carro possuía 
alarme antifurto. No entanto, devido a uma pane elétrica o alarme deixou de 
funcionar, não realizando o segurado a comunicação da agravação de risco à 
seguradora. 
Essa ocorrência deixou o veículo mais vulnerável ao risco de furto, já que 
não possuía qualquer dispositivo para evitar que isso ocorresse. Além disso, 
quando definiu o valor do prêmio, a seguradora considerou que o dispositivo 
 
 
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antifurto estaria disponível durante toda a vigência da apólice, funcionando no 
veículo. 
Dependendo do que seja o agravador do risco, a seguradora tem o direito 
de encerrar o contrato 15 dias após o recebimento da informação, comunicando 
o segurado diretamente. No entanto, tal encerramento contratual apenas será 
efetivo 30 dias após feita tal notificação, e os valores eventualmente pagos e não 
utilizados pelo segurado devem ser devolvidos pela seguradora. 
Se ocorrer o oposto, ou seja, houver uma diminuição do risco, que seria a 
situação inversa – por exemplo, um veículo que não possuía qualquer dispositivo 
antifurto e agora o possui –, isso não trará qualquer benefício obrigatório para o 
segurado e nenhuma obrigação para a seguradora. Só que, nesse caso, nada 
impede o segurado de solicitar uma revisão do prêmio pago e, em último caso, 
o encerramento do contrato se assim julgar justo. 
Quando ocorre um sinistro, o segurado deve comunicar imediatamente à 
seguradora e, a partir desse momento, todas as despesas de salvamento, desde 
o sinistro até o encerramento do contrato, devem correr por conta da empresa 
seguradora. 
Outro ponto que merece destaque é que, embora estejamos em níveis 
relativamente controlados de inflação, é obrigação do segurador efetuar a 
correção monetária dos valores devidos de indenização aos segurados, desde o 
momento do sinistro ocorrido até o efetivo pagamento. 
Há situações em que o segurador pode identificar um risco inexistente, o 
que o obrigaria a notificar ao futuro segurado sobre tal situação. Caso isso ocorra 
e o segurador ainda assim emitir a apólice, deverá pagar o valor estipulado como 
prêmio em dobro ao segurado. A título de exemplo, vamos verificar uma situação 
que é bem comum no Brasil. 
Você vai viajar e precisa fazer um seguro para cobrir os gastos com a sua 
viagem. Só que, ao comprar as passagens, você não se deu conta de que já 
havia um seguro de acidentes pessoais embutido no ticket emitido pela 
companhia aérea. Dessa forma, quando procurar uma seguradora, você levará 
os tickets emitidos para comprovar a sua viagem e solicitará uma cotação de 
seguro. Se a seguradora o emitir mesmo sabendo que você não necessita dele, 
há a situação de risco inexistente e a emissão da apólice sem necessidade e 
com ocorrência de má-fé por parte da seguradora. 
 
 
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A renovação do contrato de seguro pode ocorrer de maneira tácita, ou 
seja, automaticamente se estiver expressa no contrato de seguro, mas não 
poderá ocorrer mais de uma vez, devendo ser realizado novo procedimento de 
análise de riscos e, se for o caso, do perfil do segurado ou dos segurados. 
Normalmente a forma de pagamento mais utilizada pelas seguradoras é 
em dinheiro pelo valor equivalente à coisa segurada. Mas podem ocorrer 
situações em que seja convencionado em contrato o pagamento na forma de 
reposição da coisa ora segurada, dependendo da concordância expressa do 
segurado no momento da assinatura do contrato de seguro. 
Em termos gerais, essas são as características comuns a todos os 
contratos de seguros. É claro que, a depender do que esteja segurado, um 
contrato de seguro pode ter mais detalhes e minúcias, mas nunca fugirá do que 
foi visto neste tópico. 
TEMA 4 – ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR 
É muito importante que nós conheçamos a estrutura do mercado de 
seguros no Brasil. Até mesmo para saber aonde ir quando necessitamos de 
alguma informação mais específica é fundamental este conhecimento. Saber, 
por exemplo, que os seguros de saúde possuem uma regulamentação 
totalmente diferente de todos os outros seguros é algo que deve ser uma 
preocupação para quem pretende ingressar nesse mercado tão concorrido e 
aquecido quanto o de seguros. 
Afinal de contas, você conhece alguém que nunca tenha utilizado os 
serviços de um seguro, seja ele de qualquer natureza? Bem difícil, não é 
mesmo? Então vamos ver a partir de agora como está estruturado esse mercado 
no Brasil. 
4.1 Sistema Nacional de Seguros Privados 
O Sistema Nacional de Seguros Privados foi criado por consequência de 
um instrumento legal, o Decreto-Lei n. 73, de 1966, que no decorrer dos anos foi 
sofrendo alterações de leis posteriores e possui atualmente os seguintes órgãos: 
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), Superintendência de Seguros 
Privados (SUSEP) e resseguradores. 
 
 
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A SUSEP, por ser um dos mais importantes órgãos relacionados aos 
seguros no Brasil, merece destaque no nosso material. No vídeo 
<https://www.youtube.com/watch?v=B1kiZoxeOKM> (acesso em: 12 jul. 2018) 
apresenta-se a comemoração do cinquentenário dessa instituição, servindo de 
ferramenta para vocês aprenderem mais um pouquinho sobre essa instituição. 
A nossa explicação mais detalhada vai se iniciar com o CNSP, que 
hierarquicamente é o órgão supremo do setor de seguros no Brasil. Esse órgão 
tem o poder regulatório e, consequentemente, pode ditar as regras e definir as 
políticas gerais de seguros e resseguros no Brasil. Também pode exercer a 
regulação na criação, na organização, na inspeção e no funcionamento tanto das 
seguradoras quanto dos corretores de seguros. 
Com relação aos seguros privados no Brasil, é responsabilidade do CNSP 
a fixação de diretrizes e normas de seguros. Tem como presidente o Ministro da 
Fazenda e contém representantes de diversos setores governamentais, entre 
eles o Superintendente da SUSEP, membros dos Ministérios da Justiça e da 
Previdência e Assistência Social, além de integrantes da Comissão de Valores 
Mobiliários e do Banco Central do Brasil (SUSEP, 2018). 
A SUSEP é uma autarquia de nível federal e apenas não fiscaliza nem 
regula os seguros de saúde, fiscalizando também os mercados de previdência 
privada e de capitalização. O CNSP estabelece as políticas regulatórias e a 
SUSEP as põe em prática. 
Trocando em miúdos, é como se o CNSP fosse o chefe de um 
departamento e a SUSEP fosse a funcionária, colocando em prática tudo o que 
tenha sido definido previamente pelo chefe. Entre essas tarefas está a 
supervisão de toda a parte operacional das seguradoras, desde sua constituição, 
passando pelos possíveis arranjos constitutivos que possam ocorrer, chegandoà definição de limites operacionais praticados por elas. 
O terceiro componente do sistema são as resseguradoras, que possuem 
um papel importantíssimo no mercado de seguros, pois faz com que grandes 
apólices mantenham viabilidade, mesmo considerando a possibilidade de 
ocorrência de um sinistro com proporções gigantescas. 
Vamos imaginar uma empresa que trabalhe com mineração. Ela terá 
projetos muito grandes de exploração dos terrenos, e é certo que terá apólices 
vigentes para garantir a sobrevida das atividades operacionais. E se ocorrer 
algum sinistro e ela precisar acionar o seguro? É nesse momento que o 
 
 
16 
resseguro entra, garantindo que as seguradoras não quebrem por causa de 
eventos maiores. É uma diluição de uma apólice entre diversas seguradoras. É 
como se fosse o seguro das seguradoras. 
4.2 Seguros, previdência complementar e capitalização 
Compondo este item estão o IRB Brasil Resseguros, a Agência Nacional 
de Saúde Suplementar (ANS) e a Escola Nacional de Seguros. O primeiro é uma 
sociedade de economia mista, sendo o controle exercido o estatal. Até o ano de 
2007 foi o único ressegurador atuante no país. Desde 1996 tal monopólio já havia 
sido revogado pela Emenda Constitucional n. 13, mas apenas com a Lei 
Complementar n. 126, de 2007, é que o mercado efetivamente foi aberto. 
A ANS também é uma autarquia e foi criada por lei em 2000, sendo 
vinculada ao Ministério da Saúde. A finalidade da ANS é bem clara, que é a 
promoção da defesa dos interesses públicos na assistência suplementar à 
saúde. Portanto, todos os seguros de saúde no país são regulamentados e 
fiscalizados por este órgão. 
O último organismo da estrutura do mercado segurador é a Escola 
Nacional de Seguros, criada em 1971 para espalhar o ensino, a pesquisa e o 
conhecimento de seguros de forma mais ampla em todo o território nacional. 
Possui convênios com instituições de dentro e de fora do Brasil, atuando 
fortemente também na educação continuada, responsável pelo alto nível de 
conhecimento dos profissionais de seguro no nosso país. 
Desde 2005 oferece no Rio de Janeiro um curso superior com ênfase em 
seguros e em previdência, atestando seu alto nível de comprometimento com a 
profissão. Com sede no Rio de Janeiro, possui outras unidades regionais 
espalhadas pelo Brasil, todas comprometidas com o mesmo propósito da sede, 
que é a difusão do conhecimento no setor de seguros. 
TEMA 5 – SEGURO DE PESSOAS 
Os seguros de pessoas são muito requisitados não somente por 
profissionais, mas por aqueles que querem que suas famílias fiquem 
resguardadas caso ocorra um infortúnio e a pessoa venha a faltar. 
Mas um seguro de pessoas não serve apenas para cobertura em caso de 
morte. Há desde os seguros que cobrem a atividade profissional por uma doença 
 
 
17 
temporária até aqueles que cobrem uma invalidez total e permanente. Há 
também os que são comercializados em conjunto, mas como se fossem um só, 
pois já se identificou que as pessoas sempre os contratam como se fossem um 
só. Vamos identificar essas modalidades a partir de agora. 
5.1 Formas de cobertura 
Há duas formas diferentes para se contratar um seguro de pessoas: com 
cobertura de risco e com cobertura por sobrevivência. A primeira delas é a que 
veremos agora. 
As coberturas de risco são muito comuns e contam com grande 
quantidade de ocorrências e características. Por exemplo, pode-se contratar um 
seguro para cobertura de acidentes pessoais, invalidez temporária ou 
permanente, sendo ainda total ou parcial, coberturas por incapacidade laboral 
temporária, cobertura de doenças graves, da perda de renda, cobertura de 
despesas médicas e odontológicas, dentre mais uma ampla quantidade de 
possibilidades de contratação, desde que esteja associado o contrato de seguro 
a um risco de ocorrência de algo. 
Algumas necessidades são tão comuns que já estimularam as empresas 
seguradoras a formarem pacotes de seguros, pois foi identificada a necessidade 
conjunta de transferência de riscos. Os financiamentos imobiliários, por exemplo, 
são oferecidos com um seguro prestamista e com um seguro residencial. Esses 
dois tipos de seguro são vendidos como se fossem um só, ganhando uma 
identidade única e sendo caracterizados praticamente como uma única 
operação. 
Saiba mais 
Veja neste vídeo – <https://www.youtube.com/watch?v=d4iZPRMXFAs> 
mais sobre o seguro prestamista. 
No caso da cobertura por sobrevivência, os objetivos são a compensação 
de algo que não está completo na vida do segurado, por exemplo, para 
complementar a renda da aposentadoria ou para o custeio da educação dos 
filhos. Nesse caso, o responsável pela formação do capital que será utilizado é 
o próprio segurado, no que se chama de regime de capitalização. 
 
 
18 
Além de formarem o capital, esses recursos são associados a apólices de 
seguro, oferecendo segurança adicional aos segurados que, enquanto se 
capitalizam, mantêm-se segurados. 
A previdência privada é uma das formas mais buscadas ultimamente, pois 
o hábito de economizar para complementar a renda no futuro traz benefícios 
financeiros diretos, dado que diminui a dependência do seguro social, mas 
também gera benefícios indiretos como os seguros oferecidos em conjunto com 
esses planos. 
5.2 Formas de contratação 
Em se tratando de seguros de pessoas, a contratação pode ser realizada 
de maneira individual ou coletiva. Se for contratado na modalidade individual, 
esses seguros recebem contribuições exclusivamente do contratante. Quando 
um seguro é coletivo, ou seja, contratado por uma empresa para várias pessoas, 
essa empresa também pode capitalizá-lo, ou seja, incluir recursos em sua 
estrutura. 
Nesse caso, será a empresa que estipulará quem será o beneficiário e as 
condições para a retirada dos recursos por parte dos segurados. Para os casos 
de um seguro ser criado para garantir uma dívida, no momento do falecimento 
do segurado, por exemplo, a dívida deixará de existir, pois o seguro será 
acionado para quitá-la. 
Se houver algum saldo remanescente, ele deverá ser encaminhado aos 
herdeiros do segurado. Vejamos um exemplo: foi contratado um seguro para 
cobrir um financiamento realizado pelo chefe de determinada família. No 
momento da contratação, o seguro previa o pagamento total do financiamento, 
que estava em torno de R$ 150 mil. Passados alguns anos, a dívida foi 
diminuindo conforme o chefe dessa família ia pagando, e o valor a ser coberto 
foi sendo corrigido por índices oficiais. No momento do falecimento do chefe da 
família, a dívida estava em torno de R$ 70 mil, e o seguro cobria o total de R$ 180 
mil. Sendo assim, a cobertura serviu prioritariamente para a quitação da dívida 
a que estava atrelada, e a diferença, que era de R$ 110 mil, deverá ser 
encaminhada para os herdeiros do segurado. 
 
 
 
19 
Saiba mais 
Esta matéria mostra qual a melhor forma de contratar um seguro, 
considerando todas as variáveis possíveis que incidem nesse momento. Acesse 
<http://www.jornalahora.com.br/2017/07/31/qual-a-melhor-forma-de-contratar-
um-seguro/>. 
TROCANDO IDEIAS 
O que estimularia você a contratar um seguro? E o que faria você pensar 
duas vezes antes de contratar um? Itens como custo, riscos e os benefícios 
certamente serão considerados no momento da tomada de decisão entre a 
contratação ou não de um seguro. 
Poste no fórum um comentário citando um bem comum na vida dos 
brasileiros e as razões que fariam você procurar ou não procurar os serviços de 
uma seguradora, justificando de maneira clara sua decisão pela contratação ou 
não. 
NA PRÁTICA 
Você é funcionário de uma empresa seguradora e foi destacadopara 
realizar uma diligência em determinado bairro para verificar se os segurados 
ativos de fato deixam os veículos dormir nos endereços indicados. Por ser um 
bairro de classe alta, os índices de roubo são baixos, o que faz com que a 
seguradora cobre menos dos segurados. 
No entanto, houve denúncias anônimas de que segurados estariam 
forjando comprovantes de endereço para pagar menos pelos seguros, além de 
frequentarem faculdades e utilizarem os veículos com ferramenta de trabalho. 
Você tem duas semanas para realizar esta diligência juntamente com sua equipe 
de mais três pessoas. O que você e seus colegas de trabalho devem levar em 
consideração? Quais são as consequências possíveis do trabalho de vocês? 
Passos para resolução do problema 
Na identificação do que deve ser feito, você e sua equipe devem verificar 
os endereços informados como residenciais, comerciais e acadêmicos dos 
clientes a serem investigados. Após isso feito, deve ser conferido o perfil de cada 
 
 
20 
um: quem estuda deve ter informado que estuda, quem usa apenas para se 
deslocar até o trabalho deve realizar esse trajeto de maneira predominante etc. 
Se possível, entre em contato com o Departamento de Trânsito para 
solicitar o endereço em que os veículos estão registrados. Caso isso não seja 
possível, sua equipe deve dividir os veículos que receberam as denúncias para 
averiguar. 
No texto é apresentado o ponto em que, se houver omissão ou inexatidão 
por parte do segurado, a seguradora perde a obrigação de cobrir os prejuízos 
eventuais decorrentes de um sinistro. Essa é a chave para a resolução da 
situação-problema. 
Resolução do problema 
Você e sua equipe devem sair em busca das informações junto a órgãos 
oficiais ou de maneira independente. O objetivo é averiguar se houve inexatidão 
ou omissão por parte dos segurados em relação aos riscos que supostamente 
eles correm e ao perfil apresentado à seguradora. 
No caso de ser constatada tal situação, a seguradora pode produzir as 
provas que suportem a não cobertura por falta do segurado, deixando de 
indenizá-los na eventualidade de ocorrência de um sinistro. 
FINALIZANDO 
Os seguros são ferramentas tão presentes no nosso dia a dia quanto 
tomar um transporte público ou assistir a um telejornal. No entanto, é preciso 
conhecer suas origens, seus meandros legais e sua evolução histórica para 
saber os passos que esta área deu desde a sua origem até os dias atuais. 
Adicionalmente, é necessário que se saiba quais são os órgãos 
governamentais ou não que regulam a atividade securitária, definindo regras que 
devem ser seguidas tanto por seguradoras quanto por segurados. A exatidão de 
informações e a boa-fé são pressupostos básicos para que a relação entre 
seguradora e segurado seja a melhor possível, não importando se sinistros 
ocorram ou não. 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
AZEVEDO, G. H. W. de. Seguros, matemática atuarial e financeira. São 
Paulo: Saraiva, 2008. 
GOLDBERG, I. Direito de seguro e resseguro. Rio de Janeiro: Forense, 2012. 
(Série FGV Direito Rio) 
POLIDO, W. Contrato de seguro: novos paradigmas. São Paulo: Roncarati, 
2010. 
SUSEP – Superintendência de Seguros Privados. Apresentação. Disponível 
em: <http://www.susep.gov.br/menu/a-susep/apresentacao>. Acesso em: 12 jul. 
2018.

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