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TÉCNICAS DE UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA U 2 e 3 (2)

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TÉCNICAS DE UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
A NOVA SISTEMÁTICA DE UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO NCPC/2015.
1.PREVISÃO LEGAL
A Lei nº 13.105/2015, mais conhecida como o NCPC apresenta inovações em muitos aspectos, até mesmo por coisas simples, como trazer à legislação processual princípios já aplicados na vida prática.
A duração razoável do processo, a cooperação, a boa-fé e a própria paridade de tratamento entre as partes são apenas alguns dos muitos exemplos disso.
O NCPC, em seu artigo 926, mostra onde fincou suas bases, ao impor às Cortes o dever de uniformizar sua jurisprudência e de mantê-la coerente, estável e íntegra:
Tal regra visa a uniformização da jurisprudência da 2º instância, que além de conferir maior segurança jurídica aos jurisdicionados, busca garantir ainda maior celeridade da solução dos litígios.
Também determinou a observância, por juízes e Tribunais, de um amplo rol de decisões, enunciados e orientações, que abrangem: decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade (representa um procedimento de análise em relação à compatibilidade entre normas e a CRFB. Se a lei não estiver de acordo com a CRFB, ela será retirada do ordenamento jurídico.
enunciados de súmula vinculante e de súmulas do STF e do STJ; orientação do plenário ou órgão especial aos quais se vinculem; e, finalmente, acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de Recursos Extraordinário e Especial repetitivos:
“Art. 927 do CPC- Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados”. 
Não é toda decisão proferida por tribunal que gera precedente! O CPC, em rol taxativo, no artigo 927 estabeleceu quais decisões geram precedentes. 
 É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. 
Ex: alteração de um registro de nascimento para a mudança de sexo, depois de realizada cirurgia de redesignação sexual. Recentemente o STF permitiu aos trans mudarem nome e gênero direto no cartório
É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) quando houver, simultaneamente:
– efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;
– risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
 A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente. 
EXEMPLO DE IRDR: IRRELEVÂNCIA DO CONSENTIMENTO DA VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS PARA AFASTAR A TIPICIDADE DO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL . 
RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A CONSÓRCIO EM RAZÃO DE DESISTÊNCIA DO CONSORCIADO .
Declarado interesse público na Assunção de Competência, o Órgão Colegiado julgará a causa por inteiro, pronunciando acórdão vinculante a todos os juízes e Órgãos Fracionários (os órgãos de um tribunal podem ser divididos em Câmaras, Turmas ou Seções). 
Exceto os casos em que houver reexame de tese (Súmula 7: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na análise de variadas causas, impossibilitando o conhecimento do recurso isto é, o julgamento do mérito da questão). 
Visando garantir que os tribunais mantenham seus enunciados atualizados em conformidade com as súmulas editadas pelos tribunais superiores. Nota-se que a referida norma busca a uniformização interna da jurisprudência dos tribunais, no mais, confere maior força vinculante às decisões proferidas por órgãos mais qualificados.
Precedente é qualquer julgamento que venha a ser utilizado como fundamento de outro julgamento posteriormente proferido. É uma decisão judicial tomada em um caso concreto, que pode servir como exemplo para outros julgamentos parecidos. Nem toda decisão, ainda que proferida pelo tribunal, é um precedente.
EX: uma decisão que não transcender o caso concreto nunca será utilizada como razão de decidir de outro julgamento, de forma que não é considerada um precedente. Outro exemplo, uma decisão que se vale de um precedente para decidir, por uma razão lógica, essa decisão não pode ser considerada precedente, uma vez que sua base já o é um precedente. 
AS PRINCÍPAIS CLASSIFICAÇÕES DE LACUNAS
Existe na doutrina uma enorme gama de classificação das lacunas, com nomenclatura bastante variada, cada qual sob uma perspectiva diversa. As principais classificações acerca das lacunas. Maria Helena Diniz (2002) aponta que se dividem em autênticas e não-autênticas. 
AUTÊNTICA - será observada quando a lei não dispõe de resposta para determinado caso concreto.
NÃO – AUTÊNTICA - quando a lei apresenta uma solução indesejável para determinado fato-tipo. Considera-se que a solução prevista pela lei é insatisfatória. A autora observa que apenas a lacuna autêntica é uma lacuna jurídica, considerada propriamente dita, pois a não-autêntica é apenas uma lacuna política ou crítica.
Bobbio (1995), estabelece a existência de: LACUNAS REAIS - (iure conditio) e LACUNAS IDEOLÓGICAS ou IMPRÓPRIAS (iure condendo). Nessa classificação, as lacunas reais são: lacunas propriamente ditas, ausência de norma.
lacunas ideológicas/impróprias surgem a partir de uma confrontação entre o que é um sistema real e um sistema ideal, significando a ausência de norma justa.
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS JURÍDICAS 
BILATERALIDADE - é bilateral, vincula sempre duas partes, uma que exige a conduta e outra que presta tal conduta, atribuindo sempre poder a uma parte e dever a outra. Ex. O Estado tem o poder de exigir do contribuinte o imposto; O credor tem o poder de exigir do devedor o pagamento; O Estado tem o poder de exigir do cidadão uma conduta não criminosa, etc
b) GENERALIDADE – A norma jurídica não tem caráter personalíssimo, é preceito de ordem geral dirigida indistintamente a todos os indivíduos que se encontram na mesma situação jurídica
c) ABSTRATIVIDADE - A norma jurídica é abstrata, ou seja regulando as situações de modo geral e hipotético, não podendo regular os casos concretos sob pena de não prever todas as situações sociais possíveis.
d) IMPERATIVIDADE – Como principal característica, a norma jurídica é imperativa, ou seja, não é mera declaração de uma conduta, mas impõe-se quanto a seu cumprimento. 
e) COERCIBILIDADE - Que se traduz na possibilidade de uso da coação para o cumprimento da norma, seja através da intimidação (coação psicológica), seja pela possibilidade do uso da força (coação física).
DIMENSÕES DAS NORMAS JURÍDICAS: VALIDADE, VIGÊNCIA E EFICÁCIA. O CONCEITO DE VALIDADE JURÍDICA: ASPECTOS FORMAIS E MATERIAIS
A justiça da norma jurídica é a valoração da norma justa ou não justa. Não cabendo entendimento de justiça, e sim, o entendimento de que a norma jurídica pode ser justa ou injusta. No entanto, conforme afirma “Bobbio”, o problema se uma norma é justa ou não, é um aspecto de contraste entre o mundo real e ideal.
Validade da Norma:
Ao contrário da valoração de justiça, a Validade da norma jurídica é mais objetiva. Norma válida é aquela que tem valor, deve ser cumprida por ser legal (legalidade). 
Essa legalidade é percebida para a lei que se enquadra no seguintes itens: 
- Está implementada no ordenamento jurídico; 
- Foi emanada por autoridade legítima,
- Não tem incompatibilidade com normas superiores;
- Não foi ab-rogada.
Vigência da Norma
Vigência é a lei que está em vigor, é a lei que pode ser aplicada, é a lei que está presente no ordenamento jurídico. Para tal, basta que seja aprovada pelo parlamento, sancionadae publicada no Diário Oficial. A menos que possua período de vacância (vatio legis) a lei passa a ter validade instantaneamente.
No entanto, embora vigente, essa lei pode ser incompatível com leis superiores, pode ser formalmente inválida (Ex: ser emanada por autoridade ilegítima) e aqui, reside a grande diferença entre lei vigente e lei válida. Lei vigente é toda lei que foi aprovada, sancionada e ultrapassou o período de vacância, ou seja, toda lei em vigor, independente de ser válida ou não.
EX: Podemos citar o caso da norma que estabeleceu a obrigatoriedade de aparelho de segurança para crianças em automóveis (cadeirinhas), que apesar de válida e vigente, por um certo lapso de tempo não teve eficácia em virtude do produto estar em falta no mercado, o que impossibilitou as pessoas de adquirirem o equipamento e cumprirem a lei.
EFICÁCIA da Norma
 É atingir o objetivo proposto, cumprir, executar, operar, levar a cabo; é o poder de causar determinado efeito. EFICAZ então é o que realiza perfeitamente determinada tarefa ou função, que produz o resultado pretendido.
Dessa forma, podemos entender que norma jurídica eficaz é aquela norma jurídica que cumpre seu objetivo. Pergunta-se toda norma não cumpre seu objetivo? 
A norma para que cumpra seu objetivo deve: ou ser seguida pelos destinatários da norma; ou, quando violada, ser imposta por meios coercitivos.
Eficácia se relaciona com a aplicabilidade ou executoriedade de uma norma vigente, ou seja, é a "aptidão da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios."
Norma ineficaz é aquela que além de não ser seguida também não se utiliza de coercibilidade para que se faça ser seguida. No entanto, não devemos confundir e achar que toda norma violada é ineficaz; desde que a norma violada seja dotada de coercibilidade e se faça, ainda que com base na força, ser seguida, ela é eficaz.
DIFERENÇA ENTRE VALIDADE E EFICACIA 
A validade é diferente da eficácia posto que, a validade é um problema de presença da norma no ordenamento jurídico e a eficácia (jurídica) está relacionada com a produção de efeitos, com o fato real da norma ser efetivamente observada e aplicada. Já a eficácia social tem relação com o modo com o a sociedade observa a norma. 
Assim, ela é observada “quando encontra na realidade condições adequadas para produzir seus efeitos”. EX: o caso da norma que estabeleceu a obrigatoriedade de aparelho de segurança para crianças em automóveis (cadeirinhas), que apesar de válida e vigente, por um certo lapso de tempo não teve eficácia em virtude do produto estar em falta no mercado. 
Ex: A partir das 22 horas, normalmente os motoristas não respeitam a obrigatoriedade de parar nos sinais vermelhos. Outro EX: artigo 7º, IV, da CF/88, que estabelece as bases para o salário mínimo, que nunca foi obedecido. Ocorre assim o INSUCESSO da norma e a mesma passa a ser socialmente irrelevante.
VALIDADE É DIFERENTE DE VIGÊNCIA 
Pode haver uma norma jurídica válida sem que esteja vigente, ocorre quando se vislumbra a vacatio legis (período entre a publicação da Lei e o início de sua vigência) ou quando o dispositivo legal é válido, mas perde a eficácia. A vigência representa a característica de obrigatoriedade da observância de uma determinada norma, ou seja, é uma qualidade da norma que permite a sua incidência no meio social.
A norma jurídica perde a sua validade em duas hipóteses: REVOGAÇÃO e INEFICÁCIA. Desde já cumpre registrar que a lei revogada pode manter a sua eficácia em determinados casos. De fato, ela continua sendo aplicada aos casos em que há direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Em contrapartida, a lei em vigor, às vezes, não goza de eficácia. Ex: cadeirinha, do sinal de trânsito, salário mínimo art. 7,IV CF.
EX: Uma lei B, possui 20 artigos. Haverá ab-rogação se uma lei C revogar todos esses artigos; se um ou alguns deles não for revogado, terá ocorrido a derrogação.
ATENÇÃO: A CRFB não impede a edição de leis retroativas; veda apenas a retroatividade que atinja o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A retroatividade, consiste na aplicação da lei a fatos ocorridos antes da sua vigência, é possível mediante dois requisitos: 
a) cláusula expressa de retroatividade; 
b) respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada
c) lei interpretativa: é a que esclarece o conteúdo de outra lei, tornando obrigatória uma exegese (interpretação), que já era plausível antes de sua edição. É a chamada interpretação autêntica ou legislativa. A lei interpretativa não cria situação nova; ela simplesmente torna obrigatória uma exegese que o juiz, antes mesmo de sua publicação, já podia adotar. 
A LEI INTERPRETATIVA - retroage até a data de entrada em vigor da lei interpretada, respeitando apenas a coisa julgada. Não confundir lei interpretativa, que simplesmente opta por uma exegese razoável, que já era admitida antes da sua edição, com lei que cria situação nova, contendo exegese até então inadmissível. Neste último caso, a retroatividade só é possível mediante cláusula expressa, desde que não viole o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
A revogação expressa ou direta - é aquela em que a lei indica os dispositivos que estão sendo por ela revogados. O art. 9º da Lei Complementar 107/2001: “A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”. 
A Revogação Tácita ou Indireta - ocorre quando a nova lei é incompatível com a lei anterior, contrariando-a de forma absoluta. A revogação tácita não se presume,é necessário provar incompatibilidade. 
A REVOGAÇÃO TÁCITA precisa ser demonstrada por quem a alega. Essa demonstração exige que se especifique quais as normas jurídicas incompatíveis, provando que são contraditórias. Aconselha-se o recurso ao argumento de autoridade, citando-se a opinião de doutrinadores e da jurisprudência.
Ex: Uma lei criada em 2015 pode determinar, em um artigo, que o comportamento Z é permitido. Antes dela, podemos imaginar que houvesse outra lei, de 2000, com artigo determinando que o mesmo comportamento Z era proibido. Por descuido, em 2015, o legislador não revogou expressamente o artigo da lei de 2000. Haverá, por incompatibilidade, uma revogação tácita.
A revogação global - ocorre quando a lei revogadora disciplina inteiramente a matéria disciplinada pela lei antiga. Nesse caso, os dispositivos legais não repetidos são revogados, ainda que compatíveis com a nova lei. Regular inteiramente a matéria significa discipliná-la de maneira global, no mesmo texto. 
COMPETÊNCIA PARA REVOGAR AS LEIS 
 Não há hierarquia entre lei federal, lei estadual e lei municipal. Cada uma das pessoas políticas integrantes da Federação só pode legislar sobre matérias que a C.F lhes reservou. A usurpação de competência gera a inconstitucionalidade da lei. Artigos 22 a 24 da CRFB.
EX: a lei federal não pode versar sobre matéria estadual. Igualmente, a lei federal e estadual não podem tratar de assunto reservado aos Municípios. A lei federal só pode ser revogada por lei federal; lei estadual só por lei estadual; e lei municipal só por lei municipal. 
As normas previstas na CF só podem ser revogadas por Emendas Constitucionais, desde que não sejam violadas as cláusulas pétreas. 
Segundo a sua Força Obrigatória, as leis podem ser: 
cogentes ou injuntivas: são as leis de ordem pública, não podem ser modificadas pela vontade das partes ou do juiz. Essas leis são imperativas, quando ordenam um certo comportamento; e proibitivas, quando vedam um comportamento.
 b) supletivas ou permissivas: são as leis dispositivas, que visam tutelar interesses patrimoniais, e, por isso, podem ser modificadas pelas partes. Exemplo: a maioria das leis contratuais.
LEI DE EFEITO CONCRETO - é a lei que produz efeitos imediatos, pois traz em si mesma o resultado específico pretendido. Exemplo: lei que proíbe certa atividade.
As leis de efeitos concretos, embora com conteúdo de ato administrativo, são consideradas leis porquepossuem imperatividade (obrigatoriedade) e normatividade (atribuem poder ou dever de fazer ou de não fazer), porém, diferentemente das leis em sentido próprio, possuem concretude e individualização.
EX: Leis que criam um Município, Leis orçamentárias. Não possuem a abstração necessária para se repetirem em infinitas situações. Outro EX: os Decretos Legislativos e as Resoluções da Câmara ou do Senado como, tipicamente, atos normativos de efeitos concretos, pois, em regra, são emanados não para criar condutas gerais e abstratas e sim para autorizar, aprovar, suspender, fixar...
No âmbito infraconstitucional temos as leis que estabelecem indenização a determinada pessoa, as leis que concedem anistia, leis que determinam que tal ou qual imóvel seja área de preservação ambiental, as leis que mudam o nome de um Município.
· Leis de tombamento;
· Leis que instituem empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação pública
DIFERENÇAS ENTRE CÓDIGO, CONSOLIDAÇÃO, COMPILAÇÃO E ESTATUTO 
Código é o conjunto de normas estabelecidas por lei. É, pois, a regulamentação unitária de um mesmo ramo do direito. Exemplos: Código Civil, Código Penal etc. 
Consolidação - é a regulamentação unitária de leis preexistentes. A CLT, por exemplo, é formada por um conjunto de leis esparsas, que acabaram sendo reunidas num corpo único. Não podem ser objeto de consolidação as medidas provisórias ainda não convertidas em lei (art. 14, § 1.º, da LC 95/1998, com redação alterada pela LC 107/2001).
O Código cria e revoga normas, a Consolidação apenas reúne as já existentes, isto é, não cria nem revoga as normas. O Código é estabelecido por lei; a Consolidação pode ser criada por mero decreto. Porém, nada obsta que a Consolidação seja ordenada por lei. Ex: CLT criada pelo – Decreto-Lei nº 5.452, de 1/5/1943.
A compilação - consiste num repertório de normas organizadas pela ordem cronológica ou matéria. 
O Estatuto - é a regulamentação unitária dos interesses de uma categoria de pessoas. Exemplos: Estatuto do Idoso, Estatuto do Índio, Estatuto da Mulher Casada, Estatuto da Criança e do Adolescente. 
No concernente ao consumidor, o legislador optou pela denominação Código do Consumidor, em vez de Estatuto, porque disciplina o interesse de todas as pessoas, e não de uma categoria específica, tendo em vista que todos podem se enquadrar no conceito de consumidor. 
CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA da LEI – REVOGAÇÃO, CADUCIDADE E DESUSO - A revogação trata da cessação da validade temporal daquela norma jurídica que tem vigência indeterminada. Para que haja a revogação da norma anterior é necessário que nova norma seja de igual ou superior hierarquia que regule a norma anterior. 
A revogação da lei é o gênero que poderá ter as seguintes espécies a depender da classificação:
a) Quanto à sua extensão:
i. Derrogação; (parcial) e
ii. Ab-rogação (total)
b) Quanto à forma de execução:
i. Expressa; 
ii. Tácita;
iii. Global.
1. Critério Cronológico;
2. Critério da Especialidade; e
3. Critério Hierárquico.
Critério Cronológico (TEMPO) - Nos casos de coexistirem normas contraditórias, aplicamos o critério cronológico. Logo, prevalece a norma mais recente (lex posterior derogat legi priori). Nos casos em que a lei nova que tenha caráter amplo e geral, passar a normatizar por completo determinada matéria regulada em lei que já exista, a lei revogadora (nova lei), irá substituir por inteiro a lei antiga.
Critério Hierárquico  (SUPERIORIDADE)
(lex superior derogat legi inferiori), entre normas jurídicas inconciliáveis deve ser aplicada a de estatura superior.
O Critério da Especialidade - ESPECIAL (lex specialis derogat legi generali), a norma especial revoga a geral quando disciplinar, de forma diversa, o mesmo assunto. Art. 2º, § 2º LINDB. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais igual as já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
Assim, em que pese uma lei nova regrar disposições gerais ou até mesmo especiais a respeito de uma lei que já exista esta nova lei não irá revogar a lei velha. A lei antiga somente será revogada se houver incompatibilidade para com a nova.
Caducidade é a cessação da validade temporal de uma norma jurídica cuja sua vigência independe de revogação. EX: uma medida provisória que tem validade de 60 dias sendo prorrogada por mais 60 dias, se não virar lei ela caduca. Exemplo: leis de vigência temporária.
A lei temporária não perde a validade por ser revogada por outra, mas por disposição própria, determinando que sua eficácia cessará automaticamente após a situação prevista. Nessa hipótese há a caducidade da lei. Caducidade, assim, significa a perda da validade de uma lei por superveniência da situação fática ou temporal prevista.
Desuso: é a cessação do pressuposto de aplicação da norma. Ex: a lei que proíbe a caça da baleia deixará de ser aplicada se porventura todas as baleias do planeta deixarem de existir. Lei 11023/05, determina que em estabelecimentos bancários prazo máximo de 15 minutos para atendimento.
O desuso envolve a percepção, por parte dos cidadãos, de que a norma não possui mais eficácia fática, pois, dadas as transformações sociais, os fatos considerados por ela permitidos, proibidos ou obrigatórios não mais ocorrem. EX: norma jurídica que proíbe a alimentação de cavalos em áreas gramadas urbanas faria sentido no século XIX, mas é vista como em desuso no século XXI, pois as pessoas não mais utilizam tal animal como meio de transporte. 
Costume Negativo ou Contra Legem: é o que contraria a lei. O costume não pode revogar a lei, por força do princípio da continuidade das leis. Todavia, prevalece a opinião de que ele pode gerar a ineficácia da lei, desde que não se trate de lei de ordem pública.
O costume negativo, ocorre com normas que possuem eficácia técnica e fática, mas não são respeitadas pelos cidadãos nem aplicadas pelas autoridades estatais. EX: “jogo do bicho”, proibido pela lei, porém existente. Em termos técnicos, nem o desuso nem o costume negativo revogam a norma jurídica. 
REPRISTINAÇÃO E RESTAURAÇÃO DA VALIDADE JURÍDICA.
De acordo com o artigo 2º, § 3º, LINDB “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”, conclui-se que em regra o efeito repristinatório não é admitido no nosso ordenamento jurídico, salvo se previsto na lei.
Exceções de admissão do efeito repristinatório em duas hipóteses: 
A) Quando o efeito repristinatório derivar de declaração de inconstitucionalidade da norma jurídica.
B) Quando o efeito repristinatório vier por previsão expressa do legislador, ou seja, a norma revogadora determina que a Lei anteriormente revogada, volte a viger.
A ANTINOMIA - é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto (lacunas de colisão).
*Conceito extraído do Livro: Manual de Direito Civil - Volume Único - Flávio Tartuce - Editora Método
a antinomia somente poderá ser resolvida por ato do Poder Legislativo, dado que o Judiciário não pode, por si, apagar a norma do ordenamento jurídico.
Os conflitos de normas ocorridos durante o processo de interpretação denominam-se Antinomias. Esses problemas podem ser solucionados através da aplicação de três critérios: hierárquico, cronológico e da especialidade.
O critério hierárquico  O primeiro critério solucionador de antinomias e o mais relevante é o hierárquico, pois não há o que se falar em norma jurídica inferior contrária à superior. EX: A CRFB/88 tem caráter supra legal, na qual, as demais leis (ordinárias, complementares, etc.) devem estar em consonância aos princípios estabelecidos por ela, caso contrário será considerada inconstitucional perdendo sua efetividade.
O critério cronológico - decorre do contexto temporal, segundo o qual a norma posterior prevalece sobre a anterior. Esse critério tem por fundamentado o artigo 2º, § 1º, da LINDB, que regula que norma posterior revoga a anterior:“A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
O critério da especialidade - havendo normas incompatíveis entre si, uma geral e uma especial, a norma especial prevalece. Encontra-se no art. 2º, § 2º da LINDB “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. O princípio da Especialidade tem por finalidade evitar o bis in idem, sendo certo que a comparação entre as normas será estabelecida in abstracto.
Noberto Bobbio resume e aponta o óbice: “O critério cronológico serve quando duas normas incompatíveis são sucessivas; o critério hierárquico serve quando duas normas incompatíveis estão em nível diverso; o critério de especialidade serve no choque de uma norma geral com uma norma especial. Mas pode ocorrer antinomia entre duas normas: 1) contemporâneas; 2) do mesmo nível; 3) ambas gerais”.
“no caso de um conflito no qual não se possa aplicar nenhum dos três critérios, a solução do conflito é confiada à liberdade do intérprete; poderíamos quase falar de um autêntico poder discricionário do intérprete. ... seja ele o juiz ou o jurista, tem à sua frente três possibilidades: 1) eliminar uma; 2) eliminar as duas; 3) conservar as duas”. Em relação à terceira possibilidade, Norberto Bobbio destaca: “É talvez aquela à qual o intérprete recorre mais frequentemente. 
Casos insuficientes para solucionar as antinomias enfrentadas pelo operador do direito. EX: a) conflito entre uma norma hierarquicamente superior geral com uma hierarquicamente inferior específica; 
b) incompatibilidade entre uma norma hierarquicamente superior e antiga com outra inferior e contemporânea; 
c) colisão entre uma norma específica antiga com uma geral contemporânea; e 
d) contradição existentes entre normas contemporâneas, de mesmo nível e hierarquia. 
Esses são o que a doutrina denomina de antinomias de segundo grau.
É de se observar que a doutrina clássica não estabeleceu um “quarto” critério para a solução das referidas situações, limitando-se alguns a atribuir ao intérprete a liberdade de escolha entre as soluções possíveis. 
Nos casos não previstos nas normas jurídicas ou que, se estão previstos, podem por sua vez ter alguma imperfeição, na sua redação, alcance ou ambiguidade parecendo claro num primeiro momento, mas duvidoso em outro. O juiz se valerá da hermenêutica, que vem a ser uma forma de interpretação das leis, de descobrir o alcance, o sentido da norma jurídica, trata-se de um estudo dos princípios metodológicos de interpretação e explicação.
Para a realização da interpretação, existem algumas técnicas: 
Gramatical - onde o interprete analisa cada termo do texto normativo, observando-os individual e conjuntamente;
 Lógica - nesta técnica o interprete irá estudar a norma através de raciocínios lógicos; 
Sistemática - o interprete analisará a norma através do sistema em que se encontra inserida, observando o todo para tentar chegar ao alcance da norma no individual, examina a sua relação com as demais leis, pelo contexto do sistema legislativo;
Histórica - análise do momento histórico em que a lei foi criada 
Sociológico ou teleológica – É a técnica que está prevista no artigo 5º da LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e as exigências do bem comum.
São três os Princípios Básicos do CC/2002: 
Princípio da Sociabilidade: previa prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, mas sem detrimento do valor fundamental da pessoa humana. 
Princípio da Eticidade: funda-se no valor da pessoa humana, é neste princípio que estão baseados os valores da equidade, da boa-fé da justa causa.
 Princípio da Operabilidade: este princípio prevê que o direito é feito para ser efetivado, executado.

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