Buscar

Resenha Crítica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
CURSO DE DIREITO
COMPETÊNCIA, ATOS PROCESSUAIS E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Resenha Crítica
Aluno: 
Professor: 
Florianópolis
2015
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil, Volume 1: Teoria Geral e Processo de Conhecimento (1ª Parte). 9ª Edição – São Paulo: Saraiva, 2012. Pgs 44 – 57.
Resenha Crítica
Os princípios podem ser definidos como as “ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de sua conduta” (ALEXANDRINO; PAULO, 2009, p. 189). Nesse ínterim, “os princípios determinam o alcance e o sentido das regras de um dado subsistema do ordenamento jurídico, balizando a interpretação e a própria produção normativa” (ALEXANDRINO; PAULO, 2009, p. 189). Alguns princípios constam explícita ou implicitamente na Constituição Federal de 1988 (CRFB/88), ressaltando a sua importância para o funcionamento da justiça no país e, no caso específico analisado, para o processo civil. Dentre eles, Gonçalves (2012) cita o princípio da isonomia, do contraditório, da inafastabilidade do controle jurisdicional, da imparcialidade do juiz e da publicidade dos atos processuais.[1: ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 17ª Edição. São Paulo: Ed. Método, 2009.]
O princípio da isonomia consta explícito no caput do artigo 5º da CRFB/88, o qual dispõe que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, da mesma forma que o inciso I do mesmo artigo estabelece que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Por sua vez, o referido princípio, em âmbito processual civil, encontra-se no artigo 215, inciso I, da lei nº 5.869/1973, competindo ao juiz “assegurar às partes igualdade de tratamento”.
No entanto, conforme ressaltado por Gonçalves (2012), há situações que o tratamento igualitário – de acordo com os artigos citados – pode implicar injustiça. O autor exemplifica essa afirmação através do Código de Defesa do Consumidor, o qual prevê tratamento diferenciado para o consumidor e o fornecedor. Não se teria ferimento ao princípio da isonomia no caso em questão, por conta das chamadas “igualdade formal” e “igualdade substancial”. A igualdade substancial se vincula ao brocardo “tratar os iguais igualmente, e os desiguais desigualmente, na medida da sua desigualdade”. Assim, o autor ressalta que “essa aparente desigualdade entre os direitos do consumidor e do fornecedor nada tem de inconstitucional, pois é da desigualdade formal que advém a igualdade substancial, esta sim consagrada na Carta Magna” (p.44). Em outras palavras, trata-se de exemplo de desigualdade que se justifica pelo fato do fornecedor estar em posição de vantagem em relação ao consumidor (que é considerado pelo Código de Defesa do Consumidor como hipossuficiente).
Ao mesmo tempo, com o intuito de fornecer uma explicação mais ampla da interpretação que deve ser dada ao princípio da isonomia, Gonçalves (2012) traz dois dispositivos do Código Civil de 1916 (revogado pelo novo código de 2002), sendo um deles considerado constitucional e outro inconstitucional à luz da Constituição Federal de 1988. O constitucional era o que tratava da idade núbil (autorização para os homens casarem com 18 anos e as mulheres com 16) e o inconstitucional era o que impunha regime de separação obrigatória de bens para os homens com mais de 60 e para as mulheres com mais de 50. A constitucionalidade se dava pelo fato de haver estudos que justificavam a diferença de idade para homens e mulheres, uma vez que a evolução biológica e o amadurecimento físico é variado para os sexos. Já a inconstitucionalidade foi considerada por não ter razão efetiva para o tratamento diverso. Dessa forma, nas palavras do autor, “esses dois exemplos servem para mostrar que o tratamento diferenciado tem como premissa a existência de diversidades que o justifiquem. O mesmo vale para o processo civil” (p. 45). Assim, na seara processual civil, é partindo da premissa de que há justificativa para regras diferentes, permite-se prazos maiores para o Ministério Público e a assistência gratuita (dada a enormidade de processos em que eles atuam). O autor também aborda o instituto do reexame necessário e a controvérsia suscitada pelo artigo 100, inciso I, do CPC (foro diferenciado para separação, garantido a cônjuge mulher). No ponto levantado pelo autor em relação a esse artigo do CPC, o magistrado pode inclusive relativizar o dispositivo legal, a partir do caso concreto.
O princípio do contraditório, por sua vez, está expresso no artigo 5º, inciso LV da CRFB/88, afirmando que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Isso significa que há necessidade do réu ser informado da existência do processo, bem como as partes ser avisadas dos atos praticados no curso do mesmo. Assim, “as partes têm o direito de ser ouvidas e de expor ao julgador os argumentos que pretendem ver acolhidos” (p. 46). Esse princípio, no entanto, possui contornos diferentes no processo civil e no penal, por exemplo. Segundo o autor, no civil o alcance do princípio pode ser considerado mais limitado (embora esteja presente). Da mesma forma, se o processo trata de direitos disponíveis ou indisponíveis, há consequências diferentes. Mesmo em situação em que o direito não é mais discutido, como no processo de execução, o princípio do contraditório vigora.
Situação interessante discutida pelo autor ao problematizar o contraditório é o caso da prova emprestada. Em princípio, por representar ofensa a esse princípio, trata-se de caso proibido. Exceção se dá se a prova a ser utilizada e produzida em processo diverso, tenha as mesmas partes (tanto no pólo passivo quanto ativo), ou mesmo se a prova for aceita pela parte contrária. Em ambas as situações elencadas, poder-se-ia utilizar a prova emprestada (porque não se considera que o contraditório foi desrespeitado).
Já o princípio da inafastabilidade do controle judicial consta do artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal de 1988, através do qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Trata-se do princípio que prevê o acesso à justiça, o qual se dá pelo direito de ação. Segundo Gonçalves (2012), o acesso à justiça “sofre limitações que lhe são naturais e restringem sua amplitude, mas nem por isso constituem ofensa ao princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional” (p. 50). Isso ocorre porque, por exemplo, há dependência dos pressupostos da ação. No entanto, “essas limitações não ofendem a garantia da ação, pois constituem restrições de ordem técnico-processual, necessárias para a própria preservação do sistema e o bom convívio das normas processuais” (p. 50).
Em relação com o princípio de acesso à justiça e também o da isonomia, tem-se o princípio da imparcialidade do juiz, o qual é tido como pressuposto processual de validade do processo. A imparcialidade do juiz está contida no artigo 5º, inciso LIII e XXXVII, da Constituição Federal de 1988. Ou seja, trata-se do princípio do juiz natural (“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”) e da vedação ao juízo ou tribunal de exceção (“não haverá juízo ou tribunal de exceção”). Em linhas gerais, o princípio da imparcialidade do juiz impede que se possa escolher quem será o julgador, da mesma forma que o órgão julgador não deverá ser constituído especificamente para julgar o caso em específico.[2: Exemplo máximo de tribunal de exceção foi o de Nuremberg, criado para julgar os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.]
Importante salientar que, de acordo com o autor, as hipóteses de modificação de competência (como a prorrogação, derrogação por eleição de foro, conexão ou continência) não representam ofensa ao princípio da imparcialidadedo juiz. Isso ocorre por se tratar de casos que constituem “manifestação de critério privatístico de fixação de competência, só admissível quando ela for relativa” (p. 51). Da mesma forma, as hipóteses de supressão do órgão jurisdicional ou alteração da competência em razão de hierarquia não ofendem o princípio. Por outro lado, é imprescindível citar os artigos 134 e 135 do CPC, os quais elencam limitações ao juiz no desempenho de suas funções (impedimento e suspensão).
O princípio da publicidade decorre do artigo 5º, inciso LX (“a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”), e 93, inciso IX (“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”), da Constituição Federal de 1988. Em termos processuais, não há restrição alguma à garantia de publicidade entre as partes e seus procuradores. A importância do princípio da publicidade se dá como forma de fiscalização da sociedade – em consonância com o direito constitucional de informação. A restrição a esse princípio é justificada naquelas situações em que o interesse público está envolvido, ou mesmo o direito à intimidade das partes.
Outro princípio fundamental é o do duplo grau de jurisdição, o qual não consta expresso na Constituição Federal. Gonçalves (2012), no entanto, afirma que ele é uma decorrência do sistema, “que prevê a existência de tribunais para julgar recursos contra as decisões judiciais” (p. 52), a fim de garantir possibilidade de controle dos atos judiciais. Importante salientar que não há obrigatoriedade para que se obedeça em toda e qualquer situação ao duplo grau (como nos casos de competência originária do Supremo Tribunal Federal), da mesma forma que se parte da necessidade de provocação do interessado (salvo nos casos de reexame necessário).
O princípio do devido processo legal, constante do artigo 5º, inciso LIV da Constituição Federal, prevê que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Trata-se, conforme afirmado pelo autor, da base onde residem os demais princípios. Dessa forma, “em sentido processual, o princípio obriga a que se respeitem as garantias processuais e as exigências necessárias para a obtenção de uma sentença justa” (p. 54). No entanto, atualmente o princípio do devido processo legal ganhou amplitude maior – não restrita ao sentido processual (procedural due process) –, abarcando também o chamado sentido substancial (substantive due process), versando sobre a impossibilidade de se “editar normas que ofendam a razoabilidade e afrontem as bases do regime democrático” (p. 53 – 54).
Por fim, no que concerne aos princípios gerais do processo civil na Constituição Federal, pode-se discorrer a respeito do princípio da duração razoável do processo, incorporado à Constituição Federal pela emenda constitucional nº 45/2004 (a chamada reforma do judiciário). Contido no artigo 5º, inciso LXXVIII, afirma que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. No plano real, trata-se de questão que representa entrave no judiciário brasileiro: a demora. No entanto, é questão que envolve diferentes instâncias, sendo dirigido ao legislador, ao administrador e, por fim, aos juízes. 
O autor ressalta diversas medidas que estão sendo firmadas, com o intuito de tornar mais eficiente a celeridade nos processos, tais quais: “a extensão dos casos de tutelas de urgência, a possibilidade de solução concentrada de casos idênticos e repetitivos, as súmulas vinculantes” (p. 54), dentre outros. Ao mesmo tempo, Gonçalves (2012) aborda, através de hipóteses contidas na lei nº 12.008/2009, situações que garantem prioridade na tramitação dos processos à parte que comprovar idade superior a 60 anos ou portadora de doença grave (o que não representaria ofensa ao princípio da isonomia).
Da mesma forma há, além dos princípios contidos na Constituição Federal, os chamados princípios infraconstitucionais. Eles dão, da mesma forma, alcances e sentidos para as regras. Gonçalves (2012), cita, dentre outros, dois princípios: o inquisitivo e o da persuasão racional (livre convencimento motivado).
O princípio dispositivo gira em torno de dois aspectos: “o primeiro concerne ao ajuizamento das ações, e o segundo, à iniciativa da investigação dos fatos e produção de provas” (p. 55). No caso específico do processo civil, segundo o autor, o entendimento é de que a iniciativa de demandar, bem como a produção de provas, cabe à parte. Isso se deve ao fato do litígio civil versar sobre os chamados interesses disponíveis, o que implica estar vinculada à esfera privada do indivíduo (diferentemente do processo penal, por exemplo). Porém, entendia-se, em relação ao processo civil, que o juiz não poderia interferir na produção das provas. Hoje já se aceita uma dinâmica diferente, na qual o juiz vai além da posição de mero espectador (permitindo-se que ele atue na produção das provas e que se possa falar em princípio inquisitivo no processo civil). 
Assim, pode-se afirmar que – em sede de processo civil – a iniciativa inicial, no sentido de propor a ação, cabe à parte (autor) através da petição inicial, devendo ele fundamentar seu pedido e ao réu cabe sua própria defesa (em regra, dependendo de advogado – por não possuir capacidade postulatória). No entanto, a partir da proposição da ação, pode-se falar no impulso oficial. Fundamental frisar também que, conforme Gonçalves (2012), já consta “ultrapassada a ideia de que, no processo civil, o juiz deve contentar-se com a verdade formal, quando a verdade real pode ser alcançada” (p. 56). Conclui-se, dessa maneira, que o princípio dispositivo se vincula ao momento inicial de propositura da ação, bem como aos chamados contornos da lide. No que tange à produção de provas, rege o chamado princípio inquisitivo, “tendo o magistrado a possibilidade de investigar e determinar livremente as provas que entenda pertinentes” (p. 56). 
Essa noção de liberdade para o juiz, no sentido de permitir que se colham provas que auxiliem na produção da sua sentença, leva à análise de outro princípio abordado por Gonçalves (2012): o princípio da persuasão racional (livre convencimento motivado). O autor discorre que existem três sistemas relativos à avaliação das provas: no primeiro, há uma hierarquia presente na lei de valoração da prova e o magistrado deve segui-la; no segundo, está relacionado ao julgamento de acordo com a consciência; no terceiro, tem-se a chamada persuasão racional do juiz, também chamado de livre convencimento motivado (que implica algo intermediário entre os dois primeiros sistemas). No Brasil, foi adotado o do livre convencimento motivado, embora haja exceções explicitadas pelo autor, como a do artigo 366 do CPC (“quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”). O livre convencimento motivado está expresso no artigo 131 do CPC, o qual apregoa que “o juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento”. Importante salientar que não existe no Brasil, um sistema que promova uma hierarquia de provas. 
Assim, em guisa de conclusão, pode-se considerar que o estudo dos princípios permite que se compreenda de forma mais ampla o sistema processual brasileiro. Mais ainda, é possível entender a lógica por detrás dos artigos. A análise dos princípios constitucionais e infraconstitucionais abordados na presente resenha crítica fornece elementos paraessa compreensão.

Continue navegando