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História do Direito Penal Brasileiro

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LAVRAS
ALCIMARA BATISTA REIS DE FREITAS
GIOVANA SOUZA MOTA
ITHALA DOS SANTOS LUCAS
MARIA EDUARDA DE ALMEIDA SANTOS
PRISCILA DE OLIVEIRA ALCÂNTARA
VINICIUS ROBERTO FONSECA PIO
HISTÓRICO DO DIREITO PENAL NO BRASIL E SUA EVOLUÇÃO
 
 Lavras
2018
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Sumário
Introdução	1
Histórico do Direito Penal no Brasil e sua evolução 	2
Conclusão	5
Referências bibliográficas	6
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Introdução
A história do Direito Penal brasileiro é um tema bastante amplo, assim, teremos como objetivo principal, relatar a sua evolução histórica, destacando “a priori” as instituições indígenas, para em seguida, mostrar como o Direito Português exerceu influencia na formação da legislação penal Brasileira, em continuidade, falaremos sobre o Período Imperial, que por meio do Código Criminal do Império, foi considerado um período de grande importância e por fim concluiremos com o Período Republicano.
 1 - Histórico do Direito Penal no Brasil e sua evolução
 
 Sabe-se que desde o período primitivo dos homens há o Direito Penal, então
para que possa entender a história do Direito Penal no Brasil, é preciso também entender sua origem no mundo, e isso se deu através de um longo processo e continua mudando conforme a sociedade. 
 Luiz Regis Prado, através de sua obra Curso de Direito Penal Brasileiro dividiu a evolução histórica do Direito Penal Brasileiro em três fases: período colonial, Código Criminal do Império e período republicano.
 Euripedes Clementino Ribeiro Júnior, mestre em Direito, escreveu o artigo A história e a evolução do Direito Penal brasileiro e iniciou contando o que havia antes de o Brasil ser chamado de Brasil. O autor diz que as instituições indígenas existentes no território brasileiro, deveriam então ser consideradas “a priori”.
[...] À época, toda idéia que se possa ter de Direito Penal entre os indígenas, está intimamente ligada ao direito costumeiro, razão pela qual era comum a prática das chamadas justiças por meio da vingança privada, vingança coletiva e o talião.
Existem relatos de que até o descobrimento, a guerra nunca era movida por motivos econômicos, sendo assim, os motivos das hostilidades se resumia em capturar prisioneiros para os ritos antropofágicos, a tomada de troféus ou para vingar os parentes mortos. [...]
 Notamos, portanto, uma descomunal diferença dos povos daquela época com os da sociedade de hoje, tida por moderna, e acerca disso, doutrinas citam o exemplo de que o furto a estrangeiros e a hóspedes que não fossem conhecidos era perfeitamente lícito, o que vai de encontro com toda a sistemática penal de hoje, e ainda, o adultério que na maioria das vezes era fato indiferente, entretanto quando muito, dava precedentes ao espancamento da mulher que praticava.
 Desta forma, podemos afirmar que as práticas punitivas das tribos selvagens que habitavam o nosso país, em momento algum tiveram influência na nossa legislação, uma vez que se perfaziam como sendo exacerbadamente primárias.[...]
 Segundo Luiz Regis Prado, essa foi também o início primeira fase de exemplo que se pode ter de “Direito penal” no Brasil; mas o mesmo cita: “não se vislumbra nenhum dinamismo, nenhuma semente de progresso, que justifique falar-se em autêntica organização jurídico- social.” (GONZAGA, J.B. O Direito Penal Indígena, p.19)
[...] Tem-se que na sociedade primitiva existente no Brasil antes do domínio português imperavam a vingança privada, sem nenhuma uniformidade nas formas de reação contra as condutas ofensivas; ainda que de modo empírico, a composição, inicialmente por acordo entre as famílias e com caráter de indenização, e a expulsão da tribo [...] (PRADO, L.R. 2007, p.114).
 
 Após esse período, Prado começa então a falar do Direito Penal vigente no período Brasil - Colônia.
[...] O Direito em vigor na colônia estava feito, precisando simplesmente ser aplicado, depois de importado, sendo nada mais que um capítulo do Direito português na América: fenômeno denominado bifurcação brasileira, isto é, a transplantação do organismo jurídico-político luso para o território nacional. [...] 
 Vigoravam em Portugal as Ordenações Afonsinas, publicadas em 1446, sob o reinado de D. Afonso V, tidas como primeiro código europeu completo. Em 1521, foram substituídas pelas Ordenações Manuelinas, por determinação de D. Manuel I, as quais estiveram em vigor até o aparecimento da Compilação de Duarte Nunes de Leão, em 1569, feita a mando do rei D. Sebastião. Os ordenamentos citados não chegaram a ser eficazes, em face da situação peculiar reinante na colônia. [...]
 As primeiras manifestações jurídicas, desde 1500 e por cerca de 30 anos, foram as bulas pontifícias, alvarás e cartas-régias, que, embora não “diretamente destinados a reger a vida destas terras, a estas se referem, constituindo, por isso, os atos iniciais de uma legislação que urgia organizar-se e desenvolver-se para o governo de um vasto domínio colonial, e, depois, de uma grande nação”. [...] Assim, muito embora, formalmente, as ordenações Manuelinas estivessem vigorando na época das capitanias hereditárias, eram abundantes as determinações reais “especialmente decretadas para a nova colônia, as quais, aliadas às cartas de doação com força semelhante à dos forais, abacinavam as regras do código unitário. O arbítrio dos donatários, na prática, é que estatuía o Direito empregado e, como cada um tinha um critério próprio, era exatamente caótico o regime jurídico da America. [...]
 Na realidade, a lei penal aplicada no Brasil àquela época era a contida nos 143 títulos do Livro V das Ordenações Filipinas, promulgadas por Filipe II, em 1603. Orientava-se no sentido de uma ampla e generalizada criminalização e de severas punições. Predominava, entre as penas, a de morte. Outras espécies eram: as penas vis (açoite, corte de membro, galés); degredo; multa; e a pena-crime arbitrária, que ficava a critério do julgador, já que inexistente o princípio da legalidade. O delito era confundido com pecado ou vício; a medida da pena vinculava-se à preocupação de conter os maus pelo terror e a sua aplicação dependia da qualidade das pessoas. Essa legislação de rigor excessivo, teve grande longevidade, pois regeu a vida brasileira por mais de dois séculos, Foi o Código Filipino ratificado em 1643 por D. João IV e em 1823 por D. Pedro I. [...] (PRADO, LR, 2007, p. 114-115-116)
 Agora, sobre a concepção desse mesmo autor, a segunda fase, conhecida como “Código criminal do Império”.
 A Carta Magna brasileira, outorgada em 25 de março de 1824 por D. Pedro I, acolheu em seu artigo 179 princípios sobre direitos e liberdades individuais, alterando, em parte, o sistema penal em vigor. O parágrafo 18 do citado dispositivo consignou a imperiosa necessidade de elaboração de um “Código Criminal, fundado nas sólidas bases da justiça e da equidade”.
 Em 4 de maio de 1827, Bernardo Pereira Vasconcellos apresentou um projeto de código criminal e, logo em seguida, José Clemente Pereira fez o mesmo. Ambos os projetos foram encaminhados a uma comissão para análise e parecer [...], preferiu-se Bernardo Pereira de Vasconcellos[...], por mais amplo desenvolvimento das máximas jurídicas equitativas, e por mais munido na divisão das penas. [...] Em 16 de dezembro de 1830, o imperado D. Pedro I sancionava o Código Criminal do Império do Brasil, primeiro código autônomo da América Latina. O novo texto fundou-se nas idéias de Bentham, Beccaria e Mello Freire; no Código Penal francês de 1810, no Código da Baviera de 1813, no Código de Napolitano de 1819 e, especialmente, no Código da Lousiana de 1825,de autoria de Levingston. No entanto, não se filiou estritamente a nenhum deles, “tendo sabido mostrar-se original em mais de um ponto”. Composto de 313 artigos distribuía a matéria em quatro partes: I- dos crimes e das penas (parte geral); II- dos crimes públicos; III- dos crimes particulares; e IV- dos crimes policiais. [...] Mostrou-se extremamente original ao estabelecer pela primeira vez o sistema de dias-multa e previu pontos importantes, tais como o princípio da legalidade, as regras sobre tentativa, elemento subjetivo, autoria e participação, casos de inimputabilidade, causas de justificação, agravantes e atenuantes. Quanto às penas, fixava as espécies e as regras gerais de aplicação. Exerceu particular influência no Código espanhol de 1848 e no Código português de 1852 sendo que, através do primeiro sobre a legislação penal latino-americana. [...] (PRADO, L.R, p.117-118-126)
 Por fim, Prado conclui com o Período Republicano.
 Com o advento da República, Baptista Pereira teve o encargo de elaborar um projeto de Código Penal, o que foi feito, e em 11 de outubro de 1890 era convertido em lei. Nas condições em que o trabalho foi realizado, não se podia esperar muito do novo diploma legislativo penal. Com efeito, elaborado de forma apresada antes da CF de 1891, “sem considerar os notáveis avanços doutrinários que então se faziam sentir, em consequência do movimento positivista , bem como o exemplo de códigos estrangeiros mais recentes, especialmente o Código Zanardelli, o Código Penal de 1890 apresentava graves defeitos de técnica, aparecendo atrasado em relação à ciência de seu tempo. Foi alvo de severas críticas, sendo logo objeto de estudos visando à sua substituição.
 Sobre os Códigos de 1830 e de 1890, comparativamente, asseverou-se: “O Código de 1830 é um trabalho que depõe a favor da capacidade legislativa nacional mais do que o de 1890, ora em vigência. Superior a este pela precisão justeza de linguagem constitui, para a época em que foi promulgado, um título de orgulho, ao passo que o de 1890, posto em face da cultura jurídica da era em que foi redigido coloca o legislador republicano em condição vexatória, tal a soma exorbitante de erros absurdos que encerra, entremeados de disposições adiantadas, cujo alcance não pôde ou não soube medir. [...]
 Com o passar do tempo, o primeiro Código Penal da República ficou profundamente alterado e acrescido de inúmeras leis extravagantes tendentes a completá-lo. Daí, a Consolidação das Leis Penais de Vicente Piragibe, oficializada em 1932. Nesse contexto, surgem vários projetos de Código Penal. João Vieira de Araújo apresenta o seu em 1893, sem lograr êxito. Em 1913, é a vez de Galdino Siqueira, cujo trabalho não foi objeto de deliberação legislativa. Incumbido pelo governo de Artur Bernardes, em 1928, Virgílio de Sá Pereira faz publicar o seu projeto completo de Código Penal. Depois de grandes vicissitudes, não obteve sucesso. Em 1937, durante o Estado Novo, Alcântara Machado apresentou um projeto de Código Criminal Brasileiro, que submetido ao crivo de uma comissão revisora, acabou sendo sancionado, por decreto e 1940, como Código Penal, passando a vigorar desde 1942 até os dias atuais, ainda que parcialmente reformado.
 Dentre as leis que modificaram o Código Penal em vigor, merecem destaque a Lei 6416, de 24 de maio de 1977, e a Lei de 7209, de 11 de julho de 1984, que instituiu uma nova parte geral, com tópicos de nítida influência finalista. Objetivando a substituição do Código Penal de 1940, solicitou-se o preparo de um anteprojeto de Código Penal. Terminado em 1963, foi revisado e promulgado. [...] O Código Penal de 1969, como ficou conhecido teve sua vigência sucessivamente postergada até que finalmente foi revogado pela Lei 6578, de 10 de outubro de 1978. (PRADO, L.R, 2007, p.119-120-121)
 Conclusão
Através dessa verdadeira jornada pela história, foi observada a evolução do Direito Penal no Brasil desde seu início e foram se desvendando vários processos. Ficando nitidamente demonstrado as épocas de pouca evolução, bem como aquelas em que determinadas circunstâncias impulsionaram o direito penal, que deu altos saltos rumo à modernidade. É importante ressaltar que por mais evoluído que o ser humano esteja, seu comportamento será sempre controlado pelo Estado, no exercício de " jus puniendi" . É que na sociedade, o homem continuará expressando sua "spinta criminosa" havendo necessidade de pena. 
 Referências Bibliográficas 
PRADO, L. R. Curso de Direito Penal Brasileiro vol. 1 Parte Geral. 7. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.
RIBEIRO, E.C. A história e a evolução do Direito Penal brasileiro. Conteúdo Jurídico. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-historia-e-a-evolucao-do-direito-penal-brasileiro,25441.html. Acesso em: 28 agos. 2018.

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