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Apostila IV Direito Civil I Parte Geral Dos Bens Juridicos

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DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL
TÓPICO IV
BENS = OBJETO DO DIREITO
Meus amigos e alunos. Enquanto no tema “pessoas” estudamos os sujeitos de direito, quem pode ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil, neste tema vamos analisar o quê pode ser objeto do Direito. A primeira coisa a fazer é conceituar BEM. 
Alguns autores conceituam coisa como tudo o que pode satisfazer uma necessidade do homem. Já bem é designado para a conceituação de coisa material útil ao homem enquanto economicamente valorável e suscetível de
apropriação. 
Desta forma coisa seria gênero (tudo que existe na natureza) e bem espécie (que proporciona ao homem uma utilidade sendo suscetível de apropriação). Os bens são coisas; porém nem todas as coisas são bens. Já outros autores fornecem conceitos completamente inversos de bem e coisa. Há quem diga que mesmo atualmente, as expressões “coisa” e “bem” sejam sinônimas.
Certo é que o Código Civil anterior não fazia a distinção entre bem e coisa, usando ora um, ora outro termo, como sinônimos. Já Código atual utiliza apenas o termo BEM. Portanto, o que nos interessa é o termo Bem. 
Podemos fornecer o seguinte conceito inicial, sob o ponto de vista do Direito: “bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito”. De qualquer maneira, toda relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um bem sobre o qual recaem direitos e obrigações. Vamos estudar uma vasta classificação de Bens e sua implicação na Parte Especial do Código Civil. Desta forma, esta aula é Importante, por si só, e também porque tem reflexos na Parte Especial do Código, especialmente no que toca os Direitos das Coisas (propriedade, posse, usucapião, penhor, hipoteca....). Assim, nesta aula vou adiantar muitos temas que serão abordados e aprofundados em períodos posteriores.
A primeira classificação que é realizada sobre os bens não está prevista expressamente no Código Civil. É a doutrina quem faz esta importante classificação. Assim, inicialmente, podemos classificar ao Bens em:
• Corpóreos, Materiais ou Tangíveis, possuem existência física; são os percebidos pelos sentidos (ex.: imóveis, jóias, carro,dinheiro, etc.).
• Incorpóreos, Imateriais ou Intangíveis, com existência abstrata e que não podem ser percebidos pelos sentidos. (ex.: propriedade literária, o direito do autor, a propriedade industrial - marcas e patentes -, fundo de comércio, etc.).
Na prática, os Bens Corpóreos são objetos de contrato de compra e venda, enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão (transferência a outrem). Mas ambos integram o patrimônio de uma pessoa.
Os Bens Incorpóreos diferem também dos corpóreos, porque não podem ser objeto de usucapião.
CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS:
De acordo com o Código Civil, os bens podem ser divididos em diferentes classes, visando facilitar o estudo, aproximando os que apresentam um elemento comum. 
Classificação inicial:
• Bens considerados em si mesmos
• Bens reciprocamente considerados
• Bens considerados em relação ao titular do domínio
• Coisas fora do comércio
Cada um desses itens possui uma vasta subclassificação.
Vejamos cada uma delas de forma minuciosa.
I - BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
Quanto a essa primeira classificação os bens se dividem em móveis ou imóveis; infungíveis ou fungíveis; inconsumíveis ou consumíveis; indivisíveis ou divisíveis e singulares ou coletivos. 
Vamos à primeira delas:
1 - BENS QUANTO À MOBILIDADE
Segundo essa classificação os bens se dividem em móveis e imóveis.
A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81 CC)
São aqueles que não podem ser removidos, transportados, de um lugar para o outro, sem a sua destruição. 
Podem ser divididos em:
• por natureza
o solo e tudo quando se lhe incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes), mais adjacências (espaço aéreo, subsolo). 
Lembramos que a propriedade do solo abrange o espaço aéreo e o subsolo. Pergunto: o dono do solo será, também, o dono do subsolo? Resposta para o Direito Civil: SIM. O dono do solo é também o dono do subsolo, especialmente para construção de passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. 
No entanto esta regra pode sofrer algumas limitações. Pelo artigo 176 da C. F. as jazidas, os recursos minerais e hídricos constituirão propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio da União. Mas, convenhamos, é difícil qualquer um de nós, comprar um terreno e nele “achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou um lençol petrolífero. No entanto se isso ocorrer, você não será dono deste recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados da lavra.
• por acessão física
Industrial ou artificial (acessão quer dizer aumento, acréscimo de uma coisa a outra), tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, não podendo removê-lo sem destruição, modificação ou dano (ex.: sementes plantadas, edifícios, construções – pontes, viadutos, etc.). É bom que nós acrescentemos: não perdem o caráter de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis):
a) edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.
b) materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
• por acessão intelectual 
O que foi empregado intencionalmente para a exploração industrial, aformoseamento e comodidade. São bens móveis que foram imobilizados pelo proprietário. É uma ficção jurídica (ex.: máquinas, tratores, veículos, animais, etc.). 
O Código Civil atual não acolhe mais essa divisão. Seguindo a doutrina moderna sobre o tema, preferindo qualificar como pertença, onde a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, a categoria de bem acessório (analisaremos melhor o tema a seguir). 
A pertença
Pode ocorrer na hipoteca, que abrange os bens móveis dentro de um imóvel (ex.: hipotecar uma fazenda juntamente com os bois).
Vejam que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá voltar a ser móvel, por mera declaração de vontade.
• por disposição legal 
Tais bens são considerados como imóveis, para que possam receber melhor proteção jurídica. São eles:
Os Direitos Reais sobre os imóveis (ex.: direito de propriedade, de usufruto, uso, a habitação, a servidão, a enfiteuse).
O penhor agrícola e as ações que o asseguram.
O direito a sucessão aberta, ainda que a herança seja formada apenas por bens móveis. É considerada aberta a sucessão no instante da morte do de cujus; a partir de então, seus herdeiros poderão ceder seus direitos hereditários, considerados como imóveis.
As jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia hidráulica são considerados bens distintos do solo onde se encontram (artigos 20, inciso IX e 176 da Constituição Federal), conforme vimos no item anterior.
B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84 CC) 
São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um lugar para outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Podemos classificá-los em:
• por natureza 
Coisas Corpóreas são aquelas que podem ser transportadas sem a sua destruição, por força própria ou alheia.
Força própria – semoventes – bois, cavalos, carneiros, animais em geral. 
Força alheia – móveis propriamente ditos - carro, cadeira, livro, jóias, etc.
Observações:
- Os materiais de construção enquanto não forem nela empregados são bens móveis.
- As árvores enquanto ligadas ao solo são bens imóveis por natureza exceto se se destinam ao corte (convertem-se, neste caso, em móveis por ecipação).
• por antecipaçãoA vontade humana mobiliza bens imóveis em função da finalidade econômica (ex.: árvores, frutos, pedras e metais aderentes ao imóvel, são imóveis; separados para fins humanos, tornam-se móveis).
• por determinação legal 
Direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes (ex.: propriedade, usufruto, etc.).
- direitos e obrigações e as ações respectivas.
- energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico (prevista também no artigo 155, § 3º do Código Penal). Da mesma forma o gás canalizado.
- direitos autorais (é um dos exemplos mais importantes, por ser considerado um bem incorpóreo também).
- propriedade industrial – direitos oriundos do poder de criação e invenção (patentes de invenção, marcas de indústria, etc.).
- quotas e ações de sociedades.
Observação Importante: 
Os navios e aeronaves são bens móveis ou imóveis? A doutrina diz que eles são bens móveis sui generis. Sempre que doutrina não consegue definir algo com exatidão, utiliza essa expressão em latim: sui generis. 
No caso dos navios (e também das aeronaves) realmente não há uma resposta objetiva para eles. Apesar de serem fisicamente bens móveis (pois podem ser transportados de um local para outro; encaixam, portanto, no conceito de bens móveis), são tratados pela lei como imóveis, necessitando de registro especial e admitindo hipoteca. 
O navio tem nome e o avião marca. Ambos têm nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar (território ficto). Alguns autores os consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de direitos, embora não tenham personalidade jurídica. 
E vocês podem estar pensando... muito bem... e se cair no concurso o que eu coloco?? Em tese a questão não pode cair assim, de forma direta: “o navio é um bem móvel ou imóvel”. Aliás, já vi essa questão cair algumas vezes, mas nunca desta forma direta. Sempre tem algo que deve ser analisado com maior profundidade, como por exemplo, o fato de recair hipoteca (que é um instituto típico de imóveis). O conselho que dou é analisar todas as alternativas com muito cuidado. Dentre as alternativas haverá uma que melhor se adapte ao que eu estou dizendo. Em resumo os navios e as aeronaves, fisicamente são bens móveis, mas eles têm uma disciplina jurídica como se imóveis fossem.
Conseqüência prática da distinção: Imóveis ≠ Móveis. – 
A classificação dos bens em imóveis ou móveis tem uma razão de ser. E essa classificação é de suma relevância, principalmente em relação à Parte Especial do Código (será visto mais adiante no Direito das Coisas).
Assim, os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição, necessidade de outorga, prazos de usucapião e os direitos reais. Todos estes temas são muito importantes. Portanto, vejamos item por item:
a) Formas de aquisição da propriedade –
A principal forma de adquirir a propriedade dos bens móveis é com a tradição (essa palavra vem do latim tradere, que significa entregar; traditio = entrega do bem), ou seja, somente com a entrega do bem, adquire-se a propriedade de bens móveis. 
Outras modalidades: 
Usucapião, Achado de Tesouro, Ocupação (assenhoramento do bem: caça, pesca, invenção), etc. 
Os bens imóveis são adquiridos com o Registro ou transcrição do título da escritura pública no Registro de Imóveis. Lembrem-se que a alienação de imóveis com valor superior a 30 salários mínimos exigem escritura pública (vejam o que diz o art. 108 CC).
b) Outorga
Os bens imóveis não podem ser alienados, hipotecados, etc. por pessoa casada sem a outorga (uma espécie de autorização ou anuência ou mesmo ciência) do outro cônjuge, exceto na separação absoluta de bens. Os bens móveis não necessitam de outorga. Assim, mulher pode vender seu carro, jóias, ações de uma sociedade anônima sem autorização do marido.
Vou dar um exemplo que pode causar surpresa em alguns alunos. E este exemplo costuma cair muito. Digamos que uma mulher tenha comprado e registrado um imóvel em seu próprio nome. Lógico, este imóvel é só dela!! Posteriormente ela se casa pelo regime da comunhão parcial de bens (será falado sobre os regimes de bens do casamento em disciplina posterior – Direito de Família). O imóvel continua sendo só dela!! Passado um ano do casamento ela deseja vender esse imóvel.
Pergunta: Ela precisa da autorização do marido (apesar do imóvel ser somente dela)? Resposta= SIM!! Ela precisa da chamada..... outorga marital. A lei obriga essa outorga (que somente é dispensável no regime da separação total, como veremos). Continua a pergunta: E se o marido não quiser fornecer a outorga? Resposta= Simples. O imóvel é somente dela e continua sendo dela. Mas ela precisa da outorga e o marido não fornece. Portanto a mulher pode pedir ao Juiz, em uma petição bem simples, relatando o ocorrido. E o Juiz então dará uma ordem para a escritura ser lavrada (e também o registro posterior), sem a sua anuência. É o que chamamos de “suprimento da outorga”. Se a situação fosse a inversa (o imóvel é do marido e ele precisa vender), o fato seria o mesmo, ou seja, o marido necessitaria da outorga. Porém em cada caso a outorga recebe um nome diferente. Assim, a outorga pode ser:
• marital 
Marido concede à mulher, ou seja, o bem é da mulher e o marido assina também os documentos de venda do imóvel.
• uxória 
Mulher concede ao homem; a mulher assina a documentação (uxor – em latim quer dizer mulher casada).
c) Usucapião
Os prazos para se adquirir a propriedade imóvel por usucapião são, em regra, maiores. Vamos antecipar um pouco esses prazos. Este assunto serás tratado em Direito das Coisas – Usucapião, quando será dado muito mais detalhes sobre o assunto.
Vamos ficar aqui só com um “aperitivo”, tendo em vista o enfoque específico desta aula → a importância e as diferenças na classificação entre bens móveis e imóveis. Caso fique qualquer dúvida sobre o tema aguarde a aula específica. Repetindo, aqui estou mostrando apenas um “aperitivo sobre o tema”:
1 – Imóveis
a) Usucapião Extraordinário
• 15 anos – sem título, sem boa-fé.
• 10 anos – sem título, desde more no local ou tenha realizado obras produtivas.
b) Usucapião Ordinário
• 10 anos – com título, boa-fé.
• 05 anos – com título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que
more no local ou tenha realizado investimento de interesse social
e econômico.
2 – Móveis
• 5 anos – sem justo título e sem boa-fé – usucapião extraordinário.
• 3 anos – com justo título e boa-fé – usucapião ordinário.
A Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Terra estabelecem outras formas de usucapião de bens imóveis.
♦ ARTIGO 183 Constituição Federal - área urbana
- área não superior a 250 m2
- posse - 5 anos ininterruptos e sem oposição
- para sua moradia ou de sua família
- não ser proprietário de outro imóvel - rural ou urbano
- apenas uma vez
- imóveis públicos – proibição
♦ ARTIGO 191 Constituição Federal - área rural
- área não superior a 50 hectares
- posse - 5 anos ininterruptos e sem oposição
- para sua moradia
- não ser proprietário de outro imóvel - rural ou urbano
- tornar produtiva por força de seu trabalho ou de sua
família
- apenas uma vez
- imóveis públicos – proibição
d) Direitos Reais
• para imóveis - regra – hipoteca.
• para móveis - regra – penhor.
Qualquer dúvida sobre o tema aguarde a disciplina específica. Vejam como o tema “imóveis e móveis é amplo”. Praticamente tudo o que falamos até aqui se refere apenas a esse primeiro item (imóveis ou móveis) da primeira classificação (bens considerados em si mesmos). Vamos ao segundo item.
2 - BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85 CC)
Essa classificação resulta da individualização do bem, ou seja, de sua quantidade e da sua qualidade. 
A pergunta é: um bem pode ser substituído por outro? Se eu tomar um bem emprestadoposso devolver outro? Resposta – Depende. Por isso classificamos os bens em infungíveis ou fungíveis. Vejamos:
A) INFUNGÍVEIS
São os que não podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade. São bens personalizados, individualizados (ex.: imóveis; carro; um quadro famoso, etc.).
B) FUNGÍVEIS
São os que podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade (ex.: uma saca de arroz, uma resma de papel,dinheiro, etc.).
Para facilitar um pouco nosso estudo, costumo sempre deixar bem claro:
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis.
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis.
Todos os bens imóveis são personalizados (pois há uma escritura, um número, possuem um registro, etc.), daí serem todos infungíveis, pois estão totalmente individualizados. 
Porém é possível que sejam tratados como fungíveis (ex.: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de terreno, sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico).
Porém os bens móveis são, em regra, bens fungíveis, mas podem também ser infungíveis (ex.: o cavalo de corrida Furacão ou o cavalo de passeio Sossego; um quadro pintado por Renoir; os veículos automotores - pois possuem número de chassis, de motor, etc. que os personalizam e os diferenciam dos demais, etc.).
A fungibilidade 
Pode ser da natureza ou da vontade das partes. Uma moeda ou um selo, como regra são bens fungíveis. Podem, no entanto, se tornar infungíveis para um colecionador. Uma cesta de frutas é fungível, mas pode se tornar infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa (chamamos neste caso: comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser devolvida posteriormente.
A obrigação de fazer pode ser infungível (Ex.: contrato “Z”, pintor famoso, para pintar um quadro; a atuação de “Z” é personalíssima – nocaso de recusa, transforma-se em perdas e danos) ou fungível (pode ser
realizada por qualquer pessoa; ex.: engraxar sapato, pintar uma parede).
Conseqüências práticas
• A locação, o comodato e a locação são contratos de empréstimo (conforme será visto em outra disciplina: Direito dos Contratos). 
No entanto:
O mútuo é um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, ou seja o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual. 
O comodato é um contrato de empréstimo gratuito de coisas infungíveis.
A locação é um empréstimo oneroso de bens infungíveis. 
Nestes dois últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem. Mas, conforme já disse, será visto em CONTRATOS, de forma mais minuciosa .
• O credor de coisa infungível não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 313 do CC); ou seja ele tem o direito de receber a mesma coisa que emprestou.
• A compensação (“A” deve para “B”; mas “B” também deve para “A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis entre si. Dinheiro se compensa com dinheiro; café se compensa com café; feijão se compensa com feijão, etc. Esses temas serão abordados na aula sobre Obrigações.
3 - QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86 do CC)
Tal classificação decorre da destinação que será dada aos bens, sendo que a vontade do homem pode influir. Dividem-se em consumíveis ou inconsumíveis. 
Vejamos:
A) CONSUMÍVEIS
São bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso apenas (ex.: gêneros alimentícios, um maço de cigarros, giz, dinheiro, gasolina, etc.).
Observação - Há bens que são consumíveis, conforme a destinação. Ex: os livros (que a princípio são inconsumíveis, pois permitem usos reiterados) mas expostos numa livraria são consumíveis, pois a destinação é a venda. 
Quantas vezes um vendedor pode vender um mesmo bem? Uma vez. Por isso sob a ótica do vendedor esses bens são consumíveis (um uso apenas). E é por isso que nós somos chamados de ‘consumidores’.
B) INCONSUMÍVEIS
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex.: roupas de uma forma geral, automóvel, casa, etc.), ainda que haja possibilidade de sua destruição em decorrência do tempo.
Quando alguém empresta algo (ex.: frutas) para uma exibição, devendo restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem). A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas da destinação econômico-jurídica. O usufruto somente pode recair sobre bens inconsumíveis. Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina de quase-usufruto ou usufruto impróprio. Também veremos esses temas de forma mais minuciosas, na aula específica sobre usufruto.
Aqui há uma “pegadinha” interessante: o sapato... são consumíveis ou inconsumíveis? Pelos conceitos fornecidos é um bem inconsumível, pois permitem usos reiterados. Mas alguém pode perguntar: mas o sapato não gasta? Como disse acima, não é o fato de se gastar ou não o bem. No fundo, no fundo... tudo gasta. Mas não é isso que é importante. O importante é se posso ou não usar diversas vezes. E o sapato permite usos reiterados, portanto é inconsumível.
Por último, não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Estas qualidades podem estar combinadas em um mesmo bem. Um bem pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex.: partitura de um compositor famoso colocada à venda). O bem pode ser também inconsumível e fungível (ex.: uma picareta).
4 - QUANTO À DIVISIBILIDADE (arts. 87/88 do CC)
Refere-se a possibilidade ou não de se fracionar um bem em partes homogêneas e distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo: divisíveis ou indivisíveis.
A) DIVISÍVEIS
São os que podem se partir em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito (ex.: papel, quantidade de arroz, milho, etc.). Se repartirmos uma saca de arroz, cada metade conservará as qualidades do produto. Já vi cair em um concurso o exemplo do lápis. É divisível ou indivisível? Em teoria é um bem divisível, pois podemos fracioná-lo e em cada um dos pedaços podemos fazer “uma ponta” e, portanto, teremos dois lápis (lógico que menores).
B) INDIVISÍVEIS
São os que não podem ser partidos em porções, pois deixariam de formar um todo perfeito (ex.: uma jóia, um anel, um par de óculos ou sapatos, etc.). 
No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada:
• por natureza - um cavalo vivo, um quadro etc.
• por determinação legal - servidões prediais, módulo rural, lotes urbanos, hipoteca, etc. (tais temas serão abordados oportunamente).
• por vontade das partes - o bem era divisível e se tornou indivisível por contrato. Ex: entregar 100 sacas de café. Em tese é divisível (posso entregar 50 hoje) e 50 na semana que vem. Mas eu posso pactuar a indivisibilidade: as 100 sacas devem ser entregues todas hoje.
Observações
As obrigações podem ser divisíveis ou indivisíveis segundo a natureza das respectivas prestações. Estas podem ser pactuadas pelas partes.
O condômino de coisa divisível poderá alienar sua parcela a quem quiser; se o bem for indivisível não poderá vendê-lo a estranho, se o outro ‘comunheiro’ (ou condômino) quiser o bem para si. Isto porque neste caso ele tem o chamado ‘direito de preferência’. Se o bem for divisível, na extinção de condomínio, cada comunheiro receberá o seu quinhão; se indivisível, ante a recusa dos condôminos de adjudicá-lo a um só deles (indenizando os demais), o bem será vendido e o preço repartido entre eles.
5 – QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91)
Nesta classificação os bens podem ser singulares ou coletivos.
A) SINGULARES
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais (ex.: um cavalo, uma casa, um carro, uma jóia, um livro, etc.). São consideradas em sua individualidade.As coisas singulares podem ser simples ou compostas.
Simples são as coisas cujas partes formam um todo homogêneo (ex.:
pedra, cavalo, folha de papel, etc.).
Compostas são as que têm suas partes ligadas artificialmente pelo homem. Ex.: navio, materiais de construção em uma casa (a janela, a porta), etc.
B) COLETIVOS OU UNIVERSAIS
São as coisas que se encerram agregadas em um todo. São as constituídas por várias coisas singulares, consideradas em seu conjunto, formando um todo único (universitas rerum). 
As universalidades podem se apresentar:
• Universalidade de Fato - conjunto de bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana.
Ex.: Alcatéia (lobos), cáfila (camelos), biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), hemeroteca (jornais e revistas), panapaná (borboletas), etc. 
Acrescenta o Código Civil que esses bens devem ser pertinentes à mesma pessoa e tenham destinação unitária.
• Universalidade de Direito - conjunto de bens singulares, corpóreos e heterogêneos ou até incorpóreos, a que a norma jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, dá unidade. 
Ex.:patrimônio (conjunto de relações da pessoa incluindo posse, direitos reais, obrigações e ações correspondentes), espólio (é a herança, o patrimônio - direitos e deveres - deixado pelo falecido que se transmite aos herdeiros), estabelecimento comercial, massa falida, etc.
Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os indivíduos, menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito sobre o que sobrou. Com isso terminamos a primeira classificação (Bens Considerados em Relação a si Mesmos). Vejamos agora as demais classificações.
II - BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (arts. 92/97 do CC)
Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os bens. O quê um bem é em relação a outro bem. Segundo ela os bens podem ser Principais ou Acessórios. Exemplo: uma casa. É um bem principal ou acessório? Resposta – Depende! Depende do quê? – Depende em relação a quê. A casa em relação ao quê? A casa em relação ao terreno. Neste caso a casa é acessória; o terreno é o principal. Mas, e se for a casa em relação aos bens móveis que guarnecem a casa, ou a casa em relação à piscina. Neste caso a casa será o principal e os demais serão acessórios. Uma árvore é um principal ou acessório? Depende! A árvore em relação aos frutos é o bem principal. Mas em relação ao solo é acessório. Acompanhe então a classificação completa:
A) PRINCIPAIS
São os que existem por si, abstrata ou concretamente, independente de outros (ex.: o solo, um crédito, uma jóia, etc.). Exercem função e finalidade independentemente de outra coisa.
B) ACESSÓRIOS
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de um bem principal (ex.: uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, a cláusula penal, o contrato de fiança em relação ao contrato de locação, os juros, os frutos, etc.).
Regra - o bem acessório segue o principal (salvo disposição especial em contrário) – acessorium sequitur principale. Por essa razão, quem for o proprietário do principal, será também do acessório; a natureza do principal será a do acessório. 
Trata-se do princípio da gravitação jurídica (um bem atrai o outro para a sua órbita, comunicando-lhe seu próprio regime jurídico). Isto também se aplica aos contratos: se o contrato principal for nulo, nula também será a fiança, que é cláusula acessória (já o contrário não é verdadeiro – se nula a fiança o contrato principal pode ser válido). O credor que tem direito de receber uma coisa pode reclamar os seus acessórios. 
São Bens Acessórios:
1 - Frutos - são as utilidades que a coisa produz periodicamente; nascem e renascem da coisa e cuja percepção mantém intacta a substância do bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em:
- Naturais – própria força orgânica da coisa (ex.: frutas, crias de animais, ovos, etc.).
- Industriais – engenho humano (ex.: produção de uma fábrica).
- Civis (ex.: juros de caderneta de poupança, aluguéis, dividendos ou bonificações de ações, etc.).
- Além disso ainda podem ser: 
-Pendentes (ligados à coisa que os produziu); 
-Percebidos (já separados); Estantes (armazenados em depósitos); 
-Percipiendos (deveriam ser, mas não foram percebidos);
-Consumidos (já não existem mais).
2 – Produtos, são as utilidades que se extraem da coisa, alteram a substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento, porque não se reproduzem (ex.: pedras de uma pedreira, minerais de uma jazida - carvão mineral -, lençol petrolífero, etc.).
3 – Rendimentos, são os frutos civis ou prestações periódicas em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem (ex.: aluguel).
4 – Produtos orgânicos, são da superfície da terra (ex.: vegetais, animais, etc.).
5 - Obras de aderência, obras que são realizadas acima ou abaixo da superfície da terra (ex.: um prédio, o metrô, pontes, etc.).
6 - Pertenças – bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (ex.: moldura de um quadro, acessórios de um carro, etc.).
 Pertença vem do latim pertinere (pertencer, fazer parte de). É acessório, depende economicamente de outra coisa. É necessário para caracterizar: vínculo intencional (material ou ideal), duradouro, estabelecido por quem faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. Segundo a regra do art. 94 CC os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei ou da vontade das partes.
Assim, em relação às pertenças, nem sempre pode se usar o adágio de que “o acessório segue o principal”. Assim, quando se tratar de negócio que envolva transferência de propriedade é conveniente que as partes se manifestem expressamente sobre os acessórios, evitando situações dúbias (ex.: quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se equipamento de som está incluso ou não no negócio).
 Só são pertenças os bens que não forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se forem retirados do principal não afetam a sua estrutura. Ex.: Uma casa é composta por diversas partes integrantes. Uma porta ou uma janela são fundamentais para a existência da casa. Já o ar condicionado pode ser considerado como pertença. Da mesma forma os instrumentos agrícolas em relação a uma fazenda.
7 - Acessões (de modo implícito) – aumento do valor ou do volume da propriedade devido a forças externas, fatos eventuais ou fortuitos (formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo, construções de obras e plantações – falaremos sobre esses temas nos Direito das Coisas). Não é indenizável.
8 – Benfeitorias - são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Talvez seja item mais importante em termos de bens acessórios. Quanto às benfeitorias precisamos saber: quais são elas, qual o conceito e exemplos de cada uma delas e o efeito que elas podem ter no direito possessório que já iremos adiantar aqui. Vamos por etapas.
Dividem-se as benfeitorias em:
a) Necessárias - as que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore (ex.: reforços em alicerces, restauração de assoalhos, reforma de telhados, substituição de vigamento podre, desinfecção de pomar, etc.).
b) Úteis - são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (ex.: garagem, edículas, instalação de aparelho hidráulico moderno,etc.).
c) Voluptuárias - são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, que não aumentam o uso da coisa (ex.: uma pintura artística, ajardinamento, piscina, churrasqueira, etc.).
Relevância jurídica da distinção das benfeitorias
Na posse - O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso não indenizadas, cabe direito de retenção pelo valor das mesmas. Quantoàs voluptuárias não serão indenizadas, mas elas podem ser levantadas, desde que não haja detrimento da coisa. Por outro lado, o possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias. Vejam o quadrinho abaixo que retrata que eu disse.
Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé
Necessárias
Indeniza, Indeniza
Úteis
Indeniza, Não indeniza
Voluptuárias
 Não indeniza, mas pode ser levantada
No entanto a lei 8.245/91 (sobre locações), dispõe:
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
Cuidado - Não confundir acessão artificial com benfeitoria
Acessão Artificial - obra feita na coisa já existente, criando coisa nova, como as construções e plantações (ex.: construção de um quarto a mais na casa, atelier, etc.).
Benfeitoria - obra realizada para conservar, melhorar ou embelezar, sem modificar a substância.
Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais os seguintes bens:
a) a pintura em relação à tela;
b) a escultura em relação à matéria-prima;
c) a escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima.
III - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO
DOMÍNIO
Tal classificação se refere aos sujeitos a que pertencem os bens. De quem são os bens? Eles podem ser divididos em:
• BENS PARTICULARES - são os que pertencem às pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado.
• RES NULLIUS - são coisas de ninguém, coisas sem dono. Ex.: animais selvagens em liberdade, pérolas no fundo do mar, peixes no mar, conchas na praia, tesouros, as coisas abandonadas (chamados de ‘res derelictae’), etc. Lembrem-se, os bens imóveis nunca serão res nullius.
• BENS PÚBLICOS (res publicae) - são os que pertencem a uma entidade de direito público interno: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias, etc.
Observação – atualmente os autores se referem também aos bens difusos, sendo seu exemplo típico o meio ambiente, protegido pelo art. 225 da Constituição Federal. Essa proteção visa assegurar a sadia qualidade de vida dos cidadãos.
Classificação dos Bens Públicos (art. 99 CC)
A) Uso Comum do Povo
Destinados à utilização do público em geral; podem ser usados sem restrições por todos, sem necessidade de permissão especial (ex.: praças, jardins, ruas, estradas, mares, rios, praias, etc.).
Não perdem a característica de uso comum se o Estado regulamentar seu uso, ou torná-lo oneroso (ex.: pedágio nas rodovias, fechamento de uma praça à noite por questão de segurança, etc.).
Curiosidade – o art. 285 da Constituição do Estado de São Paulo prevê: “Fica assegurado a todos livre e amplo acesso às praias do litoral paulista. 
§1º - Sempre que, de qualquer forma, for impedido ou dificultado esse acesso, o Ministério Público tomará imediata providência para a garantia desse direito”.
B) Uso Especial
Imóveis (edifícios ou terrenos) utilizados pelo próprio poder público para a execução de serviço público (ex.: prédios onde funcionam tribunais, escolas públicas, hospitais públicos, secretarias, ministérios, etc.). Eles têm uma destinação especial. O Direito Administrativo se refere a eles como bens públicos afetados. Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem público. Indica ou determina o fim a que ele se destina ou para o qual será destinado.
C) Dominicais (ou dominiais - dominus - relativo ao domínio, São os bens que constituem o patrimônio disponível da pessoa jurídica de direito público. Abrange os bens móveis e imóveis. Na verdade são os outros bens públicos, por exclusão (pois não são de uso comum do povo e nem têm uma destinação especial). São eles (apenas exemplificativamente):
• terrenos de marinha (e acrescidos) - terrenos banhados por mar, lagoas e rios (públicos) onde se faça sentir a influência das marés. Estão compreendidos na faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à linha de preamar média. Pertencem à União.
• mar territorial - compreende a faixa de 12 milhas marítimas de largura, de propriedade da União. Além disso, há a zona econômica exclusiva - de 12 a 200 milhas - onde o Brasil tem direitos de soberania exclusivos, para fins de exploração econômica, preservação ambiental e investigação científica.
• terras devolutas - são terras que, embora não destinadas a um uso público específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras não aproveitadas. Como regra pertencem aos Estados, que podem passá-las aos Municípios; serão da União se indispensáveis à segurança nacional.
• Outros bens considerados dominicais: estradas de ferro (se forem públicas, pois algumas são privadas); títulos da dívida pública; ilhas formadas em mares territoriais e rios públicos navegáveis; quedas d’água, jazidas e minérios; terras indígenas; sítios arqueológicos, etc. 
Costuma-se dizer que os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são bens do ‘domínio público do Estado’. Já os dominicais são do ‘domínio privado do Estado’. Os bens públicos dominicais podem, por determinação legal, ser convertidos em bens públicos de uso comum ou especial.
Características dos Bens Públicos
• inalienabilidade - os bens públicos não podem ser vendidos, doados ou trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, ou seja, enquanto tiverem afetação pública (art. 100 CC). 
Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais. Ex.: uma praça pública não poderá ser vendida enquanto tiver esta destinação (uso comum do povo). 
Caso contrário, o Município poderá, por lei, alienar o terreno, desde que o faça em hasta pública ou por meio de concorrência administrativa.
• impenhorabilidade - impede que o bem passe do devedor ao credor por força de execução judicial (adjudicação ou arrematação). Também não pode recair hipoteca sobre esses bens.
• imprescritibilidade (usucapião) - a Constituição Federal proíbe a aquisição, por usucapião, de bens públicos.
• conversão ⎯ os bens públicos dominicais podem ser convertidos em bens de uso comum ou especial. Por meio da afetação o bem passa da categoria de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público.
Conferir:
• Bens da União – art. 20 da Constituição Federal.
• Bens dos Estados – art. 26 da Constituição Federal.
IV - COISAS FORA DO COMÉRCIO
Os bens que se acham no comércio podem ser alienados e adquiridos livremente. Os que estão fora não podem ser transferidas de um acervo patrimonial a outro. Comércio - sentido técnico = possibilidade de compra e venda, doação, ou seja, liberdade de circulação.
São considerados coisas fora do comércio, os bens:
• Insuscetíveis de apropriação ⎯ são bens de uso inexaurível (ex.: ar, luz solar, água do alto-mar, etc.). São chamados de coisas comuns.
• Personalíssimos - Vida, honra, liberdade, nome, etc.
• Legalmente inalienáveis - apesar de suscetíveis de apropriação, têm sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Alguns exemplos:
- bens públicos (uso comum do povo e especial – art. 100 CC)
- bens das fundações (arts. 62 a 69 CC)
- terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4º CF)
- bens de menores (art. 1.691 do CC)
- terreno onde foi construído um edifício de condomínio por andares, enquanto persistir o regime condominial (art.1.331, § 2º)
- bens de família (*)
- bens gravados com cláusula de inalienabilidade (*)
Observação – os bens móveise imóveis tombados, cuja conservação seja de interesse público (fatos históricos, valor arqueológico, bibliográfico, artístico, etc.), não estão propriamente fora do comércio. Sua alienabilidade é restrita, não podendo ser livremente transferidos sem autorização; não podem sair do País, nem ser demolidos ou mudados.
Os bens legalmente inalienáveis poderão ser alienados, com autorização judicial, em certas circunstâncias excepcionais.
(*) Caros alunos. Também são exemplos de coisas fora do comércio o bem de família e os bens gravados com cláusulas de inalienabilidade. No entanto, devido a sua importância, os destacamos em itens separados, a seguir:
BEM DE FAMÍLIA (arts. 1.711 a 1.722 do CC)
CONCEITO
Bem de família é um instituto do direito civil pelo qual se vincula o destino de um prédio para ser domicílio ou residência de sua família. Originou-se no direito americano (homestead). O governo da então República do Texas, com o objetivo de fixar famílias em suas vastas regiões, promulgou um ato em 1.839, garantindo a cada cidadão determinada área de terra, isentas de penhora.
No Brasil, podem os cônjuges ou entidade familiar (famílias legítimas ou às uniões estáveis entre homem e mulher), mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido) para instituir o bem de família. É necessário que seja imóvel residencial (rural ou urbano, com seus acessórios), não havendo limite de valor.
Admite-se que também sejam gravados valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
CONSEQÜÊNCIAS
Com a instituição do bem, o prédio se torna inalienável e impenhorável. E o prédio fica isento de execuções por dívidas posteriores à instituição, salvo as que provierem de:
• tributos relativos ao prédio (ex.: IPTU), ou
• despesas de condomínio.
Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura pública e registro no Registro de Imóveis, além de publicação na imprensa local, para ciência de terceiros. A condição para que se faça esta instituição é que inexistam ônus sobre o imóvel bem como dívidas anteriores. É nula a instituição se for feita com fraude contra credores. A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que, se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um dos consortes o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado enquanto viver o outro. Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade de todos os filhos. O prédio entrará em inventário para ser partilhado somente quando a cláusula for eliminada. A dissolução da sociedade conjugal, por si só, não extingue o bem de família.
ALIENAÇÃO
Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando houver. Em havendo, o Juiz irá designar um curador especial e irá consultar o Ministério Público. A cláusula somente poderá ser levantada por mandado judicial (mandado de liberação), justificado o motivo relevante. Se foi solenemente instituído pela família como domicílio desta, não pode ter outro destino. Se houver menores impúberes a situação ainda fica mais complicada: a cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver subrogação (substituição da coisa; transferência das qualidades de uma coisa para outra) em outro imóvel para a moradia da família.
LEI Nº 8.009/90
Pessoal. Não confundir o Bem de Família instituído pelo Código Civil com o ‘Bem de Família’ previsto em uma lei especial. É muito comum cair questões confundindo estes temas. E também é comum ainda o aluno fazer muita confusão com os dois institutos. Portanto tomem cuidado. Vou reforçar bem este assunto.
Atualmente a Lei 8.009/90, dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família, que passou a ser o imóvel residencial (rural ou urbano) próprio do casal ou da entidade familiar, independente de inscrição no Registro de Imóveis. No caso da pessoa não ter imóvel próprio (ex.: locação), a impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam da propriedade do locatário. Estende-se aos equipamentos de uso profissional. Se o casal ou entidade familiar for possuidor de vários imóveis, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor (salvo se outro tiver sido registrado).
Repito - não confundir - bem de família (voluntário ou instituído pelo próprio interessado - arts. 1711/1722 do C.Civil) com impenhorabilidade do único imóvel do casal (legal ou automático - Lei 8.009/90).
No primeiro caso trata-se afetação de bem imóvel para certa finalidade, tornando-o impenhorável (exceto por impostos do próprio imóvel e condomínio), bem como inalienável e insuscetível de ser inventariado ou partilhado. No segundo caso trata-se de mera impenhorabilidade, não tornando o imóvel inalienável e nem isento de inventário e partilha.
EXCEÇÕES
Vimos que o bem de família do Código Civil só pode ser penhorado em duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem imóvel ou condomínio. Já os bens de que trata a lei 8.009/90 tem um número maior de exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a dívida. Assim esses bens (da lei 8.009/90), não responderão por dívidas civis, mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de execução for movido em razão de:
• crédito de trabalhadores da própria residência
• hipoteca
• financiamento
• cobrança de impostos devidos em função do imóvel
• condomínio
• pensão alimentícia
• bem adquirido com produto de crime
• fiança em locação (*)
(*) Cuidado com o último exemplo = Fiança nos contratos de locação. Atualmente, tanto a lei, como a jurisprudência assim dispõem:
Se uma pessoa é proprietário de um imóvel e deseja alugá-lo vai desejar que o locatário (inquilino) apresente um fiador. Este fiador precisa ter um bem imóvel, para garantir a fiança. Ou seja, se o locatário (inquilino) não pagar o aluguel o proprietário (locador) irá acioná-lo. Se este não conseguir pagar, o proprietário aciona o fiador e este será responsável pela dívida. Poderá o fiador alegar que aquele é o único bem que dispõe e requerer o chamado “bem de família” para não pagar a dívida? Resposta: – atualmente (depois de várias idas e vindas) não. Ou seja, se uma pessoa se dispuser a ser fiador, neste momento está abrindo mão do chamado bem de família. Não poderá invocar esse benefício para deixar de pagar a dívida do inquilino. Nos últimos anos essa posição já foi mudada diversas vezes. Atualmente é essa a que está vigorando, inclusive com uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Assim muito cuidado, inclusive em nosso dia-a-dia. Devemos saber que assumindo o risco de sermos fiadores, estamos abrindo mão do bem de família da Lei 8.009/90. Mas isso, é evidente, não se aplica àquele bem de família previsto no Código Civil, pois neste último caso o bem foi registrado e se tornou inalienável.
DIFERENÇAS:
1 – Bem de Família (do Código Civil)
a) ato voluntário – deve ser registrado;
b) deve representar no máximo um terço do patrimônio líquido da pessoa que está registrando;
c) acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do bem;
d) tem apenas duas exceções: dívidas decorrentes de condomínio e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem.
2 – Bem de Família – Lei 8.009/90 – na verdade não torna a coisa um “bem de família”; esta coisa fica apenas impenhorável, ou seja, não pode recair penhora sobre ele.
a) família que tem um único imóvel para sua residência – é automático; decorre da lei;
b) acarreta somente a impenhorabilidade;
c) possui diversas exceções conforme vimos acima.
BENS GRAVADOS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE
São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por meio de uma cláusula temporáriaou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (ex: testamento). Ex: um pai, percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz testamento, com essa cláusula especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho, protegendo esses bens do próprio filho, impedindo que os atos de irresponsabilidade ou má administração possam levar o filho à insolvência - dívidas superiores aos créditos). O art. 1.911 do CC determina que “a cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade”. Atualmente essa cláusula tem valor restrito, pois o testador deverá apontar expressamente a justa causa para essa sua decisão de tornar o bem inalienável (art. 1.848 CC), ou seja, deverá justificar o porquê desta medida.
Observações:
• Terrenos em cemitérios públicos são objeto de concessões, que não podem ser transferidos, portanto estão fora do comércio. O monumento tumular (anjos, capelas, etc.) também é impenhorável.
• Embora o corpo humano esteja fora do comércio, há possibilidade de se dispor do próprio corpo para após a morte, de forma gratuita, servir a fins científicos ou altruísticos (art. 14 do CC) e de se dispor de órgãos de pessoas falecidas para transplantes (Lei nº 9.434/97).
Vamos agora apresentar o nosso já famoso quadro sinótico, que é um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.
QUADRO SINÓTICO- RESUMO
OBJETO DO DIREITO – DOS BENS
I - Conceito - são as coisas (materiais ou imateriais) enquanto economicamente valoráveis, satisfazendo a necessidade humana.
II - Classificação Legal
1. Bens considerados em si mesmos – arts. 79/91 CC
a) Imóveis e Móveis-
-Imóveis não podem ser removidos, transportados, de um lugar para o outro, sem a sua destruição. 
-Móveis - podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria (semoventes) ou estranha, sem alteração da sua substância.
b) Infungíveis e Fung´veis
 -Infungíveis não podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
-Fungíveis - podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
c) Inconsumíveis e Consumíveis– 
-Inconsumíveis proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade. 
-Consumíveis - são bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso.
d) Divisíveis e Indivisíveis- 
-Divisíveis podem ser partidos em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito.
-Indivisíveis - não podem ser partidos em porções, pois deixariam de formar um todo perfeito.
e) Singulares e Coletivos-
-Singulares são os que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
-Coletivos (ou Universais) - são as coisas que se encerram agregadas em um todo.
2. Bens reciprocamente considerados - arts. 92/97 CC
a) Principais – existem por si mesmos.
b) Acessórios – sua existência depende da existência de outro (regra → acessório segue o principal). Espécies: frutos, produtos, pertenças, rendimentos. Benfeitorias: necessárias (conservação do bem – alicerce da casa), úteis (facilitam o uso - garagem) e voluptuárias (embelezamento, comodidade - piscina).
3. Bens considerados em relação ao titular do domínio –arts. 98/103 CC
 
a) Particulares
 
b) Res nullius – coisas de ninguém ex.: peixe no fundo do mar, coisas abandonadas).
c) Públicos - uso comum do povo (rios, mares, estradas, ruas, ministérios, etc.) e dominicais (patrimônio disponível das pessoas de direito público: terras devolutas e terrenos de marinha).
Observação - Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial (afetados) são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
4. Coisas fora do comércio
a) Insuscetíveis de apropriação – uso inexaurível (ar, luz solar, etc.)
b) Personalíssimos – vida honra, liberdade, etc.
c) Legalmente inalienáveis - bens públicos, das fundações, terras indígenas, bem de família e bens gravados com cláusula de inalienabilidade.
• Bem de Família - arts. 1.711 a 1.722 CC X Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do único imóvel) – 
Não confundir – Cuidado com a fiança nos contratos de locação.
• Bens gravados com cláusula de inalienabilidade – art. 1.911 CC

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