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Apostila V Direito Civil I Parte Geral Dos Fatos Dos Atos e Da Prescrição e Decadencia 1

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DOCTUM
DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL
Professor: Ademir João Costalonga
TÓPICO V
DOS FATOS; ATOS JURÍDICOS e Da Prescrição e Decadência 
PRIMEIRA PARTE- Já estudamos que existem os sujeitos de Direito (que são as pessoas) e os objetos do Direito (que são os bens). No entanto o ponto referente a Bens não está no edital para o Fiscal do Trabalho. Esse ponto será dado depois, para quem for seguir com o curso (está no edital para o ICMS/SP). Hoje veremos o elemento que estabelece a ligação; o vínculo entre as pessoas tendo como objeto os bens que são as Relações Jurícas.
RELAÇÕES JURÍDICAS
As relações jurídicas têm como fonte geradora os Fatos Jurídicos. Há sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo.
Fato, portanto, é um evento, um acontecimento. O tema “Fatos e Atos Jurídicos” deve ser visto devagar. Por isso, desmembramos esse tema em duas aulas. Esta primeira é uma aula introdutória. Costumo fazer isso nas aulas presenciais. 
Primeiro será visto a parte teórica. “E bota teórica nisso”. Os alunos costumam achar essa primeira parte “meio chata”. Mas ela é imprescindível. Vou tentar torná-la mais agradável... Hoje, o que veremos é BASE da matéria, que será importantíssima no futuro, quando SERÁ analisado o Direito das Obrigações, os Contratos, etc. 
Os Fatos, Atos e Negócios Jurídicos 
São pontos fundamentais para entender as próximas partes. Por isso damos
essa primeira parte e esperamos os alunos “deglutirem” essa parte teórica. Leiam e releiam com todo amor e carinho este início. Vocês verão como ficará mais fácil entender. Falaremos hoje de alguns conceitos, classificações, e, principalmente, prescrição e decadência. Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o “Negócio Jurídico” e seus elementos constitutivos, além da “Ineficácia do Negócio Jurídico”.
Comecemos, então. Inicialmente, temos que diferenciar um fato comum de um fato jurídico. Há fatos que não interessam ao Direito. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do Direito. Se essa pessoa, porém, andar sobre um gramado proibido, causando danos, o fato que era comum passará a interessar ao Direito. Assim, observem a seguinte classificação:
• Fato Comum é ação humana ou fato da natureza que não interessa ao Direito. Não estudaremos isso, pois, como disse, não interessa ao Direito (para quê estudar algo que não nos interessa ?).
• Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu) é um acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos. Ex.: no contrato de locação, locador e locatário ficam vinculados um ao outro. Desse vínculo surgem direitos e deveres para ambas as partes. Assim, por enquanto, o que nos interessa estudar é o Fato Jurídico. Este sim causará reflexos no campo do Direito.
Embasado no que foi dito acima, podemos conceituar os fatos jurídicos como sendo os acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. 
Para efeito de memorização dos elementos do “Fato Jurídico” que veremos, costumo usar a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos.
. Aquisição de Direitos –
É a conjunção dos direitos com seu titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu titular. (ex: quando eu acho uma coisa abandonada ou quando eu compro um determinado objeto de um amigo, etc). Os direitos podem ser adquiridos de forma originária ou derivada:
a) Originária é o direito que nasce no momento em que o titular se apropria do bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa (ex.: pescar um peixe em alto-mar, ocupar coisa abandonada, etc.).
b) Derivada quando houver transmissão do direito de propriedade, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular (ex.:vender um carro ou um imóvel a outra pessoa).
A aquisição ainda pode ser:
Gratuita (não há contraprestação – ex.: doação) ou;
Onerosa (há uma contraprestação – ex.: compra e venda, troca).
.Resguardo (proteção ou defesa) de Direitos –
. Para resguardar seus direitos, o titular deve praticar atos conservatórios como:
protesto;
retenção quando possuidor de boa-fé, que fez benfeitorias necessárias e úteis na coisa alheia (art. 1.219 CC); 
arresto quando da apreensão judicial de coisa litigiosa ou de bens para a segurança da dívida; 
seqüestro;
depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito.
 Há, também a defesa preventiva:
Extrajudicial
-Quando a cláusula penal em um contrato (trata-se da multa contratual); -Quando o sinal (que também é chamado de arras, ou seja, um adiantamento); 
-Quando a fiança, etc., são medidas que servem para proteger meus direitos.
b) judicial quando as ações judiciais para proteção de direitos: -Mandado de Segurança (protege direito líquido e certo);
- Interdito Proibitório (é uma ação possessória, conforme veremos no Direito das Coisas).
ATENÇÂO: lembrem-se da máxima: “A todo Direito corresponde uma Ação que o assegura”. Se houver ameaça ou violação (por ação ou omissão) a um direito subjetivo, este será protegido por ação judicial (art. 5º, XXXV da C.F.). Ação é o meio que o titular do direito tem para obter a atuação do Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos (art. 3º do C.P.C. - “Para propor ou contestar uma ação é necessário ter legítimo interesse econômico ou moral”).
Nós sabemos que no Brasil não podemos fazer “justiça pelas próprias mãos”, sob pena de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias razões). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu não posso ir até a casa dele e “dar uns tapas” no devedor. Não! Eu devo entrar com uma “Ação de Despejo” por falta de pagamento. 
No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela no caso de legítima defesa da posse (art. 1.210, §1º do CC), penhor legal, etc.
Modificação (ou transformação) de Direitos 
- Os direitos podem sofrer modificações em seu conteúdo, seu objeto e em seus titulares, sem que haja alteração em sua substância. a modificação do direito pode ser objetiva ou subjetiva:
a) Objetiva 
-Quando atinge a qualidade ou quantidade do objeto ou o conteúdo da Relação Jurídica (ex.: o credor de uma saca de feijão aceitao equivalente em dinheiro).
b) Subjetiva 
-Quando a substituição do sujeito ativo ou passivo, podendo ser inter vivos ou causa mortis (ex.: morre o titular de um direito e este se transmite aos seus sucessores). No entanto, há direitos que não comportam modificação em seu sujeito por serem personalíssimos.
.Extinção de Direitos 
– observem, com atenção, as hipóteses de extinção de direitos:
• Perecimento do objeto (anel que cai em um rio profundo e é levado pela correnteza) ou perda de suas qualidades essenciais (campo de plantação invadido pelo mar).
• Renúncia - quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex: renúncia à herança).
• abandono – intenção do titular de se desfazer da coisa não querendo ser mais seu dono.
• alienação – que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de forma onerosa ou gratuita.
• falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, intransferível.
• confusão – numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor.
• prescrição ou decadência, será analisado mais adiante, ainda n este semestre.
Bem, com isso encerramos esta parte bem introdutória sobre o “Fato Jurídico” e seus elementos (A.R.M.E.). 
Vejamos agora uma Classificação dos Fatos Jurídicos. Podemos dizer que o Fato Jurídico se divide em Natural (fato da natureza) e Humano (praticado por nós, os seres humanos). Cada um destes possuiuma subdivisão. Observe o quadro abaixo. Este quadro é de extrema importância. Daqui para frente) vamos analisar cada item deste quadro. 
Portanto, sempre que estiver em dúvida sobre o assunto tratado, retorne a este quadro.
Fato Jurídico Natural (ou Fato Jurídico em Sentido Estrito)
• Ordinário – normalmente ocorre
• Extraordinário – caso fortuito ou força maior
Fato Jurídico Humano (ou simplesmente ATO)
Veremos estes temas abaixo na próxima aula. Por enquanto, é importante que se saiba:
• Ato Jurídico em Sentido Amplo (ou Voluntário):
 Ato Jurídico em Sentido Estrito – os efeitos são os impostos pela lei (ex; reconhecimento de filho); não há regulamentação da autonomia privada.
Negócio Jurídico – os efeitos são os desejados pelas partes (ex: contratos); há autonomia privada.
• Ato Ilícito (ou Involuntário):
- Civil
- Penal
- Administrativo
Muito cuidado aqui. Algumas questões costumam cair sobre o gráfico acima. E isso causa certa confusão ao aluno. Querem um exemplo? Duas indagações (responda sem olhar o quadro):
O Ato Ilícito é um Ato Jurídico? O Ato Ilícito é um Fato Jurídico? ....Resposta: basta analisar o gráfico com atenção (agora dê uma olhada no gráfico) que iremos concluir que o Ato Ilícito é um Fato Jurídico (humano), porém não é um Ato Jurídico!!!
Continuemos com Fato Jurídico em Sentido Estrito
que a doutrina também chama de Fato Jurídico Stricto Sensu ou Fato Natural (são todas expressões sinônimas).
Fato Natural 
É o acontecimento que ocorre independente da vontade humana e que produz efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. 
Podem ser classificados em:
Ordinário 
Com o que há de mais certo em nossa vida?? A morte. Ela ocorrerá independente de nossa vontade. Portanto é um fato natural. Lógico que estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar – a morte morrida). Pois um homicídio (brincando ainda – a morte matada) é um ato ilícito. Da mesma forma são Fatos Jurídicos Naturais Ordinários: o nascimento, a maioridade, o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (essa matéria é vista no Direito das Coisas, quando o edital exigir esse item), a prescrição e a decadência, etc. Estes últimos temas são importantíssimo e serão analisados de forma autônoma, ainda neste semestre.
Extraordinário 
São causas ligadas ao caso fortuito (causa desconhecida - ex.: explosão de uma caldeira em uma usina) ou à força maior (conhece-se a causa, fato da natureza - ex.: raio que provoca incêndio). Há uma imprevisibilidade. Em ambos o caso se configura uma inevitabilidade do evento e ausência de culpa pelo ocorrido.
Prescrição e Decadência como Fato Jurídico 
As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando a dívida a vida inteira. Eu tenho um tempo para isso. Se eu não cobrar dentro de um determinado prazo (que é marcado pela lei), eu não poderei mais cobrar. Assim, fundados na necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da decadência. 
A questão se liga ao decurso do tempo. Assim, a inércia do titular de um direito, aliada ao decurso do tempo, faz com que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. 
Desta forma, o credor que não recebe o que lhe é devido tem o direito de ajuizar uma ação para cobrar o devedor. Mas se deixa de ajuizar a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se uma situação contrária a seus interesses por desídia sua.
Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus – o direito não socorre aos que dormem. O fundamento dessa proteção a situações consolidadas no tempo(embora contrárias ao direito de alguém) é a paz social, impedindo que essa pudesse ser conturbada a qualquer tempo por quem se julgasse prejudicado em algum direito seu. Se a pessoa não cuidou de defender seu direito a tempo, praticamente “renunciou” a este direito, aceitando inerte a afronta que lhe era feita. Não se trata de um instituto justo e nem é esta a preocupação; o que se busca é uma questão de segurança jurídica, de tranqüilidade. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados por fatos ocorridos há muito tempo.
A Prescrição e a Decadência
São causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito durante determinado prazo. Inércia e decurso de prazo são seus elementos comuns.
Cuidado. O tema Prescrição e Decadência é comum a todas as matérias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributário, Comercial.... todas elas tratam do tema. É lógico que vamos dar o enfoque sob a ótica do Direito Civil. 
Se cair uma questão sobre esse tema, veja antes em sua prova, que ramo do Direito está sendo abordado. Vamos falar primeiro da Prescrição e depois da Decadência.
Antes, gostaria de falar sobre uma curiosidade (até porque já vi cair isto em vários concursos): o Código Civil anterior não mencionava a expressão Decadência. Para ele tudo era Prescrição. A doutrina é que fazia a divisão. Mas não havia um consenso sobre todos os temas. Era uma bagunça... Hoje a matéria está mais fácil. O Código diz o que é Prescrição e o que é Decadência. E menciona os prazos de um e outro Instituto. Além disso, tem uns “macetes” que irão diferenciá-los, que irei mencionar depois, facilitando, ainda mais este estudo, que confesso, é bem teórico.
I - DA PRESCRIÇÃO
Prescrição é a perda do direito da pretensão, pela inércia do seu titular. Segundo Clóvis Beviláqua, prescrição é a perda da ação atribuída a um direito e de toda a sua capacidade defensiva, em conseqüência do não-uso dela durante determinado espaço de tempo.
Na vigência do Código anterior falava-se que prescrição era a perda do direito de ação. Conceitua-se o direito de ação como “um direito subjetivo público e abstrato dirigido ao Estado em não à parte contrária”. Assim, por coerência aos ensinamentos processuais, o atual Código consolidou a idéia de que a prescrição não atinge a ação propriamente dita, mas apenas a pretensão. Isto porque se pode ingressar com uma ação, mesmo prescrita, e ser possível sair-se vitorioso, desde que a outra parte não alegue a prescrição.
Nossa missão aqui é objetiva. O que vem caindo nos concursos. Evitando discussões doutrinárias e indicando que não se trata de direito subjetivo público abstrato de ação, o atual Código adotou a tese da prescrição da pretensão. É isso que interessa. Evite maiores divagações sobre o tema. Prescrição é a perda do direito da pretensão.
Violado um direito, nasce para o seu titular uma pretensão (o prazo prescricional só se inicia no momento em que é violado o direito). Se este ficar inerte, tem como pena a perda desta pretensão. É uma sanção ao titular do direito violado (que foi negligente). 
Repito: não se trata de proteger o lesante; trata-se de uma punição ao lesado por sua inércia. Pela prescrição, se perde o direito de ajuizar a ação, ou seja, se perde o direito de resolver a pendência judicialmente. Todavia, o direito em si permanece incólume, só que sem proteção jurídica para solucioná-lo. Tanto assim que, se alguém pagar uma dívida prescrita, não pode pedir a devolução da quantia paga. Isto porque existia o direito de crédito que não foi extinto pela prescrição. Costuma-se dizer que o direito prescrito converte-se em obrigação natural, isto é, sem proteção judicial.
Disposições Gerais sobre a Prescrição 
Costumo analisar cada item sobre a prescrição de forma isolada. É uma maneira bem didática de dar essa matéria. Assim:
Renúncia (art. 191 CC)
A renúncia à prescrição pode ser Expressa ou Tácita. E pode ser feita após a consumação da prescrição, isto é, depois de decorrido o prazo. A lei não admite arenúncia prévia. Não pode igualmente ser feita em prejuízo de terceiro. A renúncia tácita é presumida, a partir de fatos praticados pelo interessado, incompatíveis com a prescrição (ex.: pagar a dívida, fazer novação, fazer transação, etc. – vamos ver estes itens na aula sobre Obrigações).
Alegação (art. 193 CC)
A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita. Não é cabível na fase de liquidação em processo em fase de execução, nem em fase de liquidação da sentença. Tem-se entendido que não se pode alegar perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto instâncias especiais e extraordinárias, posto que somente podem reconhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras instâncias (pré-questionamento).
Efeitos
• os particulares, por meio de um contrato, não podem declarar que um direito é imprescritível. Só a lei pode fazê-lo;
• os prazos prescricionais não podem ser alterados, nem reduzidos, nem aumentados por particulares por acordo de vontades.
• antes de consumada é irrenunciável.
Pessoas a quem aproveita
A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor (art. 196 CC). Prescrevendo o direito principal, prescrevem os acessórios.
Declaração de Ofício (ex officio)
O Juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a pessoa absolutamente incapaz (art. 194). A regra é que a prescrição diz respeito a direito dispositivo da parte. Se ela não alegar o juiz entenderá que houve renúncia tácita. No entanto o juiz pode reconhecer de ofício em favor do absolutamente capaz, pois se entende que há um interesse social neste fato.
Importante 
Estamos de olho em tudo o que acontece, tentando nos atualizar ao máximo. Assim, foi recentemente publicada a Lei 11.280 de 16 de fevereiro de 2.006, que revogou o artigo 194. Essa lei estava em vacatio legis (lembram-se desta expressão ? – Aula 01) de 90 dias. Portanto só entrou em vigor em maio. Se o edital sair antes disso, deve cair como está no texto acima. Mas se o edital sair depois simplesmente ignore o texto acima. Ou seja, o Juiz poderá declarar a prescrição sempre. E não só quando favorecer absolutamente incapazes.
Requisitos da Prescrição
• existência de uma ação judicial exercitável.
• inércia do titular da ação (não exercício).
• continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo.
• ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional.
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas
Em princípio, uma vez exigível o direito subjetivo surge a pretensão. A partir daí começa a correr o prazo prescricional. No entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que já surgida a pretensão (causas impeditivas) ou que suspendem o curso da prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou mesmo fazem com que o prazo reinicie (causas interruptivas). Vamos ver item por item:
1. Causas Impeditivas (arts. 197, I a III; 198, I e 199, I e II CC)
São as circunstâncias que impedem que o curso prescricional se inicie. Assim, não corre prescrição:
• entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal; se o casamento se der após o prazo ter se iniciado, é caso de suspensão.
• entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar.
• entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela.
• contra os absolutamente incapazes.
• pendendo condição suspensiva (sobre este tema, veja os elementos acidentais do Negócio Jurídico, que será ministrado mais adiante).
• não estando vencido o prazo.
• quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva (art. 200 CC).
2. Causas Suspensivas (arts. 198, II e III e 199, III CC)
São as circunstâncias que paralisam temporariamente o curso prescricional. Superado o fato, a prescrição continua a correr, computado o prazo decorrido antes do fato. Causas que suspendem a prescrição:
• contra os ausentes do Brasil em serviço público da União, dos Estados e Municípios.
• contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
• pendendo ação de evicção (perda da propriedade para terceiro em virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial) suspende a prescrição em andamento.
• ocorrência de fato que torne uma pessoa capaz em absolutamente incapaz (ex.: tornou-se louco após o inicio do prazo).
Cuidado: As causas suspensivas e as impeditivas têm o mesmo regime jurídico. Apenas fazem cessar temporariamente o curso da prescrição.
Exemplo prático de uma hipótese suspensão do prazo de prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa suspensiva da prescrição. Neste caso o prazo fica suspenso; fica parado (ex: credor e devedora se casam – não corre prescrição durante o matrimônio). 
Ou seja, durante esse período o prazo não é computado. Posteriormente aquilo que fez com que o prazo ficasse parado, cessou (ex: o casal se separa). O prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta, no caso dois anos. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Costumo sempre dar o seguinte quadrinho para se entender melhor o tema:
Suspensão da Prescrição
Ano Ano 1º 2º 3º 4º 5º;
Fluxo de prazo prescricional de 5 anos, onde já decorreram 3 anos.
Suspensão do Prazo
Cessada a suspensão, o prazo retoma seu fluxo pelo saldo (no caso são 2
anos).
3. Causas Interruptivas (art. 202 a 204 CC)
São as que inutilizam a prescrição iniciada, de modo que o seu prazo recomeça a correr por inteiro da data do ato que a interrompeu.
A interrupção depende, em regra, de um comportamento do credor, que deve mostrar interesse no exercício ou proteção do direito. São causas que interrompem a prescrição:
• pelo despacho do Juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual (art. 219 CPC – “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição”). 
Assim, há certa conflitância entre o Código Civil (o despacho do juiz) e o Código de Processo Civil (a citação em si). A doutrina vem tentando harmonizar os dispositivos, prevalecendo a tese de que a interrupção se dá com a citação, porém, com efeito retroativo à data da propositura da ação, desde que obedecidos os prazos fixados na lei processual.
• pelo protesto judicial e/ou cambial destinado a prevenir a responsabilidade, prover a conservação e ressalva de direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal; constitui o devedor em mora.
• pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que demonstra a intenção de interromper a prescrição.
• por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor(ex.: interpelação judicial, notificação judicial, ação pauliana, ações cautelares de uma forma geral, etc.).
• por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor (ex.: pagamento de uma parcela do débito, pedido de prorrogação de prazo, etc.).
Importante: a interrupção da prescrição no Direito Civil só poderá se dar uma vez (veja o art. 202 do CC).
Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de prescrição:imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex; credor ingressa com uma notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, volta à estaca zero. Neste caso, o prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ação principal. Vejam o quadro abaixo que facilita o entendimento da matéria:
Interrupção da Prescrição
Ano Ano
1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º; Fluxo de um prazo prescricional de 5 anos, onde já
decorreram 3 anos.
Interrupção Do Prazo
Interrompido, o prazo fluirá por mais 5 anos; iniciase novamente, por apenas uma vez mais.
Quem promove a interrupção ou suspensão ?
A suspensão ou interrupção da prescrição pode ser promovida:
• pelo próprio titular do direito em via de prescrição.
• por quem legalmente o represente.
• por terceiro que tenha legítimo interesse (credores, herdeiros).
Reflexos da interrupção da prescrição
• a interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros, a não ser que sejam solidários.
• a interrupção efetuada contra um co-devedor não prejudica aos demais devedores, a não ser que estes sejam solidários.
• a interrupção da prescrição contra o principal devedor interrompe também o prazo prescricional contra o fiador.
Prazos
O prazo da prescrição é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. 
O Código Civil optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo quando a lei não lhe haja fixado prazo menor (art. 205 CC).
Espécies de prazo
a) ordinário (ou comum) –
São de 10 anos em ações pessoais ou reais, alusivas ao patrimônio do titular da pretensão.
b) especial –
Os prazos mais exíguos para possibilitar o exercício de certos direitos (art. 206, §§ 1º a 5º CC).
 Destacamos como mais importantes:
I- De 02 (dois) anos quanto à pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem;
II- De 03 (três) anos quanto à pretensão de reparação civil por ato ilícito; 
III- De 03 (três) anos quanto à pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); 
IV- De 03 (três) anos a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. Citamos ainda:
Prescrevem em 1 (um) ano:
a) a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
b) a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
- quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
c) a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
d) a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
e) a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
• Prescreve em 2 (dois) anos:
- a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Quem for prestar concurso onde caia o Direito de Família, cuidado com esse prazo. É o que mais cai...
• Prescrevem em 3 (três) anos:
a) a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
b) a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
c) a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
d) a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
e) a pretensão de reparação civil;
f) a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
g) a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
- para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
- para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
- para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
h) a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
i) a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
• Prescreve em 4 (quatro) anos:
- a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
• Prescrevem em 5 (cinco) anos:
a) a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
b) a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
c) a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Ações Imprescritíveis –
 a prescritibilidade é a regra. A imprescritibilidade, a exceção. 
São imprescritíveis as ações que versem sobre:
- os direitos da personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias, artísticas ou científicas, etc.
- o estado da pessoa, como filiação, condição conjugal, cidadania, etc.(ex.: o filho nascido fora de um casamento pode mover ação de investigação de paternidade a qualquer momento; não há prescrição para isso).
- o direito de família no que concerne à questão inerente à pensão alimentícia, vida conjugal, regime de bens, etc.
- ações referentes a bens públicos de qualquer natureza.
- Ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato.
II – DA DECADÊNCIA
Decadência
É a perda do direito material ou do direito propriamente dito. Como falei acima, o Código Civil atual apresenta mais uma inovação quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadência nos artigos 207 a 211. Com a decadência, extingue-se o próprio direito existente, de modo que nada mais resta. Não se exercendo o direito dentro de certo prazo, tem-se a extinção desse direito. Se alguém paga débito abrangido pela decadência, tem direito à restituição, porque não mais existe o direito de crédito. Lembre-se se alguém pagar algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que pagou. O pagamento valeu. Por que? Porque o Direito existia. Mas se alguém paga algo em que ocorreu a Decadência, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que não existe mais. Não há mais o direito. Enquanto a prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge o próprio direito.
IMPORTANTE – 
Direito de Ação X Direito Material 
- Para ficar bem claro que na Prescrição perde-se o direito à pretensão e na
Decadência perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que é um direito material e o que é um direito de ação. 
Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A Constituição Federal estabelece uma série de Direitos e Garantias ao cidadão. Um delesé o Direito de Locomoção; o direito de ir, vir e permanecer. Logo o Direito de Locomoção é um direito propriamente dito, é um direito material. Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisão da pessoa de forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma ação!!! 
 Qual o nome desta ação? – Habeas Corpus. 
O Habeas Corpus é, então, uma ação. Direito Material – Liberdade; Direito de Ação – Habeas Corpus. 
Outro exemplo, agora no Direito Civil: 
Eu empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é o meu direito? De receber o dinheiro que eu emprestei de volta. Este é meu direito material, meu direito propriamente dito. Se essa pessoa não paga o que está devendo, está violando meu direito material. Com isso, “nasce” o meu direito à pretensão. Ou seja, o meu direito de cobrar o que ele me deve judicialmente. 
Assim: Direito Material = de receber o que eu emprestei; Direito de Ação = Ação de Cobrança. O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou por vontade humana (unilateral ou bilateral), está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de caducidade. Como exemplo de decadência convencional citamos a oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida somente por alguns dias. Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que esta se dá quando o direito não é exercido. Se você não aproveitar a oferta dentro do prazo marcado, não poderá mais ir à loja para “aproveitar a oferta”. Esta não existe mais. O direito a essa oferta não existe mais.
A decadência pode ser argüida em qualquer estado da causa e em qualquer instância. O Juiz deve decretá-la, mesmo sem provocação das partes no momento em que a detectar. Falamos que o Juiz age ex officio. O direito é irrenunciável. Há um interesse social em ver extinto o direito pelo seu não exercício no prazo previsto em lei. No entanto o Juiz não pode declarar a decadência de ofício sobre direitos patrimoniais, porque (neste caso) tendo caráter de ordem privada, é renunciável, e sua não-argüição pela parte interessada é um dos modos da renúncia tácita.
A decadência pode ser:
a) legal - quando o prazo estiver previsto na lei; ou 
b) convencional - quando sua previsão decorrer de uma cláusula pactuada pelas partes em um contrato (ex.: prazo para o exercício do direito de arrependimento previsto em um contrato).
Lembre-se que é nula a renúncia à decadência legal pois é matéria de ordem pública (art. 209 CC)
Efeitos
O efeito da decadência é a extinção do direito em decorrência de inércia de seu titular para o seu exercício. Extingue o direito, extinguindo, indiretamente, a ação.
O prazo decadencial corre contra todos. Nem mesmo aquelas pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu efeito, salvo no caso do art. 198 do CC, pois o prazo não corre contra absolutamente incapazes.
A decadência, como regra, não se suspende e nem se interrompe e só é impedida pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de tempo prefixado.
Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à decadência ou não a alegarem oportunamente.
Prazos
Atualmente os prazos prescricionais estão discriminados nos artigos 205 e 206 do CC. Logo todos os demais prazos estabelecidos pelo Código são decadenciais. Citamos alguns, de forma exemplificativa:
• 3 dias – sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para exercer o direito de preempção (preferência), após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
• 30 dias - contados da tradição da coisa para o exercício do direito de propor a ação em que o comprador pretende o abatimento do preço da coisa móvel recebida com vício redibitório ou rescindir o contrato e reaver o preço pago, mais perdas e danos (art. 445 do CC) com a ação estimatória.
• 60 dias – para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo estipulado, se a coisa for imóvel, após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
• 90 dias – para o consumidor obter o abatimento do preço de bem imóvel recebido com vício.
• 120 dias – prazo para impetrar Mandado de Segurança.
• 180 dias – para o condômino, a quem não se deu conhecimento da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondente ao preço; direito de preferência, se a coisa for móvel, reavendo o vendedor o bem para si (art. 513 CC, parágrafo único); para anular casamento do menor quando não autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do casamento (se a proposta for do representante legal ou morte do incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessários)– art. 1.555 e §1º; para a anulação de casamento, contados da data da celebração, de incapaz de consentir (art. 1.560, I CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do matrimônio para seus representantes legais (art. 1.560, §2º).
• 1 ano – para obter a redibição ou abatimento no preço, se for imóvel, contado da entrega efetiva (art. 445 CC); para pleitear revogação de doação, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559 CC).
• ano e dia – para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio (art. 1302 CC).
• 2 anos – para mover ação rescisória (art. 495 CPC); para anular negócio jurídico, não havendo prazo, contados da data da conclusão do ato (art. 179 CC); para exercer o direito de preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único CC); anulação de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II CC); para pleitear anulação de ato praticado pelo
consorte sem a outorga do outro, contado do término da sociedade conjugal (art. 1.649 CC).
• 3 anos – para o vendedor de coisa imóvel recobrá-la, se reservou a si tal direito, mediante devolução do preço e reembolso das despesas do comprador (art. 505 CC); exercer direito de intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração, em razão de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art. 1.560, III CC).
• 4 anos – para pleitear anulação de negócio jurídico contado: no caso de coação, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III); para intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração por ter havido coação (art. 1.560, IV).
• 5 anos – impugnar a validade de testamento, contado da data de seu registro. Portanto é importante a distinção da prescrição e da decadência, dos institutos da preclusão e perempção (de natureza processual, ou seja dentro de um processo já em andamento). 
Num curso jurídico não se misturam esses temas em uma aula, “pois eles nada têm a ver um com o outro”. Mas para efeito de concurso, é importante, pois o examinador coloca essas palavras em alternativas diversas, mesmo estando erradas, para confundir. Assim:
Preclusão – 
É a perda de uma faculdade processual por não ter sido usado no momento oportuno (ex.: prazo para arrolar testemunhas, prazo para recorrer da decisão, etc.). Impede que a questão seja renovada, dentro do mesmo processo.
Perempção –
É a perda do direito de ação pelo autor que deu causa a três arquivamentos sucessivos; também é a extinção da hipoteca após o transcurso do prazo de trinta anos.
O quadro que veremos adiante é de suma importância. É a síntese do tema que estamos tratando – Prescrição e Decadência. 
Consulte esse gráfico sempre que estiver em dúvida. Se a dúvida continuar, releia a matéria.
Distinções entre Prescrição e Decadência
Prescrição Decadência
1. Extingue a pretensão (ação).
2. Prazo estabelecidoapenas por lei.
3. Não pode ser declarada de ofício pelo Juiz nas ações patrimoniais; deve ser argüida pelas partes, salvo se for em:
a. Extingue o direito, atingindo, indiretamente, a ação.
b. Prazo estabelecido pela lei ou vontade das partes.
c. Na decadência decorrente de prazo legal o Juiz deve declará-la de oficio, independente de argüição.
d. A decadência decorrente de benefício de absolutamente incapaz). 
Cuidado – lei nova em vacatio legis revogou este dispositivo
e. A parte pode não alegá-la. É renunciável após a consumação.
f. Não corre contra determinadas pessoas.
g. Pode ser suspensa, interrompida ou impedida pelas causas previstas na lei (vide mais adiante).
h. Prazo geral de 10 anos (art. 205). Prazos especiais de 1, 2, 3, 4 e 5 anos (art. 206), prazo legal não pode ser renunciada pelas partes, nem antes, nem depois de consumada.
5. Corre contra todos, como regra.
6. Não se admite suspensão ou interrupção em favor daqueles contra os quais não corre prescrição. Só pode ser obstada a sua consumação pelo exercício efetivo do direito ou da ação.
7. Não há regra geral para os prazos. Podem ser de dias, meses e anos. Previstos em dispositivos esparsos pelo Código.
Dica de Concurso – Num caso concreto, para saber se o prazo é prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso – é muito comum, inclusive), procure identificar inicialmente se o prazo está nos artigos 205/206 (prescrição) ou em outro artigo do Código (decadência). Como vimos, se o prazo estiver nos artigos 205 ou 206 é caso de prescrição. Se não estiver nestes artigos, será de Decadência. Após isso verifique a contagem de prazos. Se for em dias, meses ou ano e dia, o prazo é decadencial. Se o prazo for em anos, poderá ser caso de prescrição ou de decadência.
Vamos agora ao quadro sinótico, que é um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.
QUADRO SINÓTICO - DOS FATOS JURÍDICOS
Fato Comum – 
Ação humana ou fato da natureza sem repercussão no Direito.
Fato Jurídico –
Acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos.
A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos.
a) Aquisição de Direitos é o conjunção com seu titular.
b) Resguardo de Direitos são os meios para protegê-los, defendê-los.
c) Modificação de Direitos é a transformação de seu conteúdo ou titular, sem alteração de sua essência.
d) Extinção dos Direitos é o perecimento, alienação, prescrição e decadência.
Classificação dos Fatos Jurídicos
1- Fato Jurídico Natural (sentido estrito)
• Ordinário
• Extraordinário
2 - Fato Jurídico Humano
• Ato Jurídico em Sentido Amplo ou Voluntário:
- Ato Jurídico em Sentido Estrito
- Negócio Jurídico
• Ato Ilícito ou Involuntário:
- Civil
- Penal
- Administrativo
Fato Jurídico em Sentido Estrito (ou Natural)
1. Ordinário
A morte, a maioridade, a prescrição e decadência
2. Extraordinário 
A inevitabilidade e ausência de culpa
• Caso Fortuito é a causa desconhecida
• Força Maior é a causa conhecida
3. Prescrição
• Perda da Pretensão
• Requisitos
a) impeditivas • Causas 
b) suspensivas
c) interruptivas
• Prazos
4. Decadência
• Perda do Direito em si
• Argüição
• Efeitos
• Prazos

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