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A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NAS REDES SOCIAIS: UMA ANÁLISE FRENTE AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO
FREEDOM OF EXPRESSION IN THE NETWORKS: AN ANALYSIS FORWARD TO KEY INDIVIDUAL RIGHTS
RESUMO
	
Analisa-se a liberdade de expressão nas redes sociais frente aos direitos fundamentais do indivíduo, bem como a responsabilização civil e criminal pelos atos que causam danos. A liberdade de expressão, por ser considerada a exteriorização do pensamento do indivíduo, não pode ser tolhida, uma vez que é a principal defesa do sistema democrático. Ocorre que, em muitos casos, a liberdade de expressão é utilizada de forma inadequada e quando veiculada nas redes sociais potencializa o dano em razão da velocidade de transmissão da informação gerada. Tal fato faz com que os direitos individuais constantes na Constituição Federal sejam afrontados, tais como a honra, a moral, a imagem, dentre outros. Sugere-se que, com a presente pesquisa, a liberdade de expressão seja utilizada sob os valores éticos e morais para que não violem direitos individuais de outros indivíduos. Por fim, sugere-se que não cabe à Constituição Federal normatizar quanto aos excessos da liberdade de expressão e responsabilidade civil e criminal do autor do ato, mas sim de normas infraconstitucionais, devendo o Poder Legislativo atuar de forma a prevenir danos, e ao Judiciário restando a incumbência de julgar os danos eventualmente causados.
Palavras-chave: Liberdade de Expressão; Direitos Individuais; Redes Sociais; Responsabilidade Civil e Criminal; Sociedade da Informação.
ABSTRACT
Analyzes freedom of speech on social networks face the fundamental rights of the individual, as well as civil and criminal liability for the acts that cause damage. Freedom of expression, for being considered the manifestation of an individual's thought, can not be hampered, since it is the main defense of the democratic system. It happens that, in many cases, freedom of expression is used inappropriately and when conveyed on social networks enhances the damage due to the speed of transmission of information generated. This fact makes the individual rights contained in the Constitution are affronted, such as honor, morality, image, among others. It is suggested that, with this research, freedom of expression is used in the ethical and moral values ​​that do not violate individual rights of other individuals. Finally, it is suggested that it is not up to the Federal Constitution regulate as the excesses of freedom of expression and civil and criminal liability of the act of the author, but the infra-constitutional norms, should the Legislature act to prevent damage, and the Judiciary leaving the task of judging the potential damage caused.
Keywords: Freedom of Expression; Individual rights; Social networks; Civil and criminal liability; Information Society.
1 Introdução 
O século XX caracterizou-se, principalmente a partir de sua segunda metade, pelo desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramentos científicos nos meios de comunicação, produção, locomoção de pessoas e coisas, na medicina, etc. Essas novas tecnologias alteraram significativamente a forma e conteúdo das múltiplas relações sociais. Assim, os meios virtuais de comunicação, em virtude do surgimento da Internet, despertaram a atenção dos profissionais e acadêmicos do Direito, que buscam novas soluções a questões não encontradas em momentos históricos anteriores.
Com as alterações sociais sofridas a partir da segunda metade do século XX em razão das novas tecnologias no campo comunicacional, bem como devido ao fenômeno da globalização, há uma nova preocupação em encontrar formas para dirimir conflitos decorrentes da comunicação virtualizada, abrangendo as redes sociais. No entanto, não é o objetivo do Direito impedir a utilização dessas novas tecnologias e a própria globalização, mas sim buscar o equilíbrio social, alterando inclusive a forma de poder ao Estado, na busca do interesse coletivo.
Assim, o trabalho foi dividido em duas partes principais. A primeira se dedicou à análise da liberdade de expressão frente aos demais direitos individuais constantes na Constituição Federal. Em segundo momento analisou-se a problemática da liberdade de expressão nas redes sociais e a responsabilidade civil e criminal pelos atos praticados neste meio.
Não é o intuito da pesquisa o esgotamento do tema referente aos danos e responsabilidades pela má utilização da liberdade de expressão nas redes sociais. A pesquisa procurou fomentar a discussão acerca da necessidade de melhor análise do Legislativo para uma atuação preventiva em defesa dos direitos individuais, além da atuação do Poder Judiciário no sentido de analisar o caso concreto de colisão de dois direitos individuais.
2 A liberdade de expressão frente aos direitos fundamentais do indivíduo
A Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada em 1948 foi nitidamente uma resposta aos acontecimentos ocorridos naquela década, principalmente quanto aos efeitos dos direitos fundamentais pela ocorrência da Segunda Guerra Mundial. Naqueles anos ocorreram diversas transgressões no que tange aos direitos dos indivíduos, afrontando, dentre outros, a liberdade de expressão. Pretendeu-se com a Declaração dos Direitos Humanos, portanto, garantir a defesa da liberdade de opinião e expressão do individuo, assim como a liberdade de manifestações religiosas, de convicção e posicionamento político.[1: ONU. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Disponível em: <http://www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/mla_MA_19926.pdf>. Acesso em: 22/08/2015.]
A liberdade de expressão, consagrada como a exteriorização de um pensamento, é um dos direitos fundamentais de maior relevância na atualidade, sendo alvo de constantes debates, principalmente quando o seu exercício atinge outros direitos fundamentais. E assim considerando a liberdade de expressão como direito fundamental há a necessidade de o Estado garantir a defesa deste direito aos indivíduos, pois, assim como afirma Christian Starck, “los derechos fundamentales son la respuesta específica del Derecho Constitucional a la experiencia histórica de que el poder publico tende a lesionar la liberdad de los cidadanos”, ou em outras palavras os direitos fundamentais são a resposta específica do Direito Constitucional pela experiência histórica que o poder público tende a lesionar a liberdade dos indivíduos.[2: STARCK, Christian. Jurisdicción constitucional y derechos fundamentales. Madri: Dykinson, 2011, p. 283. ]
Desde a primeira Constituição Brasileira, outorgada ainda período Imperial no ano de 1824, a liberdade de expressão se encontra consagrada como um direito fundamental, e, embora tenha sido mitigada em alguns momentos históricos, em especial na fase da Ditadura Militar, as constituições brasileiras sempre se preocuparam em assegurar as liberdades de um modo geral.
Os “direitos fundamentais constituem construção definitivamente integrada ao patrimônio comum da humanidade”, motivo pelo qual o Estado aderiu, ao longo da evolução da humanidade, aos diplomas de Direito Internacional que versam sobre os direitos humanos, consagrando, no âmbito das Constituições, uma série de direitos fundamentais.[3: SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 10. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 25.]
Ao presente estudo, em especial interessa a compreensão da liberdade de expressão enquanto direito fundamental expressamente consagrado na Constituição da República de 1988 como uma “garantia real de realização” do regime democrático, de acordo com as palavras de Silva, pois no entender do autor é na liberdade que a democracia encontra o seu campo de expansão. Comungam desse entendimento Sarlet, Marinonio e Mitidiero, os quais relacionam a liberdade de expressão com a democracia, ressaltando que assumem um caráter complementar, dialético e dinâmico.[4: SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 234.][5:SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 454.]
A Embaixada dos Estados Unidos da América em Brasília disponibilizou em sua página na internet um texto tratando sobre a liberdade de expressão, afirmando que é extremamente importante a defesa da liberdade de expressão, principalmente nas questões que versam sobre política e questões públicas, sendo considerado o suporte vital da democracia. Prossegue afirmando que “os governos democráticos não controlam o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais”. Finaliza aquele órgão afirmando “[...] que, geralmente, as democracias têm muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes e até contrárias”.[6: EMBAIXADA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. BRASÍLIA. Brasil. Princípios da Democracia: Liberdade de Expressão. Disponível em: <http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/speech.htm>. Acesso em 09/12/2014.]
Também a Organização dos Estados Americanos – OEA, na Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão, aprovada no ano de 2000, elenca no Princípio nº 01, que a “liberdade de expressão, em todas as suas formas e manifestações, é um direito fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É, ademais, um requisito indispensável para a própria existência de uma sociedade democrática”.[7: OEA. Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Declaração de Princípios Sobre Liberdade de Expressão. 2000. Disponível em: <http://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/s.Convencao.Libertade.de.Expressao.htm>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
Ainda no âmbito dos Tratados e Convenções, tem-se a consagração da liberdade de expressão no art. 19º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que preconiza: “toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de frontes”.[8: ONU. Declaração Universal dos Direitos do Homem. 1948. Disponível em: <http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/cidh-dudh.html>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
Ferrigolo pontua que a liberdade de expressão não pode simplesmente ser tolerada ou permitida em uma sociedade democrática, pois é um dos “valores essenciais do desenvolvimento humano, como um processo que não apenas acontece de uma ou outra forma, mas tanto quanto possível, é compreendido e interpretado racionalmente”. É a liberdade de expressão, na visão da autora, “pedra angular de uma sociedade democrática de direito, é condição essencial para que essa sociedade esteja suficientemente informada, constituinte um Estado forte e eficiente”.[9: FERRIGOLO, Noemi Mendes Siqueira. Liberdade de expressão, direito na sociedade da informação: mídia, globalização e regulação. São Paulo: Editora Pillares, 2005, p. 31.][10: FERRIGOLO, Noemi Mendes Siqueira. Liberdade de expressão, direito na sociedade da informação: mídia, globalização e regulação. São Paulo: Editora Pillares, 2005, p. 278.]
Por isso o constituinte ao tratar das liberdades, no art. 5º, inciso IV, consagra a liberdade de expressão, vedando, contudo, o seu anonimato, e, no art. 220 ressaltou que a manifestação de pensamento, a criação, a expressão e a informação não podem sofrer restrições. Nesse ponto é mister ressaltar que a liberdade de expressão, interpretada como um direito que o indivíduo possui de não ser compelido a deixar de exprimir ou divulgar suas ideias e opiniões, não é um direito fundamental absoluto, apesar da sua importância na atualidade.[11: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constitui%E7ao_Compilado.htm>. Acesso em: 18 ago. 2015.][12: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constitui%E7ao_Compilado.htm>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
Assim, a liberdade de expressão, de acordo com Sarmento, possui um duplo papel, já que ao mesmo tempo em que “constitui um direito subjetivo individual, vital para a dignidade humana”, de outro também é “instrumento para a livre formação da opinião pública e para o intercâmbio de ideias entre os cidadãos”.[13: SARMENTO, Daniel. Livres e iguais: estudos de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2010, p. 274.]
Dada a sua importância para o funcionamento e fortalecimento do regime democrático, o direito fundamental em comento recebe do Estado proteção especial, pois é assegurado aos indivíduos “tanto a manifestação de opiniões, quanto de ideias, pontos de vista, convicções, críticas, juízos de valor sobre qualquer matéria e mesmo proposições a respeito de fatos”, o que evidencia a amplitude deste direito fundamental do homem.[14: SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 454-455.]
Mazzuoli ressalta que assegurar a liberdade de expressão, de opinião e de imprensa, ou seja, os direitos comunicativos, não se limitam ao plano teórico, pois se devem buscar meios para garantir que a liberdade de expressão seja exercida livremente e sem qualquer embaraço. Não obstante, a liberdade de expressão não é ilimitada, pois ao mesmo tempo em que se assegura a um indivíduo o direito de expressar suas opiniões, ao outro é resguardado o direito à privacidade, a intimidade, a honra, a preservação do nome, dentre outros direitos também consagrados na Constituição da República como direitos fundamentais do indivíduo.[15: MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direitos humanos. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014, p. 231.]
Significa dizer, em outras palavras, que por ser a liberdade de expressão um direito fundamental ligado diretamente à manifestação de opiniões e ideais, é passível de causar danos a terceiros em decorrência da colisão de direitos fundamentais, pois expressar-se consiste em emitir juízos de valores e pessoas, e como toda opinião está sujeita a julgamento de terceiros. Nesse ponto cumpre esclarecer que o direito à privacidade, honra e imagem constituem a intimidade instransponível de cada indivíduo, direito este que consiste na liberdade de se ter tranquilidade no desenvolvimento das relações pessoais e íntimas.
Desta feita, o grande desafio, em se tratando da liberdade de expressão, é harmonizá-la aos demais direitos fundamentais e salvaguardar, por conseguinte, os direitos conflitantes, sendo mister ressaltar que o direito à intimidade, privacidade, honra ensejam constantes conflitos quando confrontados com a liberdade de expressão.
Cabe ao Estado, como salienta Bulos, “zelar pela dignidade do povo e pelo mínimo de moralidade, proibindo a divulgação de notícias injuriosas, mentirosas e difamantes”, apesar de ser sabido que é vedada a censura, Ramos bem lembra que não apenas a Constituição da República de 1988 veda o anonimato e a censura prévia, quando se trata da liberdade de expressão, o que não afasta a ulterior responsabilidade, a exemplo do que consigna o art. 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos que preconiza ser dever de cada Estado editar leis próprias para “proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência”.[16: BULOS, Uadi Lamego. Curso de direito constitucional. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 580.][17: RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 484.]
Significa dizer, portanto, que apesar de não estar a liberdade de expressão sujeita à censura prévia, não se afasta a possibilidade de responsabilização daquele que exprime a sua opinião em desrespeito aos direitos ou reputação das pessoas, pois, nesse caso, o conflito de direitos fundamentais se instaura, podendo o lesadobuscar no âmbito civil e criminal a responsabilização daquele que exorbitou em seu direito de exprimir livremente suas ideias.
Complementa Sarlet afirmando que “para assegurar a máxima proteção e sua posição de destaque no âmbito das liberdades fundamentais, o âmbito de proteção à liberdade de expressão deve ser interpretado como o mais extenso possível”, englobando, por conseguinte, a manifestação de opiniões, ideais, pontos de vistas, juízos de valor, críticas, dentre outras formas de manifestação de pensamento. Ainda segundo o autor, por sua própria natureza e amplitude, o exercício da liberdade de expressão pode esbarrar em questões polêmicas, como a negativa do Holocausto, e que dada a sua complexidade pode ofender inúmeras pessoas. Ou, ainda, a liberdade de expressão pode não se ater ao dever de verdade quanto aos fatos, ou mesmo acabar por configurar os denominados delitos de opinião, levando a questionar a efetiva proteção à liberdade de expressão em determinados casos.[18: SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 457.][19: SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 457.]
Por isso é que os estudiosos do tema sempre alertam para o fato de que inexiste direito fundamental absoluto, e mesmo a liberdade de expressão deve se submeter a regras e condutas, para assegurar o exercício de outros direitos fundamentais, sem que se instaurem conflitos.
Sobre o caráter não absoluto da liberdade de expressão, e que alcança também os demais direitos fundamentais, Fernandes enfatiza que “falar em direito de expressão ou de pensamento não e falar em direito absoluto de dizer tudo aquilo ou fazer tudo aquilo que se quer”, pois, a proteção constitucional às liberdades não se estende à difusão de pensamentos e opiniões de forma aleatória, em dissonância com os demais direitos fundamentais. Logo, prossegue o autor que a “liberdade de manifestação é limitada por outros direitos e garantias fundamentais como a vida, a integridade física, a liberdade de locomoção”.[20: FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 283.]
Bulos observa que, a própria constituição estabeleceu os critérios para o exercício da liberdade de expressão, pois a proibição à censura não “constitui salvaguarda para a prática de atos ilícitos”, sendo imperioso buscar a harmonia da liberdade em comento com as demais garantias constitucionais.[21: BULOS, Uadi Lamego. Curso de direito constitucional. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 580.]
Factualmente, a própria Constituição da República no inciso X, do art. 5º garante a inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, o que leva ao reconhecimento de que a liberdade de expressão não prevalece sobre os demais direitos aos quais entra em conflito, nem mesmo possui prioridade, já que a vedação à censura e licença prévia, no que tange a manifestação de opiniões, não assegura ao indivíduo o direito de difundir calúnias, difamações, inverdades.[22: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constitui%E7ao_Compilado.htm>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
Marmelstein, ao refletir sobre as situações em que a mídia ultrapassa os limites da liberdade de expressão, propõe que devem haver certos limites para a manifestação, principalmente no que se refere aos órgãos formadores (e informadores) de opinião, dado o seu caráter de suma importância para a sociedade.[23: MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2008, p. 115.]
Complementa o autor que a “liberdade de expressão deve sofrer algumas limitações no intuito de impedir ou diminuir a violação de outros valores importantes para a dignidade humana, como a honra, a imagem e a intimidade das pessoas”, o que se estende às manifestações nas redes sociais.[24: MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2008, p. 115.]
Nesse contexto, quando há um embate entre a liberdade de expressão e outros direitos fundamentais, a solução se dá através da utilização da ponderação, sem prejuízo da aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, analisando cada caso em concreto.
Anote-se que a ponderação é uma “técnica de decisão empregada para solucionar conflitos normativos que envolvam valores ou opções políticas, em relação aos quais as técnicas tradicionais de hermenêutica não se mostram suficiente”, e é justamente o que ocorre quando se está diante da liberdade de expressão e os direitos fundamentais à tutela da imagem, honra, intimidade, privacidade, dentre outros direitos da personalidade.[25: MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2008, p. 376.]
Destarte, embora a liberdade de expressão seja direito fundamental imprescindível ao fortalecimento do Estado Democrático de Direito, o seu exercício não pode colidir com outros direitos fundamentais, sendo imprescindível que as manifestações e opiniões sejam externadas de modo a assegurar o exercício harmônico dos direitos fundamentais, sob pena de responsabilização do indivíduo nas searas cível e criminal.
3 Redes Sociais e Internet
O conceito de rede social é retirado da sociologia:
[...] rede social é, basicamente, um conjunto de relações resultantes da articulação de grupos de pessoas, ou instituições sociais, segundo motivações específicas mais ou menos duráveis no tempo. Uma rede social pode se desdobrar por localidades contíguas ou distantes e aglutinar outras redes sociais. Dois tipos de redes sociais ilustram essa assertiva, as redes pessoais (tais como as redes de trabalhadores, redes de parentesco, redes de amigos do Orkut, etc.) e a redes migratórias. Estas últimas podem ser vistas como um tipo especial de rede social, porque estão carregadas de significados espaciais, econômicos e socioculturais marcantes, nem sempre presentes nas demais redes sociais.[26: MATOS, Ralfo. Redes Humanas e imigração In: DIAS, Leila Cristina; FERRARIA, Maristela (Org.). Territorialidades Humanas e Redes Sociais. Florianópolis: Insultar, 2011., p. 174]
A internet e a chamada sociedade da informação trouxeram uma revolução no trato das informações e uma transformação nas relações surgidas neste novo panorama tecnológico e informacional, destaca-se, portanto, o argumento de Manuel Castels:[27: Sobre a análise do conceito e do surgimento da expressão sociedade da informação, vejam-se as duas obras sob a coordenação de Liliana Minardi Paesani que são frutos de pesquisa do Programa de Mestrado em Direito da Sociedade da Informação das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU-SP e que estudam a matéria de maneira minuciosa e exaustiva (Cf. PAESANI, Liliana Minardi (coord.). O Direito na Sociedade da Informação. vol. I, II e III. São Paulo: Atlas, 2013)Registre-se que a expressão "sociedade da informação" passou a ser utilizada, nos últimos anos, como substituta ao conceito complexo de "sociedade pós-industrial" e como forma de transmitir o conteúdo específico do "novo paradigma técnico econômico". Nesse diapasão, entende-se que as transformações em direção à sociedade da informação, em estágio avançado nos países industrializados, constituem uma tendência dominante mesmo para economias menos industrializadas e definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação, que expressa à essência da presente transformação tecnológica em suas relações com a economia e a sociedade. Há quem diga, no entanto, a exemplo de José de Oliveira Ascensão que a noção de sociedade da informação não é, no entanto, um conceito técnico, mas sim um “mero slogan” (ASCENSÃO, José de Oliveira et al. Estudos sobre Direito da Internet e da Sociedade da Informação. Coimbra: Almedina, 2001, p. 87).Edgar Morin, sob uma perspectiva, ainda, maiscrítica, distinguindo sociedade da informação e sociedade do conhecimento, refuta inclusive a existência da primeira nomenclatura, afirmando que não estamos na “sociedade da informação”, na “sociedade da comunicação” ou na “sociedade do conhecimento”. Edgar Morin refuta ainda essa ideia, afirmando que nos encontramos, não numa sociedade da informação, mas numa “sociedade de comunicação e de conhecimento”. Para ele estamos em sociedades de informações, até do ponto de vista físico, da teoria da informação, basta pensarmos nas tecnologias digitais (DVD, televisão digital), que são aplicações da teoria da informação. Mas a informação, mesmo no sentido jornalístico da palavra, não é conhecimento, pois o conhecimento é o resultado da organização da informação. Por tudo isso, não se pode negar o fato de que estamos mergulhados nesta nova sociedade da informação (Cf. MORIN, Edgar. A comunicação pelo meio: teoria complexa da comunicação. Revista da Famecos. n. 20, p. 7-12, abril 2003, p. 8; MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8. ed. Rio de Janeiro: Ber1trand Brasil, 2003).]
[...] a primeira característica do novo paradigma é que a informação é sua matéria prima. [...] Como a informação é uma parte integral de toda a atividade humana, todos os processos de nossa existência individual ou coletiva são diretamente modificados (embora, com certeza, não determinados) pelo novo meio tecnológico.[28: CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, p. 108.]
Ainda se utilizando dos conceitos de Manuel Castels, nas redes sociais como Facebook e Twitter, há relação direta das redes com a sociedade na Era da Informação e as define como:
[...] um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que falamos. Podem ser organizações de qualquer tipo, tanto formal quanto informal, tanto lícita quanto ilícita, e os nós podem também ser representados por indivíduos ou grupos de indivíduos.[29: CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, p. 498.]
Nos estudos de comunicação social destaca-se a pesquisa desenvolvida por Raquel Recuero em sua obra “A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet”: 
As redes sociais são as estruturas dos agrupamentos humanos, constituídas pelas interações, que constroem os grupos sociais. Nessas ferramentas, essas redes são modificadas, transformadas pela mediação das tecnologias e, principalmente, pela apropriação delas para a comunicação.[30: RECUERO, Raquel. A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 16]
Nota-se que as conversações nestas redes sociais formam outras redes, ou seja, agrupamentos sociais baseados em conversações. Ao mesmo tempo, essas conversações têm novos formatos e são constantemente adaptadas e negociadas para acontecer dentro de limitações, possibilidades e características das ferramentas. [31: RECUERO, Raquel. A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 17.]
[...] mais do que meras interações, essas milhares de trocas entre pessoas que se conhecem, que não se conhecem ou que se conhecerão representam conversações que permeiam, estabelecem e constroem as redes sociais na internet. As características dos sites de rede social, nesse contexto, acabam gerando uma nova “forma” conversacional, mais pública, mais coletiva, que chamaremos de conversação em rede. As conversações que acontecem no Twitter, no Orkut, no Facebook ou em outras ferramentas com caraterísticas semelhantes são muito mais públicas, mais permanentes e rastreáveis do que outras. Essas características e sua apropriação são capazes de delinear redes, trazer informações sobre sentimentos coletivos, tendências, interesses e intenções de grandes grupos de pessoas. São essas conversas públicas e coletivas que hoje influenciam a cultura, constroem fenômenos e espalham informações, memes, debatem e organizam protestos, criticam e acompanham ação políticas e públicas. É nessa conversação em rede que nossa cultura esta sendo interpretada e reconstruída. [32: RECUERO, Raquel. A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 14 ]
A conversação em rede surge de milhares de atores interconectados que dividem, negociam e constroem contextos coletivos de interação e difundem informações, criam relações e estabelecem redes sociais. Para Raquel Recuero, o Facebook, Twitter não são redes sociais, mas, sim o espaço técnico que proporciona a emergência dessas redes. As redes sociais, desde modo, não são pré-construídas pelas ferramentas, e, sim, apropriadas pelos atores sociais que lhes conferem sentido e que as adaptam para suas práticas sociais.[33: RECUERO, Raquel. A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 19.][34: RECUERO, Raquel. A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 19.]
Consequência inegável da sociedade da informação é a troca de informações de maneira rápida proporcionando possibilidade de rico intercambio de culturas, porém há também o estimulo negativo de toda a chamada velocidade tecnológica. Paulo Hamilton Siqueira Júnior em seu artigo Constituição e Pós-Modernidade - Revista IASP 2008 – RIASP 22 menciona: [35: RECUERO, Raquel. A conversação em Rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 19.]
A velocidade da vida tecnológica gera a intolerância. O isolamento do indivíduo na tela do computador esperando uma resposta rápida provoca, sem dúvida, a perda de sociabilidade. A convivência gera a tolerância. A tolerância é o respeito à diversidade.[36: SIQUEIRA JÚNIOR, Paulo Hamilton. Constituição e Pós-Modernidade. São Paulo: Revista IASP, 2008, p.19.]
Manuel Castells em A Galáxia Internet tece inúmeras considerações quanto ao uso das redes sociais e suas repercussões na transformação das relações:
[...] o papel mais importante da Internet na estruturação de relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade baseado no individualismo. Cada vez mais, as pessoas estão organizadas não simplesmente em redes sociais, mas em redes sociais mediadas por computador. Assim, não é a internet que cria um padrão de individualismo em rede, mas seu desenvolvimento que fornece um suporte material apropriado para a difusão do individualismo em rede como a forma dominante de sociabilidade. [37: CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2003. p. 109.]
Note-se que a presença física é desprezada em redes sociais, mas o discurso odioso reforçado pela imagem suplanta a necessidade daquela presença e acaba por criar novas formas de “conviver social”. O anonimato e a consequente sensação de impunidade, também são questões recorrentes e que serviram de fomento para o exercício do discurso do ódio em redes sociais mediadas pelo computador. O individualismo também pode ser responsável ao estímulo da intolerância e formador do discurso do ódio, porém o ambiente virtual se transforma no suporte material mais adequado trazendo uma sociabilidade peculiar. Há, ainda, o surgimento de uma figura importante, o chamado hater. [38: SANTOS, Marco Aurélio Moura. O Discurso do Ódio em Redes Sociais. São Paulo: Amazon, 2015. p. 42][39: O discurso de ódio, originário do termo em inglês hate speech, pode ser definido como o conjunto de palavras que tende a insultar, intimidar ou assediar pessoas em virtude de sua raça, cor, etnicidade, nacionalidade, sexo ou religião ou que tem capacidade de instigar a violência, ódio ou discriminaçãocontra tais pessoas. Ele é o discurso que exprime uma ideia de ódio, desprezo ou intolerância contra determinados grupos, menosprezando-os, desqualificando-os ou inferiorizando-os pelo simples fato de pertencerem àquele determinado grupo, motivado por preconceitos ligados à etnia, religião, gênero, deficiência, orientação sexual, nacionalidade, naturalidade, dentre outros (Cf. BRUGGER, Winfried. Proibição e proteção do discurso do ódio? Algumas observações sobre o direito alemão e o americano. Revista de Direito Público. Brasília: Instituto Brasiliense de Direito Público, ano 4, jan.-mar. 2007).][40: SANTOS, Marco Aurelio Moura. O Discurso do Ódio em Redes Sociais. São Paulo: Amazon, 2015, p. 43;]
Michele Paschoal Coimbra afirma:
O termo hater (em português, odiador) é originário do hip hop norte-americano, e esta relacionado à expressão “Haters Gonna Hate” (Odiadores vão odiar), e é utilizado para categorizar o sujeito que fala mal dos outros através dos espaços de interação e conversação na internet. Os haters sempre existiram, antes de se popularizarem na internet, eles surgiam em reuniões públicas, como por exemplo, comícios eleitorais, manifestos feministas, religiosos. [...] O hater expressa o ódio sem fundamento justificável. Ele quer ser temido e ouvido, e com o surgimento dos sites de redes sociais, ele ganhou voz e visibilidade. O objetivo desta categoria de ator social é desmascarar e expor publicamente os indivíduos que se opõem ao grupo social no qual estão inseridos. Essa manifestação de ódio em rede se caracteriza em humilhações, preconceitos, cyberbullying e estigmas sociais, em forma de texto, imagem ou vídeos.[41: COIMBRA, Michele Paschoal. O discurso do ódio nos sites de redes sociais: o universo dos haters no caso #eunãomereçoserestuprada. VII Simpósio Nacional da ABCiber. Comunicação e Cultura na Era de Tecnologias Midiáticas Onipresentes e Onicientes, ESPM-SP, 3 e 5 de dezembro de 2014.]
A intenção do hater, portanto, é disseminar o ódio e expor publicamente os indivíduos utilizando-se de vários estigmas sociais, estigmas estes que já demonstram uma violência, categorizando e estereotipando pessoas e grupos. Há um “ganho” para quem incita ódio em redes sociais, e este ganho é a visibilidade, popularidade, reputação e influência, tais fatores estão ligados às questões de pertencimento ao grupo ou afirmação de identidade. [42: COIMBRA, Michele Paschoal. O discurso do ódio nos sites de redes sociais: o universo dos haters no caso #eunãomereçoserestuprada. VII Simpósio Nacional da ABCiber. Comunicação e Cultura na Era de Tecnologias Midiáticas Onipresentes e Onicientes. ESPM-SP, 3 e 5 de dezembro de 2014.]
4 A problemática da liberdade de expressão nas redes sociais e responsabilidade civil e criminal
Com as novas tecnologias dos meios de comunicação, em virtude do fortalecimento da tecnologia da informação, a divulgação e difusão de pensamentos, opiniões e informações tornou-se muito mais fácil, o que ganha ainda mais repercussão se considerada a rapidez com que as informações se propagam na internet. Assim, os meios virtuais de comunicação, em virtude do surgimento da Internet, despertaram a atenção dos profissionais e acadêmicos do Direito, que buscam novas soluções a questões não encontradas em momentos históricos anteriores. [43: LISBOA, Roberto Senise. Apresentação. In: LISBOA, Roberto Senise; DINIZ, Maria Helena (Coord.). O direito civil no século XXI. São Paulo: Saraiva, 2003, p. IX-XII.]
	Na internet, o exercício a liberdade de expressão pode se concretizar pelo uso da palavra escrita, gestos, fotografias, vídeos, como também por mensagens nas redes sociais, blogs, dentre outros instrumentos disponibilizados pela internet para a propagação de informações. 	Importa salientar que também as críticas e reclamações, veiculadas na rede mundial de computadores, é uma forma de liberdade de expressão.
Ocorre que a liberdade de expressão de um indivíduo pode conflitar com os direitos fundamentais de outrem, a exemplo da intimidade, privacidade, honra, imagem, dentre outros, motivo pelo qual a utilização das redes sociais não pode se dar de forma desarrazoada, arbitrária, ao argumento de que a internet possibilita o anonimato, até mesmo porque, como já visto, é livre a liberdade de expressão, sendo vedado o anonimato.
	Não significa dizer que se busca tolher a liberdade de expressão nas redes sociais, até mesmo porque o acesso à informação no Estado Democrático de Direito é imprescindível para sua manutenção. O que se defende é que as redes sociais sejam utilizadas com responsabilidade, pois a “massificação da internet como serviço de informação e informatização possibilita um aumento de competitividade global de comunidades antes marginalizadas”. Sugere-se que o Direito deva preocupar-se, inclusive quanto ao direito fundamental de liberdade de expressão o equilíbrio social, na busca do interesse coletivo.[44: PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 85.][45: WALD, Arnold. Um novo direito para a nova economia: a evolução dos contratos e o código civil. In: LISBOA, Roberto Senise; DINIZ, Maria Helena (Coord.). O direito civil no século XXI. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 73- 93.]
	No entanto, como já mencionado, em determinadas situações direitos fundamentais podem colidir, sendo na internet que o embate entre a liberdade de expressão e os direitos da personalidade, mormente a intimidade, privacidade, honra e imagem colidem. 
	Nas redes sociais os indivíduos, não raras vezes, acabam por exorbitar em sua manifestação de opinião, e, de forma abusiva, ultrapassam os limites do justo por meio de críticas, discurso de ódio, divulgação de imagens, respostas ou comentários ofensivos, dentre outras formas de violação dos direitos de personalidade.
	Tavares e Almeida observam que, nas “redes sociais, organizacionais ou interpessoais estabelecem-se canais de relações entre diferentes elementos”; e, pelas suas características próprias, a internet possibilita que qualquer indivíduo produz notícias, difundindo informações das mais diversas fontes, visões e locais.[46: TAVARES, Wellington; ALMEIDA, Guilherme Cássio. Redes sociais virtuais e a democracia 2.0: dinâmica e perspectivas políticas na relação entre políticos e sociedade. Revista de Pesquisa em Políticas Públicas, nº 3, p. 72-93, 2014. p. 72.]
	Destarte, as redes sociais surgiram da necessidade dos indivíduos de criarem laços sociais, guiados por afinidade entre eles, ou seja, a internet veio tão somente recriar uma nova maneira de relacionamento, que conecta indivíduos de diferentes locais, por meio da interação dos indivíduos através dos seus perfis e, consequentemente, facilita o compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses, mas também pode ser um campo fértil para que a liberdade de expressão seja exorbitada.
	Observa Pinheiro que a possibilidade de divulgação de ideias, das mais variadas fontes, levou a internet a outro patamar, e hoje não é apenas uma rede de computadores, mas sim uma rede de pessoas que buscam participar, por meio da divulgação de textos, comentários, compartilhamentos, etc., de um ambiente em que o indivíduo expõe sua opinião e outros muitos a escutam, compartilham, divulgam e difundem conteúdo, nem sempre conscientes do seu alcance. Wachowicz chama a atenção para a difusão das redes sociais nos últimos tempos, espaço destinado à exposição de ideias, opiniões, troca de mensagem, com destinatários incertos e de forma ilimitada, espaços estes que se multiplicaram em decorrência do maior acesso às redes digitais.[47: PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 367.][48: WACHOWICZ, Marcus. Marco civil da internet: a garantia da liberdade de expressão e de informação na internet 2.0. 2015. Disponível: <http://www.gedai.com.br/?q=pt-br/content/marco-civil-da-internet-garantia-da-liberdade-de-express%C3%A3o-e-de-informa%C3%A7%C3%A3o-na-internet-20-0>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
	Exemplificandoo alcance das redes sociais na atualidade, Magrini cita o facebook, que “se tornou um dos sites mais importantes no que tange à organização de protestos e encontros públicos. Graças a uma de suas principais ferramentas, que permite ao usuário criar páginas de eventos e distribuir convites para toda a base de usuários”, a rede social em comento alcance um grande número de interlocutores, que compartilham, editam, comentam, criticam, sem se preocupar com a veracidade das informações ou mesmo com os direitos fundamentais dos sujeitos envolvidos.[49: MAGRANI, Eduardo. Democracia conectada: a internet como ferramenta de engajamento político-democrático. Curitiba: Juruá. 2014, p. 79.]
José de Oliveira Ascensão afirma que a vida social está cada vez mais pautada no meio informático, que por vezes acarreta na vulnerabilidade dos usuários. Citando Augusto Bequai sugere que o computador pode se transformar no calcanhar de Aquiles da sociedade pós-industrial. Referida vulnerabilidade pode ser encontrada em razão do excesso no exercício de liberdade de expressão nas redes sociais.[50: ASCENSÃO, José de Oliveira. Criminalidade Informática. In: MELLO, Alberto de Sá et al. Direito da Sociedade da Informação, v. II. Coimbra: Coimbra Editora, 2001, p. 203-204.]
	Por isso é que o constituinte, ao consagrar a liberdade de expressão dentre os direitos fundamentais, vedou o anonimato, o que tem por finalidade exatamente punir civil e/ou criminalmente os responsáveis pela violação de direitos, embora a vedação ao anonimato não exclua, como enfatizam Sarlet, Marinonio e Mitidiero, o sigilo da fonte (inciso XIV, art. 5º).[51: SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 462;]
	Porém, em se tratando da internet, o anonimato é relativizado, pois como observa Pinheiro os próprios meios tecnológicos possibilitam o rastreio do emissor, de modo a assegurar eventual responsabilização civil e criminal.[52: PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 90.]
	Ademais, já se entende que o conceito de pessoal real diferente da virtual é uma inverdade, ou seja, a ideia de que o meio virtual é um local diferente e que não incide efeitos sobre o mundo físico pode ser perigosa, principalmente porque tomam proporções gigantescas e inesperadas, repercutindo, por conseguinte, no mundo jurídico. 
	Moura chama a atenção para o fato de que as “redes sociais tem diuturnamente afrontado os princípios jurídico-penais esculpidos na Constituição cidadã, diante de informações incompletas ou falseadas pelo incessante sensacionalismo”.[53: MOURA, Grégore Moreira de. Direito penal das mídias sociais. Direito penal virtual, 2013. Disponível em: <http://www.direitopenalvirtual.com.br/artigos/direito-penal-das-midias-sociais>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
	Nesse contexto é que a Lei nº 12.965/2014 inovou sobremaneira, pois assegura a requisição judicial de registros, nos termos do art. 22, que possibilita ao interessado, com o “propósito de formar conjunto probatório em processo judicial ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet”.[54: BRASIL, 2014. LEI 12.965/2014. Disponível em ˂http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm˃. Acesso em 12/05/2015.]
	De acordo com Fernandes, “embora haja liberdade de manifestação, essa não pode ser usada para manifestações que venham a desenvolver atividades ou práticas ilícitas (antissemitismo, apologia às drogas ao crime, etc.)”.[55: FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 3.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 283.]
	Objetivando assegurar meios para a responsabilização pela manifestação de opinião na internet, e até mesmo para desmistificar a ideia de que a internet é uma terra sem leis, é que veio a lume, no ano de 2014, a Lei nº 12.965, que instituiu o marco civil da internet, dispondo acerca da neutralidade da rede, a guarda de dados pessoais, o direito ao esquecimento e a responsabilidade civil. Segundo Jesus, a “prática de crime eletrônico pode-se dar em aplicações mantidas por pessoas físicas, ou por pessoas jurídicas se fins econômicos, como redes sociais governamentais”, o que leva a reconhecer que condutas que afrontam os direitos da personalidade, consubstanciados no exercício irracional da liberdade de expressão, também configuram crime.[56: JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei nº 12.965/2014. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 60.]
	Em se tratando da responsabilidade criminal, ao contrário do que o senso comum ainda preconiza, as pessoas podem sim ser responsabilizadas, pois, como afirma Saraiva, “em princípio, qualquer ato ilegal praticado por alguém na internet pode gerar consequências jurídicas”, sendo o autor do ato responsabilizado, ou seja, a “responsabilidade por atos na internet é idêntica àquela causada por atos no mundo físico, isto é, no mundo não virtual”, inexistindo norma jurídica que isente o indivíduo dos atos ilegais nas redes sociais.[57: SARAIVA, Wellington. Responsabilidade por ofensas, danos e atos na internet. 2013. Disponível em: <http://wsaraiva.com/2013/12/23/responsabilidade-por-ofensas-danos-e-atos-na-internet/>. Acesso em: 18 ago. 2015.][58: SARAIVA, Wellington. Responsabilidade por ofensas, danos e atos na internet. 2013. Disponível em: <http://wsaraiva.com/2013/12/23/responsabilidade-por-ofensas-danos-e-atos-na-internet/>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
	Desta feita, quando alguém pratica um fato definido em lei como crime, além da responsabilização civil, poderá se sujeitar às consequências jurídicas, como a privação da liberdade e outros efeitos da condenação penal, apesar de inexistir legislação específica que regulamente os crimes praticados por meio da internet, sendo aplicáveis, por conseguinte, a legislação esparsa e o Código Penal vigente.
	A Lei nº 12.965/2014, segundo Jesus, trouxe importante inovação no § 3º do art. 19, o qual assegura a “possibilidade de apresentação de causas em face dos juizados especiais, sempre que estas versarem sobre honra, reputação e direitos autorais”. Acrescenta o autor que o “Marco Civil agiliza o procedimento de apuração da autoria dos delitos”, seja pela possibilidade de ingresso através dos Juizados Especiais, seja por assegurar o direito aos registros junto aos provedores, o que é indispensável quando se trata da apuração dos crimes cometidos por meio da internet.[59: JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei nº 12.965/2014. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 67.][60: JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei nº 12.965/2014. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 88.]
	Também o art. 21, do diploma legal em comento, ao dispor acerca da remoção de conteúdos de cunho sexual, mediante a simples notificação do envolvido, regra esta que alcança os provedores de internet que disponibiliza conteúdo gerado por terceiros, a exemplo das redes sociais, é, de acordo com Jesus, outra importante inovação no ordenamento jurídico brasileiro, medida esta que facilitará o “procedimento para pessoas que são vítimas de crimes contra a honra na rede, sobretudo diante da onda de vazamento de fotos íntimas, a conhecida ‘vingança pornô’”.[61: JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei nº 12.965/2014. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 70.]
	De igual forma, o art. 22, que assegura o acesso aos registros através de ordem judicial é medida de suma importância, pois “em crimes cometidos na internet, onde comumente os autores não se identificam, somente com os registros fornecidos pelo provedor de aplicação e, posteriormente, pelo provedor de acesso”, é que a apuração do delito cibernético poderá ser concretizada, e o autor do delito responsabilizado. [62: JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei nº 12.965/2014.São Paulo: Saraiva, 2014, p. 72.]
	Em se tratando de redes sociais, onde é possível a criação de perfis falsos, à medida em comento é ainda mais relevante, pois após as informações fornecidas pelo provedor, passa-se a caminhar na apuração da autoria do delito cometido sob o manto do anonimato.
	Impõe esclarecer, contudo, que a Lei do Marco Civil não trata dos delitos cometidos na internet propriamente ditos, sendo estes regulamentados na Lei nº 12.737/2012, que alterou o Código Penal, tipificando os delitos informáticos, o que não mitiga a sua importância e alcança inclusive os delitos contra a honra no que tange aos meios para a sua apuração e responsabilização do infrator.
	Observa Saraiva que os crimes contra a honra são os de maior incidência na internet, principalmente “com o uso crescente das redes sociais e alguma falta de maturidade ou de serenidade no uso delas, frequentemente pessoas se excedem em seus comentários e terminam por atingir a reputação alheia”, podendo responder pela prática do crime de calúnia, difamação ou injúria.[63: SARAIVA, Wellington. Responsabilidade por ofensas, danos e atos na internet. 2013. Disponível em: <http://wsaraiva.com/2013/12/23/responsabilidade-por-ofensas-danos-e-atos-na-internet/>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
	Contudo, delitos outros também podem ser praticados, a exemplo da ameaça, quando responderá o agente pela prática do crime previsto no art. 147 do Código Penal, ou práticas outras previstas ou não no referido diploma legal como já dito, pois, qualquer texto ou imagem ofensiva que expresse a opinião, mas que vai de encontro aos direitos de outrem, conduz a responsabilidade criminal do agente.
	Factualmente, “nenhum tipo de autoritarismo ou excesso é bom para o Estado Democrático de Direito, nem mesmo aquele advindo dos meios de comunicação de massa, ainda mais porque esses meios também estão submetidos aos ditames do ordenamento jurídico”, sendo imperioso conciliar os direitos fundamentais.[64: MOURA, Grégore Moreira de. Direito penal das mídias sociais. Direito penal virtual, 2013. Disponível em: <http://www.direitopenalvirtual.com.br/artigos/direito-penal-das-midias-sociais>. Acesso em: 18 ago. 2015.]
	Resta evidente, portanto, que é plenamente possível a responsabilização criminal pela prática de exposição de opiniões nas redes sociais, mormente quando atinge a honra, viola a intimidade e a privacidade de outrem, pois inexiste direto absoluto à liberdade de expressão, cabendo ao Judiciário ponderar os interesses em conflito e, configurado o delito, responsabilizar o agente infrator.
5 Considerações Finais
Percebe-se que, em virtude das novas tecnologias no campo das comunicações em geral, mais especificamente pela larga utilização da internet, os direitos fundamentais do indivíduo podem ser infringidos em virtude de eventual colisão com direitos individuais de outras pessoas. É o caso da liberdade de expressão, que passou a ser assim entendida como direito individual a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.
O que se sugere não é tolher o direito de expressar-se livremente, mas sim de que seja utilizada de forma prudente, respeitando assim os direitos individuais de outros. É o que sugere a Constituição Federal ao colocar a liberdade de expressão no patamar de direito individual, ao ser previsto no art. 5º, IV, bem como em impossibilitar a vedação às manifestações de expressão, de acordo com o art. 220 da carta magna.
Com base na pesquisa realizada sugere-se, como conclusão, a impossibilidade de restringir eventuais danos individuais em virtude da utilização do direito de outro indivíduo se expressar livremente apenas pelo meio normativo constitucional, sendo imprescindível que os usuários das redes de comunicação tenham consciência dos atos por eles praticados nos meios virtuais, potencialmente geradores de danos individuais à honra, imagem, integridade, etc, de outrem. Quanto à preservação do princípio da liberdade de expressão, notável a importância de sua ponderação, já que as violações a dignidade da pessoa humana não podem ser amparados por este princípio, haja vista a grande distância que separa o direito à liberdade de expressão da possibilidade de exercer ofensas, no entanto, tal ponderação deve ocorrer de forma cautelosa evitando quaisquer atos de censura.
Ao pensar as ordens éticas na sociedade da informação, consequentemente, a sociedade da informação concentra-se sobre o paradoxo: de um lado, essa gama de transformações contribuiu para a agilização de procedimentos nas esferas públicas e privadas, para o aumento da produtividade e lucratividade das empresas, para a democratização do acesso à informação, com a ampliação das formas de obtenção de conhecimento sobre coisas antes pertencentes a um ambiente bem mais restrito, além de se oferecer outros espaços de reivindicação e denúncia, como as redes sociais; do outro, quase que de maneira simultânea a essas mudanças, assiste-se também à ampliação de males sociais que se imaginava seriam extintos como decorrência do desenvolvimento científico-tecnológico, dentre os quais se destacam o desemprego, o racismo e a intolerância, a miséria e outras perturbações sociais, além de uma crise de valores que provoca o surgimento de comportamentos e atitudes antes inaceitáveis, provocando conflitos éticos em várias áreas da vida da coletividade.
Ademais, cabem às legislações infraconstitucionais a normatização pormenorizada acerca do tema, restando à Constituição Federal a ordem principiológica que rege toda e qualquer relação social entre os indivíduos, a partir de valores éticos e morais intrínsecos a cada um.
Assim, não foi o objetivo do presente estudo o esgotamento do tema, mas sim de fomentar a discussão acerca da vulnerabilidade dos direitos individuais de cada um nas redes sociais, uma vez que podem ser colididos pela liberdade de expressão de outro e gerar danos que passam a ser, em virtude da velocidade de transmissão das informações, de proporção imensurável, atingindo um público infinitamente maior do que nos casos de cometimento do ato fora das redes sociais.
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