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Síntese Objetivos Aula 7

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Fundamentos das Ciências Sociais
AULA 7 – A sociologia de Émile Durkheim.
I - Estudar a sociologia científica de Émile Durkheim.
Como ciência, a Sociologia deve obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e, consequentemente, da abordagem científica da sociedade. A abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de conhecimento acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da experimentação. 
O método positivista transformou-se, em Durkheim, numa rigorosa postura empírica, centrada na verificação dos fatos que poderiam ser observados, mensurados e relacionados através de dados coletados diretamente pelo cientista. 
II - Identificar os fatos sociais e suas características.
Para Durkheim, fatos sociais são "coisas". São maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo. Não podem ser confundidos com os fenômenos orgânicos nem com os psíquicos, constituem uma espécie nova de fatos. São fatos sociais: regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc. enfim, todo um conjunto de “coisas”, exteriores ao indivíduo e aplicáveis a toda a sociedade, que são	 capazes de condicionar ou até determinar suas ações; sendo esta “coisa” dotada de existência própria, ou seja, independente de manifestações individuais.
Assim, podemos delimitar bem o objeto de estudo da sociologia. Os fatos sociais, que são maneiras de fazer algo, como se portar ou pensar, se localizam no exterior das consciências individuais, ainda que nelas opere alguma repercussão, sendo sempre movidos por energias sociais de origem coletiva, nunca individual. Se todos os indivíduos de determinada sociedade com ele concordam, o fazem no sentido desta força externa que move seus sentimentos na direção dos referidos fatos. Tal capacidade de coerção sobre os indivíduos, aliada à sua difusão do grupo, é a característica marcante dos fatos sociais, que se torna visível quando observamos a imposição de sanção ou de resistência a qualquer tentativa individual de a eles se opor.
Características do fato social
a. Coerção Social - Os fatos sociais exercem sobre os indivíduos uma força, levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de suas vontades e escolhas. Ex.: idiomas, normas familiares, códigos de leis. 
Vale lembrar que a coerção social não precisa ser algo imposto a contragosto. As regras morais, por exemplo, aparecem como “coisas agradáveis de que gostamos e que desejamos espontaneamente”. A coerção implica uma noção de dever e pode ser, ao mesmo tempo, desejável.
b. Exterioridade - Os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente. As regras sociais, os costumes, as leis, já existiam antes do nascimento das pessoas, são portanto exteriores a eles, mas impostos por mecanismos de coerção social.
c. Generalidade ou Recorrência - É social o fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria eles. Ex.: O uso de talheres nas refeições, o respeito as leis e tradições.
Fato social como coisa
Como objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a seu respeito.
Para Durkheim, "é coisa tudo aquilo que é dado, e que se impõe à observação". Nem a existência da natureza humana nem o sentido de progresso no tempo, como admitia Comte por exemplo, fazia sentido, segundo Durkheim, dentro do método sociológico. Eles são uma concepção do espírito. Durkheim, neste sentido, é essencialmente objetivista, empirista e indutivista, ao contrário de Comte, o fundador da sociologia, que era considerado por ele como subjetivista e filosófico.
Durkheim preocupou-se em como superar o senso comum, a fim de construir raciocínios científicos, no estudo da vida social, e aproximou-se, para tanto, dos métodos adotados nas ciências naturais; 
Disso decorre a idéia de entender os fatos sociais como coisas, de modo a procurar investigar relações de causa e efeito e regularidade de modo a vislumbrar leis (e estratégias de ação);
Entender o fato social como coisa implica: afastar pré-noções; definir os fenômenos a partir de seus caracteres exteriores que lhe são comuns, considerando-os independentes de suas manifestações individuais e tratá-los da maneira mais objetiva possível;
A análise do fato social como coisa deve revelar a causa que produz os fenômenos e revelar a função que ela desempenha. A causa, que é eminentemente social, deve ser encontrada através da função que o fato mantém com algum fim social.
III - Problematizar as ideias de normalidade e patologia
A sociedade é vista como um organismo em adaptação onde se busca encontrar soluções para a vida social, pois esta apresenta estados normais e patológicos.
Um fato social normal é aquele que se encontra generalizado na sociedade desempenhado papel importante na adaptação e evolução dessa. O crime, por exemplo, é um fato social tido como normal, pois é encontrado em todas as sociedades, integrando as pessoas do grupo social através de uma conduta de valor moral que busca punir o comportamento errado. Os fatos sociais patológicos são os que estão fora dos limites permitidos pela ordem e pela moral da sociedade, são doenças que põe em risco a harmonia do grupo e são vistos como transitórios e passageiros.
Podemos considerar que, para esta questão, existem três regras:
1) Um fato social é normal para um tipo social determinado, considerado numa fase determinada de seu desenvolvimento, quando ele se produz na média das sociedades dessa espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução. 
2) Os resultados do método precedente podem ser verificados mostrando-se que a generalidade do fenômeno se deve às condições gerais da vida coletiva no tipo social considerado. 
3) Essa verificarão é necessária quando esse fato se relaciona a uma espécie social que ainda não consumou sua evolução integral. 
Assim, podemos pensar em inúmeros exemplos de fatos sociais, desde os modos à mesa até rituais religiosos. Porém, da análise do texto, podemos vislumbrar uma classe muito marcante de fatos sociais: as regras jurídicas. No estudo sociológico de tais regras, identificamos que um sistema normativo de determinada sociedade se apresenta como um conjunto de maneiras de fazer, fatos sociais, em que a coerção dos indivíduos que delas destoam é tão patente que há a previsão expressa de sanção a quem não as observa, no caso, por exemplo, da prática de crimes, e há um aparato estatal montado com esse desiderato, justamente for fazerem referência a estados fortes da consciência coletiva. Podemos ver, no caso do crime, esta marca indelével:
“De fato, a única característica comum a todos os crimes é que eles consistem – salvo algumas exceções aparentes, que serão examinadas abaixo – em atos universalmente reprovados pelos membros da cada sociedade. Muitos se perguntam hoje se essa reprovação é racional e se não seria mais sensato considerar o crime apenas uma doença ou um erro. Não temos, porém, de entrar nessas discussões; procuramos determinar o que é ou foi, não o que deve ser. Ora, a realidade do fato que acabamos de estabelecer não é contestável; isso significa que o crime melindra sentimentos que se encontram em todas as consciências sadias de um mesmo tipo social”. (DURKHEIM, 1999:43)
Doença social
O fato social deve ser entendido normal, a partir das características apresentadas acima. Mas podemos também perceber o fato social quando ele não está respondendo as necessidades da sociedade, ou seja, quando existem problemas que dificultam as sociedades de se desenvolverem de forma harmônica, nós termos uma patologia social, ou seja, uma doença social. 
O suicídio é todo o caso de morte que resulta,
direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir este resultado. Pode ser egoísta, altruísta e anômico.
Suicídio egoísta: é caracterizado por um estado de depressão e de apatia, fruto de um individualismo exagerado. 
Suicídio altruísta: também conhecido como filantrópico, o altruísta acontece como uma forma de sacrifício. Durkheim viu isto ocorrer de duas formas diferentes:
	onde indivíduos se veem sem importância ou oprimidos pela sociedade e preferem cometer suicídio. Ele viu isto acontecer em sociedades "primitivas" ou "antigas", mas também em regimentos militares muito tradicionais, como guardas imperiais ou de elite, na sociedade contemporânea;
	onde indivíduos veem o mundo social sem importância e sacrificariam a si próprios por um grande ideal. Durkheim viu isto acontecer em religiões orientais, como o Sati no Hinduísmo. Alguns sociólogos contemporâneos têm usado esta análise para explicar os kamikazes e os homens-bomba.
Suicídio anômico: Em uma situação de crise econômica, por exemplo, na qual há uma completa desregulação das regras normais da sociedade, certos indivíduos ficam em uma situação inferior a que ocupavam anteriormente. Ou então este tipo de suicídio acontece quando as normas sociais e leis que governam a sociedade não correspondem com os objetivos de vida do indivíduo. Assim, há uma perda brusca de riquezas e de poder, fazendo com que, por isso mesmo, os índices desse tipo de suicídio aumentem. 
A causa para todos os suicídios são sociais, diz Durkheim.
Para Durkheim, um fato social se torna patológico quando atinge grandes dimensões e ameaçam a sociedade. O crime (que pode ser definido como a transgressão da lei), por exemplo, é considerado um fato social normal já que é um fenômeno social observado em praticamente todas as sociedades. O crime só se torna um fato social patológico quando assume proporções exageradas. Do mesmo modo, o suicídio pode ser considerado um fato social normal ou patológico.

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