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1 CAPITULO 1 - Instrumentos e acessórios utilizados em desenho técnico 1.1. Régua T e esquadros Utilizamos a régua T para a execução de linhas horizontais, no qual a mesma deverá ficar apoiada pela sua cabeça fixa no lado esquerdo da mesa de desenho. No traçado das linhas horizontais, preferencialmente, deve-se desenhar as linhas no sentido da esquerda para a direita e de cima para baixo (Figura 1). FIGURA 1. Sentido de execução de linhas horizontais utilizando a réguaT Obs: Para se ter um bom traçado horizontal, apóie firmemente a régua T contra a mesa de desenho utilizando a mão esquerda. Dessa forma, a régua se manterá firme e na horizontal, facilitando o traçado das linhas do desenho. Os esquadros são utilizados apoiados sobre a régua T para a execução de linhas verticais. Normalmente utilizamos dois tipos de esquadros, sendo o primeiro com ângulos de 300, 600 e 90° e o segundo com 45°, 45° e 90°. 2 Para o traçado das linhas verticais, a face perpendicular do esquadro deve ficar voltada para o lado da cabeça da régua T, conforme ilustra a Figura 2. FIGURA 2. Jogo de esquadros utilizados em desenho técnico e posição recomendada do esquadro na mesa para traçado de linhas verticais. Podamos obter uma série de combinações de ângulos (múltiplos de 15°) quando trabalhamos com os esquadros em conjunto, facilitando dessa forma, o traçado de linhas com ângulos utilizando apenas o jogo de esquadros. 1.2 Compasso O compasso é utilizado para o traçado de circunferências, arcos de circunferências e para transportar medidas. O traçado, logo depois de definido o raio de abertura, deve ser feito com um traço contínuo, sem interrupção e no sentido horário, girando-se a cabeça do compasso com uma leve inclinação do instrumento na direção do grafite. 1.3 Transferidor 3 O transferidor é utilizado para a tomada de medidas angulares, sendo que podemos encontrar transferidores de 1800 e 360° (Figura 3). Os ângulos podem ser obtidas tanto no sentido horário como no sentido anti-horário, dependendo de cada situação. Para o traçado de linhas com um determinado ângulo, devemos seguir os seguintes passos: a) Traçá-se inicialmente urna linha reta e marca-se um ponto qualquer nessa linha (vértice do ângulo); b) Posicione o transferidor sobre essa linha, coincidindo o índex do instrumento com o ponto marcado anteriormente (vértice); c) Alinhe o transferidor através da linha de fé com a linha traçada anteriormente; d) Marque o ângulo desejado no transferidor e, finalmente, trace a linha desejada no ângulo encontrado (Exemplo na Figura 3 para os ângulos de 430 e 28°). FIGURA 3. Transferidor de 360° e 180° 1.4 Lápis e borracha 4 A execução de desenhos a lápis, deve garantir o perfeito acabamento final do trabalho. Entretanto, o projetista deve escolher bem o tipo de lápis a ser utilizado, de acordo com a finalidade do projeto. Os lápis são classificados de acordo com a sua dureza e visibilidade do traçado (macios ou duros e claros ou escuros) e são graduados com a seguinte combinação de letras: 6B (macio e escuro), 5B, 4B, 3B, 26, 6, HB, F, H, 2H, 3H, 4H, 5H, 6H, 7H, 8H e 9H (extremamente duro e claro). Para o traçado de esboços iniciais, deve ser utilizado o lápis da série H (claros e duros) e para a parte final, os lápis da série 6 (macios e escuros). Os tipos de lápis intermediários F (claro e ligeiramente duro) e o HB (macio e ligeiramente escuro) também são muito utilizados pelos desenhistas. Em geral, o que vai variar no traçado a lápis é apenas a tonalidade do traço, ou seja, teremos linhas mais claras ou linhas mais escuras. A borracha deve ser ta que garanta que as linhas serão apagadas sem danificar o papel ou mesmo que borre o desenho. Portanto, deve ser utilizada borracha dura para traços com lápis duros e borrachas macias para : os traços com lápis macios. 1.5 Escalímetro A utilização de escalas, bem como o seu entendimento, é muito importante para a execução de qualquer tipo de trabalho (projeto) em DESENHO TÉCNICO. Para isso, 5 trabalhamos com o escalímetro, ou seja, uma régua graduada em forma de triângulo, no qual ela apresenta a escala 1:100 como escala padrão e outras cinco escalas mais utilizadas (Figura 4). FIGURA 4. Escalímetro Um escalímetro pode apresentar, por exemplo, as seguintes escalas impressas na régua: 1:20, 1:25v 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125 (escalas muito utilizadas em desenho arquitetônico). Mas primeiramente, vamos entender o que são e como trabalhar com escalas. Denominamos escala, a razão existente entre a dimensão do desenho no papel e as dimensões reais do objeto que esse desenho representa, segundo a seguinte equação: E = , onde: Exemplo: Deseja-se representar um poste cuja altura é de 5 metros, numa folha de papel através de uma linha de 5 cm. Qual é a escala utilizada? E = 5cm/5m E = 5cm/500cm E = 1/100 ou seja, Escala 1:100 L l E = escala do desenho; l = dimensão do desenho (linha gráfica); L = dimensão real do objeto (linha natural). 6 Nesse caso, temos que 1 unidade do desenho (linha gráfica) equivale a 100 unidades reais (linha natural). Podemos ter três tipos de escalas de acordo com a necessidade: a) Escala natural (l = L), no qual o desenho tem as mesmas dimensões do objeto real. Exemplo: desenhos de peças mecânicas. b) Escala de ampliação (l > L), no qual o desenho é maior que as dimensões do objeto real. Exemplo: desenhos de pequenas peças de um relógio de pulso. c) Escala de redução (l < L), sendo esse tipo de escala a mais freqüentemente utilizada em desenho arquitetônico. Exemplo: Plantas arquitetônicas de instalações rurais e urbanas. Trabalhando com escalas, podemos encontrar três tipos comuns de problemas. 01. Quando se tem a grandeza linear real do objeto, a escala utilizada e deseja-se determinar a grandeza linear gráfica. 1) Qual o valor gráfico de uma rede aérea de beixa tensão cujo comprimento é de 875,0 m a ser representado em planta na escala de 1: 5000? Desenho Natural 1 5000 1 875,0 m l =1x875 / 5000 l= 0,175 m ou 17,5 cm Obs.: Deve-se tomar o cuidado de manter sempre as mesmas unidades em ambos os lados da regra de três, ou seja, metro com metro (desenho e natural), centímetro com centímetro, etc. Dessa forma, evita-se o cálculos de dimensões de forma errônea. 02. Quando se tem o valor da dimensão gráfica (desenho), a escala e deseja-se calcular a dimensão da linha natural. 2) Uma Unha de 8 cm representa graficamente a altura de um poste na escala de 1:25. Qual o valor da sua altura real? Desenho Natural 1 25 0,80 m L L =0,80m x 25 / 1 L = 2,0 m, ou seja o poste tem 2,0 metros de altura. 03. Neste caso, se tem o valor da dimensão gráfica (desenho), a dimensão real do objeto e deseja-se calcular a escala utilizada. 3) Uma linha no papel de 30 mm representa o comprimento de uma rua de 600 metros. Qual a escala utilizada? Desenho Natural 1 E 7 30 mm 600.000 mm E =1x600.000 / 30 mm E = 20.000 m ou seja a escala é de 1:20.000 As escalas são, usualmente, pré-fixadas de acordo com o trabalho que se pretende realizar: 01. Em construções civis (projetos arquitetônicos), as escalas usuais são: 1:50,1:75,1:100 e 1:200 e para representação de detalhes, utilizamos as escalas de 1:10, 1:20e 1:25. 02. Em topografia utilizamos escalas de acordo com tipo de levantamento. - Levantamentos cadastrais: 1:250 a 1:5000; - Levantamentos técnicos: 1:1000 a 1:10.000; - Levantamentos gerais: superiores a 1:10.000. USO DO ESCALÍMETRO O uso do escalímetro vem assegurar ao projetista, facilidade ao trabalhar com vários tipos de escalas, evitando dessa forma uma série de cálculos dispendiosos, que tornaria o trabalho muito oneroso. Vamos supor que o nosso escalímetro apresenta as seguintes escalas impressas na régua: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125. Agora, se quisermos trabalhar com a escala de 1:250? Bem, se observarmos no nosso escalímetro, percebemos que não temos a escala desejada. Uma opção, então, seria realizarmos cálculos através de regra de três como discutimos anteriormente. Nesse caso, teríamos que calcular todas as dimensões necessárias. Uma segunda opção, e a mais interessante é utilizar o nosso próprio escalímetro. Se observarmos o nosso escatímetro, temos a escala de 1:25 e se colocarmos um zero a direita da escala, bem como, um zero a mais em cada 8 unidade do nosso escalímetro, teremos, portanto, a escala desejada (Figura 5). FIGURA 5. Transformação de escalas de 1:25 1:250, utilizando o escalímetro Da mesma forma, podemos utilizar esse mesmo procedimento para as outras escalas como, por exemplo, 1:100 que pode derivar para 1:1.000, 1:10.000 e assim por diante. Vejamos outro caso. Agora queremos trabalhar com a escala de 1:40? Bom, em alguns escalímetros encontramos a escala 1:40 ou 1:400. Mas, se o nosso escalímetro não tiver essa escala? Se observarmos bem, além das escalas múltiplas de 10, podemos trabalhar com escalas derivadas. No nosso caso, veremos que a escala 1:40 corresponde à metade da escala derivada de 1:20, ou seja, para cada unidade inteira da escala 1:20, corresponde ao dobro da escala 1:40 (Figura 6). 9 FIGURA 6. Transformação de escalas de 1:40 1:20 Obs Outro caso é a escala 1:80 que equivale a % da escala 1:20; 1:300 que corresponde a 1/6 da escala 1:50 ou % da escala 1:75, etc. CAPÍTULO 2 - Normas técnicas para desenho 2.1 Introdução Na execução de um projeto em desenho técnico, é necessário estabelecer um padrão dos elementos que compõem a estrutura do projeto através de normas reconhecidas, de modo a padronizar todos os elementos que constituirão a arte final de qualquer tipo de projeto a ser realizado em Desenho Técnico. Nesse ponto, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) em conjunto com o SENAI-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), criaram e atualizaram um conjunto de normas para auxiliar os profissionais da área, na execução de Desenho Técnico. As principais normas são as seguintes: • Emprego de escalas em desenho técnico (NBR 8196); • Aplicação de linhas em desenho - tipos e largura de linhas (NBR 8403); • Folha de desenho - Leiaute e dimensões (NBR 10068); • Cotagem em desenho técnico (NBR 10126) e; • Conteúdo da folha para desenho técnico (NBR 10582). Faremos a seguir, um estudo das principais normas, pois, a sua interpretação é muito importante. 2.2 Emprego de escalas em desenho técnico A utilização de escalas em desenho técnico, assunto já comentado no capítulo 1, deverá ser escolhida de acordo com a finalidade da sua representação e da complexidade do objeto a ser representado. Em todos os casos, a escala escolhida deverá ser suficientemente grande para permitir uma interpretação clara e fácil do objeto representado. Portanto, a escala e o 10 tamanho do objeto em questão deverão decidir o tamanho da folha. 2.3 Aplicação de linhas em desenho - tipos e largura de linhas Na execução de qualquer tipo de projeto em desenho técnico devemos, inicialmente, estabelecer uma série de convenções importantes relativas a tipos E larguras de linhas e sua aplicação aos vários componentes do projeto. Mas, antes de estudarmos os tipos de linhas, faremos algumas observações importantes: a) Na execução de qualquer traçado, independente do tipo de linha, a ponta do lápis ou a lapiseira deverá estar devidamente apoiado sobre a face do esquadro ou da régua T. b) Para obter um traçado uniforme, gire lentamente o lápis ou lapiseira durante a execução do desenho. c) Inicie o desenho com linhas mais claras e finas que são mais fáceis de serem apagadas. Ao final, de o acabamento com outros tipos de linhas. Na Tabela 1, apresentamos os principais tipos de linhas utilizadas em desenho de engenharia e arquitetônico. TABELA 1. Principais linhas utilizadas em desenho técnico. 11 2.4 Folha de desenho - Leiaute e dimensões O formato do papel a ser utilizado na execução de desenho técnico já vem padronizado, segundo o formato da série A (Figura 7). O importante aqui é definir o tipo de formato de papel a ser utilizado, que é função do tipo de objeto que se. deseja representar (original), desde que não prejudique a sua compreensão. A base do formato da série A é o tamanho AO, representado por um retângulo de 841 mm x 1189 mm (área equivalente a 1 m sendo os outros formatos derivados a partir da divisão em duas partes iguais de cada série, até os menores formatos do mesmo. 12 A3 A2 A1 A0 FRGURA 7. Formatos padrão de folhas de desenho da séria A. Dobragem Vale salientar que, o formato final após a dobragem do papel desde o formato A0, será o formato A4, em virtude desse formato facilitar o arquivamento das folhas em pastas. Mas, antes de dobrarmos a folha de papel, devemos a folha no local denominado linha de corte, ficando assim a folha nas dimensões da séria A (Figura 8). FIGURA 8. Folha de desenho da série A — Linha de corte 13 FIGURA 9. Formatos derivados da série A, a partir do formato AO Observando a Figura 9, podemos notar como fica a divisão das folhas da série A, desde o formato A0, até o formato A6. Portanto, a partir do formato AO, podemos ter as seguintes dimensões do outros formatos da série A. TABELA 2. Dimensões do papel da série A 2.5 Cotagem em desenho técnico A cotagem em desenho técnico, nada mais é que colocar as várias dimensões de todos os elementos que compõem o objeto. Mas, antes de passarmos para as principais recomendações para a cotagem, definiremos a nomenclatura utilizada em cotagem. Pela Figura 10, temos um exemplo de um objeto cotado, com as principais 14 linhas que compõem a cotagem, bem como a sua denominação. FIGURA 10. Nomenclatura utilizada em cotagem Depois de definido a nomenclatura de cotagem, devemos seguir as seguintes recomendações ao cotar um desenho: 1. Colocar as cotas, sempre que possível, fora do desenho. 2. As linhas de cota deverão ser traçadas com linha contínua estreita (fina) e terminadas (limite da linha de cota) em traço oblíquo a 45° ou setas (ângulo de abertura de 150 aberta ou fechada/preenchida) ou ponto (Figura 11). 15 FIGURA 11. Tipos de limite de linha de cota 3. As cotas serão escritas no valor real e em uma única unidade. No caso de desenhos arquitetônicos, adota-se de preferência o centímetro (cm). 4. As linhas de cotas ficarão afastadas do desenho e entre si a uma distância d 8 mm. As linhas auxiliares não deverão tocar no desenho, ficando afastadas a uma distância mínima do desenho. 5. Nas cotas verticais, os valores da cota serão escritos nos locais ondea linha de cota for interrompida ou à esquerda da linha de cota, sempre no sentido de baixo para cima e centralizada (Figura 12). 6. Nas cotas horizontais, os valores da cota serão escritos nos locais onde a linha de cota for interrompida ou acima da linha de cota A cota deverá ser centralizada (Figura 12). 7. As linhas de cota conterão valores de cotas parciais e totais. 16 2.6 Conteúdo da folha para desenho técnico Depois de feita a escolha do tipo de folha a ser utilizado em desenho técnico, bem como o material e acessórios, devemos definir condições para a disposição do desenho na folha, posição para textos e espaço para legenda. O espaço para desenho é aquele onde são dispostos os desenhos tanto na posição horizontal ou vertical, devendo, se possível, dispô-los considerando o dobramento da folha de papel. O espaço para texto tem o objetivo fornecer às informações que julgar necessárias para o entendimento do desenho a ser realizado, como por exemplo, explanação sobre o projeto (símbolos especiais, abreviaturas, etc.), instruções como realizar o projeto (material, local de montagem, número de peças, etc.), localização da planta de situação e outras informações pertinentes ao projeto. Na Figura 13, apresentamos os formatos comuns de disposição do desenho, texto e legenda na folha de papel. FIGURA 13. Disposição do desenho, texto e legenda no papel de desenho FIGURA 12. Exemplos de cotagem iertical e horizontal 17 A legenda deverá ser posicionada no canto inferior direito da folha de desenho, com dimensões variáveis, porém, com valores variando entre 100 mm e 175 mm na horizontal (comprimento) e com altura, geralmente, a metade da dimensão horizontal. As seguintes informações deverão conter na legenda: a) firma, empresa, indústria, universidade, etc; b) projetista, desenhista ou responsável p’ projeto; c) local, data e assinatura; d) título e subtítulo do projeto; e) escala(s) adotada(s); f) número de folhas do desenho, além de outras informações necessárias. No nosso caso, adotaremos a seguintes dimensões e informações para a legenda na execucão de projetos em desenho técnico (Figura 14): FIGURA 14. Legenda Obs.: Dimensões em mm FIT/UNAMA 18 *Obs.: Contorno da construção 19 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ABNT. Coletânea de normas de desenho técnico. São Paulo: SENAI-DTE DMD. 1990. 86p. (Programa de Publicações Técnicas e Didáticas, Série Organização e Administração, 1). SILVA, S. F. da. A linguagem do desenho técnico. Rio de Janeiro: LTC — Livros técnicos e científicos editora S.A., 1984. 151p. FRENCH, T. E. Desenho técnico. Tradução por Soveral Ferreira de Souza e Paulo de Barros Ferlini. Porto Alegre: Editora Globo, 1967. 74Op. Tradução de: A manual of engineering drawing for students and draftsmen. MENICUCCI, E.;RODARTE, J. F.;SILVA, N. F. da Apostila de desenho técnico L Lavras: ESALQ, 1988. 33p.
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