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Trabalho de filosofia

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As filosofias políticas 
 O ideal Republicano 
Em volta dos castelos feudais, durante a Idade Média, formaram-se aldeias
ou burgos. Nessa sociedade existiam relações hierárquicas, que dividiam os
indivíduos em superiores e inferiores. Essa divisão determinava entre eles dois tipos
precisos de relação: a de vassalagem e a de servidão. 
Nos burgos, entretanto, a divisão social do trabalho fez aparecer outra
organização social, a corporação de ofício. Dentro dessas corporações existiam
relações hierárquicas, nessas relações era possível, com base nas regras
convencionais entre seus membros, ascender na hierarquia. Estas corporações
fizeram surgir uma nova classe social, a burguesia. 
Desde o início do século XV, algumas regiões da Europa entraram em
desenvolvimento econômico e social. Durante esse período, grandes rotas
comerciais tornam poderosas as corporações e as famílias de comerciantes, ao
mesmo tempo o poder agrário dos barões feudais começam a diminuir. 
Inicia-se, nas cidades, o que viria a ser conhecido como capitalismo
comercial ou mercantil. Para desenvolvê-lo era preciso sair dos padrões, regras e
tributos submetidos à economia feudal agrária, com isso, a burguesia nascente
inicia uma luta contra a nobreza feudal, reivindicando a criação de franquias
econômicas e o fim da vassalagem. 
Na Itália, a redescoberta das obras de pensadores, artistas e técnicos da
cultura greco-romana, suscita um ideal político novo: o da liberdade republicana
contra o poder teológico-político de papas e imperadores.
Esse período é reconhecido como Renascimento, onde espera-se fazer
renascer o pensamento, a ciência, as artes a ética, as técnicas e a política que
haviam sido desenvolvidos antes que a Igreja e os teólogos tivessem tomado para si
o privilégio de saber e a autoridade para decidir o que poderia e o que não poderia
ser pensado. 
Esparta, Atenas e Roma são tomadas como exemplos de liberdade
republicana. Fala-se, agora, na liberdade republicana e na vida política como as
formas mais altas da dignidade humana.
Entre 1513 e 1514, em Florença, é escrita a obra que inaugura o pensamento
político moderno: O príncipe, de Maquiavel. 
 Antes de O príncipe
As obras políticas medievais e renascentistas dizem respeito a um mundo 
cristão, isso significa que elas não podem escapar da relação entre política e 
religião.
As teorias medievais são ou diretamente teocráticas ou indiretamente 
teocráticas. Já as teorias renascentistas procuram evitar a ideia de que o poder 
seria uma graça ou um favor divino.
Embora recusem a teocracia, não podem recusar outra ideia cristã, a de que 
o poder político só é legítimo se for justo e só será justo se estiver de acordo com a 
vontade de Deus e a Providência divina.
Se deixarmos de lado as diferenças entre medievais e renascentistas, 
poderemos perceber certos traços que lhes são comuns, provenientes dos 
elementos de teologia:
 Encontram para a política um fundamento anterior e exterior à própria 
política.
 Afirmam que a política é instituição de uma comunidade uma e indivisa, cuja 
finalidade, é realizar o bem comum ou justiça.
 Assentam a boa comunidade e a boa política na figura do Bom Governo. 
 Classificam os regimes políticos em justos-legítimos e injustos-ilegítimos.
Comparada a esses traços da tradição política, a obra de Maquiavel é 
demolidora e revolucionária. Com ela nasce o pensamento político moderno. 
 A revolução de Maquiavel
Maquiavel parte da experiência real de seu tempo, para formular teorias
políticas. 
Como diplomata e conselheiro dos governantes de Florença, viu as lutas
europeias de centralização monárquica, o ressurgimento da vida urbana na Europa
e, com ela, a ascensão da burguesia comercial das grandes cidades.
O estudo do sentido dessas experiências históricas o conduziu à ideia de que as
concepções políticas antigas e medievais não eram capazes de abarcar
verdadeiramente o que é o poder, tornando assim necessário, uma nova concepção
da sociedade e da política, que levasse em conta a observação direta dos
acontecimentos. Com isso, em 1513, Maquiavel escreve a obra inaugural da
filosofia política moderna, O príncipe. 
Se compararmos o pensamento político de Maquiavel com os quatro pontos nos
quais resumimos a tradição política anterior, observaremos por onde passa a
ruptura maquiaveliana: 
 Maquiavel não admite um fundamento anterior e exterior à política.
 Maquiavel não aceita a ideia da boa comunidade política constituída para o
bem comum e a justiça. 
 Maquiavel recusa a figura de Bom Governo encarnada no príncipe virtuoso,
portador das virtudes cristãs, morais e das virtudes principescas. 
 Maquiavel não aceita a divisão clássica dos três regimes políticos
(monarquia, aristocracia, democracia) e suas formas corruptas ou ilegítimas,
bem como não aceita que o regime legítimo seja o hereditário e o ilegítimo, o
usurpado por conquista.
 O Príncipe Virtuoso
Dissemos que a tradição grega tornara ética e política inseparáveis, que a
tradição romana colocara identidade da ética e da política na pessoa virtuosa do
governante e que a tradição cristã transformara a pessoa política num corpo místico
sacralizado que encarnava a vontade de Deus e a comunidade humana.
Hereditariedade, personalidade e virtude formavam o centro da política. Esse
conjunto de ideias e imagens é demolido por Maquiavel. Um dos aspectos da
concepção maquiaveliana que melhor revela essa demolição encontra-se na figura
do príncipe virtuoso.
Quando escutamos a ética, vimos que a questão central posta pelos filósofos
sempre foi “o que está e o que não está em nosso poder?”.
Esse conjunto de circunstâncias que não dependem de nós abrangia tanto as
leis necessárias da natureza quanto os acasos e a contingência, ou o que a tradição
filosófica chamou de fortuna. 
A oposição virtude-fortuna jamais abandonou a ética e, como esta surgia
inseparável da política. Neste, o governante virtuoso era aquele cujas virtudes
morais o protegem do poderio da caprichosa e inconstante fortuna. 
Maquiavel retoma essa oposição, mas lhe imprime um sentido inteiramente
novo, a virtù é a capacidade do príncipe para agarrar e dominar a fortuna.
Ou seja, deve mudar com a sorte ou as circunstâncias e, com elas, ser volúvel e
inconstante, pois somente assim saberá agarrá-las e vencê-las.
A lógica política nada tema a ver com as virtudes éticas dos indivíduos em sua
vida privada.
Em outras palavras, Maquiavel inaugura a ideia de valores políticos medidos
pela eficácia prática e pela utilidade social, afastados dos padrões que regulam a
moralidade privada dos indivíduos.
A virtude do príncipe é medida pelos efeitos benéficos de sua ação para a
república. 
As palavras maquiavélico e maquiavelismo, criadas no século XVI e
conservadas até hoje, exprimem o medo que se tem a política quando esta é
simplesmente política, isto é, sem as máscaras da religião, da moral e da natureza.
 A ideia de Soberania
Maquiavel abriu caminho para uma discussão essencial para o pensamento
político moderno: a ideia de soberania.
Na tradição, “soberano” designa a pessoa física do governante e se refere ao rei
ou imperador.
Da mesma maneira, a invenção da teoria dos "dois corpos do rei" pretendia
assegurar que o rei fosse soberano.
A obra de Maquiavel começa a indicar que o soberano não é uma pessoa, e sim
o poder político independente do poder religioso e do poder econômico. 
A soberania é perpétua; o governo, passageiro. O Estado como soberano é
entendido como um sistema articulado que reúne uma ordem jurídica e umaautoridade independente. 
 O Mundo Desordenado
A ideia de que a finalidade da política é tomada e conservação do poder e que
não provém nem de Deus, nem da Razão, nem de uma ordem natural fixa exigiu
que os governantes justificassem a ocupação do poder. 
Para compreendermos os conceitos que fundarão essas novas teorias,
precisamos considerar alguns acontecimentos históricos que mudaram a face
econômica e social da Europa entre os séculos XV e XVII. 
 A decadência e ruína de inúmeras famílias aristocráticas, cujas riquezas
foram consumidas nas guerras das Cruzadas contra os árabes e cujas terras
ficaram abandonadas porque seus nobres senhores morreram na guerra sem
deixar herdeiros;
 A peste negra;
 A vida urbana provocou o crescimento de atividades artesanais e, com elas,
o desenvolvimento comercial para compra e venda de produtos. 
 As grandes rotas do comércio com o Oriente.
Nas cidades, primeiro, e no campo, depois, a miséria e as péssimas
condições de trabalho e de vida levaram os camponeses a revoltar-se contra os
ricos. 
Todos esses fatores evidenciavam que a ideia, herdada do Império Romano
e consolidada pela Igreja Romana, de um mundo constituído naturalmente por
hierarquias fixas não correspondia à realidade. 
 Indivíduos e Conflitos 
A nova situação histórica fazia aparecer dois fatos que não podiam ser 
negados:
 A existência de indivíduos - o surgimento de duas novas classes sociais (a 
burguesia e os trabalhadores livres) evidenciava que perdera sentido a ideia 
de que cada um se define pela família e pelo grupo a que pertence.
 A existência de conflitos entre indivíduos e grupos de indivíduos pela posse 
de riquezas, cargos, postos e poderes anulava tanto a prática medieval da 
submissão natural do inferior ao superior, quanto a imagem cristã da 
comunidade política uma, indivisa e fraterna. 
 Do Indivíduo à sociedade civil
 O estado de natureza:
O conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-
social na qual os indivíduos existem isoladamente. Duas foram as principais
concepções do estado de natureza:
• A concepção de Thomas Hobbes (no século XVII), segundo a qual, em
estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e em luta permanente,
vigorando a guerra de todos contra todos ou o estado do “homem lobo do
homem”.
A única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para
conquistar e conservar;
• A concepção de Jean-Jacques Rousseau (no século XVIII), segundo a qual,
em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas,
sobrevivendo com o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e
comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e
benevolente.
Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem na condição
de bom selvagem inocente. O surgimento da propriedade privada, dá origem
ao estado de sociedade, no qual prevalece a guerra de todos contra todos.
O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau
evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando o
poder da força ou a vontade do mais forte. 
Para fazer cessar esse estado de vida ameaçador os humanos decidem
passar à civitas ou à sociedade civil, isto é, ao estado civil, criando o poder político
e as leis. 
• O pacto ou contrato social e o estado civil:
De acordo com os teóricos dos séculos XVII e XVIII, a passagem do estado
de natureza ao estado civil se dá por meio de um pacto social ou contrato social,
pelo qual os indivíduos concordam em renunciar à liberdade natural e à posse
natural de bens e armas e em transferir a um terceiro – o soberano – algumas
formas de poder. 
O contrato social funda a soberania e institui a autoridade política. É
instituído, portanto, o estado civil, que deve pôr fim às lutas mortais do estado de
natureza ou do estado de sociedade.
Os teóricos invocarão uma cláusula do Direito Romano - “Ninguém pode dar
o que não tem e ninguém pode tirar o que não deu” - e a Lei Régia romana - “O
poder pertence ao povo e é por ele conferido ao soberano” - para legitimar a teoria
do contrato ou pacto social. Essas duas cláusulas serão a base das teorias do
direito natural.
• O Jusnaturalismo
O ponto de partida das teorias do contrato é o conceito de direito natural:
por natureza, todo indivíduo tem direito à vida, ao que é necessário à sobrevivência
de seu corpo e à liberdade.
Se as partes contratantes possuem os mesmos direitos naturais e são livres,
então possuem o direito e o poder para transferir liberdade a um terceiro; e, se
consentem voluntária e livremente nisso, de maneira que o poder da soberania á
legítimo porque nasce da doação ou transferência voluntária de direitos dos
indivíduos.
Para Hobbes, a multidão de indivíduos reunida pelo pacto passa a constituir
um corpo político, que se chama Estado. Para Rousseau, os indivíduos naturais são
pessoas morais, que, pelo pacto, criam a Vontade Geral como corpo moral coletivo
ou Estado.
O pensamneto político já não fala em comunidade, mas em sociedade, um
grupo humano uno que compartilham os mesmos bens, as mesmas crenças e
ideias, os mesmos costumes e possuem um destino comum. 
A ideia de sociedade, ao contrário, pressupõe indivíduos independentes e
isolados, que decidem, por um ato voluntário, tornarem-se sócios para vontagem
recíproca e por interesses recíprocos. 
• O Estado
A sociedade civil é o Estado propriamente dito. Os contratantes transferem o
direito natural ao soberano e com isso o autorizam a transformá-lo em direito civil,
sob o qual a sociedade viverá.
Para Hobbes, o soberano pode ser um rei, um grupo de aristocratas ou uma
assembleia democrática. Para Hobbes o fundamental era a determinação de quem
possui o poder ou a soberania: o Estado. O soberano detém a espada e a lei; os
governados, a vida e a propriedade dos bens. 
Para Rousseau, o soberano é o povo, entendido como Vontade Geral,
pessoa moral, coletiva livre e corpo político de cidadãos. O governante não é
soberano , mas o representante da soberania popular. Os indivíduos aceitam perder
a liberdade natural pela cidadania. 
Dado que, para Hobbes, a soberania pertence àquele a quem o direito natural
foi transferido, o regime político que lhe parece mais capaz de realizar essa
finalidade é a monarquia. Ao contrário, para Rousseau, sendo a soberania sempre
popular ou do povo, o regime que melhor realizaria as finalidades do contrato social
é a democracia direta ou participativa. 
• A Teoria Liberal 
• A burguesia e a propriedade privada: 
No pensamento político de Hobbes e de Rousseau, a propriedade privada
não é um direito natural, mas civil.
O direito civil, ao contrário, assegura a posse por meio das leis e legitima na
forma de propriedade privada. 
Essa teoria da legitimidade civil da propriedade privada, não era suficiente
para a burguesia em ascensão, cujo poder e prestígio estavam fundados na
propriedade privada da riqueza. 
Para que seu poder econômico pudesse enfrentar o poder político dos reis e
das nobrezas, a burguesia precisava de uma teoria que lhe desse uma legitimidade.
Essa teoria será a da propriedade privada como direito natural e sua primeira
formulação coerente será feita pelo filósofo inglês John Locke, no final do século
XVII e início do século XVIII.
Locke parte da definição do direito natural como direito à vida, à liberdade e
aos bens necessários para a conservação de ambas. Esses bens são conseguidos
pelo trabalho. 
Deus instituiu no momento da criação do mundo e do homem, o direito à
propriedade privada como fruto legítimo do trabalho. Por isso, de origem, ela é um
direito natural.
A burguesia se vê inteiramentelegitima perante a realeza e a nobreza e, mais
do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é
proprietário graças ao seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da
sociedade ou do trabalho alheio. 
De fato, se Deus fez todos os homens iguais, se a todos deu a missão de
trabalhar e a todos concedeu o direito à propriedade privada, então os pobres são
culpados por sua condição inferior.
• O Estado Liberal
Se a função do Estado é garantir e defender contra a nobreza e os pobres,
qual é o soberano?
A teoria liberal, primeiro de Locke, depois com pensadores como Max Weber,
dirá que a função do Estado é tríplice: 
• Por meio das leis e do uso legal da violência, garantir o direito natural de
propriedade, sem interferir na vida econômica. Em outros termos, a burguesia
exigia a liberdade de mercado para o desenvolvimento do capitalismo. 
• Visto que os proprietários privados são capazes de estabelecer as regras e
as normas da vida econômica e que fazem numa esfera que não é estatal,
entre o Estado e o indivíduo intercalam-se uma esfera social: a sociedade
civil. A sociedade civil não é o estado, mas sim a esfera dos interesses dos
proprietários privados. O Estado tem a função de arbitrar, por meio das leis e
da força, os conflitos da sociedade civil.
• O Estado tem o direito de legislar, permitir e proibir tudo quanto pertença à
esfera da vida pública, mas tem o direito de intervir sobre a esfera privada. 
• Liberalismo e fim do Antigo Regime
O término do Antigo Regime se consuma quando a teoria política consagra a
propriedade privada como direito natural dos indivíduos, desfazendo a imagem do
rei como marido da terra, senhor dos bens e das riquezas do reino, decidindo
segundo sua vontade e seu capricho quanto a impostos, tributos e taxas.
A propriedade ou é individual e privada, ou é estatal e pública, jamais
patrimônio pessoal do monarca.
O indivíduo é a origem e o destinatário do poder político, nascido de um
contrato social voluntário, no qual os contratantes cedem poderes, mas não cedem
sua individualidade. O indivíduo é o cidadão.
Afirma também a existência de uma esfera de relações sociais separadas da
vida privada e da vida política, a sociedade civil organizada.
O Estado é o poder público e neles os interesses dos proprietários devem
estar representados por meio do Parlamento, com membros eleitos por seus pares,
e do Poder Judiciário. Quanto ao Poder Executivo, em caso de monarquia, pode ser
hereditário, mas o rei está submetido às leis como os demais súditos. Em caso de
democracia, será eleito por voto censitário.
O Estado, por meio da lei e da força, tem o poder para dominar e para
reprimir.
• A Cidadania Liberal
O Estado liberal se apresenta como república representativa constituída de
três poderes: O Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
O Estado liberal julgava inconcebível um não proprietário como representante
num dos três poderes. Dessa maneira, estavam excluídos da cidadania e do poder
político os trabalhadores e as mulheres, isto é, a maioria da sociedade.
Lutas populares intensas, desde o século XVIII até nossos dias, forçaram o
Estado liberal a tornar-se uma república democrática representativa, ampliando a
cidadania política.
• A Ideia de Revolução
A política liberal resultou de acontecimentos econômicos e sociais que
impuseram mudanças na concepção do poder do Estado. Tais acontecimentos – as
revoluções burguesas – resultaram também em mudanças na estrutura
econômica, na sociedade e na política, efetuadas pela classe social emergente, a
burguesia. 
• As revoluções burguesas 
Embora em todas as revoluções burguesas o resultado tenha sido o mesmo -
qual seja, a subida e a consolidação da burguesia como classe política dominante -,
houve também o que um historiador denominou “revolução na revolução”, indicando
com isso a existência de um movimento popular radical no interior delas. 
As classes populares, que participaram daquela vitória, desejavam muito
mais: ansiavam instituir uma sociedade inteiramente nova, justa livre e feliz.
As classes populares revolucionárias dispunham, portanto, de um imaginário
messiânico e milenarista, porque ligado à ideia de uma promessa salvadora que
livraria os homens dos males e das penas. 
• Comparando liberalismo e movimentos revolucionários
A sociedade civil, por sua vez, aparece como um conjunto de relações sociais
diversificadas entre classes e grupos sociais cujos interesses e direitos podem
coincidir ou opor-se.
As revoluções pretendiam derrubar o poder constituído ou o Estado porque o
perceberem como responsável ou cúmplice das desigualdades e injustiças
existentes na sociedade. 
Uma revolução pode começar como luta social que desemboca na luta
política contra o poder (a face burguesa das revoluções) ou pode começar como
luta política que desemboca na luta por outra sociedade (a face popular das
revoluções). 
• As Revoluções Sociais
Vimos que as revoluções modernas, possuem duas faces: a face burguesa
liberal e a face popular.
Vimos também que, nas revoluções modernas, a face popular é sufocada
pela face liberal.
A face popular vencida não desaparece. Ressurge periodicamente em lutas
isoladas por melhores condições de vida e com reivindicações isoladas de
participação política. Durante o século XIX, o capitalismo industrial e as classes
populares constituem uma classe social de perfil muito definido: os proletários ou
trabalhadores industriais.
O pensamento socialista tem um ponto de partida diverso do liberal. Max
partiu da existência de classes sociais antagônicas, isto é, os proprietários privados
dos meios de produção (a burguesia) e a força produtiva excluída dessa
propriedade (os trabalhadores assalariados) e explorada pelos proprietários a fim de
reproduzir o capital e o poder da burguesia. 
Uma revolução social para terminar com a exploração e a dominação de
classes, fundadas na propriedade privada. A propriedade privada será mantida, mas
de definirá em conformidade com o adágio igualitário, que enuncia: “A cada um,
segundo suas necessidades, seus méritos e seu trabalho”.

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