Buscar

A Vida Devocional do Líder

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

A Vida Devocional do Líder 
	
	
	Rev. Jair de Almeida Júnior
INTRODUÇÃO 
            Uma das crises que enfrenta a igreja atual é exatamente quanto à sua liderança. Via de regra, parece que os crentes vêem o trabalho da igreja como um tipo de apêndice da vida, um adendo, um “bico” que se faz quando dá. Pior ainda é quando os líderes da igreja agem da mesma forma: a igreja é aquilo que sempre pode ficar para depois. Se a igreja é reflexo de seus líderes, da mesma forma, os líderes refletem a própria igreja, sendo impossível determinar, como se diz no mundo, se foi o ovo ou a galinha que veio primeiro. Grande parte da crise se dá pela falta de preparo dos próprios líderes. Não me refiro à preparação específica, como o treinamento para executar determinada função, mas aquele requisito básico para a vida do cristão, a saber, a séria leitura e meditação da Palavra e os períodos de oração, ambos, em cadência diária. Há nas Escrituras exemplos impressionantes de irmãos nossos do passado que foram utilizados por Deus à frente do povo. Vejamos alguns deles.
 1. A Importância da Disciplina Diária (Dn 6.5, 10) 
            Daniel é o único personagem em toda a Escritura de quem não se sabe nenhuma falha. Certamente, isso não significa que ele fosse, de alguma forma, diferente de nós. Daniel foi pecador exatamente como todo ser humano que existiu desde Adão. Todavia, percebemos nele uma dedicação toda especial em seu relacionamento com o Senhor. Daniel foi colocado pelo Senhor em um lugar estratégico, posição cobiçada por todos aqueles que almejavam prestígio e riqueza no reino da Babilônia, dos medos e dos persas. Juntamente com Misael, Hananias e Azarias, foi transportado de Jerusalém para a Babilônia, por ordem expressa de Nabucodonosor, para compor um parlamento de jovens sábios e estudados, representantes de todas as nações conquistadas pelo imperador babilônico. Seus oficiais receberam ordem de alimentá-los com as finas iguarias da mesa real, alimentos que jamais seriam concedidos a cativos. Os crentes da atualidade, possivelmente, olhariam para tal oferecimento como um a bênção do Senhor para diminuir os seus sofrimentos. Todavia, a postura de Daniel e seus companheiros foi de não se contaminar com as iguarias da mesa do rei. Havia três problemas com isso: 1) Comer de alimentos considerados imundos segundo a lei de Moisés, 2) a forma de prepará-los, e, ainda 3) associar-se a incircuncisos. A vida de Daniel nos aponta duas práticas importantes na vida de um líder levantado por Deus.
 1.1 Apego à Palavra e Não às Riquezas 
            Aparentemente, Daniel foi considerado o assessor especial, o mais sábio em quatro reinados distintos: três reis babilônicos – Nabucodonosor, Nabonido e Belsazar – e o rei persa – Dario. Sua atuação no reino da Babilônia se destacou no período de Nabucodonosor e seu neto Belsazar. Nabonidus parece não ter dado o mesmo crédito a Daniel que seu pai havia dado. Esse fato, que passa desapercebido em uma leitura superficial, mostra algo muito importante: Daniel teve que ser reconhecido em cada reinado que assessorou. Em outras palavras, as interrupções causadas entre Nabucodonosor e Belsazar, por Nabonidus não ter dado a devida importância a Daniel, e entre Belsazar e Dario, por este ser persa, exigiu que Daniel fosse, em cada reino, reconhecido como um sábio muito acima dos outros. Ele se destacava naturalmente, por causa da presença de Deus nele, vista em sua vida ilibada. Sua fidelidade, lealdade e dedicação ao Senhor eram tamanhas, a ponto de seus inimigos, invejados de sua projeção e influência no império, reconhecerem que era necessário corromper a lei, pois aquele homem Daniel era incorruptível. Perceberam que não encontrariam erro nele, a menos que levassem o rei a promulgar alguma lei que afrontasse, visivelmente, a lei do seu Deus.
            É notável o exemplo desse nosso irmão do passado. A leitura que faz das riquezas que lhe são oferecidas é sempre a mesma: não tirar proveito material ou financeiro de nenhuma situação que possa, de alguma forma, diminuir a distância que separa o seu procedimento daquele visto nos homens sem Cristo. Ao declarar que poderia solucionar o enigma da escritura na parede, algo que deixou Belsazar assombrado, o rei quis cumulá-lo de riquezas, descritas na forma de ricas vestes, cadeias de ouro no pescoço e ser o terceiro em seu reino (5.16). A reação de Daniel é assim descrita: “Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação” (5.17). O apego a Deus é inversamente proporcionou ao apego às riquezas deste mundo. Receber qualquer donativo, como forma de gratidão por algo realizado por Deus, poderia soar como alguma forma de pagamento. O líder cristão deve amar e almejar, acima de tudo, o reino dos céus, “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21). Jamais se negocia qualquer princípio das Escrituras. Às vezes, em nome da praticidade, da modernidade, do “amor” a alguém, deixa-se a obediência a Deus de lado. Sem a obediência, não há comunhão com Deus. O que vemos atualmente, é que todo crente tem o seu preço. Ele assume postura fiel até o momento em que não lhe é oferecido algo que ele muito queira. O líder cristão, por reconhecer como único tesouro o reino de Deus, não poderá ser confrontado com qualquer coisa que o faça colocar, em segundo lugar, o Senhor.
 1.2 Vida de Oração Diária 
            Daniel era um homem de oração. Seguindo aquilo que havia predito o rei Salomão na consagração do templo, prevendo que o povo se viria a se desviar e seria desterrado, mesmo no cativeiro, ao orar voltado para aquela casa, o Senhor ouviria as suas súplicas (2Cr 6.36-39). Sabedor dessa promessa, sendo homem fiel, três vezes ao dia, colocava-se de joelhos, janelas abertas em direção à Jerusalém, e derrama seu coração em gratidão e súplicas a Deus (Dn 6.10). É impressionante constatar a serenidade e a firmeza com as quais Daniel, simplesmente, continua sua vida piedosa, mesmo afrontando contrariamente aquilo que a lei dos homens lhe exigia. Sem nenhum abalo, ou mesmo, precauções covardes, sem se omitir, de janelas abertas, como costumava fazer, orava Àquele que é muito maior do que os homens. Daniel não permitia que nada viesse a se interpor entre ele e seu Deus: nada era mais importante do que estar concentrado durante longos momentos na presença do seu Senhor. Era exatamente esse apego à comunhão bendita da oração que levava aquele homem a olhar para a morte como sendo algo secundário. Em outras palavras, a verdadeira vida só poderia ser experimentada na presença contínua de Deus; morte era estar afastado do Senhor. Prolongar a vida física sem poder buscar a presença de Deus era, para Daniel, prolongar o estado de morte. Era melhor morrer e viver, do que viver e morrer.
            Daniel sabia que a vida de oração era vital e imprescindível. Reservava três momentos diários para a busca da face do seu Senhor. Os judeus procuravam associar suas orações aos sacrifícios diários no templo, à terceira, sexta e nona horas (9h, 12h, 15h), acreditando que as orações subiam ao trono de Deus junto com a fumaça das vítimas queimadas. Daniel atribuía tempo diário à oração por saber que, juntamente com a meditação nas Escrituras, constituem-se nas práticas mais importantes da vida do homem. O crente verdadeiro sabe que, se tivesse que optar entre alimentar o corpo ou a alma, optaria por alimentar a alma. A obesidade tem se constituído em um dos maiores problemas de saúde de nossos dias, mas a vida espiritual dos crentes mostra-se raquítica pela falta do maná diário na comunhão do Senhor. Falta ao líder hodierno entender que ele pode deixar de fazer qualquer coisa por falta de tempo, menos buscar a comunhão com Deus em, ao menos, um período diário de oração. Não há momentos determinados para isso. Talvez, haja algum mais próprio. A experiência de Davi parece tersido buscar a face do Senhor pela manhã, com especialidade (Sl 5.3). Contudo, o que se espera do líder é a busca da comunhão íntima com Cristo em caráter diário, um período de tempo que atribua, especificamente, a isso. Um líder que não ora não está preparado para estar à frente do povo de Deus. É um oficial que não recebe instrução do general.
2. Uma Vida Consistente 
            Outro ícone da fidelidade nas páginas do Antigo Testamento é o profeta Elias. Era reconhecido pelos judeus como o maior dos profetas de Israel, possivelmente, por sua fidelidade, os sinais que realizou, e o fato de ter sido arrebatado ao céu. Na transfiguração, Elias representa o apoio de todos os profetas a Cristo (Mt 17.3). Deus o chama e o responsabiliza por profetizar contra a casa de Acabe. Este foi, possivelmente, o rei mais ímpio que já passou por Israel. Casou-se com Jezabel, uma adoradora de Baal, filha de Etbaal, rei de Sidom, uma das principais cidades da antiga Fenícia. O casal é sinônimo de impiedade, imoralidade e paganismo nas Escrituras.
 2.1 Sintonia Conjugal 
            Sem nenhuma intenção de diminuir a culpa do rei em tropeçar e fazer desviar a Israel, é notório que seu casamento com Jezabel foi decisivo para a total corrupção de Acabe. Como adoradora de Baal, ela praticava sexo como forma de culto ao seu deus, envolvendo na sensualidade, de tal forma, o marido, que este se viu completamente dominado. Aquele que estava à frente do povo que tinha uma aliança com o Deus verdadeiro, acabou por estabelecer, como religião do reino, a adoração a Baal. O exemplo negativo de Acabe destaca, para todos nós, a importância do casamento na vida daqueles que são chamados para estar à frente do povo de Deus. É condição sine qua non que haja uma sintonia entre o casal, para que andem juntos na mesma direção, na fidelidade e no progresso do reino. Embora de forma inversa no propósito e no modelo, a unidade entre Jezabel e Acabe cimentou a liderança deles no reino. No modelo cristão, o marido lidera o lar, tendo a esposa como assessora, e, as Escrituras, como única regra de fé e prática. Daí a importância da vida devocional do casal. Diariamente, marido e mulher devem orar juntos, buscando a face de Deus. A comunhão sincera com Cristo, juntos, será o fator decisivo para que todas as barreiras, rusgas e atritos acumulados durante o dia, caiam por terra. O líder que vive um casamento dividido estará sempre em metade à frente do povo. Sentir-se-á só, desconfortável, enfraquecido, às vezes, hipócrita, por pregar o evangelho que ele não está vivendo.
 2.2 Vive a Comunhão com Deus 
            A vida de Elias nos chama a atenção para um fato importante. Parece que os crentes têm uma noção errada do que seja vida devocional. Conquanto seja incontestável a necessidade de estabelecer tempo diário para regrar a vida com momentos específicos de devoção a Deus, a comunhão não se limita àquele tempo. Aparentemente, a igreja busca experimentar comunhão com Cristo apenas nos momentos especificamente destinados a isso. Entretanto, ao olhar a vida do profeta, percebemos o quanto desfrutava de comunhão com Deus em todos os momentos. Certamente, foi obediente à ordem de Deus de vaticinar contra Acabe. Todavia, o que lhe conferia total confiança no cumprimento de sua tarefa, não foi a coragem humana, mas saber que o Senhor se fazia presente. O Deus verdadeiro era a base da vida do profeta. São três coisas importantíssimas que vemos na declaração de Elias (1 Rs 17.1):
            a) Deus é vivo e atuante: o profeta declara sua fé no Senhor invisível que atua de forma irresistível, distinguindo-O dos ídolos visíveis, mas que nada fazem. Tal certeza levou o profeta a comparecer perante aquele que abominava ao Deus verdadeiro para declarar-lhe punições por causa da quebra da aliança.
            b) Descanso no favor pactual de Deus: Elias sabia que estava sendo fiel a um pacto que Deus havia estabelecido com o povo. A fidelidade do Senhor é vista na vida daqueles que vivem de forma obediente. O profeta também sabia que a obra não era sua, mas de Deus. Longe de utilizar isso como forma de desculpar a própria negligência e desinteresse como fazem muitos em nossos dias, Elias via nisso motivo dobrado para uma dedicação contínua, com temor e tremor, descansando no fato de que Deus faz a obra e ninguém pode deter ou retardar a Sua mão. A mesma consciência tinha Paulo, ao declarar que seu apostolado acontecia “por vontade de Deus” (Ef 1.1).
            c) Certeza da presença pessoal do Senhor – comunhão contínua e inquebrável: Muito nos impressiona a fé inabalável de Elias em se ver plenamente na presença pessoal do Senhor. Diante do rei, sabia que a presença mais importante ali era Deus e não Acabe; o temor naquela situação não era o mal que Acabe poderia fazer, mas o Deus santo que acompanhava o profeta. A expressão “cuja face estou” demonstra o grau de intimidade e proximidade que Elias reconhecia desfrutar com o Senhor. A comunhão que começamos em casa, na vida devocional diária, é o motor de tudo o que fazemos, como líderes cristãos, à frente do povo e no dia-a-dia, em nossos afazeres. É vital que nos sintamos, constantemente, na presença de Deus, em todos os momentos. Só assim nos sentiremos conduzidos e orientados pelo Senhor, tendo segurança para viver, decidir e liderar dentro da vontade revelada por Deus. 
 CONCLUSÃO: 
            O cristianismo está em franca decadência, mas não a igreja de Cristo. Esta segue o caminho predeterminado de afastamento e apostasia, sinais do retorno do Senhor. Todavia, não somos chamados ao fatalismo, ou seja, a assistirmos a derrocada de todos os princípios cristãos e de denominações evangélicas inteiras. O que Deus quer de nós é que façamos a nossa parte no mundo em que vivemos. Tudo começa com a vida devocional diária com Deus. Ainda mais, como líderes, somos modelo de piedade, assim como Daniel, reconhecido como homem que conhece a vontade revelada de seu Deus, fiel e dedicado à oração. Só seremos bênção para a igreja e autênticos líderes se desfrutarmos de intimidade com o Senhor. Como Josué deixa claro, é importante que o povo veja a presença de Deus em seu líder para que sinta segurança em sua liderança. O próprio Deus mostrou isso aos israelitas, dividindo o Jordão sob a liderança de Josué, repetindo o sinal que havia realizado através de Moisés, no Mar Vermelho. Deus cumpriu aquilo que havia sito a Josué: “Ninguém te poderá resistir todos os dias de tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei... Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou... Não cesses de falar deste Livro da Lei, antes, medita nele dia e noite... então, farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido” (Js 1.5, 7, 8). Sigamos estas recomendações dadas por Deus a Josué.
� PAGE \* MERGEFORMAT �1�

Continue navegando

Outros materiais