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9 Mineralização de Bovinos completa

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MINERALIZAÇÃO EM BOVINOS
Antonio José Peron
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS DE GURUPI
Mineralização em Bovinos
A lucratividade na pecuária está cada vez mais relacionada à eficiência de produção. E esta só é alcançada quando o gado recebe os nutrientes fundamentais para seu desenvolvimento em cada fase da vida. 
É importante contar com um programa de nutrição que leve em conta as necessidades do animal nas fases de aleitamento, recria, engorda e reprodução.
Mineralização em Bovinos
Os teores de fósforo nos solos brasileiros, geralmente se apresentam em concentrações baixas, sendo em alguns casos ainda, extremamente baixas;
A grande maioria dos criadores não fazem a reposição regular dos nutrientes nas suas pastagens;
Alguns criadores não se preocupam em fornecer uma mistura mineral balanceada de acordo com a categoria animal;
Existem criadores que fornecem apenas NaCl aos animais e não uma mistura mineral balanceada;
Considerações básicas
Existem várias marcas de produtos minerais no mercado, cujas formulações diferem muito entre si;
As maiores diferenças estão na qualidade das fontes minerais utilizadas e em erros de formulação;
Ex.: Um bovino que ingere aproximadamente 60 g de mistura diariamente, estará consumindo aproximadamente 27 g de Cloreto de Sódio (aproximadamente 10 g de Sódio), e normalmente perde o apetite pela mistura mineral.
É interessante que todos os elementos minerais estejam bem misturados ao NaCl, para que o consumo seja semelhante ou bem proximo do previamente calculado.
Consumo de mistura mineral
Em regiões onde a água é salobra, geralmente, o consumo da mistura mineral ou sal comum poderá diminuir, devido, principalmente, à ingestão de sódio contido na água de beber.
Consumo de mistura mineral
LAGOA DE ÁGUA SALOBRA NO PANTANAL DE MATO GROSSO
Em regiões onde a água é salobra, geralmente, o consumo da mistura mineral ou sal comum poderá diminuir, devido, principalmente, à ingestão de sódio contido na água de beber.
Ex.: Estudos verificaram que na região de lagoas salobras do Pantanal Matogrossense, vacas experimentais ingeriram aproximadamente 26 litros de água/dia. Nessa quantidade de água salobra supriu em 210% suas necessidades nutricionais de sódio. Para suprir 100% destas necessidades bastariam 12,4 litros de água/dia.
Para suprir as necessidades nutricionais dos demais minerais seria necessário utilizar palatabilizantes para estimular o consumo de todos os minerais.
Consumo de mistura mineral
Quando os animais estão exercendo funções produtivas (produzindo leite, ganhando peso, etc.) é comum um aumento de consumo de mistura mineral. 
O consumo, portanto, é um guia para estimar a ingestão da mistura mineral oferecida, mas poderá haver variações para mais ou menos, de acordo com a dieta animal e suas funções produtivas. 
Por outro lado, quando os animais estão perdendo peso, poderá haver redução na ingestão da mistura.
Consumo de mistura mineral
Existem várias maneiras de se palatabilizar as misturas minerais. Uma delas é através da inclusão de 1 a 4 % de melaço em pó. Usa-se também fubá de milho na proporção de 4 a 8 %. 
Quando se fornece Uréia em concentrações maiores juntamente com misturas minerais, é necessário adicionar algum palatabilizante na mistura para estimular o consumo.
Os cálculos da mistura mineral leva em consideração o consumo de materia seca da dieta e as exigências nutricionas dos animais.
Consumo de mistura mineral
O sódio é o elemento mais deficiente universalmente entre todos os minerais. Praticamente nenhuma ração comum de bovino contém a adequada quantidade deste elemento.
Animais com deficiência de sal são esguios, consomem menos alimentos e são capazes de fazer longas caminhadas para receber sal.
A função mais importante do sódio no organismo animal é, sem düvida, a regulagem da pressão osmótica. E esta pressão que permite a movimentação de certos ingredientes através da parede celular . A pressão osmótica está também envolvida no movimento de líquidos.
Embora exista uma relação entre sódio e cloro, os Íons de cloro têm um número de funções que Ihes são peculiares. Deficiências desses elementos resultam na perda de apetite, perda de peso ou ganho de peso muito abaixo do normal. O armazenamento do cloreto de sódio no organismo é limitado, devendo os animais receber constantemente suplementação
destes dois elementos
Sódio e Cloro
A deficiência de fósforo (P) é um estado predominante em bovinos alimentados em pastagens. A deficiência de fósforo é ampla e de maior importância econômica, envolvendo bovinos sob condições de pastagens.
Nos pastos nativos ou cultivados da região de cerrado do Brasil, as concentrações de fósforo são geralmente insuficientes para suprir as exigências das diferentes categorias e manter o bom nível de produção, em especial no período seco
.
A presença de solos pobres em fósforo disponível para os vegetais se traduz na produção de forragens com conteúdo subnormal de fósforo, que no período de estiagem acentua ou prolonga esse efeito. Como exemplo, pode-se citar a média da concentração de fósforo em braquiárias: no período de chuva é cerca de 0,13% e na seca reduz-se para 0,05% a 0,07% na matéria seca.
Fósforo
O fósforo (P) e o segundo elemento mineral mais abundante no organismo animal.
Além de sua participação vital no desenvolvimento e manutenção dos tecidos esqueléticos, funciona como um componente dos ácidos nucleicos que são essenciais para o crescimento e diferenciação celular. Em conjunto com outros elementos, tem também um papel na regulação osmótica e equilíbrio ácido-base.
Possui também um papel vital em uma serie de funções metabólicas, incluindo a utilização de energia e transferência de elétrons, formação de fosfolípideos, transporte de ácidos graxos e formação de aminoácidos e proteinas.
O fósforo e também exigido pelos microrganismos do rúmen para o crescimento e metabolismo celular.
Fósforo
Os sintomas da carência de fósforo podem manifestar-se, no início, por redução da ingestão do alimento, seguindo-se perda de peso, apatia geral, redução da fertilidade, alterações ósseas (deformidade e fraturas), endurecimento das articulações ("andar duro"), apetite alterado (alotriofagia), caracterizado por mastigar materiais estranhos à dieta, como ossos, couro, madeira, pedras etc.
As categorias mais susceptíveis à deficiência de fósforo são as vacas jovens com cria ao pé que exibem primeiro os sintomas da carência, devido a sua alta demanda por este elemento. A seguir, as vacas adultas, animais em crescimento (macho e fêmeas), os animais em acabamento e, por último, os animais recém desmamados, por apresentarem reservas de fósforo adquirido durante o aleitamento.
Fósforo
Uma das doenças mais sérias ocorrida nos últimos anos e que provocou prejuízos consideráveis para a pecuária de corte do Brasil Central é o botulismo epizoótico dos bovinos, considerado como importante causa de mortalidade na "síndrome da vaca caída", uma doença causada pela intoxicação produzida pelas toxinas do Clostridium botulinum. Isto ocorre em função do apetite depravado que se instala, em conseqüência da severa deficiência de fósforo e a presença de cadáveres ou ossadas nas pastagens.
É sabido que a relação cálcio:fósforo é importante e afeta a absorção de ambos, mas para bovinos de corte é muito menos crítica do que para a maioria dos outros animais. Pesquisas têm mostrado que bovinos de corte toleram a relação Ca:P até de 7:1, sem efeitos prejudiciais, desde que os níveis de fósforo estejam adequados.
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Fósforo
VACA COM BOTULISMO
BOTULISMO
Existem no Brasil alguns fosfatos de rocha que normalmente são utilizados na fabricação de fertilizantes para uso na agricultura:
		- Fosfato de rocha de Tapira
		- Fosfato de rocha de Patos de Minas
		- Fosfato de rocha de Araxá, etc.
Esses fosfatos de rocha podem conter altos teores de Flúor tornando-se inviável sua utilização nas misturas minerais para consumoanimal devido ao risco de toxidez;
Toxidez por Flúor : Afeta principalmente dentes e ossos. Consumo prolongado pode causar:
	- lesões nos ossos e gengivas (fluorose dentaria)
	- Manqueira, fraturas, etc . .
	- redução consumo alimento e ganho de peso
Fontes de Fósforo
O Ministério de Agricultura e Abastecimento – MAA libera a utilização de fosfato de rocha e super-triplo em algumas situações para baratear os custos do suplemento, como no caso de bovinos em confinamento.
Para bovinos jóvens em crescimento e vacas de cria, o consumo de fosfato de rocha é proibido.
Fontes de Fósforo
Cálcio
A deficiência de cálcio (Ca) em pastagens é rara nas regiões tropicais. Alguns aspectos colaboram com este fato:
1 – as forrageiras acumulam em seus tecidos concentrações de cálcio superiores às de fósforo;
2 – os solos deficientes em cálcio são menos comuns do que os deficientes em fósforo;
3 – os níveis de cálcio nas forrageiras não declinam com a maturidade e senescência da planta, o que acontece com o fósforo.
Cálcio
É muito difícil de se estabelecer deficiência de cálcio em áreas de pastagens brasileiras, a não ser em algumas regiões ou condições atípicas.
 
O cálcio (Ca) e o mineral encontrado em maior abundancia no corpo do animal, representando por volta de 1 a 3% do peso total do animal. Cerca de 99% do Ca esta presente nos ossos e dentes e 1% nos tecidos moles e fluidos corporais. 
O Ca que não possui função estrutural, normalmente ocorre como ion livre, ligado as proteinas séricas ou complexado com ácidos orgânicos e inorgânicos, sendo essencial para funções como condução nervosa e manutenção e relaxamento da contração muscular, incluindo o musculo cárdiaco. Ele atua também como ativador de algumas enzimas e é necessário para a coagulação do sangue.
Cálcio
Uma dieta deficiente de cálcio pode ocasionar, principalmente em animais jovens, alterações no desenvolvimento ósseo, raquitismo e crescimento retardado. Os sintomas são de articulações doloridas e inchadas, lordose (costas arqueadas), e aparecimento do "rosário raquítico" (devido ao aumento do volume dos ossos nas junções costo-condrais).
A deficiência sevéra em vacas reduz a produção leiteira, podendo levar à tetânia (convulsões). Importante enfatizar que a dosagem plasmática de Ca não permite confirmar a deficiência.
Inchaço no joelho
“manqueira”
Inchaço no joelho “manqueira”
Potássio
Potássio é o terceiro mineral mais abundante no organimso animal, sendo superado apenas pelo cálcio e fósforo. Em contraste com o sódio, que fica principal mente nos fluídos extra-celulares o potássio está presente principalmente no interior das células. 
Aproximadamente 67% do potássio no organismo encontra-se nos músculos e na pele. O potássio é um mineral absolutamente essencial à vida. Animais jovens apresentam crescimento retardado e morrem em poucos dias se receberem dietas deficientes neste mineral.
Potássio
Este mineral é o principal elemento no controle da pressão osmótica, no equilíbrio ácido-base , age fornecendo base para neutralização de tecidos no equilíbrio iônico existente entre potássio, sódio, cálcio e magnésio, no controle do balanço de água no corpo, como co-fator de diversas enzimas.
Magnésio
Magnésio está intimamente associado com cálcio e fósforo, nos tecidos e no metabolismo do corpo animal. Aproximadamente 70% do magnésio do organismo está presente no esqueleto e o restante distribuído nos fluídos e nos tecidos moles. Este mineral é um constituinte normal dos ossos, dentes e sistema enzimático . No Brasil praticamente não existe problemas com a deficiência de magnésio.
Formulação de Mistura Mineral

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