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Para Arnaldo Süssekind: (...) são enunciados genéricos, explicitados ou deduzidos, do ordenamento jurídico pertinente, destinados a iluminar tanto o legislador, ao elaborar as leis dos respectivos sistemas, como ao intérprete, ao aplicar as normas ou sanar as omissões. Importância e Conceito dos Princípios Celso Antonio Bandeira de Mello: “(...) Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido humano. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo. Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço e corrosão de sua estrutura mestra”. Contumélia - Injúria, afronta, insulto. Irremissível - Que não se consegue remitir (perdoar); imperdoável. Tríplice FUNÇão DOS PRINCÍPIOS INFORMATIVA: destinados ao legislador, inspirando a atividade legislativa em sintonia com os princípios e valores políticos, sociais, éticos e econômicos do ordenamento jurídico INTERPRETATIVA: destinados ao intérprete e aplicador do direito, pois os princípios se prestam à compreensão dos significados e sentidos das normas que compõem o ordenamento jurídico. NORMATIVA: destinados ao intérprete aplicador do direito e decorre da constatação de que os princípios podem ser aplicados, na solução dos casos concretos mediante a derrogação de uma regra por um princípio, ou por meio da integração do sistema nas hipóteses de lacuna Princípios Universais d0 Direito do Trabalho De cl ar aç ão U ni ve rs al do s Di re it os H um an os • Proibição de trabalho escravo – art. IV; • Direito ao trabalho – art. XXIII, caput; • Liberdade de trabalho – art. XXIII, 1; • Direito à condição favorável de trabalho – art. XXIII, 1; • Proteção contra o desemprego – art. XXIII, 1; • Não discriminação de salário – art. XXIII, 2; • Garantia de um salário digno, além de outros meios de proteção social ao trabalhador – art. XXIII, 3; • Direito à organização sindical e à livre associação – art. XXIII, 4. T R A T A D O D E V E R S A IL E S • O trabalho não pode ser considerado como mercadoria ou artigo de comércio – art. 427, 1; • Direito de associação sindical – art. 427, 4; • Direito a salário que assegure nível de vida conveniente – art. 427, 3; • Jornada de 8 horas e 48h semanais – art. 427, 4; • Descanso semanal de 24 horas – art. 427, 5; • Supressão do trabalho infantil e limitação ao trabalho do menor – art. 427, 6; • Salário igual sem distinção de sexo – art. 427, 7; • Salário igual entre trabalhadores residentes legalmente no mesmo país – art. 427, Da proteção ao trabalhador e prevalência da condição mais favorável (art. 7°, caput); Da proteção contra a despedida arbitrária (art. 7°, I); Garantia de salário mínimo (digno) capaz de atender às necessidades básicas e vitais do trabalhador e de sua família (art. 7°, IV); Periodicidade de reajuste do salário mínimo (art. 7°, IV); Da irredutibilidade salarial (art. 7°, VI); Proteção do mercado de trabalho da mulher (art. 7°, XX); Do reconhecimento dos Convênios Coletivos (art. 7°, XXVI); Da proteção ao trabalhador em face da automação (art. 7°, XXVII); Da isonomia salarial e de tratamento (art. 7°, XXX); Da não discriminação (art. 7°, incisos XXX, XXXI, XXXII); Da proibição do trabalho infantil e proteção de trabalho noturno, perigoso e insalubre ao adolescente (art. 7°, XXXIII); Da redução dos riscos inerentes ao trabalho (art. 7°, XXII); Do seguro contra acidentes do trabalho a cargo do empregador (art. 7°, XXVIII). PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS DE DIREITO DO TRABALHO Artigo 7ª Liberdade sindical – art. 8°, caput; Não interferência estatal nos sindicatos – art. 8°, I; Unicidade sindical – art. 8°, II; Representação sindical – art. 8°, III; Contribuição sindical compulsória – art. 8°, IV; Livre filiação sindical – art. 8°, V; Necessária intervenção sindical nas negociações coletivas – art. 8°, VI; Proteção ao dirigente sindical – art. 8°, VIII; Garantia do sistema confederativo – art. 8°, IV; Subordinação do sindicato à vontade da assembleia – art. 8°, IV. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS DE DIREITO DO TRABALHO Artigo 8ª Direito de greve. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS DE DIREITO DO TRABALHO Artigo 9ª Representação dos trabalhadores na empresa Artigo 11ª Não alegação da ignorância da lei - Legalidade – art. 3° LINDB; Função social do direito – art. 5° da LINDB; Respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada – art. 6° da LINDB; Da irrenunciabilidade dos direitos da personalidade – art. 11 do CC; Da inviolabilidade da vida privada – art. 21 do CC; Da prevalência da intenção sobre a forma – art. 112 do CC; Boa-fé e lealdade nos contratos – art. 113 do CC; Livre consentimento – art. 138 e seg. do CC; Da não alegação da própria torpeza – art. 150 do CC e outros; Proibição do abuso do direito e do enriquecimento sem causa – art. 187 do CC; Da força vinculante dos contratos (pacta sunt servanda) e da sua inalterabilidade; Da exceção do contrato não cumprido; Da razoabilidade, ponderação, prudência e sensatez na avaliação das condutas humanas; Da tipificação legal das penas e ilícitos; Da proteção à incapacidade ou das minorias; Do aproveitamento dos atos a favor do hipossuficiente; Da proteção à criança e ao adolescente. Princípios Gerais Aplicáveis ao Direito do Trabalho Na França ocorreu o famoso “caso Morsang-sur-Orge” ou “caso do anão”, cuja lide era a seguinte: uma boate organizou um concurso de “arremesso de anão” que consistia em uma prova na qual venceria o freguês que conseguisse lançar mais longe o anão, a partir do palco da discoteca. Entretanto, o PREFEITO da cidade, na condição de guardião da ordem pública, interditou o espetáculo, baseando-se no argumento de que aquele ATO ERA CONTRÁRIO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. Inconformada com a decisão administrativa, a empresa organizadora do concurso, em litisconsórcio com o anão, seu empregado contratado como “projétil”, impugnou na justiça administrativa o ato do prefeito. O EMPRESÁRIO alegava a seu favor o PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA “LIVRE INICIATIVA” e o trabalhador ANÃO o PRINCÍPIO, TAMBÉM CONSTITUCIONAL, DA LIBERDADE DE EXERCÍCIO DE OFÍCIO E PROFISSÃO e, que não havia lei que proibisse o trabalho de “projétil humano”. A partir daí três princípios constitucionais poderiam ser aplicados ao mesmo caso, mas que almejavam objetivos diversos. Presente estava o conflito de princípios. Por fim, o Conselho de Estado francês manteve o ato do Poder Público (do prefeito), AFIRMANDO A INDISPONIBILIDADE DA DIGNIDADE HUMANA PELO SEU PRÓPRIO TITULAR E A PREPONDERÂNCIA DESTE PRINCÍPIO SOBRE OS DEMAIS. CONFLITO DE PRINCÍPIOS A Dignidade Humana no Epicentro do Ordenamento Jurídico INGO WOLGANG SARLET conceitua a dignidade da pessoa humana como: “qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveresfundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existentes mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos”. Debruçando-nos sobre o Direito e o Direito do Trabalho, verificaremos que o primeiro possui seus princípios gerais e o segundo, que é um dos seus ramos, possui princípios específicos (ou PECULIARES). A harmonização do sistema ocorre porque os princípios especiais ou estão de acordo com os princípios gerais ou funcionam como exceção. Nessa ordem, as regras, princípios especiais e princípios gerais seguem a mesma linha de raciocínio, com coerência lógica entre si. PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO DO TRABALHO PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO DO TRABALHO 1) Proteção 2) Irrenunciabilidade 3) Primazia da realidade 4) Continuidade Diversos Princípios são apontados como peculiares do Direito do Trabalho. Contudo, entendemos que, em sendo os princípios regras fundantes, que não comportariam exceções, a divisão pode- se limitar a: Princípio da Proteção PARA SE CORRIGIR DESIGUALDADES, CRIAM-SE MAIS DESIGUALDADES!!! A ideia central é de proteger o empregado concedendo-lhe direitos mínimos regulamentados pelo Estado. Portanto a melhor maneira de igualar os desiguais é, na verdade, criando desigualdades PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO P R IN C ÍP IO D A P R O T E Ç Ã O In dubio pro operario (ônus da prova artigo 333 do CPC e artigo 818 da CLT) Aplicação da Norma Mais Favorável (artigo 620 da CLT) Aplicação da Condição mais Benéfica (Súmula 51 do TST e artigo 5º inciso XXXVI da CRFB/88) APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL (artigo 620 da CLT) Art. 620. As condições estabelecidas em Convenção quando mais favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo. Esse princípio dispõe que a norma, mesmo que inferior na hierarquia de vigência, contanto que mais favorável ao empregado, poderá sobrepor-se às que lhe estão acima, aplicando o que for mais benéfico ao obreiro no caso concreto, porém sem perder sua validade técnico-jurídica. Assim, no caso de conflito entre duas ou mais normas jurídicas de Direito do Trabalho vigentes e aplicáveis à mesma situação jurídica, deve-se preferir aquela mais vantajosa ao trabalhador. Em vez de aplicar a norma colocada em posição mais elevada na tradicional estrutura piramidal do ordenamento jurídico (e conhecida a partir de Hans Kelsen), adota-se, como regra, a de que no ápice da pirâmide encontra-se a norma mais favorável ao trabalhador. A hierarquia das leis para o direito do trabalho, portanto, não obedece ao critério rígido estabelecido no art. 59 da Constituição da República. Não se quer dizer com isso que não há hierarquia de leis no direito do trabalho, mas sim, que havendo pluralidade de normas aplicáveis à mesma situação jurídica, será ela regida pela que for mais favorável ao trabalhador, independentemente de sua colocação na escala hierárquica. A razão desse enunciado encontra fundamento no fato de ser o direito do trabalho pluricêntrico e multinormativo, como lembra Amauri Mascaro Nascimento. Vale dizer: possui vários órgãos emissores de norma e, por consequência, várias normas disciplinando a mesma matéria – Convenções Coletivas, Acordos Coletivos, Portarias TEM, etc. O ACIONAMENTO DO PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL EXIGE A PRESENÇA CONCOMITANTE DE CERTOS REQUISITOS. SÃO ELES: pluralidade de normas jurídicas. Deve haver mais de uma norma jurídica, pluralidade, o que permitirá o comparativo do qual se extrairá a norma mais favorável. vigência simultânea das normas jurídicas. Não há comparativo entre norma vigente e revogada. diferente hierarquia. Se as normas jurídicas forem de mesma hierarquia e contiverem disposições contrárias ou mais abrangentes, é certo que a norma posterior terá ab-rogado a anterior (LINDB, art. 2º). Importante ressaltar, também, que a norma de hierarquia superior também ab-roga a norma de hierarquia inferior. validade das normas em confronto. As normas jurídicas em confronto não devem padecer de vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade. As normas em confronto devem possuir conteúdo programado para reger a mesma situação jurídica. inexistência de norma que declara a possibilidade do afastamento de vantagens. Não deve haver norma estatal de interesse público (ou supra- estatal), proibindo concessão de vantagem ao trabalhador, superiores às já existentes. Art. 19, § 8º, Constituição da OIT (Princípio favor laboriis) “Em caso algum, a adoção, pela Conferência, de uma convenção ou recomendação, ou a ratificação, por um Estado-Membro, de uma convenção, deverão ser consideradas como afetando qualquer lei, sentença, costumes ou acordos que assegurem aos trabalhadores interessados condições mais favoráveis que as previstas pela convenção ou recomendação.” VISÃO MUNDIAL E, quando vigendo duas normas sobre a mesma matéria, existindo em cada uma delas pontos mais e menos favoráveis Qual aplicar ao caso concreto? 132 TEORIA DA INCINDIBILIDADE OU CONGLOBAMENTO Defende que as normas devem ser consideradas em seu conjunto, sendo certo que não deve haver a cisão do instrumento que as contém. Deve haver a consideração global ou do conjunto das normas aplicáveis. TEORIA DA ACUMULAÇÃO OU ATOMISTA Defende a possibilidade de extração de cada norma as disposições mais favoráveis ao trabalhador, somando-se as vantagens extraídas de diferentes normas. A designação atomista advém do fato de que não toma o todo como um conjunto, mas a cada uma de suas partes como coisas distintas e separáveis. Decreto 3.197 de 05/10/1999 Decreto-Lei 5.452 de 01/05/1943 Arts. + - + Arts. + - + Arts. + + + TEORIA DA ACUMULAÇÃO OU ATOMISTA TEORIA DO CONGLOBAMENTO OU DA INCINDIBILIDADE Analisar no TODO CADA NORMA, SEM FRACIONÁ-LA, qual a mais favorável para os empregados. NÃO SE APLICA DE MANEIRA ABSOLUTA AO PROCESSO DO TRABALHO In dubio pro operario (ônus da prova artigo 333 do CPC e artigo 818 da CLT) HAVENDO DÚVIDA, À PRIMEIRA VISTA, NÃO SE PODERIA DECIDIR EM FAVOR DO TRABALHADOR E SIM VERIFICAR-SE O ÔNUS DA PROVA. (ARTIGO 333 CPC E 818 DA CLT); Artigo 818 - A prova das alegações incumbe à parte que as fizer. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. PROVA DIVIDIDA. PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO OPERARIO. INAPLICÁVEL EM MATÉRIA DE DIREITO PROCESSUAL. SOLUÇÃO DO LITÍGIO DE ACORDO COM O ÔNUS DA PROVA. Estando a prova dividida, a solução do conflito se dá pelo ônus da prova, uma vez que o princípio in dubio pro operario não se aplica em matéria processual, uma vez que ao operador do direito apenas cabe, em situações de confronto entre interpretações consistentes de determinada norma, optar por aquela mais favorável ao empregado. (TRT-5 - RO: 186006820075050193 BA 0018600-68.2007.5.05.0193, Relator: DALILA ANDRADE, 2ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 16/10/2007) PROVA. VALORAÇÃO. IMEDIAÇÃO. IN DUBIO PRO OPERARIO.Cabe ao julgador avaliar as provas sob todos os aspectos, para que estas possam refletir, tanto quanto possível, a verdade dos fatos em face do princípio da primazia da realidade. Nesse contexto, a valoração da prova testemunhal realizada pelo magistrado de primeiro grau deve ser levada em conta, já que possui melhores condições de avaliar os depoimentos colhidos. Trata-se da aplicação do princípio da imediação pessoal, que deve ser observado, combinado com o princípio do livre convencimento motivado do julgador (art. 131 do CPC). Em havendo prova sobre o fato controvertido, não cabe aplicação do princípio do in dubio pro operario. (TRT-3 - RO: 00638201401903002 0000638-79.2014.5.03.0019, Relator: Cesar Machado, Terceira Turma, Data de Publicação: 31/08/2015) APLICAÇÃO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA (Súmula 51 do TST e artigo 5º inciso XXXVI da CRFB/88) “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ............., nos termos seguintes: ...................... XXXVI - A LEI NÃO PREJUDICARÁ O DIREITO ADQUIRIDO, O ATO JURÍDICO PERFEITO E A COISA JULGADA;” Súmula nº 51 do TST NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973) II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163 da SBDI-1 - inserida em 26.03.1999) Este princípio determina que se houver alguma alteração no contrato que o torne menos favorável ao empregado, tal alteração não irá produzir efeitos, tendo em vista que o empregado tem direito adquirido à norma mais favorável. No entanto, se a alteração for favorável ao empregado, produzirá os efeitos pretendidos. “O princípio em destaque importa na garantia de preservação, ao longo do contrato de trabalho, da cláusula contratual mais benéfica ao trabalhador, revestida de caráter de direito adquirido (CF/88, art. 5º, XXXVI). Incorporado pela legislação (art. 468 da CLT) e jurisprudência trabalhistas (Enunciados 51 e 288 do TST), o princípio informa que cláusulas contratuais benéficas somente poderão ser suprimidas caso suplantadas por cláusula posterior ainda mais favorável, mantendo-se intocadas (direito adquirido) em face de qualquer subsequente alteração contratual ou regulamentar menos favorável. Na verdade, o princípio da cláusula mais benéfica traduz-se em uma simples manifestação do princípio da inalterabilidade contratual, assimilado, com adequações, pelo Direito do Trabalho ao Direito Comum. Assim, ao adotar durante anos instrumentos normativos que beneficiam a categoria dos professores, o SESI, ainda que por espontânea vontade, criou em favor de seus empregados condições mais vantajosas, que aderiram a seus contratos, não podendo ser suprimidas de forma unilateral e arbitrária.” (TRT-RO-20964/99 - 3ª T, Rel. Mauricio Godinho Delgado, DJMG: 03.10.00) Súmula nº 277 do TST CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE. As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificados ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. ULTRATIVIDADE Ultratividade de cláusulas de convenções e acordos coletivos. Súmula 277 do TST. A diretriz traçada pela nova redação da Súmula 277 do TST não tem aplicação retroativa para alcançar os instrumentos coletivos que tiveram seu prazo de vigência expirado anteriormente à sua publicação, em 25/09/2012. Embargos Declaratórios Procrastinatórios. A rejeição dos Embargos de Declaração, que buscavam a reforma da sentença, configura o objetivo protelatório deste, postergando a solução do litígio. (TRT-1 - RO: 00006493420125010343 RJ , Relator: Fernando Antonio Zorzenon da Silva, Data de Julgamento: 25/03/2015, Segunda Turma, Data de Publicação: 31/03/2015) SÚMULA 277 DO TST. ULTRATIVIDADE DAS NORMAS COLETIVAS. De acordo com a nova redação dada a Súmula 277 do TST, as cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. (TRT-5 - RecOrd: 00012647620125050031 BA 0001264-76.2012.5.05.0031, Relator: PAULINO COUTO, 5ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 18/11/2014.) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE SÃO PRIVILEGIADOS OS FATOS, A REALIDADE, SOBRE A FORMA OU A ESTRUTURA EMPREGADA. No direito do trabalho os fatos são mais importantes que os documentos, a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato. Contrato de Trabalho Sem a CTPS assinada TRIBUNAL: 3ª Região DECISÃO: 16 02 1998 TIPO: RO NUM: 12218 ANO: 1997 NÚMERO ÚNICO PROC: RO - TURMA: Primeira Turma DJMG DATA: 20-03-1998 PG: 06. RELATOR Juiz Ricardo Antônio Mohallem. EMENTA: Relação de emprego. Condição de sócio. Contrato realidade. Demonstrando a prova oral que o reclamante, ainda que formalmente investido como sócio, prestou serviços sob as condições do art. 3o. da CLT, impõe-se o reconhecimento da relação de emprego. Eficácia do princípio da primazia da realidade sobre aspectos meramente formais. HORAS EXTRAS – PROVA – Considerando-se que é do Reclamante o ônus da prova do labor em sobrejornada, alegado na inicial – CLT, artigo 818, quando o empregador oferta controles de horário, que não retratam a efetiva e real jornada de trabalho do empregado, deve-se valorizar a prova oral do trabalhador, em detrimento da prova testemunhal da empresa, que se limita a confirmar os controles invalidados. (TRT 15ª R. – RO 014980/2000 – Rel. Juiz Luiz Antônio Lazarim – DOESP 28.01.2002, grifo nosso) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. APLICAÇÃO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA. RECONHECIMENTO DO TRABALHO COMO DOMÉSTICO. O princípio da primazia da realidade nos informa que, quando houver divergência entre o que ocorre na prática e o que consta de documentos formais, deve prevalecer os fatos, perdendo valor o pactuado quando suas cláusulas não corresponderem a realidade. Ensina Américo Plá Rodrigues que "nem sempre este princípio é favorável ao trabalhador, porque pode ocorrer que os fatos não se ajustam ao pactuado e o trabalhador pretenda que se cumpra o pactuado. (...) De modo que, se, excepcionalmente, o documento indica um nível de proteção superior ao que corresponde à prática, o trabalhador tem o direito de exigir o cumprimento do contrato". No caso dos autos, o reclamante se ativava no âmbito residencial como motorista, não obstante as partes terem pactuado a existência de um típico contrato de trabalho urbano, com anotação do contrato perante empresa do titular do reclamado, procedendo ao recolhimento e cumprimento de todos os encargos sociais como se empregado urbano fosse. Assim, considerando que o convencionado pelas partes cuidou de estabelecer um patamar de proteção mínima ao trabalhador, conferindo direitos aos quais o reclamante, na qualidade de mero empregado doméstico, não há como se negar validade jurídica ao pactuado. Trata-se, aqui, de analisar a questão sob a ótica do princípio da condição mais benéfica, segundo o qual as cláusulas benéficas inseridas em determinado contrato de trabalho somente poderão ser suprimidas por cláusula posterior mais vantajosa.(TRT/SP - 00234005920085020203 - RO - Ac. 4ªT20110670978 - Rel. IVANI CONTINI BRAMANTE - DOE 03/06/2011) O PRINCÍPIO DA PRIMAZIA consagra os atos lícitos, validos, Alice Monteiro de Barros ensina, “despreza-se a ficção jurídica”, mas observa que “o princípio não se aplica na hipótese de trabalhador admitido em emprego público, sem concurso, na forma exigida do art. 37, II CF/88 [...] o contrato será nulo e os seus efeitos restringem-se à retribuição pactuada e ao FGTS”, Súmula 363 do TST. Súmula nº 363 do TST CONTRATO NULO. EFEITOS - A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. Caráter de ordem pública - suas normas são indispensáveis à organização da vida social. Limitação à autonomia da vontade. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DE DIREITOS OS DIREITOS TRABALHISTAS SÃO IRRENUNCIÁVEIS, INDISPONÍVEIS. Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. RENÚNCIA TRANSAÇÃO ATO UNILATERAL que versa sobre direito certo e conhecido; - na seara contratual é sempre nula; - na judicial é admitida se o Contrato de Trabalho estiver extinto; MÚTUO CONSENTIMENTO sobre a “res dúbia”, isto é, há incerteza subjetiva quanto ao devido. Admissível sobre direitos patrimoniais e de caráter privado. Em seu voto, o Relator Benedito Valentini destacou que " ...às partes é licito acordarem a qualquer tempo, fazendo concessões mútuas, transacionar títulos e valores, informando a natureza dos mesmos (...) Ademais, a transação realizada antes da prolação de sentença de mérito caracteriza-se pela res dubia, isto é, há incerteza subjetiva quanto ao devido, nada impedindo que o reclamante ceda em relação às parcelas salariais e a reclamada reconheça devidas as de cunho indenizatório." RECURSO DE REVISTA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL E CERCEAMENTO DE DEFESA. Considerando a possibilidade de decidir o mérito em favor da Reclamada (art. 249, § 2.º do CPC), desnecessário o exame das preliminares de nulidade suscitadas . 2. PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL. EFEITOS. Hipótese em que o Tribunal Regional manteve a sentença que conferiu validade à quitação do contrato de trabalho ante a adesão da Reclamante ao Programa de Dispensa Incentivada - PDI. Ocorre, todavia, que a jurisprudência pacífica desta Corte Superior evoluiu no sentido de que a adesão ao programa de demissão voluntária não confere quitação plena aos direitos relativos ao extinto contrato de trabalho. Assim, deve ser afastada a premissa de validade da transação extrajudicial com efeito de quitação integral das parcelas enumeradas no termo rescisório (Orientação Jurisprudencial 270 da SBDI-1 do TST) . Precedentes do TST. Recurso de revista conhecido e provido. (TST , Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 22/10/2014, 7ª Turma) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO O CONTRATO DE TRABALHO SE PRESUME POR PRAZO INDETERMINADO Súmula nº 212 do TST DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. SE O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO CONSTITUI PRESUNÇÃO FAVORÁVEL AO EMPREGADO, POR CERTO TEM INFLUÊNCIA DIRETA NAS FORMAS DO CONTRATO DE TRABALHO ESCRITA PRAZO DETERMINADO PRAZO INDETERMINADO VERBAL PRAZO INDETERMINADO TÁCITA PRAZO INDETERMINADO Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. RESISTÊNCIA EM ADMITIR A RESCISÃO CONTRATUAL – NECESSÁRIO A SUBSISTÊNCIA DO EMPREGADO E DE SUA FAMÍLIA