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Histórico das constituições 1824 a 1988

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Constituição de 1824:
Contexto Histórico e Características principais:
Com a invasão napoleônica à Portugal, a Família Real Portuguesa se sente obrigada a transferir sua sede de Governo para o Brasil, fazendo com que a colônia Brasileira fosse agora Reino Unido a Portugal e Algarves.
No ano de 1821 com a Revolução do Porto, onde os portugueses que ficaram em sua terra natal exigiam a volta de seu rei que na época era Dom João VI, e assim em abril de 1821 ele volta para Lisboa, mas deixando seu filho Dom Pedro de Alcântara, o príncipe Real do Reino Unido e Regente do Brasil e sua esposa Carlota Joaquina.
Com todos esses acontecimentos houve um estímulo para que começasse o movimento que seria a independência do Brasil. No dia 9 de janeiro de 1822, ao desobedecer a uma ordem da Corte de Portugal que exigia a presença de Dom Pedro a Portugal, ele impediu a recolonização brasileira. Quando foi no dia 7 de setembro desse mesmo ano Dom Pedro declarou a independência do Brasil, e no ano seguinte ele convoca uma Assembléia Geral Constituinte e Legislativa, com ideais de liberalismo, mas tais idéias foram rapidamente dissolvidas já que tais pensamentos eram contra seus planos e pretensões autoritárias. Para substituir essa Assembléia ele cria um Conselho de Estado que trataram “dos negócios de maior monta” e para fazer novos planos com a vontade da “Majestade Imperial”
No dia 25 de março de 1824 houve a outorgação da primeira Constituição brasileira, onde que vale ressalvar que é a mais duradoura de todas já outorgadas, outro aspecto é sua influencia que vem de origem da Constituição francesa de 1814. Onde a mesma teve forte concentração administrativa e política, como foco a figura o Poder Moderador, absolutismo e unitarismo. 
Durante o passar do tempo vários movimentos populares aconteceram no governo como a Cabanagem em 1835, Pará; A Farroupilha em 1835, Rio Grande do Sul; Sabinada em 1837, Bahia; Balaiada em 1838, Maranhão; Revolução Praieira em 1848, Pernambuco.
Quando foi em 1860, começa a acontecer um enfraquecimento da Monarquia, e com a guerra do Paraguai, os militares passam a nutri um sentimento de insatisfação com a Monarquia. Com isso Dom Pedro II 
Em relação ao governo da época era monárquico, hereditário, constitucionalizado e representativo, e assim era formado por Estado unitário com centralização de seu poder político e administrativa. Já em relação ao seu território, foram desfeitas as chamadas capitanias hereditárias em criadas as províncias, onde as mesmas recebiam ordens do Poder central, que era representado por um “Presidente”, que era escolhido pelo Imperador Dom Pedro, que também tinha o poder depor o representante em nome do “bom serviço do Estado”.
No que se diz em relação a religião oficial era a Católica Apostólica Romana, mas a presença de outras religiões e seus respectivos culto domésticos eram permitidos desde de que não fossem em locais externos aos templos.
A capital do Império brasileiro naquela época era o Rio de Janeiro, e com isso a cidade foi titulada como município neutro, pois era onde também se localizava a sede da Monarquia. Sua organização de poderes era dividida em: 
Poder Legislativo: que era praticado em uma Assembléia Geral, com a punição do Imperador, onde a mesma era composta por duas a Câmara dos Deputados que tinham seus componentes escolhidos através de eleições indiretas e que tinham prazo para fim de seu mandato, e a Câmara dos Senadores que os ocupantes das cadeiras tinham seus cargos vitalícios, onde seus membros eram escolhidos pelo Imperador.
Poder Executivo: O Imperador era o quem exercia o cargo de Chefe do poder, por intermédio de seus Ministros de Estado. Onde em um primeiro momento esses Ministros não necessitavam da aprovação do Parlamento. No dia 7 de abril de 1831 Dom Pedro I abdica o trono em plena fase de regência, que dura 9 anos, logo em seguida o trono e sucedido por seu filho Dom Pedro II, que assumiu o Império com apenas quinze anos de idade, e assim tendo leve participação no parlamentarismo monárquico no Brasil durante o segundo reinado.
Com isso o parlamentarismo se firma com a criação do cargo de Presidente do Conselho de Ministro pelo Decreto n. 523, de 20.07.1847, que dava poder para Dom Pedro II de escolher o Presidente do Conselho, que o mesmo tinha o poder de escolher o demais Ministros, que deveriam ser de confiança dos Senadores e do próprio Imperador.
Poder Judiciário: Era uma forma de poder independente, composto por juízes que eram responsáveis por aplicar a lei, e jurados a quem eram pronunciados os fatos. Para esses juízes eram dados cargos vitalício, mas não lhe dando garantia de serem inamovibilidade. E assim o Imperador podia interromper temporariamente suas atividades jurídicas de acordo com as queixas que lhes eram feitas. 
Poder Moderador: Foi uma forma de assegurar o poder do trono do Imperador durante seu reinado no Brasil. De forma que o mesmo detinha o Poder Moderador, onde tal poder era a chave para toda a organização Política, que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência. 
Apesar de não previsto a existia do Habeas corpus, que no decreto n. 114, de 23.05.1821, ordem de D. Pedro I, que já proibia prisões arbitrarias. Outro ponto fundamental foi a presença do Art. 179 no VI,VIII e IX 	 que e direitos e garantias individuais, onde em seu caput diz :
    Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte.
VI. Qualquer póde conservar-se, ou sahir do Imperio, como Ihe convenha, levando comsigo os seus bens, guardados os Regulamentos policiaes, e salvo o prejuizo de terceiro.
VIII. Ninguem poderá ser preso sem culpa formada, excepto nos casos declarados na Lei; e nestes dentro de vinte e quatro horas contadas da entrada na prisão, sendo em Cidades, Villas, ou outras Povoações proximas aos logares da residencia do Juiz; e nos logares remotos dentro de um prazo razoavel, que a Lei marcará, attenta a extensão do territorio, o Juiz por uma Nota, por elle assignada, fará constar ao Réo o motivo da prisão, os nomes do seu accusador, e os das testermunhas, havendo-as.
IX. Ainda com culpa formada, ninguem será conduzido á prisão, ou nella conservado estando já preso, se prestar fiança idonea, nos casos, que a Lei a admitte: e em geral nos crimes, que não tiverem maior pena, do que a de seis mezes de prisão, ou desterro para fóra da Comarca, poderá o Réo livrar-se solto.
Constituição de 1891:
Contexto Histórico e Características principais:
Teve bastante influencia na Proclamação da republica em 1889,todos as províncias foram transformados em Estado-membro e a Corte passou a ser União desse momento em diante visando uma emancipação política .Outro ponto foi o fim da abolição da escravatura em 1888 com a assinatura da Lei áurea pela princesa Isabel. Onde logo após o governo provisório nomeou comissão para começar a elaborar a nova constituição. Finalizada em 1890 e revisada pelo senador Rui Barbosa e tendo como forte influencia a constituição norte americana de 1787 e das idéias de Montesquieu, e em seu ano seguinte foi promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891.
No ano de 1930 a chamada Republica Velha teve seu fim com a chamada Revolução de 1930, que fez com que o pais agora fosse regido por um governo provisório nos termos do decreto n. 19.398,de 11.11.1930, que colocava Getulio Vargas como novo Presidente do Brasil. Vale dizer que um dos motivos que são ressaltados é o domínio das oligarquias e a fraudes eleitoral institucionalizada, a crise de 1929, e com o assassinato de João Pessoa, que deflagrou o movimento militar iniciado no Rio Grande do Sul.
 	Assim em 1930 uma Junta Militar transfere o poder para um Governo Provisório, que seria valido ate a promulgação da constituição de 1934. 
Sua Forma de Governo e regime era representativo e pela primeira vez tinha-se um sistema Republicano,a capitaldo governo se localizava na cidade do Rio de Janeiro, sendo transformada em cidade neutra ou Capital da União. 
Em relação a religião o Brasil assim como os tempos atuais era um pais laico, de forma que na época foram tirados os poderes da igreja e sendo transferidos para o Estado, como exemplo os cemitérios que passaram a ser administrados pelas autoridades municipais, outro ponto também foi a proibição de ensino religioso nas escolas.
A organização era feita de forma que continha Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, tendo extinto o poder Moderador já que a nova constituição era do tipo Republicana e assim extinguindo ou restringindo o poder do Rei.
Poder Legislativo: Era exercido no Congresso Nacional, sob poder do presidente da Republica, sendo este composto por Câmara dos deputados que eram eleitos pelo povo dos estados e do distrito federal pelo sufrágio direto, onde cada um deputado desses tinham mandato de 3 anos. E Câmara dos Senadores que eram eleitos da mesma forma que os deputados, eram escolhidos 3 por estado, e 3 do Distrito Federal tendo cada um desses Senadores 9 anos de mandatos e sendo renovado pelo terço trienalmente,ou seja, a cada 3 anos renovasse o senador junto com as eleições para Deputados.
Poder Executivo: Exercido pelo presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, como assim era chamado o Brasil, como chefe da União, o mesmo era escolhido através do sufrágio direto da nação, com mandato de 4 anos não podendo ser reeleito por um determinado período.Marechal Deodoro da Fonseca como presidente e Floriano Peixoto como seu vice,foi realizada uma eleição indireta realizada pelo Congresso Nacional.
Poder Judiciário: O órgão Maximo do Judiciário passou a se chamar de Supremo Tribunal Federal, composto por 15 juízes onde esses mesmo tem cargos vitalícios e os demais membros do Supremo Tribunal Militar.Onde o mesmo era assegurado na constituição:
Art 57 - Os Juízes federais são vitalícios e perderão o cargo unicamente por sentença judicial.
§ 1º - Os seus vencimentos serão determinados por lei e não poderão ser diminuídos.
§ 2º - O Senado julgará os membros do Supremo Tribunal Federal nos crimes de responsabilidade, e este os Juízes federais inferiores.
Outro ponto a ser destacado foi a constituição rígida, que era foi estabelecia um processo mais árduo e mais respeitável do que os outro processos de alterações. 
Art 90 - A Constituição poderá ser reformada, por iniciativa do Congresso Nacional ou das Assembléias dos Estados.
§ 1º - Considerar-se-á proposta a reforma, quando, sendo apresentada por uma quarta parte, pelo menos, dos membros de qualquer das Câmaras do Congresso Nacional, for aceita em três discussões, por dois terços dos votos em uma e em outra Câmara, ou quando for solicitada por dois terços dos Estados, no decurso de um ano, representado cada Estado pela maioria de votos de sua Assembléia.
§ 2º - Essa proposta dar-se-á por aprovada, se no ano seguinte o for, mediante três discussões, por maioria de dois terços dos votos nas duas Câmaras do Congresso.
§ 3º - A proposta aprovada publicar-se-á com as assinaturas dos Presidentes e Secretários das duas Câmaras, incorporar-se-á à Constituição, como parte integrante dela.
§ 4º - Não poderão ser admitidos como objeto de deliberação, no Congresso, projetos tendentes a abolir a forma republicano-federativa, ou a igualdade da representação dos Estados no Senado.
A Declaração dos direitos foi aprimorada, extinguindo a pena de galés(na qual os condenados cumpriam a pena de trabalhos forçados), a de banimento e a de morte, vale ressaltar que nesse ultimo caso seria desconsiderando em tempo de guerra, habeas corpus e as garantias de magistratura aos juízes federais (vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos vencimentos) também foram garantias regidas na nova constituição. 
Constituição 1934:
Contexto Histórico e Características principais:
Em 16 de Julho de 1934 foi promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte uma nova constituição regida para organizar um regime democrático que assegurasse a nação, unidade, liberdade, justiça e o bem-estar social e econômico. Mas para compreendermos como se iniciou a nova Constituição precisamos voltar no tempo, precisamente em 1930 quando o país passou por uma revolução. A revolução de 30 foi um movimento de revolta armado que tirou do poder através de um Golpe de Estado feito pelos Militares por conta de divergências nos interesses entre Minas e São Paulo (política café com leite) o então presidente Washington Luiz, impediu que o então eleito presidente Júlio Prestes (apoiado pelos paulistas) assumisse o poder e fez com que Getúlio Vargas assumisse a presidência provisória do Brasil. 
Isso gerou uma grande insatisfação do Estado de São Paulo, que aguardavam por novas eleições para por fim ao governo provisório e estas não aconteciam. Os paulistas exigiam novas eleições e a elaboração de uma nova Constituição no país, como as exigências não eram atendidas o foram surgindo diversas manifestações populares e em 9 de Julho de 1932 teve inicio a Revolução Constitucionalista que foi uma verdadeira guerra civil. Os paulistas acabaram perdendo o conflito, no entanto conseguiram alcançar alguns objetivos, entre eles, a Constituição que acabou sendo promulgada em julho de 1934 trouxe alguns avanços democráticos e sociais para o país.
 O objetivo da Constituição de 34 era o de melhorar as condições de vida da grande maioria dos brasileiros, criando leis sobre educação, trabalho (salário mínimo, limite 8 horas de trabalho/dia, proibição de trabalho de menores), saúde e cultura. Ampliando o direito de cidadania e igualdade(não haveria privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissão própria ou dos pais, riqueza, classe social, crença religiosa ou ideias políticas) dos brasileiros, possibilitando a grande fatia da população, que até então era marginalizada do processo político do Brasil, participar então desse processo (maiores de 18 anos, mulheres).
O país na época se chamava Estados Unidos do Brasil, tinha como forma de governo o regime representativo, sua capital era o Rio de janeiro, o país era de forma laica, assim não tendo religião própria, mas com uma diferença da constituição antiga, dando validade civil para os casamentos religiosos, e dando espaço para a introdução do ensino religioso nas escolas publicas.Onde a mesma durou 3 anos.
A organização dos poderes era feita pela tripartição onde:
Poder Legislativo: Era exercido pela Câmara dos Deputados com o auxilio do Senado Federal rompendo assim o principio do bicameralismo rígido ou paritário, no qual as duas Casas exercem funções básicas idênticas. Estabeleciam por conseqüência, um bicameralismo desigual, também chamado pela doutrina de unicameralismo imperfeito. Onde o mandato dos Deputados era de 4 anos de forma que o eram eleitos através de sufrágio, já o Senado federal era formado por dois representantes eleitos de 8 em 8 anos sendo os mesmos maiores de 35 anos 
Poder Executivo: exercido pelo Presidente da Republica, eleito através do sufrágio universal, direto, secreto e maioria de votos para mandato de 4 anos, sendo vedada a reeleição. 
Poder Judiciário: Foram estabelecidos como órgão do mesmo a) Corte Suprema; b) Juízes e Tribunais federais; c) Juízes e Tribunais militares; d) Juizes e Tribunais eleitorais;d) Juizes e Tribunais eleitorais.
Em relação à declaração de direitos, foi permitido o voto feminino, com valor igual ao dos homens, o voto era secreto, e uma novidade que foi o mandado de segurança e da ação popular previsto na constituição do ano.
Constituição de 1937: 
Contexto Histórico e Características principais:
A Constituição de 1934 representou o início de uma nova fase na vida do país, entretanto vigorou por pouco tempo, até a introdução do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, sendo substituída  pela Constituição de 1937 que teve seu texto elaborado por Francisco Campos e outorgado pelo presidente Getúlio Vargas e foi inspirada naConstituição Polonesa. O mandato de Vargas terminava em 1938 e para continuar no poder ele teve que dar um golpe de estado, alegando que defenderia o povo brasileiro das ameaças comunistas, tornando-se um Ditador. 
Essa constituição tinha inspirações fascistas, era um regime ditatorial, perseguia opositores, o estado intervinha na economia, foi feita a abolição de partidos políticos junto com a liberdade de imprensa., podemos destacar também como algumas de suas principais disposições a concentração dos poderes executivo e legislativo nas mãos do Presidente da República; o estabelecimento de eleições indiretas para presidente, que terá mandato de seis anos; a admissão da pena de morte; veto ao liberalismo; retira do trabalhador o direito de greve; permite ao governo expurgar funcionários que se opusessem ao regime; previu a realização de um plebiscito para referendá-la, o que na realidade, nunca ocorreu.
Getúlio Vargas entrou em descrédito após entrar na Segunda Guerra Mundial e um movimento de oposição conseguiu retirá-lo do poder no ano de 1945. Com a queda do ditador, assumiu a presidência o general Eurico Gaspar Dutra. A Constituição de cunho autoritário não era mais adequada para o Brasil e precisava ser substituída. O então presidente convocou uma Assembléia Nacional Constituinte para que se pudesse promulgar uma nova carta constitucional.
Vários intelectuais da época participaram da elaboração da nova Constituição. Pela primeira vez os comunistas também integraram as reuniões do Assembléia Constituinte. O resultado foi uma carta constitucional bastante avançada para a época, conquistando avanços democráticos e na liberdade individual de cada cidadão. As liberdades que o próprio Getúlio Vargas havia acrescentado à constituição de 1934 e que foram retiradas por ele mesmo em 1937 voltaram a integrar a carta de 1946.
Seu governo era de forma Republicana e assim seu poder político era emanado do povo, seu Estado era federalista, sua capital era o Rio de janeiro, não tinha religião oficial, sendo assim um pais laico.
	A organização dos poderes era feita através da tripartição dos poderes sendo:
Poder Legislativo: exercido pelo Parlamento Nacional com auxilio do Conselho da Economia Nacional e do Presidente da República. Onde existia uma previsão de duas câmaras a dos Deputados e o Conselho Federal. E vale ressaltar que o Estado Novo deixou de existir.As eleições era de forma indireta, tendo validade 4 anos de mandato para os Deputados,e 6 anos para o Conselho Federal.
Poder Executivo: exercida pelo Presidente da Republica, que agora tinha autoridade suprema do Estado, coordenava a atividade dos órgãos superiores; comandava a política de forma externa e interna, a eleições eram indiretas tendo a mesma validade de 6 anos.
Poder Judiciário: eram considerados órgãos a) o Supremo Tribunal Federal, b) os Juízes e Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; c) os Juízes e Tribunais militares. A justiça Eleitoral foi extinta e,conforme já visto, também os partidos políticos.
	Em relação aos direitos garantidos aos indivíduos não tinha previsão de mandado de segurança, nem de ação popular, não existia liberdade de imprensa, a pena de morte era permitida em crimes políticos e nas hipóteses de homicídio cometido por motivo fútil e com extremos de perversidade, greves foram proibidas e por ultimo a tortura foi permitida para fins de repressão.
Constituição de 1946: 
Contexto Histórico e Características principais:
	 Com o fim da segunda Guerra Mundial, Getúlio convocou eleições para dezembro de 1945 demonstrando clara intenção de permanecer no poder, o que levou os militares a depô- lo em 29 de outubro de 1945. Vencida a eleição por Eurico Gaspar Dutra, ele convoca a Constituinte que promulga a Constituição de 1946, tida por muitos doutrinadores como a melhor Constituição do Brasil até hoje. No dizer de Celso Bastos:
A Constituição de 1946 se insere entre as melhores, senão a melhor, de todas que tivemos. Tecnicamente é muito correta e do ponto de vista ideológico traçava nitidamente uma linha de pensamento libertária no campo político sem descurar da abertura para o campo social que foi recuperada da Constituição de 1934.
De fato, a Carta Política de 1946 consagrou os princípios do Estado liberal característicos da Primeira República e os princípios do Estado social consagrados na Constituição de 1930. Buscou esta Constituição uma proteção maior dos direitos individuais, consagrando em seu texto o amplo acesso ao Poder Judiciário (art. 141, §4º), o direito de greve (art. 158), o mandado de segurança como garantia (art. 141, §24), a vedação da pena de morte, de banimento, de confisco e a de caráter perpétuo (art. 141, §31), entre outras inovações.
 O federalismo, tão enfraquecido durante o Estado Novo, ganha vida com garantias à autonomia dos Estados e a valorização do Município. 
O Poder Executivo, verdadeiro detentor do poder na Constituição anterior, é limitado aos moldes em que se verifica atualmente, com a previsão de eleições diretas para Presidente e Vice-Presidente, com mandato de cinco anos, eleito pelo voto universal, direto e secreto, prevendo-se a responsabilidade do Presidente da República pelos seus atos.
O Poder Legislativo volta a ser bicameral, com o retorno do Senado às suas funções normais, sendo uma delas a importante função de julgar o Presidente da República e outras autoridades pelos crimes de responsabilidade (art. 62, I), um grande avanço haja vista que o país saía de um regime ditatorial. 
Poder Judiciário é fortalecido tanto pela utilização do Mandado de Segurança como pela alteração no controle de constitucionalidade das leis.
 	Embora a Constituição de 1946 tenha apresentado inegáveis avanços, este período foi marcado por uma intensa crise política, principalmente após o suicídio de Getúlio Vargas, que sucumbiu às pressões tanto dos militares quanto da esquerda. 
	Sua sucessão foi bastante conturbada, levando ao poder Juscelino Kubitschek que se mantém mesmo com algumas rebeliões golpistas. A mesma sorte não teve Jânio Quadros, que renunciou com apenas sete meses de governo, assumindo João Goulart que, com sua política de agradar tanto à direita como à esquerda, permitiu as condições necessárias para que os militares realizassem o golpe em 1º de abril de 1964, que traria ao Brasil o regime de maior desrespeito aos direitos individuais e de uma arbitrariedade jamais vista em sua história.
Constituição de 1967/1969:
Contexto Histórico e Características principais:
Com o golpe de 1964 e a ascensão ao poder dos militares, ficava cada vez mais claro que a Constituição de 1946 não atendia às necessidades daquela classe. Isso se confirma ao se observar que, se em quinze anos (de 1946 a 1961) a Constituição sofreu apenas três emendas, entre 1961 e 1966 o número de emendas já chegava a vinte e uma.
 De fato, os Atos Institucionais já haviam praticamente determinado a anulação da Constituição de 1946, levando os militares a outorgarem em 24 de janeiro de 1967 uma nova Constituição. 
A Constituição de 1967, sob o argumento inconsistente de preservar a segurança nacional, conferiu amplos poderes ao Poder Executivo federal, na figura do Presidente da República. Consequência desse fortalecimento do Poder Executivo foi a valorização da União na estrutura federativa do Estado brasileiro, trazendo para si certas competências que antes pertenciam aos Estados e aos Municípios.
 Ademais, os Atos Institucionais e os Decretos-Leis tornaram o Poder Executivo o titular efetivo do poder legiferante, sob o argumento da urgência e do interesse público que, obviamente, nem sempre eram presentes. 
A falta de popularidade dos Presidentes militares, aliada aos frequentes abusos do poder, trouxeram insatisfações e manifestações, sobretudo estudantis, que tomaram conta das ruas do país.
 Na tentativa de calar os manifestantes, o governo editou, em 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional nº 05, de um autoritarismo jamais visto, conferindo plenos poderes aoPresidente da República, permitindo ao mesmo decretar o fechamento das casas do Poder Legislativo em todos os níveis da federação, cassar mandatos e suspender, por dez anos, os direitos políticos dos parlamentares contrários ao regime, bem como suspender as garantias dos membros do Poder Judiciário e suspender a garantia do habeas corpus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular.
 A situação tornou-se insustentável, nunca antes se viu tamanha arbitrariedade no exercício do poder. O Estado de polícia tomava conta definitivamente do país e a Constituição não era levada em consideração, embora se tentasse, através dela, dar uma aparência de legitimidade aos atos do Poder Executivo. 
Assim é que, em 17 de outubro de 1969, foi publicada a Emenda Constitucional nº 01, que modificava o texto da Constituição de 1967 em diversos aspectos, tornando-a ainda mais autoritária.
 De fato, a modificação no texto da Carta Política foi tão grande que boa parte da doutrina classifica tal emenda como uma nova Constituição. Não concordamos com tal posição. 
Estamos de acordo com a opinião de Celso Ribeiro Bastos, que afirma:
 Vê-se que se tratava de um período curioso da história do Brasil. Ao mesmo tempo que se desprezava o direito constitucional – porque tudo no fundo brotava de atos cujo fundamento último era o exercício sem limites do poder pelos militares – não se descurava, contudo, de procurar uma aparência de legitimidade pela invocação de dispositivos legais que estariam a embasar estas emanações de força. 
Para uns, como visto, esta emenda é uma nova Constituição, para outros não passa de uma mera emenda.
 Preferimos ficar com estes últimos, embora não se desconheça que a relevância da questão é muito pequena.
 De qualquer sorte, como foi um período onde prevaleceram os rótulos e as formas, com total descaso pela substância, é preferível mesmo manter o ato com a natureza com que ele veio a lume.
 Foi somente no Governo do General Ernesto Geisel (de 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979) que se observa pela primeira vez alguma abertura política, mas ainda tímida diante da redemocratização que todos esperavam. 
Em 1979, o então Presidente da República, General João Baptista Figueiredo, promove anistia aos condenados por crimes políticos, fazendo com que retornassem ao país muitos artistas e intelectuais exilados nos piores anos da ditadura.
 Por sua vez, as eleições diretas para Governador ocorridas em 1982 mostraram quão impopular era o governo, a partir da vitória expressiva do PMDB (Partido da Mobilização Democrática do Brasil), principal oposição ao governo ditatorial, criando as condições para que o povo pedisse eleições diretas também para Presidente da República, que ocorreriam dois anos mais tarde. 
Contudo, em que pesem as manifestações populares sob a alcunha de “diretas já”, as eleições ocorridas em 1984 foram indiretas, mas levaram à Presidência da República um civil, o então governador de Minas Gerais, pelo PMDB, Tancredo Neves, cujo vice era José Sarney, do PFL (Partido da Frente Liberal). 
Grande esperança tomou conta da população, que havia vinte anos não via um civil no poder. Esperava-se a redemocratização e a abertura política, a convocação de nova constituinte que elaborasse uma Constituição condizente com os anseios de todos. 
Todavia, a esperança pareceu ruir quando Tancredo Neves, eleito Presidente, mas ainda sem tomar posse, adoece e falece em 21 de abril de 1984, causando grande comoção popular. Um país inteiro chorava a morte daquele que trouxe a esperança de retorno da democracia.
Após alguma discussão acerca de se seriam ou não convocadas novas eleições presidenciais, assume o vice de Tancredo, José Sarney, sob os duvidosos olhares de todos, já que se tratava de membro da aristocracia maranhense, que dominava o poder político da região desde sempre, com um histórico a favor das forças autoritárias. 
Contudo, em que pese não ter sido a melhor pessoa para o momento, Sarney cumpriu as promessas de campanha de Tancredo Neves e, logo que assumiu, convocou o Congresso Nacional, que se converteu em Assembleia Nacional Constituinte, para elaborar o texto de uma nova Constituição que refletisse os ares da democracia e da liberdade, texto esse promulgado em 05 de outubro de 1988.
Constituição de 1988:
Contexto Histórico e Características principais:
Após um processo longo de elaboração e votação de seu texto, a Constituição Federal foi promulgada com grande festa, em 05 de outubro de 1988, cercada de grandes expectativas.
 De fato, a Constituição de 1988 expressa bem os anseios da sociedade no período em que foi promulgada. Após vinte anos de ditadura e violação aos direitos humanos, a Carta Política de 1988 consagrou em especial os direitos individuais, dando atenção especial ao princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e aos direitos conexos a este princípio, como a proibição da tortura (5º, III) e a prática de racismo como crime inafiançável (5º, XLII), entre outros. 
Também consagra a Carta Magna os direitos sociais em capítulo específico, com atenção especial ao direito dos trabalhadores, bem como assegura a igualdade material em diversos momentos (art. 5º, XXXII, L, LXXIV, art. 6º, XVIII, XXV, entre outros exemplos), além de destinar título específico (Título VIII, arts. 193 a 250) para a ordem social.
 No que diz respeito ao controle de constitucionalidade, a polêmica surgida com a Emenda Constitucional nº 16, de 26 de novembro de 1965, acerca do monopólio exclusivo da ação direta de inconstitucionalidade pelo Procurador-Geral da República e os problemas que tal monopólio originou revelaram a necessidade de se alterar o rol dos legitimados para o ajuizamento desta ação, prevenindo-se que, no futuro, não somente a legitimidade para o controle abstrato continuasse restrita, mas, principalmente, que tal restrição não tivesse o condão de sustentar arbitrariedades, como tinha ocorrido em um passado não muito distante.
 Além disso, o histórico de arbitrariedades cometidas pela ditadura e a abertura política, aliada à redemocratização do país, acarretaram na necessidade de tornar o controle abstrato e concentrado de constitucionalidade mais acessível a outros setores, de modo que a discussão atingisse a um número maior de pessoas. Chegou-se até a discutir a respeito de uma ação popular de inconstitucionalidade, aberta a qualquer cidadão.
 Nesse sentido, afirmam Ives Gandra da Silva Martins e Gilmar Ferreira Mendes:
Com isso satisfez o constituinte apenas parcialmente a exigência daqueles que solicitavam fosse assegurado o direito de propositura da ação a um grupo de, v.g., dez mil cidadãos ou que defendiam até mesmo a introdução de uma ação popular de inconstitucionalidade. Tal fato fortalece a impressão de que, com a introdução desse sistema de controle abstrato de normas, com ampla legitimação e, particularmente, a outorga do direito de propositura a diferentes órgãos da sociedade, pretendeu o constituinte reforçar o controle abstrato de normas no ordenamento jurídico brasileiro como peculiar instrumento de correção do sistema geral incidente.
Por estes motivos, a Constituição de 1988 inovou, reforçando amplamente o controle concentrado de constitucionalidade no país, alargando significativamente a legitimidade para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade, permitindo o ajuizamento desta pelo Presidente da República, Mesas do Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas dos Estados, Governador de Estado, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional, conforme preceitua o artigo 103 da atual Constituição Federal.
Também inovou o diploma de 88 ao introduzir no ordenamento jurídico pátrio a ação direta de inconstitucionalidade por omissão e a arguição de descumprimento de preceito fundamental, aumentando e muito o leque de atos(normativos ou não) passíveis de controle concentrado de constitucionalidade. Assim, não se pode negar que a Carta de 1988 facilitou bastante o acesso ao controle concentrado, mantendo um sistema misto, mas consagrando o controle abstrato e concentrado de constitucionalidade ao tornar o seu acesso possível aos representantes de diversos setores da sociedade. 
Contudo, mais do que o fato de a Constituição ter modificado o sistema de controle concentrado, as Emendas Constitucionais que vieram no futuro trouxeram grandes alterações para o controle concentrado de constitucionalidade, como no caso da Emenda Constitucional nº 03/93 que criou a ação declaratória de constitucionalidade e a Emenda Constitucional nº 45/04 que trouxe modificações no rol de legitimados para as ações de controle concentrado que não a ADIN, bem como modificou os efeitos das decisões em sede de controle concentrado. Em suma, tanto as modificações ocorridas com a Constituição de 1988 como aquelas levadas a efeito por meio das posteriores Emendas Constitucionais ampliaram ainda mais o controle concentrado de constitucionalidade no Brasil, levando consequentemente a um aumento no número de ações típicas desta espécie de controle. 
Todavia, o Supremo Tribunal Federal, no afã de reduzir o número de processos que lá desembocam todos os dias (em muito decorrentes de suas competências não relacionadas especificamente ao controle de constitucionalidade), vem interpretando restritivamente o rol de legitimados contidos na Carta Política de 1988, criando um filtro denominado de pertinência temática para alguns legitimados, atuando na contramão do desenvolvimento do controle concentrado de constitucionalidade no Brasil.

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