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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR ROSÂNGELA APARECIDA PARREIRAS IGARAPÉ/ MG 2018 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR ROSÂNGELA APARECIDA PARREIRAS Artigo ciêntífico apresentado a FAVENI como requisito parcial para obtenção do título de Educação especial e Educação física Escolar IGARAPÉ/MG 2018 RESUMO: Neste artigo temos a intenção de discutir sobre a educação inclusiva e refletir sobre os diferentes fatores que interferem neste processo. A educação física no complexo espaço escolar precisa dar atenção às particularidades da disciplina: aspectos metodológicos, conteúdos, valores. Este artigo pretende discutir também sobre os seguintes aspectos relacionados à inclusão: a legislação, a influência da família, a questão da formação profissional. Há um longo caminho para que se concretize o ideal de uma educação física que considere os princípios de respeito às diferenças humanas e permita verdadeiramente a participação de todos os alunos nas aulas . Palavras-chave: Educação física, educação, educação inclusiva. SUMMARY: In this article we intend to discuss inclusive education and reflect on the different factors that interfere in this process. Physical education in the complex school space needs to pay attention to the particularities of the discipline: methodological aspects, contents, values. This article also intends to discuss the following aspects related to inclusion: legislation, family influence, vocational training. There is a long way to achieve the ideal of a physical education that considers the principles of respect for human differences and truly allows the participation of all students in classes . Keywords: Physical education, education, inclusive education INTRODUÇÃO O trabalho que aqui se apresenta tem por objetivo compreender o papel da disciplina Educação Física no processo de inclusão escolar na Educação Básica. Inicialmente, serão revistos marcos históricos, tais como conferências, congressos, convenções, que tiveram uma repercussão no contexto jurídico, garantindo direitos às pessoas com deficiência. Posteriormente, serão analisados os princípios teóricos nacionais que configuram a Educação Física como disciplina obrigatória. Outro ponto de estudo será a compreensão da Educação Física como fator de contribuição ou não no processo de inclusão escolar. Logo, quais seriam os fatores que fazem dessa disciplina um facilitador/ complicador na inclusão. A partir do descrito, qual seria o papel do professor de educação física para que a sua disciplina se torne um dispositivo positivo de inclusão no espaço escolar. “Por inclusão estamos nos referindo ao acesso, ingresso e permanência desses alunos em nossas escolas como aprendizes de sucesso e não como números de matriculas ou como mais um na sala de aula do ensino regular. Referimos à sua presença integrada com os demais colegas, participando e vivendo a experiência de pertencer”.(ROSS apud GOMES, 2013) O conceito de inclusão em Mantoan (2003) e Rattner (2002) apud Ramos et al (2012) é compreendido como “ação ou política que objetiva a inserção de sujeitos excluídos ou minorias ao convívio social em situação de igualdade de oportunidades e direitos, lembrando que esta deve também garantir as formas de manter tal inserção”. Os autores acrescentam que o termo inclusão escolar está diretamente relacionado ao direito de todos estarem inclusos no Ensino Regular, direto assegurado por legislações como Constituição Federal do Brasil (1988), Declaração Mundial sobre Educação Para Todos (1990), Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Declaração de Salamanca (1994), Política de Educação Especial (1994), na LDBEN 9.394/96 (1996) da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008), entre outros documentos. Darido et al. apud Gomes (2013) afirma que “uma Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, com perspectivas educacionais realmente voltadas para a formação do cidadão precisa ter um olhar direcionado para a inclusão”. A Educação Física confunde-se com a do próprio homem e sua necessidade de lutar, fugir ou caçar para sobreviver, com o avanço do estágio civilizatório da humanidade, estas habilidades motoras passaram a serem utilizadas com “finalidades de ordem guerreira, terapêutica, esportiva e educacional…” (Oliveira, 2006). Sua inserção no contexto escolar é marcada, inicialmente, por práticas seletivas e excludentes, com ênfase na seleção de habilidades. Com o passar do tempo se envolveu uma grande diversidade de conteúdos (SILVA, 2013). “Dentre alguns pressupostos legais sobre a Educação Física escolar brasileira foram criados os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) com o objetivo de orientar as aulas tornando-as mais inclusivas (DARIDO, apud SILVA, 2013)”. Visando possibilitar a participação de todos nas aulas de Educação Física, quer seja escolar ou nem programas de atividades físicas, surgiu a atividade física adaptada. Um programa diversificado de atividades, jogos, esportes e ritmos, adequados aos interesses, capacidades e limitações do aluno com deficiência. O objetivo da Educação Física Adaptada é dar oportunidade ao portador de necessidades especiais de ter várias opções de esporte e lazer, mostrando o impacto destas atividades na qualidade de vida, nos aspectos físicos, sociais e psicológicos (MENEZES, 2002). “No que concerne à área da Educação Física, a Educação Física Adaptada surgiu oficialmente nos cursos de graduação, por meio da Resolução número 03/87, do Conselho Federal de Educação, que prevê a atuação do professor de Educação Física com o portador de deficiência e outras necessidades especiais”. (CIDADE e FREITAS, apud Gomes et al., 2013) Os autores creditam o despreparo de muitos professores no que tange a Atividade Física adaptada ao fato de estes não terem recebido em sua formação conteúdos pertinentes à inclusão, dificultando ou até mesmo impossibilitando o manejo de aulas que contemplem estes conhecimentos. Apesar da Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 garantir o direito à escolarização dos alunos com deficiência, preferencialmente, no espaço comum de ensino, a prática escolar ainda não consegue garantir, de fato, esse direito.. Muitos são os fatores que podem interferir no processo de inclusão, dentre eles podemos citar os espaços físicos não adaptados, a falta de recursos pedagógicos especializados, a ausência de capacitação profissional especializada dos envolvidos no contexto escolar, dentre outros. “Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física trazem uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos”. (PCNS, 1997) A diversidade proposta pelos PCNs através das muitas manifestações culturais presentes no país é vista na literatura como uma possibilidade de criar múltiplas formas de participação do envolvidos nas aulas de Educação Física. Essa ampla oportunidade de planejamento interdisciplinar presente nos conteúdos da disciplina em voga podem ser traduzidas como um caminho possível de uma educação para todos. Darido et al apud SILVA (2013) atribuem a Educação Física escolar um papel importante na formação do aluno, afirmando que “a mesma não abrange somente o aspecto físico, mas também as dimensões procedimental, conceitual e atitudinal do próprio corpo, permitindo-o analisar e construir concepções sobre a relevância da cultura corporal e suas potencialidades”. Nesse viés, com base no direitogarantindo constitucionalmente e através de legislações complementares que este trabalho se justifica, visto que possibilitará reflexões e ressignificações de condutas e posturas referentes às praticas inclusivas no contexto escolar. Ressalta que a busca de compreender o papel da Educação Física escolar no processo de inclusão veio responder uma demanda da prática docente, visto que hoje o aluno com deficiência já está incluído e não cabe mais pensar em incluí-lo ou não, mas em como possibilitar sua participação nas aulas de Educação Física. Foi utilizada como metodologia dessa pesquisa a revisão de literatura, como uma forma de leitura de práticas e posicionamentos dos professores de Educação Física no processo de inclusão. A partir dessas leituras, fosse possível avaliar como uma postura docente pode vir a ser ou não um dispositivo de inclusão. DESENVOLVIMENTO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. A Constituição de 1934 pela primeira vez apresenta dispositivos que organizam a educação nacional, mediante previsão e especificação de linhas gerais de um plano nacional de educação, com criação dos sistemas educativos nos estados, prevendo destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino. A primeira versão de 1961 e a sua subsequente (1971) pouco acrescentavam para as propostas de Educação Especial. Somente após a constituição de 1988, começamos a avançar nas politicas publicas de inclusão na Educação. Lima & Duarte (2001) pontuam dois grandes marcos históricos das politicas públicas educacionais no âmbito inclusivo. O primeiro é Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien - Tailândia, 1990. E posteriormente, a Declaração de Salamanca - Espanha, 1994, resultado da Conferência Mundial sobre necessidades educativas especiais. “A Declaração de Salamanca, cujos princípios norteados são: o reconhecimento das diferenças, o atendimento às necessidades de cada um, a promoção da aprendizagem, o reconhecimento da importância da escola para todos e a formação de professores com a perspectiva de um mundo inclusivo, onde todos têm direito a participação na sociedade, em busca da realização do mais alto nível de democracia”. ( LIMA & DUARTE, 2011) Os documentos acima citados trouxeram reflexões não apenas teóricas, mas práticas para o contexto escolar e social, implicando novos olhares acerca das praticas pedagógicas. É bem sabido, que a legislação em si mesma não garante mudanças de posturas e mentalidades, contudo, as mesmas tornam-se o primeiro passo para novas construções. Em âmbito nacional a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 (LDB/96) traça novos contornos para a educação, trazendo mudanças significativas para a educação inclusiva brasileira. No que se refere à Educação Especial a lei garante o direito de vaga e atendimento educacional especializado para os alunos com deficiências em escolas regulares, apoio especializado para as instituições e os docentes, adequação do currículo, entre outros aspectos que favorecem o fortalecimento da implantação da Educação Inclusiva. Pode-se afirmar que a mesma é legado de um contexto histórico marcado por lutas constante por políticas públicas que resgatassem a garantia de direitos e viabilizassem o exercício da cidadania pregada na Constituição de 1988. Sendo, o marco normativo brasileiro a Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9.394/96 que em seu Capítulo III, Art. 4º, inciso III, traz como “Dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1996). Inclusive em seu Capítulo V a LDB/96 trata exclusivamente de aspectos referentes à Educação Especial: “Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular” (BRASIL, 1996). Com o objetivo de atender uma demanda posta pela LDB/96 que seria adaptar os currículos para que os mesmos contemplassem a multiplicidade cultural do país e as diferenças individuais dos alunos, surge em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) , referência básica para a elaboração das matrizes de referência curricular. Os Parâmetros Curriculares Nacionais auxiliam o professor na tarefa de reflexão e discussão de aspectos do cotidiano da prática pedagógica, a serem transformados continuamente pelo professor (BRASIL,1997). “No contexto da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais se concebe a educação escolar como uma prática que tem a possibilidade de criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente” ( BRASIL, 1997). Com base nos mesmos princípios teóricos educacionais, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física para o Ensino Fundamental (BRASIL, 1997) expressam, em seus objetivos gerais, a expectativa que os alunos sejam capazes de:“ Participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais. Participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais. Participar de atividades corporais, reconhecendo e respeitando algumas de suas características físicas e de desempenho motor, bem como as de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais. Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestaçõesde cultura corpórea, adotando uma postura não preconceituosa ou discriminatória por razões sociais, sexuais ou culturais” (BRASIL apud GOMES, 2013). O livro 7 dos PCNS, referente a Educação Física escolar, traz na sua página 26 a temática Portador de Deficiência Física com algumas considerações relevantes sobre a participação de alunos com deficiência física nas aulas de Educação Física: A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social. É fundamental, entretanto, que alguns cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar, deve-se analisar o tipo de necessidade especial que esse aluno tem, pois existem diferentes tipos e graus de limitações, que requerem procedimentos específicos. Garantidas as condições de segurança, o professor pode fazer adaptações, criar situações de modo a possibilitar a participação dos alunos especiais”. (BRASIL, 1997) Os autores do texto que compõe o PCN da Educação Física ainda afirmam que a atitude dos alunos diante dessas diferenças é algo que se construirá na convivência e dependerá muito da atitude que o professor adotar. É possível integrar essa criança ao grupo, respeitando suas limitações, e, ao mesmo tempo, dar oportunidade para que desenvolva suas potencialidades. Assim, “a aula de Educação Física pode favorecer a construção de uma atitude digna e de respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele pode possibilitar a construção de atitudes de solidariedade, de respeito, de aceitação, sem preconceitos”. (BRASIL, 1997) Corrobora com a ideia acima a autora Camila Ávila Ferreira (2012) ao afirmar que dentro das novas concepções de Educação Física Escolar podem ser citadas, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, algumas abordagens educacionais, como por exemplo: Abordagem Psicomotora, Construtivista e Desenvolvimentista. “A Abordagem Psicomotora buscou garantir a formação integral do aluno, utilizando a Educação Física como meio para ensinar Matemática, Língua Portuguesa, sociabilização, etc. Para este modelo, a Educação Física não tem um conteúdo próprio, mas modificou os conteúdos que até então era predominantemente esportivos, os quais valorizavam a aquisição do esquema motor, a lateralidade, a consciência corporal e coordenação viso-motora. As práticas da psicomotricidade nas aulas de Educação Física conduziram o professor a uma responsabilidade maior, pela escola e por suas ações pedagógicas, valorizando o processo de aprendizagem e não mais a execução de um gesto técnico isolado. Para a Abordagem Desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido pela interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim, o principal objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento adequadas ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. A partir da introdução destas abordagens educacionais, a Educação Física ampliou sua visão referente aos seus conteúdos, como também aos seus pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. Todas essas abordagens apresentam novas visões de aluno e professor e de uma Educação Física que deve fazer do esporte na escola uma manifestação educacional que atue pedagogicamente na integração dos alunos, no seu desenvolvimento psicomotor, assim como em atividades físicas educativas, que tenham como princípios, a participação, a cooperação, a integração, a co-gestão e co-responsabilidade (FERREIRA, 2006). Nesse viés, é possível pensar uma educação para todos , uma educação que contemple novos arranjos para que todos possam dela usufruir independente de suas limitações e habilidades. Stainback e Stainback apud Souto (2010) defende que “quando existem programas adequados, a inclusão funciona para todos os alunos com e sem deficiências, em termos de atitudes positivas mutuamente desenvolvidas, de ganhos nas habilidades acadêmicas e sociais e de preparação para a vida na comunidade”. Ferreira (2006) aposta na popularidade da disciplina Educação Física com os alunos em prol da socialização e inclusão escolar, podendo através de praticas coletivas (jogos e brincadeiras) valorizar as diferenças e a diversidade. Ferreira (2012) em seu trabalho sobre as estratégias pedagógicas de professores de Educação Física com alunos com deficiência, a autora clareia algumas práticas pedagógicas inclusivas: inicialmente, afirma que os professores pesquisados mesmo não sentindo-se preparados para a inclusão buscam estratégias que integram os seus alunos, incentivando a participação, não havendo nenhum relato de dispensa. Primeiramente, busca-se trazer o aluno para junto do grupo, respeitando suas limitações. As estratégias utilizadas são na sua maioria aulas adaptadas, sendo o lúdico, a principal ferramenta descrita. Lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”, logo, as atividades lúdicas fazem parte da atividade humana caracterizando-se pela espontaneidade, funcionalidade, satisfação e prazer do individuo pela atividade prática. (Anjos, 2013) Em contrapartida, Souza (2006) apud Ferreira (2012) cita a importância da Educação Física e do esporte escolar. Por outro lado, alerta para a possibilidade do esporte na escola contribuir para o estigma de incapacidade, pois muitas das metodologias de ensino visam à seleção dos alunos com maior potencial. Nesse sentido, GOMES (2013) afirma que os jogos competitivos, típicos de turmas homogêneas, se mostraram mais excludentes, em oposição aos jogos competitivos, típicos de turmas heterogêneas, tornam-se boas estratégias de inclusão. Sendo, ambos os trabalhos trazem o papel do professor como eixo norteador do processo inclusivo nas aulas de Educação Física, visto que a este cabe adaptar e criar formas para que na escola todos possam participar e se divertir, não reproduzindo nas escolas a exclusão e a segregação de pessoas, que podem tomar gosto pela prática esportiva. (FERREIRA, 2012). Uma sugestão trazida pelos PCNS de Educação Física e exposta abaixo, reforça a importância do professor no processo de inclusão: Num jogo de futebol, a criança que não deve fazer muito esforço físico pode ficar um tempo no gol, fazer papel de técnico, de árbitro ou mesmo torcer. A aula não precisa se estruturar em função desses alunos, mas o professor pode ser flexível, fazendo as adequações necessárias. (Brasil apud ALMEIDA et al., 2010) Observa-se que ao professor cabe possibilitar o aluno com deficiência a participação efetiva nas aulas, a postura deste reforçará ou eliminará atitudes de segregação por parte dos colegas. Ë fato que outros autores Almeida (2010) et al., Souto(2010), Costa (2013) apontam outros desafios na inclusão, como a não integração da Educação Física no projeto Politico Pedagógico escolar, as condições de trabalho nas instituições públicas de ensino, como carreira, salário, tipo de gestão escolar, materiais e equipamentos, aparelhagem de suporte, apoio técnico e outros, acabam dificultando o trabalho docente e, porém, em alguns casos, estes desafios tornam-se justificativas para atitudes descompromissadas com o processo de inclusão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a leitura e aprofundamento sobre o tema, conclui-se que o processo de inclusão de alunos com deficiência em escolas de Ensino Regular ainda é um desafio para o professor de Educação Física. Contudo, as pesquisas vêm mostrando que o ingresso desses alunos no contexto escolar não é mais questionado, mas vive-se um outro momento de reflexões acerca de posturas e metodologias que garantam a permanência e a efetiva participação e aprendizagem desses alunos. Assim, o aparato jurídico que em algum momento garante o direito, apesar de não garantir a inclusão de fato, garante o ingresso no contexto escolar e parece ser balizador de reflexões e mudançasde posicionamentos. Referente à Educação Física escolar observa-se que seu papel na inclusão está diretamente ligada à postura inclusiva adotada pelo professor e pelas estratégias metodológicas que esse constrói viabilizando a participação de todos. Assim, considerando a popularidade da disciplina junto aos alunos e as práticas inclusivas adotadas pelo professor, a Educação Física escolar pode ser um dispositivo positivo no processo de inclusão. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Juliana Buosi de. COFFANI, Márcia da S. C. 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