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meios executivos atípicos

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EDSON NASCIMENTO
 
 
MEIOS EXECUTIVOS ATÍPICOS: APREENSÃO DE CNH E PASSAPORTE.
SALVADOR
2018
EDSON NASCIMENTO
 
Trabalho apresentado ao curso de Direito como requisito parcial na obtenção de créditos na matéria Direito Processual Civil IV.
PROFESSOR(a): FAGNER VASCONCELOS FRAGA.
SALVADOR
2018
RESUMO
 
Esta investigação trata das medidas atípicas de execução que estão sendo utilizadas após a entrada em vigor no novo CPC, tais medidas consistem basicamente na restrição de direitos pessoais dos devedores, como apreensão do passaporte, suspensão da CNH e bloqueio do cartão de crédito. O problema da pesquisa é se essas medidas atípicas são inconstitucionais. A hipótese é positiva no sentido que a CF/88, assegura a todos cidadãos o direito de ir e vir e o direito ao trabalho. Ademais, este trabalho tem como objetivo servir de contribuição ao debate mais largo acerca da aplicação de medidas atípicas de execução e a restrição dos direitos fundamentais.
Palavras-Chave: novo CPC, Art. 139 IV, Atipicidade dos Meios Executivos, Direitos Pessoais do Devedor.
 
 1–INTRODUÇÃO  
O presente trabalho visa analisar o Direito Processual Civil, mais especificamente a atipicidade dos meios executivos; é através dos meios executivos que o juiz procura, no caso concreto, a satisfação do direito do exequente. São vários os meios executivos previstos em lei, podendo-se citar: a penhora, a expropriação, a busca e apreensão, astreintes, arresto executivo, remoção de pessoas ou coisas, fechamento de estabelecimentos comerciais etc. Neste artigo será focado a apreensão de CNH e passaporte. Neste ponto o novo Código de Processo Civil inovou, em relação ao Código revogado de 1973, ao tratar dos poderes do magistrado. Com efeito, o artigo 139, IV, do novo CPC, ao dispor sobre os poderes do magistrado, prevê que o juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste código, incumbindo-lhe: “determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária’’. (ALVIM, ET AL 2014).
 Esse mesmo autor supra citado afirma que com base no referido dispositivo, alguns advogados têm realizado pedidos de suspensão de direitos pessoais do devedor, como: apreensão do passaporte e/ou da carteira nacional de habilitação, proibição de participar de concursos públicos, bloqueio de cartões de crédito. Porém, devemos considerar que o direito civil é pautado sob a diretriz de vários princípios, entre eles o Princípio da Responsabilidade, que se encontra previsto no art. 789 do novo CPC, o qual dispõe que “o devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”. 
O objetivo do presente trabalho é verificar a constitucionalidade das medidas que determinem a restrição de direitos pessoais com o escopo de satisfazer as obrigações de pagar quantia certa. Para atingir tais objetivos, será utilizado o tipo de exploratório, visto que o tema ainda é pouco conhecido, pouco explorado e não apresenta aspectos que permitam a visualização dos procedimentos a serem adotados.
2- MEIOS EXECUTIVOS
Segundo Medina (2016) É a partir dos meios executivos que a execução autônoma e o módulo de cumprimento de sentença são capazes de produzir efeitos práticos. Os meios de execução representam, na verdade, a técnica processual pela qual a atividade executiva se afigura capaz de produzir resultados, podendo ser agrupados em dois grupos: os típicos e os atípicos.
Os meios de execução típicos são aqueles tradicionalmente utilizados no processo civil e consistem, de um lado, na sub-rogação, e de outro na coação (ou coerção). No primeiro, o Estado-Juiz se coloca no lugar do devedor e cumpre a obrigação, enquanto no segundo, constrange o próprio executado a cumpri-la. Exemplo de sub-rogação ocorre quando é determinada a penhora de um bem do devedor com a respectiva alienação judicial; e de coação ou coerção, quando é fixada multa (astreintes) para forçar o devedor ao cumprimento da obrigação (MEDINA, 2016).
Neves (2016), alega que o novo Código de Processo Civil amplia as possibilidades no cenário processual executivo ao contemplar no art. 139, inc. IV, o princípio da atipicidade dos meios executivos, prevendo que “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”. Com isso, o Juiz passa a ter a possibilidade de determinar medidas não contempladas na lei, valendo-se do seu prudente arbítrio, a partir de um modelo flexível, de modo a compelir o devedor ao cumprimento das obrigações.
Há, contudo, limites ao exercício da atividade jurisdicional executiva. Se por um lado, o credor tem direito à completa satisfação do seu crédito, de outro não se pode olvidar da dignidade da pessoa humana, devendo ser preservado o conteúdo do princípio que assegura o patrimônio mínimo do devedor. O princípio da efetividade da execução deve ser equacionado com o postulado da menor onerosidade do executado, representando boa noção disso a regra contemplada no art. 805, parágrafo único, do Código de Processo Civil, que prevê que “Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados. (NEVES, 2016).
Este mesmo doutrinador afirma que nessa ordem de ideias, as medidas executivas atípicas devem ter caráter subsidiário em relação às medidas executivas típicas. Assim, aquelas medidas atípicas somente devem ser decretadas pelo Magistrado caso as medidas típicas não se demonstrem eficazes. Sobre a matéria, a doutrina de qualidade esclarece que “estas medidas [atípicas] podem ser aplicadas seja qual for a natureza da obrigação, tanto no procedimento destinado ao cumprimento das sentenças como na execução fundada em título extrajudicial, mas são subsidiárias às medidas executivas típicas.
Nessa ordem de ideias, em respeitável precedente, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal assentou que “O emprego da atipicidade das medidas executivas se justifica mediante verificação da necessidade, que, por sua vez, se configura quando frustradas todas as medidas executivas típicas, sob pena de afronta ao devido processo legal.” (NEVES, 2016)
 
3- A EFETIVIDADE DA TUTELA JURISDICIONAL E A NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL DE 1988 DAS REFORMAS PROCESSUAIS DO CPC/1973 AO NOVO CPC
A preocupação com a efetividade da tutela jurisdicional, notadamente da tutela executiva, foi, sem sombra de dúvidas, o principal motor das reformas processuais pelas quais passou a legislação processual civil brasileira, a partir dos influxos da nova ordem constitucional de 1988, que, pregando valores aliançados ao paradigma do Estado Democrático Constitucional, trouxe à tona a necessidade de que a atividade jurisdicional assumisse sua capacidade emancipatória e sua vinculação a valores constitucionais, tais como a efetividade do acesso à justiça ea razoabilidade de duração do processo. ( NUNES, 2018).
.	Não à toa, a partir da década de 1980, diversos juristas passaram a se debruçar sobre o estudo de temas como a efetividade da tutela jurisdicional, o acesso à justiça adequado, tempestivo e efetivo, como se nota nos estudos promovidos no Brasil, dentre outros, por José Carlos Barbosa Moreira(1984) este último responsável pela publicação, no ano de 1987, da obra “A instrumentalidade do processo”, considerada como a certidão de nascimento da terceira fase metodológica do processo. Tais preocupações se mostravam novidade à época, tendo em vistaque o ordenamento jurídico brasileiro havia sido fortemente influenciado pelos ideais liberais clássicos do século XIX até metade do século XX (eg. liberdade, propriedade, segurança jurídica, não intervencionismo estatal, intangibilidade da vontade do particular). ( NUNES, 2018).
.	Nunes (2018) ressalta ainda que o Código de Processo Civil brasileiro de 1973 (CPC/1973) era um grande e nítido exemplo disso, isto é, de como a codificação brasileira sofreu tais influxos liberais, notadamente no que tange à tutela executiva, a qual efetivamente é responsável por interferir na esfera jurídica dos particulares.
A tipicidade dos meios executivos revelava-se, nesse contexto, um importante mecanismo de controle e de delimitação da atuação e a interferência do Estado-juiz na liberdade e propriedade e do particular, garantindo ao executado que “só perderia seus bens em um processo específico, com um mínimo de previsibilidade, e, especialmente, sabendo de antemão quais seriam as armas executivas a serem utilizadas pelo Estado durante a atuação executiva” (NUNES, 2018). 
Segudo Nunes (2018), as reformas empreendidas no CPC/1973 foram responsáveis, justamente, por dar novo corpo à tutela executiva representaram paulatinamente a superação do princípio da tipicidade dos meios executivos, tal qual se apresentava no modelo original do CPC/1973, bem como no antigo Código de Processo Civil de 1939 (CPC/1939).
Ato contínuo, retornando o foco ao princípio da (a)tipicidade dos meios executivos, cumpre rememorar, de forma breve, como tal princípio foi paulatinamente sofrendo mitigações com as reformas processuais empreendidas no CPC/1973, o que ajuda a demonstrar com mais nitidez a grande inovação trazida com o CPC/2015. (NUNES, 2018).
Como cediço, foi em 1994,com a edição da Lei nº 8.972/1994, que passou a se prever a atipicidade dos meios executivos no tocante às ações que tivessem por objeto obrigações de fazer e não fazer(art. 461, §5º, CPC/1973).No ano de 2002, por sua vez, foi estendida a aplicação do regime acima referido, abarcando a atipicidade dos meios executivos à tutela das obrigações de entrega de coisa (art. 461-A, §3º, CPC/1973). (NUNES, 2018).
Da visualização deste panorama, fica evidente que, a despeito de esforços teóricos pela aplicação da atipicidade dos meios executivos ao cumprimento de sentença relativo a obrigações de pagar, como se verifica em Luiz Guilherme Marinoni (2004), o CPC/1973 somente conferia textualmente tal tratamento à tutela das obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa(arts 461 e 461-A, do CPC/1973).Desse modo, o cumprimento de sentença das obrigações de pagar quantia somente podia se valer da incidência da multa do art. 475-J do CPC/1973 e de atos executivos como a penhora de bens e dinheiro, o que permite inferir, desde já, a insuficiência de tais técnicas processuais para lidar comas situações e complexidades que se apresentam cotidianamenteno Judiciário.
Esses doutrinadores afirmam que , portanto, a despeito de tentativas pontuais, está claro que, sob a vigência do CPC/1973, mesmo após as diversas alterações de ordem processual nele realizadas, não era possível visualizar a atipicidade dos meios executivos enquanto um instituto de aplicação genérica (independentemente do tipo de obrigação tutelada e da modalidade de execução pretendida), cabendo analisar, então, até que ponto o CPC/2015 representa roupagem inovadora ao princípio aqui referenciado.
4- SUSPENSÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO
Segundo Neves (2016) diante do inadimplemento contumaz do devedor em relação a uma obrigação de pagar importância em dinheiro pode o Juiz de Direito, em uma execução autônoma ou no módulo de cumprimento de sentença, determinar a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação do executado, com a respectiva apreensão dela? Tenho que o art. 139, inc. IV, do Código de Processo Civil, contempla tal possibilidade.
O processo civil moderno exige a necessidade de aperfeiçoamento constante da atividade jurisdicional, notadamente a satisfativa. Nesse particular, a construção por parte da jurisprudência de um instrumento judicial de efetiva produção de resultados é pilar fundamental no Estado Democrático de Direito. Não se pode olvidar que o monopólio da atividade jurisdicional pelo Estado legitima-se, dente outros fatores, a partir dos próprios resultados práticos que aquela atividade é capaz de produzir (NEVES, 2016).
Tenho que a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação não configura medida capaz de cercear o direito de liberdade do executado porque ele, devedor, prescinde daquela autorização para se locomover. Por óbvio que em tal caso não poderá o devedor se locomover dirigindo nenhum automóvel, mas nada impedirá que ele venha a deslocar valendo-se de outros meios. Por isso, o direito de liberdade do devedor não é violado diante da eventual suspensão da Carteira Nacional de Habilitação dele (NEVES, 2016).
A propósito, o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu não existir violação do direito de liberdade diante da proibição de dirigir veículo automotor, ao assentar que “é inadequada a utilização do habeas corpus quando não há, sequer remotamente, ameaça ao direito de ir e vir do paciente, como na hipótese de restrição ao direito de dirigir veículo automotor” (NEVES, 2016).
O autor supracitado explana também que no mais, é oportuno lembrar que não há um direito subjetivo e incondicional do cidadão de conduzir veículos automotores. Tal direito somente será deferido ao cidadão caso seja por ele atendidos os respectivos requisitos legais. Vale lembrar da existência de procedimento administrativo prévio, inclusive com a realização de exames teóricos e práticos, para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação. Assim, como o direito de dirigir não é absoluto, tenho que não há óbice para que o Juiz determine a suspensão da CNH.
De outro giro, caso a Carteira Nacional de Habilitação seja um mecanismo para exercício de atividade profissional, deve prevalecer o princípio da menor onerosidade possível do devedor em detrimento da implementação do meio atípico de execução. Assim, se o devedor é um motorista profissional, vivendo dos rendimentos auferidos a partir do exercício de tal atividade, não se afigura correto determinar-se a suspensão da sua CNH (NEVES, 2016).
No caso, deve ser aplicada a mesma ratio que norteia o art. 833, inc. V, do Código de Processo Civil, que estabelece que são impenhoráveis os instrumentos ou “outros bens móveis necessários ou úteis” ao exercício da profissão do executado. Por outras palavras, as medidas executivas atípicas que sejam desproporcionais ao resultado pretendido não devem ser implementadas. Lembro que o art. 8º, do Código de Processo Civil, prevê que “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência” (NEVES, 2016).
A propósito, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul em respeitável precedente assentou que se trata de “Medida de suspensão da CNH que não trará qualquer efeito coercitivo para fins de pagamento dos valores devidos” porque “em se tratando de motorista profissional, a ausência da habilitação inviabilizaria o exercício da profissão e, via de consequência, qualquer possibilidade de o agravante quitar a dívida já existente e prestações futuras, o que causaria prejuízos tanto a ele quanto ao filho (NEVES, 2016).
 
5- APREENSÃO DO PASSAPORTE
Admite-se a apreensão do passaporte do executado, a título de medida executiva atípica, para compelir o devedor ao cumprimento de uma obrigação? A jurisprudência tem sido resistente em relação ao deferimento de tal medida, mas me pareceque não fica configurado cerceamento absoluto do direito de ir e vir do executado diante da decretação dela. 
Ainda segundo Neves (2016) de fato, a apreensão do passaporte para forçar o devedor ao adimplemento de uma obrigação não viola o núcleo essencial do direito fundamental à liberdade porque o devedor poderá, mesmo sem aquele documento, transitar normalmente pelo território nacional. Ademais, existem países no Mercosul que autorizam a entrada de brasileiros mesmo que não estejam munidos de passaporte.
Demais, tenho que os princípios da efetividade, da boa-fé objetiva e da lealidade, todos norteadores do processo civil moderno, maculam por demais o comportamento do devedor contumaz que deixa de pagar suas dívidas e passa a empregar o seu dinheiro com viagens para o exterior (NEVES, 2016).
O Tribunal de Justiça de São Paulo, ao apreciar recurso de agravo de instrumento, manteve decisão que, em fase de execução que perdura há anos, “deferiu o bloqueio dos cartões de crédito do devedor, bem como a retenção de seu passaporte”, anotando que o art. 139, IV, do CPC, “ampliou as providências à disposição dos magistrados para além da penhora e da expropriação de bens como meios de cobrança (NEVES, 2016). 
O doutrinador supracitado alega que particularmente, tendo que não é correto o devedor deixar de pagar uma dívida e utilizar-se dos “valores preservados”, por exemplo, para realizar viagens para o exterior.  Há um comportamento mínimo ético a ser exigido daquele que participa do processo, que não pode ser desprezado. O art. 5º, do CPC, prevê que “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. Nesse passo, não age pautado na boa-fé o devedor que deixa de pagar a dívida que é cobrada na execução para emprego dos valores com viagens ao exterior.
A decisão judicial que determina o pagamento de uma dívida, se não for impugnada pela via processual própria ou não tiver os seus efeitos suspensos por força de algum recurso, deve ser cumprida pelo executado. O art. 77, inc. IV, do Código de Processo Civil, estabelece que “são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação” (NEVES, 2016).
Assim, caso o devedor não realize o pagamento da dívida, esgotados os meios executivos típicos, parece-me que não existe óbice à apreensão do seu passaporte para compeli-lo ao adimplemento obrigacional. Nesse passo, não se pode olvidar da necessidade de aplicação do princípio da efetividade, segundo o qual “o processo de execução não deve ser um processo meramente dogmático, imbuído de incidentes processuais e de tecnicismo; deve ser um processo efetivo, que produza os resultados esperados pelo credor” (NEVES, 2016).
Esclareça-se que situações pontuais poderão ser excluídas do espectro de abrangência da medida executiva atípica consistente na apreensão do passaporte do devedor. Basta imaginar situação na qual o devedor exerce atividade laboral que exige dele a realização de viagens frequentes para o exterior. Nesse caso, o passaporte não estará sendo utilizado para lazer, mas, sim, como condição imprescindível para o exercício de atividade laborativa. Não se afigura correto privar o executado da sua fonte de produção de renda, devendo ser aplicada no caso a mesma ideia contida no art. 833, inc. V, do Código de Processo Civil, que estabelece que são impenhoráveis os instrumentos ou “outros bens móveis necessários ou úteis” ao exercício da profissão do executado. O critério de razoabilidade e de proporcionalidade deve nortear sempre o Julgador (NEVES, 2016).
 
6- CONCLUSÃO
A previsão de dispositivo que encarta a generalização de medidas atípicas representa grande passo (mais um degrau que se sobe desde a Constituição da República de 1988) rumo a um sistema mais apto a atender de forma efetiva e adequada os mais variados direitos carentes de tutela, independentemente da natureza da obrigação (fazer, não fazer, entrega de coisa ou pagamento de quantia).Disso não há dúvidas.
Uma dificuldade, contudo, demanda atenção: como a atipicidade será manejada pelo Poder Judiciário e também, diga-se de passagem, pelos advogados, que são os que requererão a aplicação das medidas atípicas. Isso porque, nunca é demais lembrar, alterações legislativas, como a promulgação do CPC/2015, não são capazes, por si só, de resolverem todos os problemas do direito brasileiro, sendo imprescindível o compromisso dos juristas, dos operadores de direito e do Judiciário para que o novel diploma concretize efetivamente a conquista que representa na tentativa de solução dos problemas históricos (e também atuais) de inefetividade da tutela jurisdicional executiva.
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVIM, Arruda; ALVIM, Eduardo Arruda; BRUSCHI, Gilberto Gomes; CHECHI, Mara Larsen; COUTO, Mônica Bonetti (Coords.). Execução civil e temas afins do CPC/1973 ao Novo CPC: estudos em homenagem ao professor Araken de Assis. 1ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
NUNES, Dierle; STRECK, Lênio Luiz. Como interpretar o art. 139, IV, do CPC? Carta branca para o arbítrio?2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-ago-25/senso-incomum-interpretar-art-139-iv-cpc-carta-branca-arbitrio>. Acesso em: 01 DEZ 2018.
MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: Revista dos tribunais, 2015.
MEDINA, José Miguel Garcia. Direito processual civil moderno. 2. ed. rev. atual e ampl. São Paulo: Revista dos tribunais, 2016.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo código de processo civil comentado: artigo por artigo. Salvador: Editora Juspodivm, 2016.

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