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SINECOLOGIA: OS VEGETAIS E OS ANIMAIS VIVENDO EM SOCIEDADE. ECOSSISTEMA E GEOSSISTEMA (Texto didático de autoria de Maria Eugenia M. Costa Ferreira) 1. Noção de ecossistema. Os seres vivos estabelecem uma série de interações, para garantir a sua sobrevivência. Os animais alimentam-se de plantas; estas retiram água e nutrientes do solo, garantindo a ciclagem dos minerais e da energia, a partir da fotossíntese. Por fim, animais e vegetais se decompõem com o auxílio de microrganismos decompositores, que devolvem ao solo os minerais contidos na matéria orgânica morta. Tudo funciona como em um sistema. É o ecossistema, ou seja, o sistema ecológico da natureza. A quantidade de matéria orgânica (formadora dos organismos vegetais e animais) produzida no ecossistema pode ser avaliada, por exemplo, em toneladas/hectare e é denominada biomassa vegetal ou animal. As florestas tropicais produzem considerável biomassa (de 8 a 25 toneladas/hectare/ano); as pradarias produzem apenas cerca de 4,5 toneladas/hectare/ano; estepes e desertos produzem ainda menos; cultivos como a cana-de- açúcar chegam a produzir 67 toneladas/hectare/ano. Um estudo ecossistêmico, elaborado por biólogos - botânicos e zoologistas - costuma avaliar as fontes de energia disponíveis, as cadeias alimentares dos seres vivos que compõem o sistema, a quantidade de matéria orgânica produzida (biomassa) e consumida, a intensidade do processo de decomposição orgânica e de remineralização dos componentes bióticos. A preocupação principal é com os aspectos internos do sistema, estudado como se fosse uma fábrica na qual cada organismo tem uma função, produzindo e/ou consumindo. A análise é sobretudo vertical, procurando desvendar cada processo detalhadamente, por si só. Os elementos que compõem um ecossistema são o biotopo e a biocenose. O biotopo corresponde à localidade em que vivem os seres vivos, caracterizada pela sua altitude, topografia, teor de água e nutrientes no solo, pH, intensidade de precipitação, de radiação solar, exposição aos ventos, enfim, todos os elementos do meio de importância para a sobrevivência dos vegetais e animais. A biocenose corresponde ao conjunto de vegetais (fitocenose), animais (zoocenose) e microrganismos (microbiocenose) que habitam um determinado biotopo e que estabelecem relações bióticas entre si. Essas relações podem ser de cooperação, predação, parasitismo e muitas outras formas. 2. Noção de geossistema. Um geossistema pode definir-se, localmente, por limites idênticos ao de um ecossistema, correspondendo a este: pode ser um lago, no qual vivem inúmeras espécies animais e vegetais; uma floresta tropical quente e úmida; um manguezal; uma estepe semi-árida; um deserto frio ou quente; um pico montanhoso, a 5.000 metros de altitude ou qualquer outro sistema. Um estudo geossistêmico procura, porém, identificar sobretudo a dinâmica geral da paisagem, que evolui tanto a partir das comunidades vivas que a habitam (processos bióticos) como a partir dos processos físicos e químicos (processos abióticos) desencadeados pelos fatores climáticos, hidrológicos e hidrográficos e geológico- geomorfológicos. Os geossistemas são unidades de análise geográfica, definindo-se, portanto, pelas suas características geográficas. Os fatores desencadeados pela ação antrópica são importantes e o enfoque é mais sintético do que analítico, é mais horizontal (relacional e areal) do que a análise vertical própria dos estudos ecossistêmicos; os processos são analisados sobretudo no seu aspecto de conjunto, com a finalidade de identificar o seu efeito sobre a paisagem. A geobiocenose ou biogeocenose corresponde ao conjunto de seres vivos que habitam um determinado lugar, vivendo em comunidade. Corresponde ao biotopo+biocenose. 3. Relações bióticas e conceito de nicho ecológico. As espécies vegetais e animais vivem em constante interação, umas apoiando-se, servindo- se de ou eliminando as demais. Através desse jogo de interações, que se exercem em um determinado habitat (local de moradia da espécie), pode-se identificar o modo de vida da espécie, ou seja, sua maneira de sobrevivência. O conceito de nicho ecológico expressa esse modo de vida, as formas de alimentação e nutrição, de abrigo, atividade user Typewriter conceitonullnullbiológiconullnulldenullnullinteraçãonullnulldasnullnullespéciesnullnullcom onullnullmeio user Typewriter biotoponullnullou localnullnullnullnullbiocenosenullnullou nullnullconjunto denullnullplantas e nullnullanimais user Typewriter conceitonullnullespacial user Typewriter conceitonullnullde nichonullnullecológiconullnulle denullnullhábitat Edited by Foxit ReadernullCopyright(C) by Foxit Corporation,2005-2010nullFor Evaluation Only.null user Typewriter (diurna ou noturna, hibernação), de mecanismos de autodefesa, enfim, o "dia-a-dia" da espécie vegetal ou animal. Dentre as diferentes relações bióticas, distinguem- se as seguintes: - competição intra-específica (na mesma espécie): cada indivíduo de uma espécie compete com os demais por abrigo ou espaço, por alimentos ou nutrientes, por acesso à água, à luz ou qualquer outro elemento do meio necessário à sua sobrevivência. Sobrevivem os indivíduos mais fortes ou robustos. Exemplo: sob uma mangueira, dificilmente germinam outras, pois a planta-mãe produz excessiva sombra e absorve muita água e nutrientes do solo dentro do seu raio de ação. - competição interespecífica (entre diferentes espécies): as diferentes espécies que vivem em um local - mas com exigências idênticas - competem pelos mesmos elementos citados acima, permanecendo no local a espécie mais bem sucedida. Exemplos: (1) duas espécies de plantas heliófitas podem competir por luz, sendo eliminada a espécie mais fraca, de crescimento mais lento ou mais sensível; (2) animais pastadores podem competir por espaço e alimento, em uma pradaria. - cooperação interespecífica: duas espécies diferentes complementam-se, uma fornecendo algo à outra ou criando o ambiente para que ela se desenvolva. Exemplo: o cacaueiro só se desenvolve no sub-bosque, isto é, em um ambiente levemente sombreado. Dentre as formas de cooperação, distinguem-se: - comensalismo: apenas uma espécie "leva vantagem", não favorecendo em nada aquela que a ajuda, mas também não causando prejuízos. Exemplo: as plantas epífitas, que se apóiam nos troncos e ramos das árvores, como as orquídeas; instalam-se sobre a planta hospedeira (comensal=hóspede, convidado), mas não a prejudicam. - mutualismo ou simbiose: as duas espécies só sobrevivem juntas, em união indissolúvel. Há total dependência entre elas. Exemplos: (1) os líquens, que são formados pela união de uma alga com um fungo; (2) certas bactérias nitrificadoras só se multiplicam-se nas raízes de plantas leguminosas; estas, por sua vez, só sobrevivem se assimilam o nitrogênio produzido pelas bactérias. - cooperação não obrigatória: as duas espécies beneficiam-se quando vivem juntas, mas podem sobreviver uma sem a outra. Exemplos: (1) formigas que habitam as embaúbas, alimentando- se das sementes desta, mas ao mesmo tempo evitando que outros predadores possam instalar-se na planta; (2) aves que "palitam" os dentes dos jacarés, livrando estes de resíduos e alimentando- se dos mesmos. - parasitismo: uma espécie sobrevive às custas da outra, explorando e prejudicandoou até levando à morte, a planta hospedeira. Os organismos parasitas não são de vida livre, vivendo no ou sobre o organismo hospedeiro , pelo menos em parte da sua vida. Exemplo: organismos patogênicos causadores de doenças no homem, nos animais e nas plantas (dengue, hidrofobia, ferrugem do café etc.). - predação: um organismo alimenta-se de outro, levando a vítima à morte e consumindo-a. Os predadores são de vida livre, isto é, não vivem ligados à presa ou vítima; apenas vão à caça, pesca ou apanha quando necessitam. Exemplos: (1) animais carnívoros; (2) plantas carnívoras (que só complementarmente assimilam insetos apanhados, vivendo sobretudo de nutrientes do solo). - amensalismo: as duas espécies são completamente indiferentes uma à outra, não favorecendo e nem prejudicando o desenvolvimento da espécie vizinha. Fontes consultadas: ELHAÏ, Henri Biogéographie. Paris, Ed. Armand Colin. 1968. LACOSTE, A. e SALANON, R. Éléments de biogéographie. Paris, Ed. Fernand Nathan. 1969. SIMMONS, I.G. Biogeografía natural y cultural. Barcelona: Ed. Omega, 1989. TROPPMAIR, Helmut Biogeografia e ecologia. Rio Claro, 1987. user Typewriter competiçãonullnullentrenullnullindivíduosnullnulliguais user Typewriter competiçãonullnullentrenullnullespéciesnullnulldiversas user Typewriter uso semnullnullprejuízonullnullpara onullnullhospedeiro user Typewriter necessidadenullnullmútua user Typewriter cooperaçãonullnulleventual user Typewriter uso comnullnullprejuízonullnullpara onullnullhospe-nullnulldeiro user Typewriter user Typewriter caça Edited by Foxit ReadernullCopyright(C) by Foxit Corporation,2005-2010nullFor Evaluation Only.null
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