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1 O IMPEACHMENT 2 O IMPEACHMENT SUMÁRIO 3 O IMPEACHMENT 4 O IMPEACHMENT 5 O IMPEACHMENT SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 7 .......................................................................................... 2.1 Definição Nominal: 8 .............................................................................. 2.2 Definição Real: 8 ................................................................................... 3.1 Em Francês - Le Dictionnarie 9 ................................................................. 3.2 Em Espanhol - Word Reference 9 ............................................................... 3.3 Em Inglês: Dictionary By Farley 9 .............................................................. 3.4 Em Italiano: Dizionario Di Italiano 9 ............................................................ 3.5 Em Português: Dicionário Informal - Aurélio 10 .............................................. 4 ORIGEM 10 ............................................................................................... 4.1 Impeachment na Inglaterra 10 .................................................................. 5 PAÍSES QUE ADERIRAM AO IMPEACHMENT 12 ........................................................ 5.1 O Impeachment Norte-Americano 12 ........................................................... 5.3 Impeachment na França 14 ...................................................................... 5.4 Impeachment na Itália 15 ........................................................................ 5.5 Impeachment em Portugal 15 .................................................................... 6.1 Conceito de crime de responsabilidade civil 16 .............................................. 6.1.2 Quem pode cometer crime de responsabilidade? 16 .................................... 6.2 Quanto à sua natureza 17 ........................................................................ 6.3 CPIs 18 ............................................................................................... 6.4 Processo 18 ........................................................................................... 6.5 Impeachment de Collor 19 ...................................................................... 6.6 Protestos de 15/03/2015 - Pedido de impeachment para Dilma Rousseff 20 ............ 7 CONCLUSÃO 22 .......................................................................................... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23 ........................................................................ FONTES 23 ................................................................................................... 6 O IMPEACHMENT 7 O IMPEACHMENT 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tratará sobre o Impeachment em seus aspectos de origem, processo e evolução histórica. Mostraremos a comparação com outros sistemas jurídicos internacionais onde o Impeachment foi utilizado. Analisaremos criteriosamente, seu significado, sua necessidade de uso e seu impacto da efetiva aplicação do direito positivo sobre o cenário político- administrativo pátrio. Primeiramente estudaremos a etimologia da palavra Impeachment, suas características nominal, real e seu significado em alguns idiomas. Exploraremos também a sua evolução histórica, começando pelo país pelo qual sua existência iniciou, ou seja, na Inglaterra. Abordaremos o uso do Impeachment nos Estados Unidos, e veremos as diferenças quanto à sua prática. Veremos a evolução histórica do Impeachment em outras jurisdições, como por exemplo; Argentina, França, Itália e Portugal. Nos dias atuais, onde o Brasil se confronta com grave crise política, com possibilidade de evolução para uma crise institucional, é de suma importância as considerações sobre esse tema. Ao adentrar no fato histórico do Impeachment no Brasil, iremos mencionar seu conceito e fazer a confrontação do Impeachment frente à nossa Constituição Federal de 1988, para entendermos qual é a lei que específica tal ato e em quais aspectos poderá ocorrer a sua execução. Perscrutaremos sobre o impeachment de Collor, seu decurso e repercussão. E por fim, discutiremos sobre a expectação do Impeachment à atual presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff. 8 O IMPEACHMENT 2 CONCEITO DA PALAVRA IMPEACHMENT 2.1 Definição Nominal: Definição Nominal exprime o sentido da palavra ou termo utilizado para a representar. Entendendo sua definição poderemos esplanar melhor a abordagem da matéria e sua influência. Na busca dessa definição, chega-se à origem etimológica da palavra impeachment, do latim impedimentum, que significa impedir, proibir a entrada com os pés, e representa a idéia de não pôr os pés. A raiz comum do inglês peachment e do latim pedimentum é ped, que se traduz por pé, e somada ao preverbo em do inglês ou in do latim, cujo significado é “não”, i n t e g r a m o v o c á b u l o d a n d o o s i g n i f i c a d o j á c i t a d o . Etimologicamente, impeachmenté “a proibição de entrar”. Em inglês, como decorrência da evolução natural do significado do termo, a t u a l m e n t e o v e r b o t o i m p e a c h s i g n i f i c a o a t o d e acusar, pôr em dúvida, depre ciar, incriminar com o objetivo de impedir o indivíduo criminoso (especialmente um alto funcionário) de, em razão da função que exerce, agir contra o interesse público. De fato, o verbo cognato de impeachment é to impeach e, conforme a didática tradução que Cretella Júnior faz do texto da obra de Hornby- G a t e n b y - Wakefield, The advanced learner's dictionary ofcurrent English, tem o sentido de “incriminar ou acusar” de crime ou mau procedimento, com a finalidade de “impedir” a pessoa criminosa: especialmente incriminar um funcionário do Estado de traição ou má conduta durante seu tempo de serviço, como “impedir” um juiz que aceitou “suborno"1. 2.2 Definição Real: A definição real procura exprimir a natureza da própria coisa que a palavra representa. Conforme a definição real o Impeachment é uma palavra de origem inglesa que significa "impedimento" ou "impugnação", utilizada como um modelo de processo instaurado contra altas autoridades governamentais acusadas de infringir os seus deveres funcionais. Dizer que ocorreu impeachment ao Presidente da República, significa que este não poderá continuar exercendo funções. Abuso de poder, crimes normais e crimes de responsabilidade, assim como qualquer outro atentado ou violação à Constituição são exemplos do que pode dar base a um impeachment. _______________________________ 1 Riccitelli, Antonio Impeachment à Brasileira : Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p.1 9 O IMPEACHMENT 3 TRADUÇÃO DE IMPEACHMENT EM OUTROS IDIOMAS 3.1 Em Francês - Le Dictionnarie Impeachment: (droit), (mot anglais) mise en accusation devant le congrès des États- Unis d'un haut fonctionnaire ou du président. Impeachment: (Direito) (palavra em Inglês) acusação perante o Congresso dos Estados Unidos de um alto funcionário ou presidente. 3.2 Em Espanhol - Word Reference Impugnación: Refutación, petición de anulación de una resolución oficial, de acuerdo con las leyes: impugnación de una sentencia. Impugnação: Refutação, a anulação de uma resolução oficial, de acordo com as leis: contestar uma decisão. 3.3 Em Inglês: Dictionary By Farley Impeach:To make an accusation against: impeach someone ofa crime. To bring formal charges against (a public official) for wrongdoing while in office. To raise doubts about; discredit or disparage: impeach a witness's credibility; impeac h someone's character. The act of impeaching; condition of being impeached. (In the U.S. Congress or a state legislature) the presentation of charges against a pu blic official by the lower house, with trial to be before the upper house. Para fazer uma acusação contra: acuse alguém de um crime. Para apresentar acusações formais contra (funcionário público) para irregularidades durante o mandato. Para levantar dúvidas sobre; desacreditar ou depreciar: acuse credibilidade de uma testemunha; acuse o caráter de alguém. O ato de impeachment; condição de ser cassado. No Congresso dos EUA ou um legislador estadual) a apresentação de acusações contra um funcionário público pela câmara baixa, com o julgamento ser antes de a câmara alta. 3.4 Em Italiano: Dizionario Di Italiano I m p e a c h m e n t : N e l d i r i t t o a n g l o s a s s o n e , p r o c e d i m e n t o d ' a c c u s a c o n t r o u n a l t o f u n z i o n a r i o o u n u o m o p o l i t i c o ( i n partic. il capo dello Stato), sospettato di aver violato la legge nell'esercizio delle propr ie funzioni. 10 O IMPEACHMENT No direito anglo-saxão, o processo de acusação contra um alto funcionário ou um político (em partic. O chefe de Estado), suspeito de ter violado a lei no exercício das suas funções. 3.5 Em Português: Dicionário Informal - Aurélio Impeachment: Impedimento. Processo que se instaura contra as altas autoridades do governo com o fim de as destituir do cargo por denúncia de infração grave dos deveres funcionais. 4 ORIGEM 4.1 Impeachment na Inglaterra A primeira manifestação fática do impeachment foi na Inglaterra, porém teve a sua origem desde os primórdios dos tempo. Em Roma os responsáveis pelos julgamentos dos crimes eram os próprios cidadãos, uma vez que praticado o fato delituoso o acusado era levado à praça publica, onde era julgado, se condenado, poderia ser punido com castigos físicos ou conduzido à morte. Já em Atenas, haviam votações secretas que os atenienses faziam em assembléia popular e condenava os delatores à exclusão, ou seja, ao exílio político. Riccitelli deixa clara a idéia exposta acima quando cita: Em Atenas, o homem que representava algum tipo de risco para a sociedade era condenado, por uma assembléia popular, ao exílio político, ao ostracismo. Em Roma, os acusados de delito capital tinham direito a um julgamento popular em praça pública.2 Foi na Inglaterra onde o processo de impeachment tomou forma, por volta do século XII e XIV, ou seja, no Berço do Parlamentarismo3, o impeachment surgiu como uma forma alternativa de punir os detentores do poder, ou seja, os nobres e os freqüentadores da cortes, dos quais eram acusados pelo clamor popular de praticarem crimes. __________________________ 2 Riccitelli, Antonio Impeachment à Brasileira : Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p.5 3 Regime do governo em que a chefia é confiada ao próprio Parlamento, sendo exercida por um Primeiro-Ministro, que comanda o Gabinete. A chefia de Estado é confiada ao Presidente da República ou ao rei, conforme o caso (Aquaroli, Costa, 2004, p 230). 11 O IMPEACHMENT Esses crimes ficavam sobre responsabilidade de uma das casas do parlamento para apurar todos os fatos e realizar as investigações necessárias. Quando analisada a sua origem, o processo do impeachment deve ser visto de duas espécies a criminal e a política. A espécie criminal apresentou-se durante o reinado de Eduardo III em que predominava o principio do “The King can do no Wrong”4, a consagrada teoria da irresponsabilidade, tal principio salvaguardava o monarca da responsabilidade pelos seus atos transmitindo-os aos ministros e conselheiros, uma vez que o monarca estava acima de tudo e de todos. O impeachment submetia o acusado a diversas penas que variavam de acordo com a gravidade de seus crimes. Essas penas eram desde a perda do cargo, multa, castigos corporais, e até mesmo a morte. A teoria da responsabilidade foi adotada na época dos Estados absolutos e repousava fundamentalmente na idéia de soberania. O Estado dispõe de autoridade incontestável perante o súdito; ele exerce a tutela do direito, não podendo, por isso, agir contra ele; daí os princípios de que o rei não pode errar (the king can do no wrong; le roi ne peut mal faire) e o q u e a q u i l o q u e a g r a d a a o p r í n c i p e t e m f o r ç a d e l e i ( q u o d p r i n c i p i p l a c u i t h a b e t l e g i s v i g o r e m ) . Q u a l q u e r responsabilidade atribuída ao Estado significaria colocá-lo no mesmo nível que o súdito, em desrespeito a sua soberania 5. A utilização do processo de impeachment passou a ser menos freqüente e parou de ser ut i l izado em 1459, porém em 1620 retornou com características políticas e não mais criminal como anteriormente. As sanções aplicadas deixaram de serem castigos físicos ou patrimoniais, e passaram a ser a perda do cargo e dos direitos políticos. Ressurgiu com características distintas, não sugerindo punições físicas ou p a t r i m o n i a i s , t o r n a n d o - s e p r o c e d i m e n t o de características essencialmente políticas 6. _________________________________________ 4 Tradução: O rei não pode errar, consagrada teoria da irresponsabilidade. 5Direito Administrativo, Pietro, Maria Silva Zanella, 2002, p 525). 6 Riccitelli, Antonio Impeachment à Brasileira : Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p.4 12 O IMPEACHMENT Especificamente, o processo foi usado pela primeira vez pelo parlamento na Inglaterra contra William Latimer, o 4º Barão Latimer , na segunda metade do século XIV. A partir da ocorrência dos casos, a utilização desse instituto passou a ser menos freqüente e caiu em desuso no século XVII, pois devido a sua complexidade, que era de um processo penal com procedimento político que assegurava ao acusado o direito de ampla defesa e contraditório como resultado gerava extensos e desgastantes debates além de morosidade no pronunciamento das respectivas sentenças, o que causou o seu desuso e a sua substituição pela Lei Bill Of Attainder. A lei Bill Of Attainder não possuía caráter de definido de crime, isto é, embora se aplicasse mais aos casos de traição, não precisava se ater a definição jurídica desse ou de qualquer outro crime, o que resultava em um tipo de julgamento não transparente para o acusado 7. O caso de maior repercussão em que se viu a aplicação da Lei Bill Of Attainder foi o do Conde de Stratford que no inicio começou a ser julgado no processo de i m p e a c h m e n t m a i s q u e p o r f a l t a d e p r o v a s n ã o v a l i d a r a m a sua acusação, então como garantia da sua acusação aplicaram a Lei de Bill Of Attainder, o qual o condenou a morte. 5 PAÍSES QUE ADERIRAM AO IMPEACHMENT 5.1 O Impeachment Norte-Americano No Artigo 1º, seccão 2, da Constituição Americana está descrito: A Câmara dos Representantes elegerá o seu Presidente e demais membros da Mesa e exercerá, com exclusividade, o poder de indiciar por crime de responsabilidade (impeachment).8 A palavra impeachment, é antecedida pela frase crime de responsabilidade, da mesma forma que está escrita também em nossa Constituição Federal de 88 no artigo 85, que esplanaremos mais adiante. Ainda no Artigo 1º, secção 3: Só o Senado poderá julgar os crimes de responsabilidade (impeachment). Reunidos para esse fim, os Senadores prestarão juramento ou compromisso. ____________________________7Um procedimento legislativo que condenava ex vi legis, sem direito à defesa.( Riccitelli, Antonio Impeachment à Brasileira Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p.10). 8 Citação do artigo 1ª, secção 2 da Constituição Americana. (Descrição do impeachment).5.1.2 O julgamento do Presidente dos Estados 13 O IMPEACHMENT Unidos será presidido pelo Presidente da Suprema Corte. E nenhuma pessoa será condenada a não ser pelo voto de dois terços dos membros presentes. A pena nos crimes de responsabilidade não excederá a destituição da função e a incapacidade para exercer qualquer função pública, honorífica ou remunerada, nos Estados Unidos. O condenado estará sujeito, no entanto, a ser processado e julgado, de acordo com a lei. Está transcrito de maneira clara e objetiva que seus efeitos nos EUA são unicamente de cunho político, sendo julgados de acordo com a lei. Na Inglaterra, o impeachment apresenta amplíssima dimensão, permanecendo a ele sujeito todos os súditos do reino, pares ou comuns, altas autoridades ou simples cidadãos, militares ou civis, dele se subtraindo, como sabemos o monarca; nos Estados Unidos, cabe contra os que se acham investidos em cargos públicos, abrangendo, desde o Presidente da República, até os funcionários da União, e cessando quando autoridade é desligada do cargo 9. A d i fe rença do impeachment amer icano adv indo suas ra ízes do sistema jurídico britânico, é que não há a aplicação do princípio do “the king can do no wrong”, ou seja, o processo de impeachment terá como agentes os que se acham investidos de cargos públicos, abrangendo desde o Presidente ate os funcionários do Estado. Já no sistema inglês que adota tal princípio, todos os súditos do reino poderão ser agentes do impeachment, desde o mais simples cidadão ate o mais alto cargo militar, porém como o sistema pátrio usado na Inglaterra adota o principio da irresponsabilidade tem salvaguardado a figura do monarca, uma vez que o rei nunca erra somente é mal aconselhado. Um exemplo concreto foi Bill Clinton, o 42º presidente dos Estados Unidos, sofreu um processo de impeachment pela Câmara dos Representantes sob duas acusações, uma de perjúrio e uma de obstrução da justiça, em 19 de dezembro de 1998. Dois outros artigos do impeachment (uma segunda acusação de perjúrio e uma acusação de abuso de poder) não foram aceitos pela Câmara. As acusações surgiram após o escândalo Lewinsky e a ação judicial movida por Paula Jones.Clinton foi absolvido pelo Senado em 12 de fevereiro de 1999. _____________________________ 9 Gallo, Carlos Alberto Provenciano, Crimes de Responsabilidade do Impeachment,1992, p. 2 Exigindo uma maioria de dois terços para a condenação, apenas 50 senadores (de 100) votaram pela acusação de obstrução e 45 pela acusação de perjúrio. 14 O IMPEACHMENT A votação na Câmara e no Senado foi amplamente partidária. Na Câmara, apenas cinco representantes democratas votaram pelo impeachment. No Senado, que tinha 55 senadores republicanos, nenhum dos senadores democratas votaram pela condenação. Foi a segunda vez que um presidente sofreu um processo de impeachment na história norte-americana, sendo o outro Andrew Johnson, que também foi absolvido pelo Senado, mas pela margem de um voto. 5.2 O impeachment argentino Conforme cita Riccitelli em seu livro Impeachment a brasileira , o impeachment argentino. tem características semelhantes ao impeachment americano e também brasileiro, baseia-se,na Constituição da Nação de maio de 1853, passando pelas reformas de 1860, 1866, 1898, 1949, 1957 e 1994 tratando-se de crimes de responsabilidade. Possui caráter políticoo, mas pode ter sanções criminais , que só podem ser aplicadas pelo poder judiciário. No sistema argentino é previsto o afastamento da autoridade do cargo definitivamente, não podendo ser revogado. 5.3 Impeachment na França A Constituição da França também admitiu o impeachment, contra o Presidente da Republica e os Ministros do Estado nos casos de alta traição, a corte francesa era composta por 30 juízes, sendo 20 eleitos pela assembléia nacional entre os seus deputados e dez não integrantes da assembléia, mas eleitos pela mesma assembléia, que era denominada Haute Court que traduzido significava alta corte. O impeachment foi admitidos também na França, a partir da Grande Revolução, em 1875, contra o Presidente da Republica, nos crimes de alta traição, e contra os ministros de Estado. O instituto atingia os cidadãos de modo geral e admitia penas administrativas, civis, e criminais, assemelhando-se ao sistema inglês. A Constituição de 1946 criou uma alta corte chamada Haute Court, composta por trinta juízes, sendo vinte eleitos pela Assembléia Nacional e n t r e s e u s d e p u t a d o s e d e z e l e i t o s p e l a mesma assembléia, porém membros não integrantes dela.10 10 Riccitelli, Antonio Impeachment à Brasileira : Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p.9 15 O IMPEACHMENT 5.4 Impeachment na Itália No direito italiano existem duas espécies de impeachment : são os temporários (quando o Presidente da República não puder por qualquer motivo que seja exercer o cargo) e os definitivos: ( por motivos de enfermidade incurável não puder mais exercer o cargo definitivamente , e outra situação é quando o Presidente da República praticar crime de alta traição contra o país. 5.5 Impeachment em Portugal O impeachment esta previsto no artigo 130 da Constituição de Portugal, in verbis: Artigo 130.o(Responsabilidade criminal) 1. Por crimes praticados no exercício das suas funções, o Presidente da República responde perante o Supremo Tribunal de Justiça. 2. A iniciativa do processo cabe à Assembléia da República, mediante proposta de um quinto e deliberação aprovada por maioria de dois terços dos Deputados em efetividade de funções. 3. A condenação implica a destituição do cargo e a impossibilidade de reeleição. 4. Por crimes estranhos ao exercício das suas funções o Presidente da República responde depois de findo o mandato perante os tribunais comuns . De acordo com a constituição Presidente da Republica venha a praticar crimes e s t r a n h o s a su a f u n çã o , e s te r e sp o n d e rá p e ra n te o s t r i b u n a i s de justiça comum após o termino do seu mandado, outro fato que diferencia do nosso sistema pátrio que uma vez cometidos os crimes comuns do Presidente da República serão de competência do Supremo Tribunal Federal e os Crimes de Responsabilidade do Senado. _________________________________ 11 De Goes, M. S, Impeachments Italiano, Argentino, Francês e Português Rev. Npi/Fmr set. 2010. 16 O IMPEACHMENT 6 IMPEACHMENT NO BRASIL Apesar de não encontrarmos a palavra impeachment em nossa constituição federal, ela pode ser identificada no artigo 85 como crime de responsabilidade; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. 6.1 Conceito de crime de responsabilidade civil É um ilícito Político / Administrativo que tem origem noDireito Inglês, onde a câmara dos comuns poderia punir o ministro do rei, retirando o cargo que ele detinha. No Brasil, se o indivíduo cometer uma situação prevista na constituição poderá sofrer uma sanção , no caso a perca do cargo. 6.1.2 Quem pode cometer crime de responsabilidade? De acordo com a constituição de 88, no artigo 52, inciso I, outras pessoas também podém cometer crime de responsabilidade, conforme mencionado abaixo: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles ; I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99). 17 O IMPEACHMENT 6.2 Quanto à sua natureza A Lei n° 1.079/50 que define os crimes de responsabilidade, trata tal assunto de maneira diversa, ou seja, não como uma conduta que atente a Constituição mais sim conduta politicamente indesejável e anti-social, ou seja, consubstanciando tanto a natureza política como também a sua forma penal. Também na Lei 1079/50 no Art. 9º em seu caput está escrito: São crimes de responsabilidade contra a probidade na administração: § 7 - proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decôro do cargo. Outras mais divergências são apontadas pelas doutrinas, uma vez que instaurado o processo de impeachment sendo o acusado, culpado e destituído cessam as garantias constitucionais atribuídas ao cargo não mais ocupado e ele fica a disposição da justiça comum para responder por seus crimes comuns, contudo ocorre que sendo o réu absolvido pelo Senado Federal, tal absolvição impede que ele responda por tais crimes comprovando assim não ser estritamente política a natureza da pena. Entende Manoel Ferreira Filho que a absolvição do acusado pelo Senado impede que ele seja processado pela justiça comum, que revela não ser estritamente política a natureza da pena 12 . José Cretella Junior deixa claro sua opinião à favor da natureza jurídica, conforme citação de sua obra: O impeachment perante o direito brasileiro não tem caráter jurisdicional. É substancialmente administrativo, valendo como uma defesa da pessoa jurídica de direito público político, de existência necessária, contra o “improbus” administrador. Se tivesse caráter jurisdicional, o acusado ficaria sujeito a dois processos contenciosos, um de competência do Poder Legislativo, e outro, do Poder Judiciário; responderia duas vezes pelo mesmo fato e deveria suportar duas condenações 13 . Já o jurista Pontes de Miranda defende sua natureza penal: Não há julgamento político ao arbítrio dos julgadores: há aplicação de regras de direito material, por corpo político homogêneo ou misto. O que se tem por corpo político, homogêneo ou misto. O que se tem por fito, com o impeachment brasileiro, inconfundível com o dos outros Estados, é ao mesmo tempo punir-se o dirigente e dar-se-lhe foro especial durante a permanência do cargo14. 18 O IMPEACHMENT ___________________________ 12 Riccitelli, Antonio Impeachment à Brasileira : Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p. 19 13 Do Impeachment no Direito Brasileiro. J. Cretella Júnior. Ano: 1992 p. 17, 18. 14 Código Civil Comentado (Miranda, Pontes 1973. p. 385). 6.3 CPIs Iniciou-se do clamor popular que necessitava e exigia uma comissão especial para que se fizesse uma investigação, e consequentemente a criação de um instituto para punir os detentores do poder públ ico acusados de fazer mal uso da administração pública. A CPI teve a sua origem durante o reinado de Eduardo III, contudo, Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Nelson de Souza Sampaio citado por Sergio Resende Barros entendem que a Comissão Parlamentar de inquérito originou-se na Câmara dos Comuns. A CPI equivale, juridicamente, à sindicância administrativa, embora podendo apurar fatos atribuídos a particulares não funcionários. Ambas desenvolvem atividades que incidem sobre fatos. Não quaisquer fatos, mas fatos determinados15. Após a instauração e apuração da denúncia através das investigações feitas pelas CPIs, concluído o relatório pela mesma comissão, esse relatório é encaminhado a Câmara dos Deputados que analisará o resultado das investigações, e determinará a procedência ou não da peça enviada. Portanto o impeachment não é o início da fase e sim a fase final do processo. 6.4 Processo No art.86 em seu caput está escrito: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. Este artigo é disciplinado pela lei federal 1079/50 que relata o processo para quem comete crime de responsabilidade, Sendo assim, ao analisarmos subtendemos que é um processo escalonado, dividido em duas fases: Primeiro a câmara dos deputados verifica a autoria e a maturaridade do pedido de impeachment, para o processo dar andamento é necessário que 2/3 das câmaras dos depu tados conco rdem que o p res i den te come teu c r ime de responsabilidade. Nos dias atuais isto representa 342 deputados. 19 O IMPEACHMENT ___________________________ 15 Do Impeachment no Direito Brasileiro. J. Cretella Júnior. Ano: 1992 p. 65. Na segunda fase o Senado federal irá julgar se o presidente cometeu o crime de responsabilidade, também por 2/3, equivalendo nos dias de hoje à 54 senadores. A punição é a perda do cargo e a inabilitação das funções públicas por 8 anos. Pa ra Cre te l l a Jun io r a ap rovação da Câmara dos Depu tados é mera autorização para que o Senado instaure o processo de impeachment, caso ela vote improcedente a denúncia essa será arquivada, se procedente ela será encaminhada ao Senado Federal ai só então teremos o instituto do impeachment iniciado, podendo culminar penas condenatórias previstas na Lei de Crimes de Responsabilidade. A d e c l a r a ç ã o d a C â m a r a d o s D e p u t a d o s é u m a , e apenas: autorização outorgada para a instauração do processo contra o Presidente da República 16. A perda do cargo impede que continue na sua função o condenado pelo Senado Federal, no caso da inabilitação de exercer qualquer outro cargo, isso engloba tanto os concursos públicos, mandatos eletivos e cargos de confiança. No caso da inabilitação, por determinado período, a função publica em tela e compreensiva as definições, já mencionadas, do termo, incluindo aquelas derivadas de concurso público, mandatos eletivos e cargos de confiança. Vale dizer que o Presidente da República, condenado por crime de responsabilidade ou infração político administrativa, sujeita-se a perder o cargo, bem como tornar-se inelegível por oito anos 17. 6.5 Impeachment de Collor Em dezembro de 1992, em sessão extraordinária no Congresso Nacional, um Presidente da República Fernando Afonso Collor de Mello, foi deposto em processo de impeachment pela primeira e única vez na história constitucional brasileira. Iniciado após denúncias de corrupção expostas por seu irmão Pedro Collor após pouco mais de dois anos de seu governo, o impeachment do Presidente Collor marcou a história política do país, considerando ter sido esse o único caso de deposição no país através de condenação por crimes de responsabilidade. Após diversasmanifestações, em variados setores da sociedade, e comprovado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, o esquema de corrupção com o envolvimento do Presidente, líderes da Ordem dos Advogados do Brasil da imprensa solicitaram a instauração do processo de impeachment. 20 O IMPEACHMENT __________________________ 16 Do Impeachment no Direito Brasileiro. J. Cretella Júnior. Ano: 1992 p. 58 17 Riccitelli, Antonio, Impeachment à Brasileira : Instrumento de Controle Parlamentar,2006, p. 74 Collor foi afastado do cargo pela Câmara dos Deputados no dia 29 de setembro de 1992. O acontecimento, televisionado, parou o país, tendo sido o juízo de admissibilidade aprovado pela Câmara dos Deputados por 441 votos a favor e 38 contra. Dias antes de ser julgado no Congresso Nacional, Collor renuncia ao cargo acreditando que assim poderia evitar a pena de perda dos direitos pelo período de oito anos. Porém, no dia 29 de dezembro de 1992 o Senado Federal decretou o impeachment, por 76 votos a 3, impondo, mesmo diante da renúncia, a perda dos direitos políticos, encerrando-se assim um período marcante da história presidencial brasileira. 6.6 Protestos de 15/03/2015 - Pedido de impeachment para Dilma Rousseff Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. 19 No dia 15 de Março de 2015, a população brasileira com um grito de socorro, na busca incessante pelos seus direitos por um governo justo e sem corrupção, sai as ruas com a súplica do Impeachment da atual presidente da Repúbilca Dilma Rousseff. Segundo os cálculos da Polícia Militar de cada Estado, no total, cerca de 2 milhões de pessoas compareceram.20 No dia 01/04/2014 conforme reportagem da revista Exame, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), protocolado pelo senador Mário Couto (PSDB-PA), não tem "fundamento" nem "seriedade". Cabe à Câmara autorizar ou não um processo. "Não vejo nenhum elemento que venha justificar. Até porque agora, além da investigação feita pelos órgãos - Tribunal de Contas da União e Ministério Público -, a questão da Petrobras também tem uma CPI que está para ser instalada na Câmara e no Senado. A partir daí, você insinuar a presidente da República num comportamento como este, eu não vejo o menor fundamento, nem sequer seriedade", disse Alves.21 __________________________________ 21 O IMPEACHMENT 18 SynThesis Revista Digital FAPAM, Pará de Minas, n.3, 130 - 137, abr. 2012 19 Hino Nacional Brasileiro , parte b. 20 Notícias uol.com.br 21 Revista exame, 01/04/2014 Para o jurista Tales Castelo Branco, considerar a possibilidade de impeachment hoje é uma atitude “imoral por parte dos derrotados na eleição e totalmente contrária à ética política”. Segundo vários especialistas, não há provas concretas do envolvimento de Dilma nas duas frentes que poderiam gerar um processo: sua participação direta nos desmandos da Petrobras, ou que ela soubesse que parte do dinheiro desviado da estatal teria ido parar no caixa do PT, financiando sua reeleição. O cientista político Fábio Wanderley Reis considera “prematura” a discussão neste momento. Mas não partilha da opinião de que seria “golpe” abordar o tema.22 Já na opinião do Jurista Ives Gandra Martins, a hipótese para o impeachment é favorável, já que caracteriza omissão, negligência e imperícia por parte da Presidente Dilma Rousseff. "Considerando que o assalto aos recursos da Petrobras, perpetrado durante oito anos, de bilhões de reais, sem que a Presidente do Conselho e depois Presidente da República o detectasse, constitui omissão, negligência e imperícia, conformando a figura da improbidade administrativa", concluiu.23 Porém conforme descrito e explicado anteriormente, o processo de Impeachment é lento e moroso, como por exemplo no caso de Collor, o processo durou cerca de sete meses, desde a instalação da comissão parlamentar mista de inquérito, em 1º de junho de 1992, até a sua renúncia, em 29 de dezembro de 1992. Segundo a Lei 1.079/50, caso o processo de impeachment de Dilma Rousseff seja julgado e considerado procedente, quem assume é o vice, no caso, Michel Temer (PMDB-SP), que permanece até o fim do mandato. Caso o vice também seja afastado ainda durante a primeira metade do mandato, serão convocadas novas eleições. Caso ele seja afastado a partir da segunda metade do mandato, as eleições são indiretas, no caso, apenas os membros do Congresso Nacional podem votar nos candidatos. Enquanto as eleições acontecem, quem assume é o terceiro na linha sucessória, o presidente da Câmara dos Deputados, atualmente o peemedebista Eduardo Cunha. _____________________________ 22 O IMPEACHMENT 22http://www.dm.com.br/politica/2015/02/especialistas-acham-debate-sobre-impeachment-de-dilma- prematuro.html 23http://folhapolitica.jusbrasil.com.br/noticias/117375306/presidente-da-camara-diz-que-impeachment- de-dilma-nao-tem-fundamento 7 CONCLUSÃO O impeachment é um instituto legal, previsto na carta magna brasileira como crime de responsabilidade e regulada pela lei federal 1079/50. Não importa a década que estamos; 80, 90 ou até mesmo 2000, cabe sim a aplicação do impeachment, quando as suspeitas forem suficientemente válidas, quanto à prática de crime de responsabilidade, abuso de poder e desrespeito à constituição. São passíveis de perda dos cargos os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal, contra a probidade da administração pública, contra a lei orçamentária e contra a guarda e o emprego legal do dinheiro público. Esta ferramenta foi adotada desde os primórdios dos tempos em Roma e Atenas, mas sua primeira manifestação fática ocorreu na Inglaterra, seu uso tornou-se tão primordial, que outros países também aderiram ao costume, que a princípio tinha características criminais e com o passar do tempo, permaneceu a característica principalmente política. Dependerá da carta magna do país vigente definir quanto à punição do indivíduo que cometer tal deli to, podendo ter seus efeitos de caráter penal ou apenas jurídico, delimitando seu afastamento do cargo por um período determinado ou por um período definitivo. O Impeachment é fundamental pois parte de uma quebra de confiança no Parlamento, é um elemento que representa o povo e existe nos países democráticos para permitir a cassação de chefes do Estado no Congresso, governantes esses que não fizeram por merecer seus mandatos. 23 O IMPEACHMENT REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ➢ Riccitelli, Antônio, Impeachment à Brasileira: Instrumento de Controle Parlamentar, 2006. ➢ Aquaroli, Costa, Exame da Ordem, 2004. ➢ Constituição Americana. ➢ Constituição Federal de 1988. ➢ De Goes, M.S. Impeachments Italiano, Argentino, Francês e Português. ➢ Miranda, Pontes, Código Civil Comentado, 1973. ➢ Cretella, J Junior, Do impeachment no Direito Brasileiro, 1992. FONTES http://www.dm.com.br/politica/2015/02/especialistas-acham-debate-sobre- impeachment-de-dilma-prematuro.html http://folhapolitica.jusbrasil.com.br/noticias/117375306/presidente-da-camara-diz-que- impeachment-de-dilma-nao-tem-fundamento
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