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2 Olá estudante de Direito, obrigado pelo download deste eBook Tempo sempre foi uma das coisas mais preciosas em nossas vidas, ainda mais nos dias em que vivemos o tempo é curto e muito valioso! Devido a isso tivemos a ideia de reunir todo o nosso conhecimento para produzir um conteúdo organizado, estruturado e com linguagem fácil. Desta forma o teu aprendizado será muito mais rápido e eficiente // Didática deste eBook: Didática Organizada Matéria organizada e estruturada para ter uma linha de raciocínio e o melhor entendimento sobre o conteúdo Aprendizado Rápido Aprenda direito e aprenda rápido, não perca tempo com o que não traz resultado Linguagem Fácil Nem sempre a formalidade e a linguagem rebuscada ajuda, principalmente quando vamos aprender algo que ainda não sabemos Qualquer dúvida, sugestão, crítica ou feedback que tiver, por favor, envie em nosso e-mail: formulajuridicacontato@gmail.com Curta nossa Página do Facebook e envie uma mensagem em nossa página para fazer parte de nosso grupo de estudos do Whatsapp “O conhecimento quando compartilhado é muito melhor, pois, todos são beneficiados com novas formas de enxergar o mundo” 3 DIREITO CIVIL Antes de iniciar o conteúdo é importante enxergar em qual parte estamos na linha do tempo do estudo do Direito Civil No Direito Civil Parte Geral estudamos: Pessoa, Bem e Atos Jurídicos (Atos Jurídicos “lato sensu; Aquisição e Extinção e Negócios Jurídicos (Ato ilícito e Contratos) No Direito das Obrigações estudamos a obrigação entre as pessoas No Direito Contratual ou Contratos em Espécie estudamos o vínculo das obrigações estipuladas entre pessoas E neste momento, no Direito das Coisas ou Direito Real, iremos estudar o vínculo entre pessoa e objeto Direito das Coisas ou Direitos Reais TÓPICO 1 – NOÇÕES GERAIS Noções Gerais PRINCÍPIOS Vamos começar estudando alguns princípios que caracterizam os Direitos Reais: 1) Princípio do Absolutismo – O Direito Real é erga omnes (vale para todos) 2) Princípio da Publicidade – Se for Coisa Imóvel os Direitos Reais somente se adquirem após o registro no Cartório de Imóveis, se for Coisa Móvel se adquire com a tradição (com a troca) 3) Princípio da Tipicidade – O Direito Real é taxativo, ou seja, somente aquele que a Lei especificar (art. 1225 do CC) 4) Princípio da Atualidade – O Direito Real exige a existência atual da coisa, ex.: cachorro morto não é mais meu 5) Princípio da Individualização – O objeto do Direito Real é sempre certo e determinado 6) Princípio da Exclusividade – Não podem existir dois Direitos Reais contraditórios sobre a mesma coisa 7) Princípio da Sequela – Prerrogativa de obter, perseguir a coisa em poder de quem quer que ela esteja. O detendo do Direito Real tem o direito de perseguir a coisa aonde quer que ela esteja e com quem ela esteja 8) Princípio da Aquisição de Posse – Os Direitos Reais são passíveis de posse, por exemplo, alguns Direitos Reais adquirem-se pela usucapião, ou seja, a propriedade não se perde pelo não uso, mas sim por outra pessoa estar usando-a algum tempo 9) Princípio da Preferência – Os Direitos Reais gozam de preferência no rateio (divisão) entre dois credores diversos de um mesmo devedor Noções Gerais CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS Direitos Reais sobre Coisa Própria: É o Direito Real pleno, aquilo que é de propriedade sua Direitos Reais sobre Coisa Alheia: Subdivide em: 1. Direitos Reais sobre Coisa Alheia de Fruição Ex.: Usufruto, uso, habitação, servidões, a concessão especial para fins de moradia 2. Direito Reais sobre Coisa Alheia de Garantia Ex.: Penhor, hipoteca, anticrese, direito do promitente comprador de imóvel 4 TÓPICO 2 – DA POSSE O que iremos estudar nesse tópico: Posse é um Fato ou Direito? É uma situação de fato que gera um Direito, podemos dizer que POSSE é um direito especial que estuda dentro dos Direitos das Coisas, mas não é um Direito Real Elementos constitutivos – “corpus” = apreensão física, contato material com a coisa; “animus” = intenção de ter a coisa como sua Da Posse TEORIAS SOBRE A POSSE A Teoria adotada pelo Código Civil foi a de IHERING – Arts. 1198 e 1208 CC Para Ihering é um Direito, para Savigny é um Fato. Como não está descrito no rol taxativo do art. 1225 CC, mas está inserido dentro dos direitos reais, a maioria da doutrina a considera um fato que acarreta ou gera direitos, portanto, uma categoria jurídica própria especial, “sui generis” Da Posse TERMINOLOGIAS “Jus possidendi” (Direito de Possuir) - É a faculdade de possuir com base em uma situação jurídica preexistente (Ex. proprietário, locatário, usufrutuário, etc.) “Jus possessionis - É a faculdade de possuir com base na mera relação de fato, sem necessidade de título preexistente (Ex. aquele que cultiva terra abandonada sem relação jurídica ou título que lhe justifique a posse) Da Posse CLASSIFICAÇÃO DA POSSE ● Posse Direita e Posse Indireta (art. 1197 CC): Posse Direita ocorre quando todos os elementos da posse “corpus” e “animus” encontram-se reunidos na mesma pessoa; Posse Indireta ocorre quando há cessão dos poderes diretos fáticos sobre a coisa (sempre via relação jurídica), a divisão da posse é qualitativa ● Posse Justa e Posse Injusta (art. 1200 CC): Posse Justa é aquela não marcada pelos vícios da violência, clandestinidade e precariedade (“nec vi”, “nec clan”, “nec precário”), Posse Injusta é aquela em que estão presentes tais vícios ● Posse de Boa e Má-fé: Boa Fé tem aquele que ignora os vícios da posse (art. 1201 CC) ou os obstáculos para a aquisição da coisa, Má Fé tem aquele que conhece tais TEORIAS TERMINOLOGIAS CLASSIFICAÇÃO AQUISIÇÃO EFEITOS TUTELA IHERING Teoria Objetiva Para haver posse basta a presença do "corpus" + ausência de obstáculo legal para a aquisição da posse SAVIGNY Teoria Subjetiva Para que haja posse há a necessidade de estarem presentes os elementos "corpus" (contato físico) + "animus" (intenção de ter a coisa pra si, como proprietário) 5 obstáculos, ou seja, que tem consciência da ilegitimidade do seu direito ● Posse “ad interdicta” e “ad usucapionem”: Para a posse “ad interdicta” basta a demonstração dos elementos “corpus” e “animus”, ou “corpus” e ausência de impedimento legal para aquisição da posse, ou seja, se invoca para obtenção os interditos (ações possessórias). Para a posse “ad usucapionem” exige-se posse com requisitos especiais (tempo mínimo, “animus domini”, posse pacífica, etc), ou seja, invoca para a obtenção da usucapião Da Posse AQUISIÇÃO DA POSSE Art. 1204 CC: Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade Art. 1.205 CC: A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação Seguindo a Doutrina de Ihering, para verificar se alguém adquiriu a posse basta constatar se ocorre uma situação de “corpus” + ausência de obstáculo legal para aquisição da posse Mas o Código preferiu discriminar os modos de aquisição da posse: Da Posse Aquisição da Posse Modos de Aquisição Originária Apreensão: Por ato unilateral, sem qualquer ligação ou consentimento do possuidor anterior, ou seja, não há transmissão de posseanterior. (Ex. peixes adquiridos pelo pescador) Exercício do Direito: Objetivando a utilização ou função da coisa, ou seja, não basta a mera aptidão abstrata. A posse do direito se adquire pelo seu exercício Disposição do Direito: Quem dispõe de algo, exterioriza a sua posse (Ex. dar em comodato de outrem revela que a pessoa adquiriu a posse, pois a desfrutava) Da Posse Aquisição da Posse Aquisição Derivada ou Bilateral Quando existe nexo de causalidade entre a posse anterior e a atual, pode ser: Por Tradição: Real (entrega efetiva da coisa) ou simbólica (Ex. entrega das chaves) Pelo Constituto Possessório: O alienante conserva a coisa em seu poder, mas sob outro título (Ex. vende o imóvel, mas continua na posse como inquilino) Por Sucessão Hereditária: O herdeiro recebe a posse automaticamente no exato momento da morte do seu antecessor, mesmo que não haja apreensão (art. 1784 CC) OBS¹.: Na aquisição por “causa mortis” e a título universal o possuidor recebe a posse com todos os réus, vícios e qualidades. O herdeiro simplesmente fica no lugar do morto OBS².: Na aquisição por ato “inter vivos” e a título singular o adquirente recebe nova posse, podendo juntar ou não à do seu antecessor (art. 1207 CC) para efeito da usucapião, mas, neste caso, assume os riscos da posse anterior 6 Da Posse Aquisição da Posse EXCEÇÃO DA COMPOSSE Art. 1199 CC – Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores A posse de uma pessoa anula a de outra (princípio da exclusividade). Porém, por convenção ou título hereditário, pode-se instituir condomínio e, dessa forma, pode haver também a composse, uma vez que a posse é o sinal exterior da propriedade A composse não se fraciona em partes certas, mas tão somente em partes ideais. Assim, perante terceiros, cada um dos compossuidores procedem como se fossem um único e a todos são assegurados a utilização da coisa, a divisão da posse é quantitativa Da Posse EFEITOS DA POSSE Previsão nos arts. 1210/1222 CC ● Conduz a Usucapião: Decorre da posse prolongada, ou seja, a propriedade não é perdida pelo não uso, mas sim pelo uso, desta forma a posse prolongada conduz a usucapião ● Presunção “juris tantum” de propriedade: Significa que admite prova em contrário. Ex. determinado objeto está comigo, presume-se que está sob a minha posse e também é minha propriedade, porém o objeto pode estar sob a minha posse mas ser de propriedade de outro, por isso a posse é juris tantum, admite prova em contrário ● Percepção dos Frutos: Frutos são riquezas/utilidades que a coisa produz sem que haja alteração de sua substância (art. 95 CC); Podem ser: o Naturais – São os que se renovam por força orgânica da própria natureza; Ex. laranjas, peras, tomates, ovos, leite etc. o Industriais – São os devidos à atuação do homem sobre a natureza como a produção de uma fábrica. Ex. indústria, fábrica o Civis – São as rendas provenientes da utilização de coisa frutífera, como juros e alugueis Os frutos ainda podem ser: o Pendentes – Quando ainda unidos à arvore que os produziu tanto pelos ramos quanto pelas raízes. Depois de colhidos denominam-se percebidos. Armazenados ou acondicionados para venda são estantes. Os que deveriam ter sido, mas ainda não foram colhidos, chamam-se percipiendos. Consumidos são os que já foram utilizados Da Posse TUTELA DA POSSE Diferença: Turbação = Toma parte do bem | Esbulho = Toma o bem inteiro Da Posse Tutela da Posse Autotutela (Art. 1210 §1º CC) Só pode ser exercida pessoalmente e de forma proporcional à agressão. É a legítima defesa da posse enquanto estiver ocorrendo a turbação e o desforço imediato, quando o possuidor sofre esbulho e, já tendo perdido a posse, a retoma ainda no calor dos acontecimentos Da Posse Tutela da Posse Ações Possessórias (Art. 1210 a 1229 CC c.c art. 560 a 568 CPC) São meios defensivos previstos no Código para resolver invasões e problemas que aconteceram na propriedade da pessoa. Todavia será discutida invasão na posse, e não a propriedade. As modalidades são: 7 Ações Possessórias em Sentido Estrito Reintegração de Posse Art. 1210 CC c.c art. 560 CPC Visa restaurar a posse desfeita pelo esbulho. O esbulhado perde a posse Manutenção da Posse Art. 1210 CC c.c art. 561, IV CPC Visa impedir o desapossamento que ainda não ocorreu, mas que já atos turbativos (dificulta ou embaraça o exercício) Interdito Proibitório Art. 1210 CC c.c art. 567 CPC Tem caráter preventivo e visa impedir que o esbulho e a turbação comecem. Pode ser usado preceito cominatório Princípio da Fungibilidade da Ação Possessória é o caso de não saber com qual modalidade de ação possessória ajuizar, sendo assim usa-se esse princípio para que o Juiz adeque a modalidade a ser usada (art. 554 CPC) Caráter dúplice das ações possessórias: Qualquer dos litigantes pode assumir a posição de autor ou réu. Portanto, é lícito ao réu pleitear seu direito e reclamar perdas e danos na própria contestação (Art. 556 CPC) Outras Ações Consideradas Possessórias Tem natureza possessória para defender a posse: Embargos de Terceiro Art. 674 a 681 CPC Se a ofensa à posse (turbação ou esbulho) decorrer ato judicial (penhora, arresto, etc.), o remédio adequado são os embargos de terceiro Requisitos para os Embargos: Que o embargante seja o dono ou possuidor da coisa Existência de processo judicial no qual o embargante não seja parte A concretização de turbação ou esbulho por ato judicial Imissão de Posse Embora sem previsão legal no CC e no CPC, é admitida no rito ordinário. Visa entregar a posse a quem nunca a teve, permitindo a quem adquiriu um bem e tem a posse jurídica ou de direito, passe a ter também a posse de fato Ritos das Ações Possessórias Em princípio, seguem o Rito Ordinário. Se o esbulho datar de menos do que UM ANO E UM DIA, cabe liminar (Ação de Força Nova) Se datar de MAIS DE UM ANO E UM DIA não cabe liminar (Ação de Força Velha). O prazo de ano e um dia contam a partir da consumação do esbulho ou turbação (quando não há mais resistência do possuidor) Foro Competente: Se for sobre bens móveis o foro competente será em regra no domicilio do réu (art. 46 CPC) e se tratar de bens imóveis a competência será o foro da situação da coisa (Art. 47 CPC) Aqui terminamos o estudo da posse, agora vamos estudar sobre Propriedade 8 TÓPICO 3 – PROPRIEDADE Propriedade NOÇÕES GERAIS É o Direito que toda pessoa física ou jurídica tem dentro dos limites normativos de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem quer que injustamente o detenha É o Direito Real MAIS AMPLO e de MAIOR CONTEÚDO Art. 1228 CC – “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha” Propriedade Noções Gerais Elementos Constitutivos Jus utendi: É a prerrogativa de tirar do bem todos os serviços que ele pode prestar, sem que haja alteração em sua substância; Direito de Usar Reinvidicatio: É o poder que tem o proprietário de mover ação para obter o bem de quem quer que injustamente o detenha; Direito de Reivindicar Jus fruendi: É o direito de perceber os frutos e de utilizar os produtos da coisa; Direito de Fruir Jus abutendi ou disponendi: É o direito de poder dispor da coisaou o poder de aliená-la a título gratuito ou oneroso, abrangendo também o poder de consumi-la e o poder de gravá-la de ônus ou submetê-la ao serviço de outrem. Direito de Dispor Propriedade Noções Gerais Características da Propriedade Caráter absoluto: Por ser “erga omnes”, e de titular poder desfrutar do bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações legais impostas em razão do interesse público ou da coexistência do direito de propriedade de outros titulares (art. 1231 CC) Caráter perpétuo: O Direito de propriedade não se perde pelo não uso, mas se adquire pelo uso Caráter exclusivo: Uma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas. OBS.: Condomínio é uma a propriedade dividida em partes ideais, sendo assim não exclui o caráter exclusivo Caráter elástico: A propriedade pode ser diminuída ou aumentada Propriedade Noções Gerais Função Social da Propriedade A propriedade cumpre a sua função social quando respeita a riqueza do desenvolvimento social, ao meio ambiente e cumpre as legislações - Art. 5º, XXIII CF c.c art. 1228 §§ 1º e 2º CC Os valores perseguidos, além do interesse individual, são da Coletividade, do Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como a fauna, flora, patrimônio histórico, água e ar, e a Utilização da Propriedade em prol do desenvolvimento da riqueza social 9 Propriedade Noções Gerais Espécies, Sujeitos e Extensão da Propriedade Quanto à Extensão do Direito do Titular Propriedade Plena: Quando todos os elementos constitutivos se acham reunidos na pessoa do proprietário – Art. 1231 CC Propriedade Restrita: Quando se desmembram um ou alguns dos seus poderes, que passam a ser de outrem. Ex.: Hipoteca, penhor Quanto a Perpetuidade do Domínio Propriedade Perpétua: É a que tem duração ilimitada Propriedade Resolúvel: É a que encontra no seu próprio título constitutivo uma razão de sua extinção, ou seja, as próprias partes estabelecem um prazo limitado para extinguir o domínio da propriedade Sujeitos da Propriedade Qualquer pessoa física ou jurídica. Estrangeiro depende de autorização do INCRA para comprar imóvel rural acima de determinada dimensão (Lei 5709/71). Ascendente, não pode vender a descendentes sem autorização dos demais Extensão da Propriedade A propriedade se estende na vertical, tanto para o subsolo ou para o céu, na proporção da necessidade, até onde tenha interesse e utilidades. Entretanto os as jazidas e demais recursos minerais e potenciais de energia hidráulica NÃO pertencem ao proprietário, mas sim a UNIÃO Propriedade AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL Somente se adquire com o Registro no Cartório de Registro de Imóveis (art. 1245 CC). A lei 6015/73 regulamenta o registro de imóveis Propriedade Aquisição Imóvel Aquisição da Propriedade Imóvel pela ACESSÃO Aquisições previstas nos Arts. 1248 ao 1257 CC 1. Formação de ilhas Em rios navegáveis são públicas em rios não navegáveis são particulares. As particulares são atribuídas aos proprietários ribeirinhos na proporção de suas testadas (a distância da lateral do terreno até o meio do rio). Se estiver no meio do rio, a ilha pertencerá aos proprietários ribeirinhos a partir do eixo do rio. Se for formada a ilha pelo desdobramento de novo braço de rio, pertence aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se formaram (Art. 24 Código Águas) 2. Álveo abandonado Álveo significa o leito do rio. Se for particular o rio, o direito dos proprietários ribeirinhos vai até o meio do eixo do rio, de acordo com suas testadas 3. Aluvião São acréscimos, os depósitos e os aterros naturais que o rio anexa vagarosamente às margens de modo sucessível e imperceptível. Pertence aos proprietários dos imóveis ribeirinhos, salvo se for águas públicas 4. Avulsão É a desagregação violenta de uma porção de imóvel para se juntar a outro. No prazo de UM ANO o proprietário que sofre a avulsão pode reclamar do que recebeu a remoção da coisa ou indenização 10 5. Construção de Obras ou Plantações - Art. 1253/1257 CC Presunção: Todas as construções/plantações foram feitas pelo proprietário ● Semeadura, plantação ou construção em terreno próprio com material alheio (art. 1254 CC): Quem planou/construiu fica com o material, mas fica obrigado a pagar o respectivo valor. Se agiu de má-fé, responde, também por perdas e danos ● Semeadura, plantação ou construção em terreno alheio com material próprio (art. 1255 CC): Quem plantou/construiu, perde o material em proveito do proprietário do solo. Se procedeu de boa-fé, tem direito à indenização EXCEÇÃO: Se o valor da construção ou plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que plantou ou construiu de boa-fé, pode adquirir a propriedade do solo, mediante pagamento de indenização (judicialmente fixada, se não houver acordo – art. 1255, § único CC) ATENÇÃO: Se houve má-fé de ambas as partes, o proprietário do terreno fica com as sementes/construções, mas indeniza o valor das acessões 6. Construção feita Parcialmente em Solo Alheio - Art. 1258/1259 CC Se a invasão for em parte não superior à 20ª parte do solo alheio, o construtor adquire a propriedade do solo invadido desde que: ➢ Esteja de boa-fé ➢ O valor da construção seja maior do que o valor da parte do solo invadido ➢ Indenize o proprietário do solo pelo valor da área invadida e pela desvalorização da área remanescente Se a área invadida NÃO for superior à 20ª parte (5%) do solo alheio e o construtor agiu de má-fé, terá de demolir o que construiu. Se não for possível a demolição o que construiu (Ex. comprometer a estrutura do prédio, o construtor (de má- fé) terá direito de adquirir a parte invadida desde que pague o valor equivalente a 10 vezes o valor que deveria pagar se estivesse de boa-fé Se a área invadida for superior a 20ª parte (5%) do solo invadido, o invasor de boa-fé terá direito de adquirir a propriedade do solo invadido desde que pague indenização que englobe: ➢ Valor que a invasão acrescer à construção ➢ Valor da área invadida ➢ Valor correspondente à desvalorização da área invadida Se, a invasão for de área superior à 20ª parte (5%) da área invadida e o invasor agiu de má-fé, não se confere o direito de aquisição do solo invadido, devendo o invasor demolir o que construiu no solo alheio, além de pagar em dobro as perdas e danos que foram apuradas Propriedade Aquisição Imóvel Aquisição da Propriedade Imóvel pela USUCAPIÃO É também denominada de prescrição aquisitiva porque concorrem para a aquisição da propriedade a inércia do titular e o tempo de posse Considerações gerais Requisitos Pessoais O usucapiente deve ser pessoa (natural) capaz. Incapazes devem ser representados. Relativamente incapazes podem por ato próprio adquirir a posse e mantê-la pelo tempo necessário à usucapião 11 Já, se o proprietário for incapaz, o prazo não flui em seu desfavor. Se o prazo para usucapião já se iniciou, ficará suspenso até que o proprietário complete 16 anos. (Art. 198, I e 1244 CC) Pessoa jurídica pode ser ré e só pode adquirir por usucapião se exercer a posse e a modalidade da usucapião pretendida não exija como requisito a moradia OBS.: Bens públicos não podem ser usucapidos (Art. 120 CC e art. 191 § único CF) Requisitos Reais Só é possível pedir usucapião de Bens móveis e imóveis. Ex.: Não é possível usucapir o ar OBS.: Não comportam usucapião bens de absolutamente incapazes e os bens nas situações dos arts. 197 e 198 CC Ex.: No caso deuma pessoa estar morando em uma casa há dois anos, e a proprietária do imóvel falece, passando a propriedade para um herdeiro absolutamente incapaz, o prazo de contagem para a usucapião suspende, e somente irá voltar quando completar 16 anos, tornando-se relativamente incapaz Requisitos Formais Posse e tempo são os elementos essenciais para a Usucapião. A posse deve ser mansa, pacífica, contínua e com ânimo de proprietário “animus domini”. Posse mansa, pacífica e tranquila é aquela da qual não houve por parte do proprietário qualquer contestação Contínua é a que não sofreu interrupção, transcorrendo no tempo, sem intervalo Justo título é aquele potencialmente hábil para a transferência de domínio. A doutrina tradicional exige o registro. A jurisprudência moderna o dispensa Boa fé é a crença do possuidor de que a coisa realmente lhe pertença Formas de adquirir por Usucapião Usucapião Extraordinária Usucapião Ordinária Usucapião Especial Rural Usucapião Especial Urbana Usucapião Especial Urbana Coletiva 12 Propriedade Aquisição de Propriedade Imóvel Usucapião Extraordinária Prevista no Art. 1238 CC - É a modalidade de Usucapião que exige menos requisitos para a sua concessão, pois é também a que exige mais prazo Há duas modalidades de Usucapião Extraordinária: OBS.: Estas 2 modalidades de usucapião independem de boa-fé e de justo título OBS.²: Observe que quanto mais tempo menos requisitos são exigidos Propriedade Aquisição de Propriedade Imóvel Usucapião Ordinária Prevista no Art. 1242 CC – Essa modalidade de Usucapião exige a boa fé e o justo título, por outro lado o prazo é menor Relembrando: Justo título: Traduz-se em documento em que o possuidor acredite que a coisa lhe pertence, mas, na realidade, é portador de um documento viciado, cujo defeito o impede de adquirir legitimamente a coisa A boa-fé é a decorrência do fato do possuidor desconhecer que prejudica o direito alheio. Impõe como expressão de um estado psicológico, subjetivo, no qual o possuidor ignora a ilegitimidade de sua situação jurídica 1ª Modalidade (caput do art) Animus Domini Posse Pública Posse mansa, pacífica e contínua 15 anos 2ª Modalidade (§ único do art) Animus Domini Posse Pública Posse mansa, pacífica e contínua 10 anos Usucapiente residir no imóvel ou nele fizer obras Usucapião Ordinária Animus Domini Posse Pública Posse mansa, pacífica e contínua 10 anos Justo título e boa fé Exceção Reduz o prazo para 5 anos se o imóvel foi: Adquirido onerosamente com registro em cartório, cancelado posteriormente e que o possuidor estabeleceu moradia, ou realizou investimento de interesse social e econômico 13 Propriedade Aquisição de Propriedade Imóvel Usucapião Especial Rural Prevista no Art. 191 CF e no Art. 1239 CC – Veio pela CF como parte política da reforma agrária. Essa modalidade também é conhecida por PRO LABORE OBS¹.: Observe que para essa modalidade NÃO é exigido justo título e nem boa-fé OBS².: Essa modalidade só é possível para pessoa física OBS³.: Caso o possuidor tenha posse de uma área de 90 HECTARES, poderá entrar com Usucapião Especial Rural apenas sob 50 hectares desta área, e posteriormente entrar com outra ação que não seja Usucapião Especial Rural, para adquirir o restante Propriedade Aquisição de Propriedade Imóvel Usucapião Especial Urbana Prevista no Art. 183 CF, no Art. 1240 CC e nos arts. 9 a 14 da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade) Essa modalidade de usucapião por objetivo conceder moradia para pessoas carentes. Seus requisitos são: OBS.: Para a usucapião especial não é possível pedir uma fração de 250 m² do terreno, e deixar de lado a outra parte Requisitos Animus Domini Posse mansa, pacífica e contínua Área em zona rural nao superior a 50 hectares . Nao ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural 5 anos Requisitos Animus Domini Posse Publica Posse mansa, pacífica e contínua Área urbana nao superior a 250 m² . Moradia do possuidor e sua família Nao ser proprietário de outro imóvel Só pode ser requerido uma vez 5 anos Exceção No caso da propriedade que era dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar os requisitos serão outros: . 2 anos ininterruptos e sem oposição Imóvel urbano até 250m² Não ser proprietário de outro imóvel 14 Propriedade Aquisição de Propriedade Imóvel Usucapião Especial Urbana Coletiva Prevista no art. 10 da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade) Essa modalidade de usucapião por objetivo conceder moradia de forma coletiva para pessoas carentes. Seus requisitos são os mesmos exigidos na Usucapião Especial Urbana acrescentado de: OBS¹.: Na sentença que a reconhecer, o Juiz deve designar as frações ideais de cada um dos copossuidores OBS².: O condomínio assim formado é uno e indivisível, mas os copossuidores (condôminos) podem dissolvê-lo mediante deliberação de, pelo menos, 2/3 dos condôminos Propriedade AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL Modos de adquirir a propriedade móvel: Propriedade Aquisição de Propriedade Móvel Usucapião de Coisa Móvel USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA (art. 1261 CC) Requisitos Posse Mansa, Contínua e Pacífica 5 Anos USUCAPIÃO ORDINÁRIA (art. 1260 CC) Requisitos Posse Mansa, Contínua e Pacífica 3 Anos Justo Título (expresso em qualquer documento que indique a transmissão da posse, mas que não seja idôneo para transferir a propriedade) Boa-Fé, (ter a convicção de que a possui legitimamente, embora isso não corresponda a verdade) Requisitos a mais Exige aglomeração de ocupantes com baixa renda Não ser copossuidores e proprietários de outro imóvel . Possibilidade de não ser possível individualizar a área ocupada por cada um Usucapião Móvel Ocupação Achado de Tesouro Tradição Especificação Confusão Comistão Adjunção 15 Propriedade Aquisição de Propriedade Móvel Ocupação Modalidade de aquisição da propriedade móvel por quem tomar posse ou apreender coisa sem dono com o objetivo de torna-la sua Pressupostos para que a coisa seja considerada abandonada: a) Pressuposto objetivo ou derreição, que se evidencia pelo abandono material da coisa b) Pressuposto subjetivo, traduzido na vontade de não se ter mais a coisa como sua É considerada forma de aquisição originária da propriedade, pois não há transmissão de um proprietário a outro Apreensão da “res nullius” é outra modalidade de aquisição, pois não tem proprietário, ex.: pegar peixe em um rio. (coisa que nunca teve dono) Apreensão da “res derelicta” teve dono, mas foi abandonada, o dono quis abandonar a matéria, teve a intenção; essas duas modalidades são passíveis de ocupação Propriedade Aquisição de Propriedade Móvel Achado de Tesouro Tesouro: Depósito antigo de coisas preciosas, oculto, sem dono conhecido Os objetivos, assim encontrados, pertencerão: a) Ao proprietário do prédio, se for achado por ele ou em pesquisa que ele ordenou ou por terceiro não autorizado (se invadir o terreno proibido de um proprietário, o tesouro achado será somente do proprietário do terreno) b) Ao proprietário do prédio e a terceiro que tenha encontrado casualmente, dividindo-o em partes iguais OBS.: Se for possível identificar o dono, não será considerado tesouro Propriedade Aquisição de Propriedade Móvel TradiçãoÉ a entrega da coisa móvel pelo transmitente ao adquirente com a intenção de lhe transferir o domínio Modalidades de tradição a) Real – Entrega efetiva da coisa (antes = direito obrigacional/pessoal) b) Simbólica – Se perfaz por um ato representativo da alienação (ex.: Entrega das chaves de um veículo) c) Ficta – Na hipótese de constituto possessório (O alienante conserva a coisa em seu poder, mas sob título de outra pessoa) Circunstâncias que levam à tradição a) Quando o transmitente cede ao adquirente o direito à restituição da coisa b) Quando o adquirente já está na posse da coisa Propriedade Aquisição de Propriedade Móvel Especificação Modo de adquirir a propriedade mediante transformação de coisa móvel em espécie nova em virtude de trabalho ou indústria do especificador, sem que possa voltar a forma anterior Matéria Prima Parte Alheia: O especificador fica com a coisa nova, mas indeniza o proprietário da matéria prima o equivalente a sua parte Matéria Prima Toda Alheia: Se boa-fé do especificador, fica com a coisa nova indenizando o dono da matéria prima; Se má-fé do especificador, a coisa nova fica para o dono da matéria prima. Se não quiser a coisa nova, tem direito à indenização 16 Propriedade Aquisição de Propriedade Móvel Confusão, Comistão e Adjunção Confusão – Mistura de líquidos Comistão – Mistura de sólidos Adjunção – Justaposição de uma coisa à outra OBS¹.: Se não for possível separá-las, forma-se um condomínio com quotas proporcionais ao valor da coisa que agregou ao todo OBS².: Se puder considerar uma das coisas como principal em função do valor, o dono dessa coisa, fica com o todo indenizando os demais Propriedade PERDA DA PROPRIEDADE Formas de perder a propriedade: TÓPICO 4 – DIREITO DE VIZINHANÇA Quando se trata do uso anormal da propriedade o Direito aparece para tutelar e colocar regras entre os vizinhos Os três valores que sempre serão levados em conta e precisam ser preservados são a Segurança, o Sossego e a Saúde (3 Ss) Alguns critérios para a composição do conflito A pré-ocupação – Quem ocupou o lugar primeiro tem preferência A natureza da ocupação A localização do prédio As normas relativas às edificações Limites da tolerância dos vizinhos com base no homem médio – Nem o mais intolerante e nem o mais tolerante Soluções para o conflito Leva-se em conta a normalidade, com base no homem médio Busca-se reduzir o incômodo, para adequá-los às proporções normais Não sendo isso possível, determina-se a cessão de atividade Se a atividade for de interesse social e não puder ser cessada, os vizinhos são indenizados Possíveis ações para resolver os conflitos de vizinhança Ação cominatória Ação de obrigação de fazer/não fazer Ação demolitória Ação de dano infecto – Gera uma caução, uma garantia de indenização Alienação Renúncia Abandono Perecimento do objeto Desapropriação Arrematação Adjudicação Usucapião Acessão 17 Arvores Limítrofes Caso 1: Se a árvore estiver na linha divisória, pertence aos proprietários confinantes (aos dois ou mais vizinhos), assim como os frutos e os troncos. Nem um deles pode cortá-la sem a autorização do outro Caso 2: Se a árvore pertencer a um dos confinantes, mas seus ramos e raízes se estendem além da linha divisória, os frutos pendentes pertencem ao proprietário da árvore que poderá colhê-los de forma a não invadir a propriedade vizinha. O vizinho tem direito a cortar até o plano vertical divisório Passagem Forçada (Art. 1285/1286 CC) Não se confunde com servidão de passagem. É também chamada de servidão legal e tem natureza de limitação do direito de propriedade e como fundamento a solidariedade social O preceito assegura ao dono de prédio rústico ou urbano encravado em outro, sem saída para a via pública, a reclamar do vizinho que lhe deixe passagem. O encravamento deve ser natural (não provocado) A passagem é indenizável e os rumos devem ser fixados de modo a causar o menor sacrifício possível Passagem de Cabos e Tubulações O vizinho é obrigado a tolerar que, sob seu imóvel passem cabos, tubulações, ou outros condutos subterrâneos desde que os vizinhos não tenham outro meio condutor ou quando for muito dispendiosa a sua realização, sem atravessar a propriedade vizinha É necessário, para que haja essa obrigatoriedade, que a coisa conduzida seja de utilidade pública, como água potável ou água servida e não de interesse exclusivo do vizinho Os tubos e condutos devem ser instalados em local que lhe cause menos prejuízo ao proprietário que sofre o incômodo. Cabe indenização pelo incômodo e pela desvalorização da área remanescente O proprietário do imóvel que sofre o incômodo pode exigir obras para manter a segurança e, caso queira mudar os tubos/canos de local, poderá fazê-los, mas arcará com os custos da obra Águas O proprietário ou possuidor do imóvel inferior (terreno de baixo) é obrigado a receber as águas das chuvas e nascentes, não podendo realizar obras que interrompem o seu curso. É defeso, também poluir tais água É lícita a construção de barragens, açudes ou outras obras para represamento da água, mas se houver vazamentos, responderá pelo prejuízo causado O proprietário ou possuidor tem direito de construir canais em prédio alheio para captação das águas indispensáveis para às primeiras necessidades da vida, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria 18 Nosso conteúdo de Direito Civil sobre Direito das Coisas e Direitos Reais encerra aqui Esperamos que este eBook ajude em seus estudos. O objetivo desta didática é fazer com que o entendimento do mundo jurídico fique muito mais fácil e que seu aprendizado seja rápido Desta forma você estará acelerando o seu conhecimento, economizando um tempo valioso e se preparando para ser um excelente profissional Aguardo novamente sua visita em nosso site Acesse www.formulajuridica.com e estude com mais eBooks como esse Qualquer dúvida, sugestão, crítica ou feedback que tiver, por favor, envie em nosso e-mail: formulajuridicacontato@gmail.com Curta nossa Página do Facebook e envie uma mensagem em nossa página para fazer parte de nosso grupo de estudos do Whatsapp “O conhecimento quando compartilhado é muito melhor, pois, todos são beneficiados com novas formas de enxergar o mundo”
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