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21a edição Rio de Janeiro 2017 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. REALIZAÇÃO Escola Nacional de Seguros SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA Diretoria de Ensino Técnico ASSESSORIA TÉCNICA Manoel Fernando Corrêa Noleto – 2017/2016/2015 Vera Lucia Cataldo Leal – 2017/2016/2015 CAPA Coordenadoria de Comunicação Social DIAGRAMAÇÃO Info Action Editoração Eletrônica Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FUNENSEG E73s Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de automóveis, RCF e APP/Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Manoel Fernando Corrêa Noleto e Vera Lucia Cataldo Leal. – 21. ed. – Rio de Janeiro: ENS, 2017. 156 p.; 28 cm O presente manual está dividido em 9 capítulos. Manoel Fernando Corrêa Noleto elaborou do 1o ao 9o capítulo, com exceção do 4o capítulo (restrito ao conteúdo DPVAT), elaborado por Vera Lucia Cataldo Leal. 1. Seguros de Automóveis. I. Noleto, Manoel Fernando Corrêa. II. Leal, Vera Lucia Cataldo. III. Título. 0016-1800 CDU 368.05.745:629.111(072) A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP4 SUMÁRIO 5 Sumário 2 3 4 1 O SEGURO DE AUTOMÓVEIS 9 Introdução 11 Objetivo do Seguro 12 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS – CASCO 15 Contrato do Seguro de Automóvel 17 Formas de Contratação 17 Tipos de Cobertura 18 Coberturas Básicas 18 Coberturas Adicionais 19 Seguro Auto Popular 28 Cobertura Principal 29 Regras para Contratação 29 Seguros de Frotas 30 Grupos de Afinidade 30 Apólices Coletivas 31 Riscos Excluídos 31 Fixando Conceitos 2 33 SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL FACULTATIVO DE VEÍCULOS – RCF 37 Noções Básicas de Responsabilidade Civil 39 Objetivo do Seguro de RCF 40 Tipos de Coberturas 40 Coberturas Básicas 41 Coberturas Adicionais 41 Riscos Cobertos 42 Riscos Não Cobertos 43 Fixando Conceitos 3 45 SEGUROS DE CONTRATAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA VEÍCULOS 49 Seguro DPVAT 51 Contrato de Seguro DPVAT 53 Vigência do Seguro DPVAT 56 Indenização do Seguro DPVAT 56 Beneficiários do Seguro DPVAT 58 Legislação Aplicável ao Seguro DPVAT 58 Seguro Carta Verde 59 Fixando Conceitos 4 63 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP6 7 6 5 SEGURO DE ACIDENTES PESSOAIS DE PASSAGEIROS – APP 65 Objetivo do Seguro de APP 67 Tipos de Coberturas 67 Coberturas Básicas 67 Cobertura Adicional 67 Âmbito de Cobertura e Riscos Cobertos 68 Riscos Não Cobertos 69 Fixando Conceitos 5 71 CONDIÇÕES GERAIS (CASCO, RCF E APP) 73 Objetivo do Seguro 75 Âmbito Geográfico 75 Vigência do Seguro 75 Pagamento do Prêmio 75 Renovação e Transferência dos Direitos e Obrigações 77 Cancelamento e Rescisão do Contrato de Seguro 78 Endosso 79 Inclusão, Exclusão ou Substituição de Coberturas Adicionais 80 Perda de Direitos 80 Fixando Conceitos 6 81 CÁLCULO DO PRÊMIO 85 Tabela de Referência 87 Fator de Ajuste 88 Desconto Fidelidade 88 Regiões de Circulação/Tarifação 89 Classificação Tarifária 89 Taxas 89 Prêmio Mínimo 90 Franquia 91 Bônus Único 93 Regras de Aplicação do Bônus 93 Taxas e Custos para Coberturas Adicionais 95 Perfil do Segurado ou Questionário de Avaliação do Risco – QAR 95 Cálculo dos Seguros de Frota 96 Roteiro de Cálculo do Prêmio nos Kits de Cálculo das Seguradoras 96 Fixando Conceitos 7 99 SUMÁRIO 7 9 8 CONTRATAÇÃO DO SEGURO 103 Processo de Contratação 105 Vistoria Prévia 106 Objetivo 106 Obrigatoriedade 107 Dispensa 107 Realização da Vistoria Prévia 108 Riscos Recusáveis 110 Kits Pós-venda 110 Reintegração de Coberturas e Garantias 111 Fixando Conceitos 8 113 SINISTRO 115 Introdução 117 Aviso de Sinistro 117 Obrigações do Segurado em Caso de Sinistro 117 Qualificação de Dano 118 Liquidação do sinistro 125 Ressarcimento 125 Sub-rogação de direitos 125 Sinistro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) 126 Fixando Conceitos 9 127 ESTUDOS DE CASO 131 ANEXOS 133 Anexo 1 – Regiões de Tarifação 135 Anexo 2 – Tabelas de Classificação Tarifária 137 Anexo 3 – Tabela de Prazo Curto 141 Anexo 4 – Documentos Originais para a Liquidação de Sinistros – Indenização Integral 143 por Colisão, Incêndio e Enchente Anexo 5 – Documentos Originais para a Liquidação de Sinistros – Indenização Integral 145 por Roubo ou Furto – Veículo Localizado/Recuperado Anexo 6 – Documentos Originais para a Liquidação de Sinistros – Indenização Integral 147 por Colisão/RCF Anexo 7 – Documentos Originais para a Liquidação de Sinistros – Indenização Integral 149 por Roubo ou Furto Anexo 8 – Tabela da Lei 6.194/74, de 19 de dezembro de 1974 151 GABARITO 153 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 155 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP8 UNIDADE 1 9 O SEGURO DE AUTOMÓVEIS11 Após ler esta unidade, você deve ser capaz de: • Compreender a evolução dos Seguros de Automóveis no Brasil. • Entender a importância e a responsabilidade do Corretor na celebração de um contrato de seguro. • Conhecer os objetivos dos Seguros de Automóveis. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP10 UNIDADE 1 11 INTRODUÇÃO De certa forma, a era automobilística no Brasil nasceu no ano de 1891, quando desembarcou no cais de Santos, cidade litorânea do Estado de São Paulo, o primeiro veículo automotor com motor a explosão. O veículo foi adquirido e importado da França pelo então jovem inventor Alberto Santos Dumont. O primeiro veículo a desembarcar na Cidade do Rio de Janeiro foi também um modelo francês, mas a engenhoca era movida a vapor. O veículo foi importado por José do Patrocínio, em 1897, e dois anos mais tarde esse veículo foi protagonista do primeiro acidente automobilístico da história da cidade. Dirigido por Olavo Bilac, o veículo colidiu contra uma árvore no Alto da Boa Vista, caminho bucólico que corta a Floresta da Tijuca, na Cidade do Rio de Janeiro. Mas foi na Bahia que o Brasil conheceu o primeiro protótipo de um automóvel. Em 1871, a Bahia recebia um veículo movido a vapor que tracionava um “carro” destinado a acomodar os passageiros. O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a fazer um protótipo de um carro. Em 1919, a companhia Ford estava montando o carro Ford “T” em São Paulo. Em 1925, a companhia Chevrolet fez o carro “Cabeça de Cavalo”. Em 31 de março do ano de 1952, o presidente da Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI) instalou a subcomissão de jipes, tratores, caminhões e automóveis. Em 15 de novembro de 1957, saíam às ruas os primeiros carros fabricados no Brasil. A história recente da evolução do automóvel no Brasil se confunde com a regulamentação dos contratos de seguro no país, embora, em meados no século XIX as normas existentes regulamentassem apenas os contratos de seguros marítimos. A propósito do seguro, a Bahia também foi pioneira na história do seguro no Brasil. Em 1808, sob a influência da primeira Companhia Seguradora do mundo, passou a funcionar, no Brasil,a nossa primeira Companhia de Seguros. Era a Companhia de Seguros Boa Fé, que tinha sede na então Capital da Colônia, Salvador. Devido às características e à natureza do seguro de automóveis, este ramo do seguro evoluiu de forma significativa, tanto na sua estrutura técnica e legal quanto nas suas estratégias comerciais. A operação do seguro de automóveis, assim como a operação de todos os demais ramos do seguro, exige a especialização da sua mão de obra, quer pela necessidade de favorecer o entendimento técnico e legal que o produto exige, quer pela necessidade comercial de atender e satisfazer às necessidades do segurado. A rápida evolução do seguro de automóveis no Brasil vem acirrando a concorrência entre as seguradoras e exigindo de seus operadores certa dose de “criatividade” na elaboração e criação de produtos que possam agregar serviços diferenciados, preços mais justos e a tão desejada “fidelização do cliente”. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP12 O corretor de seguros, cujo exercício da profissão está subordinado às normas e regulamentação da SUSEP, também é um operador do seguro de automóveis e, como tal, deve estar atento às mudanças e evolução tecnológica deste ramo do seguro. É importante saber e estar atento ao que ditam a Circular SUSEP 127/2000 e a Circular SUSEP 405/2010. OBJETIVO DO SEGURO Alguns textos nos servem para definir o objetivo do seguro de automóveis no Brasil. Algumas seguradoras escrevem e firmam em suas condições gerais que o contrato de seguro de automóvel tem por objetivo garantir ao segurado ou aos seus beneficiários, até o Limite Máximo de Indenização (LMI) contratado para cada cobertura, o pagamento de indenização que decorra da ocorrência de um sinistro coberto e expressamente convencionado nas coberturas e cláusulas contratadas na apólice de seguros. O artigo 12 da Circular SUSEP 256/04 diz que o objetivo do seguro é o de estabelecer o compromisso assumido pela sociedade seguradora perante o segurado, quanto às coberturas oferecidas, especificando, com clareza, quais são os prejuízos indenizáveis. Podemos dizer, em outras palavras, que o seguro de automóveis tem como objetivo garantir ao segurado a indenização ou reembolso dos prejuízos sofridos e despesas incorridas, devidamente comprovados, decorrentes dos riscos cobertos e relativos aos veículos segurados, conforme o disposto nas condições gerais de cada apólice contratada e considerando os Limites Máximos de Indenização (LMI) indicados na proposta de seguros. O seguro de automóvel oferece coberturas e garantias exclusivamente para os veículos automotores de vias terrestres. O seguro popularmente chamado de Automóvel abrange o conjunto das seguintes coberturas: Casco Garante danos ou prejuízos relativos ao veículo segurado propriamente dito. Responsabilidade Civil Facultativo de Veículos – RCF Garante a indenização dos danos materiais e/ou corporais causados a terceiros pelo veículo segurado. Acidentes Pessoais de Passageiro – APP Garante cobertura para as pessoas transportadas no veículo segurado, inclusive seu condutor, no momento de um acidente. Assistência e outras coberturas – Auto Ramo novo (anteriormente informado no Ramo Riscos Diversos). Engloba as operações de Seguro de Garantia Estendida/Contemplação de Garantia e os seguros similares aos serviços de assistência e outras coberturas diretamente relacionadas ao veículo segurado. DPVAT É o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não (Seguro DPVAT), criado pela Lei 6.194/74, alterada pelas Leis 8.441/92, 11.482/07 e 11.945/09, com a finalidade de amparar as vítimas de acidentes de trânsito em todo o território nacional, não importando de quem seja a culpa dos acidentes. Carta Verde Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil para veículos emplacados no território nacional, quando em viagem aos países do Mercosul. Veículo de passeio Veículo automotor cuja finalidade principal é o transporte de seu proprietário, condutor, familiares e/ou amigos. Veículo de carga Veículo automotor cuja fi nalidade principal é o transporte de mercadorias ou tudo aquilo que pode ser transportado ou suportado pelo veículo. Vale a pena ler na íntegra Circulares SUSEP 127/2000 e 405/2010. UNIDADE 1 13 A Circular SUSEP 395, de 3 de dezembro de 2009, estabelece a codificação dos ramos de seguros e dispõe sobre a classificação de cada cobertura contida nos planos de seguros. Dessa forma, temos as seguintes definições: • grupo – conjunto de ramos que possui alguma característica comum; e • ramo – conjunto de coberturas diretamente relacionadas ao objeto ou objetivo do plano de seguro. • ramo principal – é o ramo do plano de seguro que melhor o caracteriza, sendo definido a partir das coberturas que o compõem. De acordo com o anexo l da referida circular, temos a seguinte codificação para os grupos e ramos (coberturas) do seguro de automóvel: • Seguro de Automóveis – Grupo 05; • Casco – Grupo 05 e Ramo 31: codificação 0531; • Responsabilidade Civil Facultativo de Veículos (RCF) – Grupo 05 e Ramo 53: Codificação 0553; • Acidentes Pessoais de Passageiros (APP) – Grupo 05 e Ramo 20: codificação 0520; • Assistência e outras coberturas – Auto – Grupo 05 e Ramo 42 – codificação 0542; • Garantia estendida e extensão de garantia – Grupo 05 e Ramo 24: codificação 0524; • DPVAT – Grupo 05 e Ramo 88: codificação 0588; e • Carta Verde – Grupo 05 e Ramo 25: codificação 0525. Vale a pena ler na íntegra Circular SUSEP 395/2009 www.susep.gov.br SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP14 UNIDADE 2 15 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS – CASCO22 Após ler esta unidade, você deve ser capaz de: • Identificar as formas de contratação dos Seguros de Automóveis. • Conhecer os tipos de coberturas dos Seguros de Automóveis. • Identificar os princípios fundamentais, a abrangência e os objetivos que envolvem cada cobertura. • Conhecer os critérios adotados pelas seguradoras para contratação dos Seguros de Automóveis. • Entender sobre os riscos cobertos e os riscos excluídos dos Seguros de Automóveis. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP16 UNIDADE 2 17 CONTRATO DO SEGURO DE AUTOMÓVEL As regras que dispõem sobre a estrutura mínima das condições contratuais e das notas técnicas atuariais dos contratos de seguros de danos e os critérios para operação do seguro de automóvel no Brasil são regulados pela Circular SUSEP 269, de 30 de setembro de 2004. Nesta Circular, estão definidas as formas de contratação do seguro de automóvel da seguinte maneira: Formas de Contratação Valor de Mercado Referenciado Nesta modalidade de contratação, fica garantido ao segurado, no caso de indenização integral, o pagamento de quantia variável, em moeda corrente nacional, determinada de acordo com a tabela de referência, expressamente indicada na proposta do seguro. Notamos que, nesta modalidade de contratação, o valor da indenização é variável e depende da cotação do veículo na época da indenização. O artigo 5o da Circular SUSEP 269/04 diz que a tabela de referência de que trata o parágrafo acima deverá ser estabelecida entre aquelas divulgadas em revistas especializadas ou jornais de grande circulação. Já o artigo 1o da Circular SUSEP 389/09 completa esta definição, dizendo que a tabela de referência pode ser divulgada também por meio eletrônico, desde que elaborada por instituição de notória competência. A tabela de referência para cotação de veículos mais utilizada pelo mercado segurador é a tabela elaborada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE – e que pode ser acessada e consultada através do endereço eletrônico www.fipe.org.br. Valor DeterminadoNesta modalidade, fica garantido ao segurado, no caso de indenização integral, o pagamento de quantia fixa, em moeda corrente nacional, estipulada pelas partes no ato da contratação do seguro. Neste caso, o valor limite de indenização é proposto pelo segurado e aceito pela seguradora, desde que este valor não seja superior ao real valor do bem na data da contratação do seguro. Observação Independentemente da fo rma de contratação (Valor Determinado ou Valor de Mercado Referenciado), os itens opcionais deverão ter sua existência comprovada por vistoria ou pela nota fiscal de compra do veículo (veículos zero km). Vale a pena ler na íntegra Circular SUSEP 269/2004 www.susep.gov.br SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP18 O valor definido pelo segurado poderá contemplar os opcionais existentes no veículo. Além disso, podem ser levados em conta o ano de fabricação, tipo, modelo e o estado de conservação deste veículo. Nos casos de veículos novos ou zero km, deverá ser considerado, como limite máximo de indenização para efeito de contratação, o valor constante da nota fiscal de compra do veículo. É importante frisar que a forma de contratação não poderá ser alterada após a celebração do contrato de seguro. Por esta razão, a avaliação das necessidades do segurado (proponente) deve ser feita com bastante critério e competência, e sempre através do auxílio e assessoria de um corretor de seguro. TIPOS DE COBERTURA Nos Seguros de Automóveis, RCF e APP, as seguradoras oferecem ao proponente um cardápio de coberturas ou garantias que sejam compatíveis com os riscos a que o veículo, objeto do seguro, esteja exposto. Apresentamos, nesta unidade, as coberturas do Seguro de Automóvel, também chamado de Seguro de Casco, válidas para sinistros ocorridos no âmbito do território nacional e nos países integrantes do MERCOSUL. Consideraremos, para fins de estudo, as coberturas mais usuais: • coberturas básicas; e • coberturas adicionais. Coberturas Básicas São aquelas coberturas relacionadas diretamente ao veículo segurado (casco) e que se destinam ao reembolso dos danos impostos ao próprio veículo segurado. Estas coberturas apresentam-se nos seguintes tipos: • cobertura básica no 1 (também chamada de Compreensiva); e • cobertura básica no 2 (também chamada de cobertura de Incêndio e Roubo). Cobertura Básica No 1 A cobertura básica no 1 – Compreensiva – tem por objetivo indenizar o segurado pelos prejuízos sofridos em consequência de danos materiais causados ao veículo segurado ou da perda do veículo segurado, provenientes de: • acidentes de trânsito, colisão, abalroamento, capotagem, tombamento, derrapagem ou queda acidental em precipícios, pontes ou viadutos; • queda acidental de qualquer objeto externo sobre o veículo, que não faça parte integrante deste ou não esteja nele fixado; • queda, deslizamento ou vazamento de carga transportada, desde que decorrentes de riscos cobertos; • acidente com o veículo durante transporte por qualquer meio comum e apropriado; • atos danosos praticados por terceiros, exceto os danos causados exclusivamente à pintura, assim entendidos como ato isolado e esporádico; Importante Cada veículo somente poderá ser segurado por uma cobertura básica. UNIDADE 2 19 • submersão parcial ou total do veículo em água proveniente de alagamento, enchentes ou inundações, inclusive nos casos de veículos guardados em subsolo; • ressaca, vendaval, granizo, furacão, terremoto; • raios; • incêndio ou explosão; e • roubo ou furto parcial ou total do veículo. A lista de eventos danosos e aleatórios exposta acima é denominada “Riscos Cobertos” e deve estar expressamente determinada na apólice de seguro contratada. Outras garantias e coberturas poderão ser oferecidas pelas sociedades seguradoras nos produtos por elas comercializados, desde que este novo produto seja submetido previamente à aprovação da SUSEP. Cobertura Básica No 2 A cobertura básica no 2 – Incêndio e Roubo – tem por objetivo indenizar o segurado pelos prejuízos sofridos, em consequência de danos materiais causados ao veículo segurado, ou da perda do veículo segurado provenientes de: • incêndio ou explosão; • raios; • roubo ou furto total do veículo; e • colisão, abalroamento, capotagem e derrapagem, quando decorrentes de roubo ou furto total do veículo. A cobertura básica no 2 não cobre roubo parcial ou furto parcial do veículo segurado. Considera-se roubo parcial ou furto parcial de um veículo o desaparecimento isolado de partes ou de peças, inclusive acessórios, do veículo segurado. As despesas necessárias ao socorro e salvamento do veículo, em consequência de um dos riscos cobertos, serão reembolsáveis em qualquer uma das coberturas básicas. Coberturas Adicionais A contratação de coberturas (ou garantias) adicionais visa ampliar qualquer uma das coberturas básicas. Tais coberturas deverão constar, de forma expressa, na proposta e na apólice de seguro, com os respectivos limites máximos de indenização, e serão concedidas mediante cobrança de prêmio adicional. Importante Os danos provenientes de ressaca constituem riscos excluídos em algumas seguradoras. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP20 As coberturas adicionais podem ser divididas em quatro grupos: 1o Grupo 2o Grupo 3o Grupo 4o Grupo Coberturas relativas ao veículo segurado Coberturas correspondentes a serviços Coberturas adicionais (indenização em moeda corrente nacional) Ampliação de limites de cobertura Acessórios Danos aos vidros, lanternas, faróis e lentes de retrovisores Despesas extraordinárias Extensão de perímetro Carrocerias Assistência ao veículo e aos passageiros (Assistência 24h) Diárias por indisponibilidade de veículo ou perda de faturamento Valor de Novo Equipamentos Carro reservaBlindagem Kit gás 1o Grupo – Coberturas Relativas ao Veículo Segurado • acessórios – esta cobertura garante a indenização para os danos causados aos acessórios relacionados na apólice de seguro contratada. Para efeito dessa cobertura, são considerados acessórios todos os aparelhos de som, de vídeo e de comunicação (rádios, toca-cds, dvds, central multimídia) instalados em caráter permanente no veículo. Os acessórios estarão cobertos contra os riscos de roubo ou furto parcial, sem que tenha ocorrido roubo ou furto do veículo. Essa cobertura, para algumas seguradoras, garante os riscos previstos na cobertura contratada para o veículo, sendo concedida conforme critérios abaixo: – Originais de Fábrica (de Série) Não há necessidade de discriminar esses itens na proposta, nem destacar valor segurado para eles, uma vez que, sendo originais de fábrica, seus valores já estão contemplados no modelo do veículo. No caso de sinistro com dano parcial ou roubo, ou furto exclusivo desses acessórios, será deduzida a franquia estipulada na apólice para o veículo. – Não Originais de Fábrica Os acessórios deverão ser discriminados na proposta de seguro, com valor segurado e franquia própria, desde que identificados na vistoria prévia ou na apólice anterior. Nesse caso, a cobertura somente será concedida com cobrança de prêmio adicional. Importante Algumas seguradoras ainda consideram, para efeito dessa cober tura, que os acessórios, originais de fábrica ou não, deverão ser relacionados na proposta e na apólice com importância segurada própria e franquia distinta, desde que constem da nota fi scal (se veículo zero) ou estejam devidamente identifi cados na vistoria prévia (se veículo usado). UNIDADE 2 21 Não são considerados acessórios os itens listados a seguir: – alto-falantes, antena elétrica, ar-condicionado, air bag, bancos especiais, câmbio automático, direção hidráulicaou elétrica, freios ABS, faróis de neblina, teto solar, vidros coloridos, volante esportivo. Para que estes itens tenham a mesma cobertura oferecida por qualquer uma das coberturas básicas contratada, basta que eles estejam detalhados no corpo da Nota Fiscal de compra do veículo (no caso dos veículos novos ou zero quilômetro) ou tenham a sua existência constatada através da vistoria prévia, por ocasião da análise do risco e contratação do seguro. Chave de roda, triângulo de segurança, macaco, estepe, cintos de segurança não são considerados acessórios para efeito das garantias do seguro. • carrocerias – esta cobertura adicional pode ser contratada junto com qualquer uma das coberturas básicas contratadas para o veículo mediante o pagamento de prêmio específico para tal cobertura. O Limite Máximo de Indenização (LMI) e a franquia relativos a esta cobertura devem estar detalhados no corpo da apólice. A garantia de cobertura será para os mesmos riscos previstos na cobertura básica contratada para o veículo (casco). Carrocerias são receptáculos de carga que não integram o modelo básico do veículo, mas que nele estejam fixadas em caráter permanente. As carrocerias podem ser: baú, tanque, basculantes, furgão, frigoríficas, isotérmicas. Não são consideradas carrocerias as que integram o modelo básico de veículos tipo pick ups, como: Blazer S-10, Ford Ranger, VW Amarok, Mitsubishi L-200. • equipamentos – a garantia desta cobertura será para os mesmos riscos previstos na cobertura básica contratada para o veículo, mediante o pagamento de prêmio adicional para os equipamentos instalados no veículo segurado em caráter permanente. Esta cobertura também terá Limite Máximo de Indenização (LMI) e franquia específicos e detalhados no corpo da apólice. Algumas seguradoras consideram que, na ocorrência de sinistro coberto com indenização integral para o veículo segurado, não haverá indenização dos equipamentos que não sofrerem danos ou avarias que comprometam seu funcionamento. Neste caso, os equipamentos deverão ser devolvidos ao segurado. São considerados equipamentos aqueles instalados em caráter permanente no veículo, com o objetivo de prestar determinados serviços, como: adaptações de veículos para deficientes físicos, guindastes, plataformas elevatórias, escavadeiras, compactadores de lixo, kit gás natural. Importante Os danos causados exclusivamente pela carroceria do veículo segurado a outros veículos, bens ou pessoas que não façam parte do contrato de seguro (danos a terceiros) serão indenizados com base na cobertura de Responsabilidade Civil Facultativa (RCF) contratada nas coberturas básicas, mesmo se o segurado não tiver contratado a cobertura adicional para a carroceria. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP22 • blindagem – estarão cobertos pela cobertura adicional de blindagem, até o valor do limite máximo de indenização contratado para esta cobertura, os danos causados à blindagem do veículo que tenham sido decorrentes de eventos cobertos pela garantia básica contratada para o veículo. Esta garantia também terá prêmio e franquia específicos. O limite máximo de indenização é, geralmente, estabelecido a partir do custo da blindagem, que varia em função do tipo do veículo e do nível de blindagem. É necessário apresentar nota fiscal e certificado de qualidade. A contratação dessa cobertura poderá ser feita em conjunto com qualquer uma das coberturas básicas contratadas para os veículos de passeio nacional ou importado, pick ups leves ou pesadas, nacionais ou importadas. • kit gás – é considerado como equipamento por algumas seguradoras e com item específico em outras, e a contratação de cobertura somente é feita mediante a apresentação do Certificado de Segurança Veicular, expedido por Instituição Técnica Licenciada (ITL). As modificações efetuadas no veículo segurado devem estar em conformidade com o que determina a Resolução 25, de 21 de maio de 1998, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). – Não Originais de Fábrica Essa cobertura abrange o kit gás veicular, fixado no veículo segurado em caráter permanente, relacionado na apólice com Limite Máximo de Indenização próprio e franquia distinta, o qual estará garantido contra os riscos estipulados na Cobertura Básica contratada. Somente haverá cobertura para o kit gás se este estiver rigorosamente dentro das normas do INMETRO. A franquia prevista na apólice para o kit gás será deduzida dos prejuízos parciais, independentemente da franquia relativa ao casco. No entanto, não será deduzida qualquer franquia nos sinistros oriundos de indenização integral, nem nos casos de indenizações relativas a prejuízos provenientes de incêndio ou explosão, raios e suas consequências. – Originais de Fábrica (de Série) Sendo o kit gás original de fábrica, não haverá necessidade de discriminar na proposta e destacar verba própria, uma vez que já está incorporado ao modelo do veículo. No caso de roubo ou furto exclusivo desse item, haverá cobertura securitária e será deduzida a franquia estipulada na apólice. UNIDADE 2 23 2o Grupo – Coberturas Correspondentes a Serviços • Danos aos Vidros – a cobertura adicional para Vidros garante o reparo ou a troca de vidros do veículo segurado (para-brisa, vidros laterais e traseiros), incluindo a reposição das películas protetoras por algumas seguradoras (exceto a do para-brisa, de acordo com as regras do CONTRAN), em consequência de danos ocorridos exclusivamente aos vidros. O objetivo da cobertura adicional de Vidros é a prestação de serviço de troca ou reparo referente aos danos causados aos vidros laterais, traseiro e para-brisa de veículos segurados. Nessa cobertura, a assistência ao sinistro é prestada, em geral, por empresas conveniadas com a seguradora, exclusivamente para veículos de passeio, pick ups leves e pesadas, nacionais ou importadas. Em geral, essa cobertura tem caráter indenitário. Os riscos excluídos dessa cobertura são: – danos típicos de manutenção ou desgaste pelo uso e danos à lataria do veículo decorrentes de quebra do retrovisor; – tetos solares; – vidros blindados; e – danos causados por eventos cobertos na cobertura básica. Qualquer outra exclusão de riscos para esta cobertura deverá ser expressamente detalhada na apólice de seguro contratada. Algumas seguradoras comercializam a cobertura adicional para faróis, lanternas e retrovisores. Esta cobertura tem como objetivo a prestação de serviço de troca e reparo referente aos danos causados aos retrovisores externos, faróis e lanternas de veículos segurados. Nesta cobertura, em geral, o segurado participará com o pagamento de franquia obrigatória por item substituído. Normalmente, o limite máximo de substituição para cada veículo segurado é de uma peça de cada item segurado durante o período de vigência da apólice. Algumas das exclusões desta cobertura são: – lanternas laterais; – lanternas situadas nos retrovisores externos; – lanternas embutidas em para-choques; – faróis auxiliares (milha) ou de neblina (dianteiro ou traseiro); – brake-lights (luzes de freio); – faróis de xenônio/LED ou similares quando não originais de fábrica; – faróis e lanternas não originais; – roubo/furto do veículo ou exclusivamente das peças com cobertura; – queima exclusiva da lâmpada da lanterna ou do farol; – danos decorrentes de perdas parciais ou integrais que estejam cobertos por alguma das coberturas básicas contratada para o veículo segurado; – veículos em processo de atendimento de sinistro. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP24 • Assistência 24 Horas – A Circular SUSEP 310, de 19 de dezembro de 2005, regulamenta a oferta, pelas sociedades seguradoras, de serviços de assistência, caracterizados como atividades complementares aos contratos de seguros,e estabelece a diferenciação entre esses serviços e as garantias similares oferecidas em contratos de seguros. As coberturas devem ter caráter prioritariamente indenitário, baseadas no pagamento de indenização ou no reembolso ao segurado ou beneficiário de despesas incorridas, conforme os valores e limites máximos de indenização discriminados por cobertura e fixados na apólice ou certificado individual. A circular faculta às seguradoras operarem os serviços de assistência de duas formas: 1. Serviços de assistência, caracterizados como atividades complementares aos contratos de seguros – Nesse caso, as seguradoras devem assumir responsabilidade subsidiária perante o segurado pela prestação dos serviços de assistência na hipótese de esses serviços não serem oferecidos como garantias de contratos de seguro. Os serviços de assistência não poderão ser prestados diretamente pelas sociedades seguradoras, devendo ser terceirizados junto a empresas especializadas. Quando cobrado do segurado, o pagamento dos serviços poderá ser realizado no mesmo documento de cobrança do prêmio comercial, desde que esteja devidamente discriminado. 2. Serviços de assistência assim entendidos como garantias similares oferecidas em contratos de seguro – As sociedades seguradoras que comercializarem garantias similares em contratos de seguros devem atender, obrigatoriamente, às seguintes disposições: I – as coberturas devem ter caráter prioritariamente indenitário, baseadas no pagamento de indenização ou no reembolso ao segurado ou beneficiário de despesas incorridas, conforme os valores e limites máximos de indenização discriminados por cobertura e fixados na apólice ou certificado individual; II – poderá ser prevista a possibilidade de substituição da indenização ou reembolso pela prestação de serviços mediante acordo entre as partes; III – o valor do reembolso ou da indenização deverá ser compatível com aqueles praticados pelo mercado de prestação de serviços; IV – deverá ser prevista a livre escolha do prestador de serviço na hipótese de o segurado ou beneficiário optar pelo reembolso; e V – as coberturas devem estar diretamente relacionadas ao objeto segurado. A cobertura adicional Assistência 24 horas garante ao veículo segurado e a seus ocupantes assistência na ocorrência de eventos previstos na apólice de seguro. Também tem como objetivo prestar assistência ao segurado em caso de pane, colisão, incêndio ou roubo do veículo segurado. UNIDADE 2 25 A seguir, listamos alguns exemplos de serviços de assistência: – troca de pneus; – mecânico emergencial ou reboque do veículo até a oficina; – chaveiro; – táxi emergencial em caso de acidente, pane, roubo ou furto do veículo; – remoção de veículos; – reparo no local; – auxílio em caso de falta de combustível (pane seca); – troca de pneus; – chaveiro; – hospedagem; – fornecimento de passagens aéreas ou terrestres para retorno do segurado e seus acompanhantes ao local de origem ou continuidade da viagem até o local de destino; – remoção de passageiros acidentados; – locomoção de pessoa da família em caso de internação; – motorista substituto em caso de incapacitação do condutor do veículo segurado após acidente; e – traslado de corpo em caso de falecimento. Algumas seguradoras oferecem serviço de assistência residencial em alguns dos pacotes opcionais: – reparos em aparelhos eletrodomésticos, instalações elétricas e hidráulicas na residência do segurado. Vale dizer que alguns desses serviços estão sujeitos a franquias específicas e/ou limites de utilização, com possibilidade ou não de reintegração após a utilização. A seguradora estará desobrigada da prestação de serviços de Assistência 24 horas nos casos que impeçam a sua execução, como: enchentes, interdições de rodovias e/ou outras vias de acesso, greves, convulsões sociais, atos de vandalismo, efeitos nucleares ou radioativos, casos fortuitos e de força maior. Os custos dos serviços providenciados pelo próprio segurado somente são reembolsados em situações excepcionais, mediante prévia autorização. A seguir, algumas exclusões previstas nos serviços de Assistência 24 horas: – atos intencionais ou dolosos praticados pelo segurado; – uso abusivo de álcool (embriaguez), entorpecentes; – participação em apostas, crimes, disputas; – acidentes resultantes de participação em qualquer competição, oficial ou não; – greves, convulsões sociais, atos de vandalismo, interdições de rodovias e/ou de outras vias de acesso, efeitos nucleares ou radioativos, casos de força maior. Vale a pena ler na íntegra Circular SUSEP 310/2005 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP26 • Carro Reserva – a cobertura adicional de carro reserva poderá ser contratada para veículos de passeio, esportivos, pick ups leves e pesadas, nacionais e importados, com a contratação da cobertura básica de casco. Esta cobertura pode ter periodicidade definida de acordo com cada contrato firmado entre o segurado e seguradora. A seguradora disponibilizará ao segurado o serviço de carro reserva durante o período contratado em caso de indenização integral (colisão, incêndio, roubo e furto) e nos casos de perda parcial. Nos casos de perda parcial, para ter acesso a este benefício, é necessário que o valor do reparo seja superior ao valor da franquia estipulada na apólice (sinistro indenizável). Os períodos usualmente praticados pelas seguradoras são: 7 (sete); 15 (quinze); e 30 (trinta) dias. Algumas seguradoras disponibilizam ainda a opção de contratação do carro reserva por tempo indeterminado, ou seja, todo o tempo em que o veículo segurado estiver indisponível, considerando: – em caso de perda parcial, do momento do recolhimento do veículo até a data da sua entrega reparado pela oficina; – em caso de indenização integral, o prazo para liberação é contado a partir da formalização do aviso de sinistro até o efetivo pagamento da indenização. Há também a opção de algumas seguradoras oferecerem o serviço de carro reserva nos casos em que o segurado seja o terceiro no acidente e o sinistro esteja sendo tratado em outra seguradora. Neste caso, o carro reserva será liberado, desde que o valor do sinistro na congênere atinja o valor da franquia estipulada na apólice contratada (sinistro indenizável) e forem comprovadas a abertura do processo de sinistro na congênere e a entrada do veículo em oficina para reparos. O segurado, além de responder por todas as despesas decorrentes da utilização do carro reserva, deverá atender às seguintes exigências: • idade mínima de 21 anos; • experiência mínima de habilitação de dois anos; e • ser possuidor de cartão de crédito com limite disponível para a caução exigida pela locadora no momento da retirada do veículo. UNIDADE 2 27 3o Grupo – Coberturas Adicionais Correspondentes a Indenização em Moeda Corrente Nacional • despesas extraordinárias – na ocorrência de um sinistro caracterizado como indenização integral, a seguradora garantirá ao segurado uma indenização adicional com valores fixados na apólice e que correspondam a um percentual do valor indenizado. Esta indenização poderá ser utilizada para pagamento de despesas extraordinárias decorrentes do sinistro sem que haja necessidade de comprovação das despesas. O pagamento da indenização dessa cobertura adicional será efetuado juntamente com a indenização relativa à cobertura básica do veículo segurado. Algumas seguradoras estabelecem, nos seus produtos, que a cobertura de reembolso das despesas extraordinárias perde o efeito, nos casos de indenização integral por colisão, quando houver acordo para que o salvado fique em poder do segurado. • Diária por Perda de Faturamento – a cobertura adicional para Perda de Faturamento, também denominada Diáriaspor Indisponibilidade do Veículo ou ainda Lucros Cessantes, garante ao segurado o pagamento de indenização, em moeda corrente nacional, conforme as opções contratadas na apólice, como compensação pela perda de receita exclusivamente em consequência da paralisação do veículo segurado de utilização profissional, devidamente comprovada, ocasionada por sinistro coberto e indenizado pela seguradora. O reembolso terá como base o valor e o número de diárias fixados no contrato de seguro e obedecerá aos seguintes critérios: – em caso de indenização integral, as diárias serão contadas a partir da data de entrada do aviso de sinistro na seguradora, até a data do pagamento da indenização, ou quando atingir o número de diárias contratadas, prevalecendo o que ocorrer primeiro; e – em caso de indenização parcial, as diárias serão contadas a partir da data da entrada do aviso de sinistro na seguradora (ou do recolhimento do veículo à oficina, caso este seja posterior), até a data da entrega do veículo pela oficina, ou quando atingir o número de diárias contratadas, o que ocorrer primeiro. Os valores das diárias oferecidas pelos produtos das seguradoras geralmente são de R$ 100,00, R$ 150,00 ou R$ 200,00, e as quantidades de diárias, entre cinco e 15 dias. Vale ressaltar que, nessa cobertura, deve constar, expressamente na apólice, o valor de cada diária e o número de diárias contratadas. Assim, a indenização será o produto do valor da diária pela quantidade de dias de paralização do veículo, observado o limite das diárias contratadas. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP28 4o Grupo – Ampliação de Limites de Cobertura • Extensão de Perímetro – Esta cobertura adicional garante ao segurado a ampliação da área de abrangência geográfica de cobertura do seguro para países da América do Sul. A cobertura concedida ao segurado no Brasil prevalece nos países da América do Sul (incluindo os países integrantes do Mercosul). A indenização é feita sob forma de reembolso, mediante comprovação das despesas relativas ao sinistro ocorrido. A seguradora adotará, para efeito de conversão, a taxa de câmbio vigente na data de pagamento do sinistro, respeitando os limites máximos de indenização estipulados na apólice. No caso de haver um representante da seguradora no país onde ocorreu o sinistro, deve-se proceder exatamente como se o sinistro fosse regulado no Brasil. • Valor de Novo – a cobertura adicional de Valor de Novo (também chamada de cobertura adicional para Veículo Zero km) tem por objetivo garantir ao segurado a indenização em valor equivalente ao veículo zero km, apurado na Tabela FIPE, por período superior a 90 dias. O período de contratação na maioria das seguradoras é de até seis meses. Outras, no entanto, podem ampliar esse prazo por até 12 meses. Vale lembrar que esta cobertura adicional somente se aplica a apólices contratadas na modalidade “Valor de Mercado Referenciado”. O seguro deverá ser contratado mediante a apresentação da nota fiscal de compra do veículo, emitida por concessionária ou distribuidor autorizado. O início de vigência do seguro deve ser, no máximo, 72 horas após a data de saída do veículo da concessionária. SEGURO AUTO POPULAR A Resolução CNSP 336, de 31 de março de 2016, instituiu as regras e critérios para operação do seguro popular de automóvel com permissão para utilização de peças usadas oriundas de empresas de desmontagem, conforme a Lei 12.977, de 20 de maio de 2014, que regulamenta a atividade de desmontagem de veículos automotores de via terrestre. A permissão do uso de peças oriundas de desmontagem não afasta a possibilidade de utilização de peças de reposição novas e que apresentem as mesmas especificações técnicas do fabricante, asseguradas ao destinatário informações claras, suficientes e destacadas acerca da procedência e da adequação do produto. Vale a pena ler na íntegra Resolução CNSP 336/2016 www.susep.gov.br UNIDADE 2 29 Cobertura Principal A cobertura principal deverá contemplar a garantia de danos causados por colisão, sendo vedada a cobertura exclusiva para indenização integral por colisão. Poderão ainda ser oferecidas como coberturas agregadas, exclusivamente: • Assistência e Outras Coberturas; • Auto • Acidentes Pessoais de Passageiros – APP; e • Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos – RCFV. Regras para Contratação Poderá ser comercializado nas modalidades Valor de Mercado Referenciado e Valor Determinado. A oferta, apresentação e utilização de peças oriundas de desmontagem, ou de peças de reposição novas e que apresentem as mesmas especificações do fabricante, devem assegurar ao proponente informações claras e destacadas da procedência e das condições do produto. A permissão do uso de peças oriundas de desmontagem não afasta a possibilidade de utilização de peças de reposição novas e que apresentem as mesmas especificações técnicas do fabricante, asseguradas ao destinatário informações claras, suficientes e destacadas acerca da procedência e da adequação do produto. A seguradora somente poderá utilizar peças de reposição não originais após autorização específica do segurado no momento da contratação. A proposta de seguro deverá conter opção entre a utilização de oficina livre escolha ou de oficina pertencente à rede referenciada da seguradora e específica do produto. Na hipótese de rede referenciada, a seguradora deverá discriminar as vantagens auferidas pelo segurado. É imprescindível a assinatura prévia da proposta pelo segurado, por seu representante legal ou corretor de seguros, com declaração de que o proponente tomou ciência das referidas condições. A utilização dessas peças, na recuperação de veículos sinistrados, somente será permitida quando atenderem aos requisitos de origem, para reutilização, nos termos das normas do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN – e demais condições impostas pela Lei 12.977/2014. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP30 SEGUROS DE FROTAS É o seguro de um conjunto de veículos contratado na mesma seguradora, por apólice emitida em nome de uma única pessoa física ou jurídica. Todos os dispositivos que regem o seguro de automóvel individual valem para regular os seguros de automóveis para frotas de veículos. Em função das características de um determinado grupo segurável, podem ser oferecidas condições especiais para contratação deste seguro. Os tipos mais conhecidos de Seguro de Frota são: • grupos de afinidade; e • apólices coletivas. Grupos de Afinidade Este seguro pode ser contratado (ou estipulado) pelo próprio empregador ou por associações constituídas que congreguem, exclusivamente, empregados de um mesmo empregador, o qual também poderá incluir seus veículos. Em alguns grupos de afinidade (GAFIN), poderão ser admitidos no seguro, a critério da seguradora, além dos associados, seus dependentes. Caberá obrigatoriamente à seguradora emitir certificados individuais de seguro para todos os componentes do grupo. O prêmio poderá ser pago: • integralmente pelo empregador; • pelo empregador e pelo empregado, em proporções combinadas entre ambos; ou • somente pelo empregado. De modo geral, o prêmio é pago somente pelo empregado. Por conta das características descritas anteriormente, não serão admitidos grupos de afinidade reunindo veículos de sócios de clubes, membros de sindicatos e cooperativas ou quaisquer outras agremiações. UNIDADE 2 31 Apólices Coletivas As apólices coletivas são constituídas por veículos de um mesmo proprietário, isto é, sob um mesmo CPF ou CNPJ (pessoa física ou jurídica). No Seguro de Frota, é permitida a inclusão de veículos adquiridos, alugados e/ou arrendados pelo segurado durante a vigência do seguro, sendo normalmente alocados em categoria tarifária específica paratal fim. Quando se tratar de pessoa jurídica, poderão ser considerados, além dos veículos da própria empresa segurada, os veículos de seus diretores e de firmas comprovadamente subsidiárias. RISCOS EXCLUÍDOS Constituem riscos excluídos – ou prejuízos não indenizáveis – nas coberturas de Casco (Automóveis) aqueles riscos cujos sinistros importem em perdas não previstas ou impossíveis de dimensionar no ato da fixação do prêmio, ou, ainda, aqueles que possam constituir objeto de seguro específico. São considerados riscos excluídos do Seguro de Casco (Automóveis) os riscos ou prejuízos provenientes de: • danos causados ao veículo segurado, quando conduzido por pessoa em estado de embriaguez ou sob a influência de qualquer droga que produza efeitos desinibitórios, alucinógenos ou soníferos; • perdas ou danos ocorridos quando o veículo segurado for conduzido ou posto em movimento por pessoa sem carteira de habilitação válida e compatível com a respectiva categoria do veículo; • roubo ou furto de veículo que possua equipamentos de segurança e o segurado não os tenha acionado ou à central de monitoramento, quando for o caso; • lucros cessantes; • fenômenos da natureza, salvo os expressamente previstos nas cláusulas de coberturas; • perdas ou danos ocorridos quando em trânsito por estradas não abertas ao tráfego; • desgaste, depreciação pelo uso, falhas do material, defeitos mecânicos ou de instalação elétrica no veículo segurado; • tumultos, motins, greves, lockout e quaisquer outras perturbações da ordem pública; SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP32 • atos de hostilidade ou guerras, rebeliões, insurreições, revoluções, confiscos, nacionalizações, destruição ou requisição decorrentes de qualquer ato de autoridade de fato ou de direito, civil ou militar; • danos decorrentes de apropriação indébita do veículo segurado; • perdas ou danos ocorridos durante a participação do veículo segurado em competições, apostas e provas de velocidade; • perdas ou danos sofridos pelo veículo segurado se este estiver sendo rebocado por veículo não apropriado para esse fim; • desvalorização do valor do veículo, em virtude da remarcação do chassi, bem como qualquer outra forma de depreciação que esse veículo venha a sofrer, inclusive aquela decorrente de sinistro ou pelo uso do bem; • despesas de qualquer espécie que não correspondam ao necessário para o reparo do veículo e seu retorno às condições de uso imediatamente anteriores ao sinistro; • perdas ou danos sofridos pelo veículo segurado por queda, deslizamento ou vazamento de carga transportada, salvo quando em consequência de um dos riscos cobertos pela apólice; • danos causados aos bens de propriedade do segurado ou a ele entregues em custódia para transporte, uso, manipulação ou execução de qualquer trabalho; • acidentes diretamente ocasionados pela inobservância de disposições legais; • acidentes que decorram de excesso de lotação do veículo ou excesso de peso, dimensão ou acondicionamento de carga transportada; • multas e fianças impostas ao segurado, bem como despesas de qualquer natureza, incorridas em ações ou processos criminais; • danos resultantes de radiações ionizantes ou contaminação pela radioatividade e de qualquer resíduo de combustão de material nuclear; e • danos causados por animais de propriedade do segurado, do principal condutor ou de seus ascendentes, descendentes ou cônjuge. FIXANDO CONCEITOS 2 33 Fixando Conceitos 2 Anotações: MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA [1] No Seguro de Automóveis, o Valor Determinado: (a) É estabelecido para a apuração do prêmio de referência. (b) É determinado exclusivamente para o cálculo da franquia. (c) Representa o valor indenizável nos sinistros com indenização integral, caso o seguro tenha sido contratado nesta modalidade. (d) É indicado pelo segurado e reconhecido pela seguradora como o valor a ser pago, em caso de indenização integral, apenas na cobertura de Incêndio e Roubo. (e) É usualmente determinado para o cálculo do prêmio, pois, em caso de indenização integral, prevalecerá sempre o valor comercial do veículo. [2] O Seguro de Automóveis apresenta os seguintes tipos de coberturas: (a) Básicas e adicionais. (b) Básicas e especiais. (c) Básicas, adicionais e especiais. (d) Básicas, adicionais e acessórias. (e) Básicas, adicionais, especiais e acessórias. [3] O risco de incêndio do veículo (casco) é garantido: (a) Por cobertura adicional. (b) Por cobertura acessória. (c) Somente por cobertura especial. (d) Por qualquer das coberturas básicas. (e) Somente pela cobertura básica de Incêndio. [4] As coberturas de Colisão, Abalroamento e Derrapagem Acidental encontram-se amparadas: (a) Em qualquer cobertura adicional. (b) Apenas nas coberturas especiais. (c) Nas coberturas básicas no 1 e no 2. (d) Exclusivamente na cobertura básica no 2. (e) Exclusivamente na cobertura básica no 1. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP34 Anotações: Fixando Conceitos 2 [5] No Seguro de Automóveis, a cobertura básica no 2 garante a indenização dos prejuízos decorrentes de: (a) Granizo, alagamento e ressaca. (b) Roubo ou furto total do veículo segurado. (c) Roubo ou furto parcial do veículo segurado. (d) Colisão. (e) Acidentes causados ao veículo durante o transporte por qualquer meio comum e apropriado. [6] A cobertura adicional de Acessórios: (a) Não onera o custo do seguro. (b) É parte integrante de qualquer cobertura básica. (c) Não considera acessórios os objetos fornecidos obrigatoriamente pelo fabricante do veículo. (d) Permite a contratação para aparelhos de comunicação removíveis do veículo segurado. (e) Considera vidros coloridos e bancos especiais como uma cobertura especial, sendo necessário contratá-la isoladamente. [7] O perímetro de cobertura do Seguro de Automóvel pode ser estendido: (a) A qualquer país. (b) Apenas aos países da América do Sul. (c) Apenas aos países integrantes do Mercosul. (d) Apenas aos países da América do Sul e América Central. (e) Aos países da América do Sul, América Central e América do Norte. [8] A cobertura adicional – Carroceria: (a) Não necessita do pagamento de prêmio adicional. (b) Considera carroceria guindastes e plataformas elevatórias. (c) É considerada cobertura extraordinária, sendo, portanto, perfeitamente dispensável. (d) Considera que os veículos Ford Ranger, GM S-10 e VW Amarok enquadram-se na categoria de veículos com carroceria. (e) Considera carroceria os receptáculos de carga que não integram o modelo básico do veículo e que sejam fixados em caráter permanente nesse veículo. FIXANDO CONCEITOS 2 35 Fixando Conceitos 2 Anotações: [9] Quanto à cobertura adicional de Blindagem, é correto afirmar que: (a) É válida, também, para caminhões. (b) Pode ser contratada de forma isolada. (c) Não é comum no mercado segurador nacional. (d) Pode ser contratada junto com qualquer das coberturas básicas. (e) Somente poderá ser contratada com a Cobertura Compreensiva. [10] Uma empresa consulta seu corretor quando deseja contratar uma apólice de frota de Automóveis, do tipo grupo de afinidade, para seus funcionários. Neste caso, o corretor dessa empresa deverá informá-la de que: (a) O seguro somente poderá ser contratado pelo próprio empregador. (b) O seguro deverá ser pago, única e exclusivamente, pela empresa. (c) Se o seguro for pago pelo empregador, poderá ser deduzido integralmente do imposto de renda da empresa. (d) O seguro poderá admitir a emissão de apólice por sócios de clubes, membros de sindicatos e cooperativas ou quaisquer outras agremiações. (e) O seguro poderá ser pago integralmente pelo empregador ou pelo empregador e pelo empregado, em proporções livremente combinadas entre ambos ou somente pelo empregado. [11] No Segurode Automóveis, os danos causados por queda acidental de objetos sobre o veículo: (a) Estão cobertos por qualquer cobertura básica. (b) Estão cobertos pelas coberturas básicas no 1 e no 2. (c) Estão cobertos exclusivamente pela cobertura básica no 1. (d) Somente estarão cobertos se contratada cobertura adicional. (e) Estão cobertos pela cobertura básica no 1, desde que resultem, exclusivamente, na indenização integral do veículo. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP36 Anotações: Fixando Conceitos 2 [12] São excluídos da cobertura do Seguro de Automóveis os riscos ou prejuízos provenientes de: (a) Colisão, na cobertura básica no 1. (b) Incêndio, em qualquer das coberturas básicas. (c) Roubo total ou furto total do veículo, na cobertura básica no 2. (d) Roubo parcial ou furto parcial do veículo, na cobertura básica no 1. (e) Desgaste, depreciação pelo uso, falhas do material, defeitos mecânicos ou de instalação elétrica no veículo segurado. UNIDADE 3 37 SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL FACULTATIVO DE VEÍCULOS – RCF33 Após ler esta unidade, você deve ser capaz de: • Conhecer algumas noções básicas de Responsabilidade Civil. • Entender os objetivos do Seguro de RCF. • Conhecer os tipos de coberturas oferecidas pelas seguradoras para o Seguro de RCF. • Entender sobre os riscos cobertos e os riscos excluídos do Seguro de RCF. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP38 UNIDADE 3 39 NOÇÕES BÁSICAS DE RESPONSABILIDADE CIVIL A ntes de iniciarmos o estudo do Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo de Veículos Automotores de vias terrestres, é importante saber o que é responsabilidade civil. O Código Civil Brasileiro, em seu art. 186, determina que: “Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” No art. 927 – Da Obrigação de Indenizar: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” Parágrafo único. “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” Exemplo: alguém que, ao conduzir seu veículo, provoque, por imprudência, uma colisão fica obrigado a indenizar o proprietário do outro veículo. No exemplo acima, ficam caracterizados a existência de ação culposa, o dano material e a relação de causa e efeito (nexo causal) entre o dano e a ação do agente causador. Vejamos: • ocorreu a colisão – fato lesivo; • houve culpa do agente; • foram produzidos danos materiais – perdas ou avarias a bens de terceiros; e • estabeleceu-se a relação de causa e efeito entre o fato lesivo e o dano produzido – nexo causal. O direito ao ressarcimento surge quando, da atuação voluntária ou não do agente causador, resultar algum prejuízo a alguém. Segundo Arnaldo Marmitt (1986), no acidente automobilístico, há uma ação voluntária do motorista, ainda que sem consciência da transgressão, um prejuízo a outrem e uma obrigação de reparar esse prejuízo culposamente ocasionado. A culpa manifesta-se, geralmente, através de ação ou omissão sob as modalidades de imprudência, negligência ou imperícia, que, na prática, aproximam-se, entrelaçam-se e se confundem. Imprudência Pode ser defi nida como a falta de diligência, de cuidado, de atenção. É sinônimo de inadvertência, de descuido. Age com imprudência quem, por exemplo, ingressa em preferencial sem que esta esteja completamente desimpedida ou quem inicia cruzamento longo diante de sinal de advertência (luz amarela) no semáforo. Negligência Condiz com desleixo, falta de zelo. É negligente o motorista que, por exemplo, trafega com para-brisa quebrado, com freio defeituoso ou com qualquer outra defi ciência que reduza a segurança do veículo. Imperícia Do condutor reside na sua inaptidão ou incompetência ao volante, na sua falta de habilidade técnica na direção do veículo. É imperito quem não consegue vencer obstáculos corriqueiros, como ofuscamentos, derrapagens e outros. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP40 OBJETIVO DO SEGURO DE RCF O Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo – RCF – garante, dentro do Limite Máximo de Responsabilidade (LMR) contratado, o reembolso ao segurado de: • indenizações que esteja obrigado a pagar em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou extrajudicialmente mediante acordo expresso e prévia anuência da seguradora, consequentes a danos involuntários materiais, corporais e/ou morais e estéticos, causados a terceiros, desde que sejam decorrentes dos riscos cobertos durante a vigência do seguro; e • custas judiciais e dos honorários de advogados (desde que autorizados pela seguradora) nos processos cíveis em que o segurado seja arrolado por um acidente com terceiros (DM/DC). A escolha do advogado é exclusivamente do segurado. É bom registrar que o seguro pode ser facultativo, porém não a responsabilidade ocasionada pelo evento que causou um dano a alguém. O segurado deverá requerer a denunciação à lide da seguradora nos casos em que for acionado judicialmente por um terceiro, para pagar prejuízos decorrentes de sinistro coberto pela apólice contratada. Caso o processo movido pelo terceiro tenha sido instaurado perante um Juizado Especial Cível, por força do art. 10 da Lei 9.099, será vedada a participação da seguradora. Nesta hipótese, deverá o segurado comunicar à seguradora a existência da ação e defender-se, regularmente, até a última instância para, ao final, caso seja condenado, pleitear o reembolso administrativo junto à seguradora. Para efeito de seguro, entende-se por: • dano corporal (DC) – qualquer dano físico a pessoas (lesão, incapacidade ou morte); e • dano material (DM) – qualquer dano físico a propriedade tangível, causador de diminuição patrimonial, inclusive todas as perdas materiais relacionadas ao uso dessa propriedade. TIPOS DE COBERTURAS O Seguro de RCF pode ser contratado com as seguintes coberturas: • básicas – compreendendo as garantias de Danos Materiais (DM) e/ou Danos Corporais (DC); e • adicionais – compreendendo Dano Moral, Dano Estético e Extensão do Perímetro do Seguro a Países da América do Sul. UNIDADE 3 41 Coberturas Básicas Danos Materiais (DM) Entende-se por cobertura de Danos Materiais a garantia de reembolso ao segurado por danos materiais causados a terceiros (danos à sua propriedade), desde que a responsabilidade pelo evento seja do segurado ou sua culpa seja civilmente comprovada e encontre amparo securitário nas condições do seguro contratado. Danos Corporais (DC) A cobertura de Danos Corporais tem por finalidade garantir o reembolso ao segurado das despesas relativas aos danos causados à integridade física de terceiros, observando-se o limite máximo de indenização relativo a essa cobertura e indicado na apólice contratada. Os Danos Corporais são classificados em: • Invalidez Permanente (IP); • Morte (M); e • Despesas Médico-Hospitalares (DMH). A cobertura de danos corporais concedida pelo seguro de RCF somente responderá, em cada reclamação, pela parcela de indenização que exceder os limites vigentes na data do sinistro para as coberturas do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), previstas no art. 2o da Lei 6.194, de 19 de dezembro de 1974. Coberturas Adicionais As principais coberturas adicionais disponíveis no mercado são: Danos Morais, Danos Estéticos e Extensão de Perímetro a Países da América do Sul. Cobertura Adicional de Dano Moral Entende-se por dano moral aquele que, embora não ocasione perda econômica, cause ofensaà personalidade, desencadeando trauma psíquico, trazendo como consequência ofensa à honra, ao afeto, à liberdade, à profissão, ao respeito aos mortos, à psique, à saúde, ao nome, ao crédito, ao bem-estar e à vida. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP42 Cobertura Adicional de Danos Estéticos Entende-se por danos estéticos os danos causados a pessoas, que impliquem a redução ou a perda de padrão de beleza ou estética. Cobertura Adicional de Extensão de Perímetro do Seguro a Países da América do Sul Com essa cobertura adicional, as coberturas do Seguro de RCF ficam estendidas aos países da América do Sul (incluindo os países do Mercosul) pelo período máximo de 1 ano, com manutenção do limite máximo de responsabilidade vigente no momento da contratação da apólice e com cobrança de prêmio adicional. No caso de acidentes ocorridos em países do Mercosul, as coberturas do Seguro de RCF serão acionadas como um seguro a 2o Risco, uma vez que o seguro de Responsabilidade Civil Carta Verde tem contratação compulsória para acesso de veículos a países pertencentes a este bloco. RISCOS COBERTOS Considera-se risco coberto a responsabilidade civil do segurado referente a danos materiais e/ou danos corporais involuntários, causados a terceiros, que decorram de acidentes provocados pelo veículo segurado ou pela carga transportada. A contratação deste seguro prevê o pagamento de prêmio e o estabelecimento dos limites máximos de responsabilidade para cada cobertura contratada (cobertura básica e coberturas adicionais). A cobertura do Seguro de RCF não se estende automaticamente aos países do MERCOSUL. É preciso, contudo, que o segurado seja responsabilizado civilmente em sentença judicial transitada em julgado ou em acordo judicial ou extrajudicial, autorizado de modo expresso pela seguradora. As despesas com custas judiciais e honorários de advogados também estão cobertas. Os ascendentes, descendentes, cônjuge e irmãos, bem como qualquer parente ou pessoa que resida com o segurado ou dele dependa economicamente, não são considerados terceiros pelo presente seguro. Na maioria dos casos de danos materiais, a seguradora indeniza diretamente o terceiro ou o prestador de serviço responsável pelo bem do terceiro. A cobertura de RCF pode ser contratada de forma isolada ou em conjunto com as coberturas básicas e adicionais do seguro de automóvel (Casco) e com a cobertura de APP. UNIDADE 3 43 Caso a cobertura de RCF seja contratada isoladamente, estará sujeita às regras de aceitação e subscrição utilizadas pela seguradora. Os limites máximos de responsabilidade para as coberturas de Danos Materiais (DM), Danos Corporais (DC) e Danos Morais (DMo) podem ser diferentes. Os limites máximos de responsabilidade para as garantias de Danos Materiais, Danos Corporais e Danos Morais, discriminados na apólice, representam os valores máximos indenizáveis por sinistro ou série de sinistros resultantes de um mesmo evento. Uma vez atingido o limite máximo de responsabilidade para uma cobertura, esta será automaticamente cancelada e poderá ser reintegrada mediante pagamento de prêmio adicional. Exemplo Tomemos como exemplo um contrato de seguro de RFC com uma cobertura de Danos Materiais (DM) no valor de R$ 100.000,00. Ocorrendo uma série de sinistros resultantes de um mesmo evento com danos materiais causados a terceiros e cujo somatório dos prejuízos alcancem ou ultrapassem o Limite Máximo de Responsabilidade (LMR), tais prejuízos serão indenizados até o valor do LMR contratado, e a cobertura de Danos Materiais (DM) será cancelada, podendo ser reintegrada mediante pagamento de prêmio adicional. Ocorrendo um único sinistro de RCF/DM resultante de um evento coberto pela apólice e cujos prejuízos indenizáveis ultrapassem o valor da cobertura contratada (R$ 100.000,00), a seguradora indenizará o valor do Limite Máximo de Responsabilidade (R$ 100.000,00) e cancelará a cobertura de Danos Materiais (DM). Neste caso, a cobertura também poderá ser reintegrada mediante o pagamento de prêmio adicional. RISCOS NÃO COBERTOS Constituem riscos não cobertos – prejuízos não indenizáveis –, na cobertura de Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo, aqueles excluídos por lei, que importem perdas não previstas ou impossíveis de dimensionar no ato da fixação do prêmio ou, ainda, aqueles que possam constituir objeto de outro seguro específico. Estão excluídos do Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo os prejuízos provenientes de acidentes nas seguintes situações: 1. quando o veículo segurado for conduzido por pessoa em estado de embriaguez ou sob influência de qualquer droga que produza efeitos desinibitórios, alucinógenos ou soníferos; 2. quando o veículo segurado for conduzido, ou posto em movimento, por pessoa sem carteira de habilitação válida e compatível com a respectiva categoria do veículo; SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP44 3. quando o veículo segurado estiver em poder de terceiros, especificamente no caso de roubo ou furto; 4. lucros cessantes ou danos emergentes não resultantes, direta ou indiretamente, da responsabilidade por Danos Materiais e Corporais cobertos pela apólice; 5. quando o veículo segurado estiver sob apropriação indébita; 6. quando o veículo segurado estiver participando de competições, apostas e provas de velocidade; 7. danos causados pelo segurado a seus ascendentes, descendentes, cônjuge e irmãos ou quaisquer outras pessoas que com ele residam ou que dele dependam economicamente; 8. danos causados aos empregados ou prepostos do segurado, quando a seu serviço, e, ainda, danos causados a sócios – dirigentes da empresa do segurado; 9. quando o acidente for diretamente ocasionado pela inobservância de disposições legais. Exemplo: veículo rebocado de forma ilegal; 10. danos sofridos por pessoas transportadas, ocupando, no veículo, lugares não especificadamente destinados e apropriados para tal fim; 11. danos por poluição ou contaminação do meio ambiente causadas pelo veículo segurado, exceto se contratado seguro próprio; e 12. quando o paciente estiver sendo transportado por ambulância. FIXANDO CONCEITOS 3 45 Anotações: Fixando Conceitos 3 MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA [1] O Código Civil Brasileiro, no seu art. 927, determina que: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” O seguro que fornece cobertura ao que está previsto nesse artigo é o de: (a) Acidentes Pessoais de Passageiros. (b) Riscos Diversos. (c) Lucros Cessantes. (d) Responsabilidade Civil Facultativo de Veículos – RCF. (e) Automóveis. [2] Um dos elementos que configura a responsabilidade é a relação de causalidade entre o dano e o fato atribuído ao agente. Isto quer dizer que: (a) O dano não precisa existir. (b) A culpa não precisa ser do segurado ou do condutor do veículo segurado. (c) O dano causado pelo segurado (agente) terá que ser casual. (d) O segurado pode assumir a responsabilidade por dano causado por outro agente, desde que a seguradora não tome conhecimento deste fato. (e) Os danos causados a um terceiro terão que ser decorrentes da responsabilidade do segurado ou do condutor do veículo segurado. [3] Um segurado que, por imprudência ao conduzir seu veículo, provoque uma colisão fica obrigado a indenizar o proprietário do outro veículo. Dos elementos citados abaixo, o que não configura a responsabilidade civil é o(a): (a) Fato lesivo. (b) Dano produzido pelo veículo causador. (c) Culpa do condutor do veículo causador. (d) Estado de conservação do veículo causador do dano. (e) Relação de causalidade entre o dano e o fato atribuído ao agente causador. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP46 Anotações: Fixando Conceitos 3 [4] Consideramos como riscoscobertos em RCF: (a) Os danos causados aos passageiros do veículo segurado. (b) Os danos causados ao próprio veículo segurado. (c) Os danos causados aos passageiros do veículo segurado, excluindo-se o motorista. (d) Somente serão cobertos os riscos, em qualquer caso, se as coberturas de Danos Materiais e Danos Corporais possuírem o mesmo valor. (e) A responsabilidade civil do segurado que decorra de acidentes causados pelo veículo discriminado na apólice ou pela carga transportada. [5] O Seguro de RCF pode ser contratado com as seguintes coberturas: (a) Básicas e adicionais. (b) Básicas e acessórias. (c) Adicionais e especiais. (d) Adicionais, básicas e especiais. (e) Básicas, adicionais e acessórias. [6] São considerados riscos cobertos em RCF: (a) Os danos causados a um muro, por colisão do veículo segurado. (b) Danos causados a sócios dirigentes ou dirigentes da empresa do segurado. (c) Acidentes causados por condutor não habilitado quando na condução do veículo segurado. (d) Danos causados pelo segurado a seus ascendentes, descendentes, cônjuge e irmãos. (e) Danos causados às coisas de propriedade do segurado, ou a ele entregues em custódia, para o transporte, uso ou manipulação. FIXANDO CONCEITOS 3 47 Anotações: Fixando Conceitos 3 [7] ANALISE AS PROPOSIÇÕES A SEGUIR E DEPOIS MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA Com relação ao Seguro de RCF-V, podemos afirmar que: I) Os ascendentes, descendentes, cônjuge e irmãos são considerados terceiros. II) A culpa, geralmente, manifesta-se por ação ou omissão, sob as modalidades de imprudência, negligência ou imperícia. III) Os limites máximos de responsabilidade para as garantias de Danos Materiais (DM) e Danos Corporais (DC) são independentes. IV) Danos Morais e Estéticos são coberturas adicionais. V) Considera-se como risco coberto a responsabilidade civil do segurado referente a danos materiais, corporais e/ou morais e estéticos, causados a terceiros, que decorram de acidentes provocados pelo veículo discriminado na apólice, desde que as coberturas tenham sido devidamente contratadas. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente I e II são proposições verdadeiras. (c) Somente II e III são proposições verdadeiras. (d) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (e) Somente II, III, IV e V são proposições verdadeiras. [8] Um segurado de RCF prontifica-se para transportar a televisão de um amigo que se encontrava na loja para conserto e, na volta, colide com outro carro, danificando a TV seriamente. Tendo o segurado reconhecido sua culpa, a televisão do amigo: (a) Poderá ser indenizada pelas coberturas do Seguro de RCF. (b) Poderá ser indenizada, desde que haja garantia suficiente para tal. (c) Não poderá ser indenizada, pois constitui risco não coberto pelo seguro. (d) Será indenizada apenas se o seguro for contratado com a cobertura Compreensiva e RCF. (e) Poderá ser indenizada se ficar comprovado que seus danos foram provenientes do acidente. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP48 Anotações: Fixando Conceitos 3 [9] Ao realizar uma operação de descarga de um caminhão que transportava madeira, determinado funcionário fere uma das mãos. Os danos causados ao funcionário: (a) Estão cobertos. (b) Não encontram amparo na cobertura do Seguro de RCF. (c) Estão amparados pelo Seguro de APP. (d) Só estão cobertos se causados fora do horário de expediente. (e) Só estão cobertos se o caminhão não estiver sendo dirigido por empregado da indústria. [10] Um segurado, ao fazer o Seguro de Automóveis e RCF de seu carro, omite o fato de que o veículo é utilizado como táxi. Caso haja uma colisão, envolvendo seu carro e outros dois veículos de terceiros, este sinistro: (a) Estará coberto só em RCF. (b) Estará coberto só em Automóveis. (c) Constitui risco não coberto pelo seguro, uma vez que o segurado não declarou a exata utilização do seu veículo, impedindo que a seguradora analisasse o risco de maneira adequada. (d) Estará coberto na categoria de Automóveis em RCF. (e) Só estará coberto se o sinistro não tiver ocorrido durante a utilização do veículo como táxi. UNIDADE 4 49 SEGUROS DE CONTRATAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA VEÍCULOS44 Após ler esta unidade, você deve ser capaz de: • Identificar o Seguro DPVAT e o Seguro Carta Verde, que são de contratação obrigatória para veículos, de acordo com a legislação vigente. • Entender a legislação que disciplina a operação do Seguro DPVAT. • Compreender a finalidade do Seguro DPVAT. • Entender a contratação e o pagamento do prêmio do Seguro DPVAT. • Conhecer as coberturas e os limites de responsabilidade do Seguro DPVAT. • Compreender a finalidade do Seguro Carta Verde. • Entender a legislação que disciplina a operação do Seguro Carta Verde. • Entender a contratação e o pagamento do prêmio do Seguro Carta Verde. • Conhecer as coberturas e os limites de contratação do Seguro Carta Verde. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP50 UNIDADE 4 51 SEGURO DPVAT O primeiro diploma legal que instituiu o seguro obrigatório em nosso país foi o Decreto-Lei 1.186/39. O artigo 36 deste decreto-lei dizia o seguinte: Art. 36. A partir de 1o de Julho de 1940 ficam as sociedades comerciais obrigadas a segurar no Brasil, contra riscos de fogo e de transporte, os seus bens móveis e imóveis situados no país, desde que o valor total desses bens seja igual ou superior a quinhentos contos de réis. Vimos que este decreto-lei não versava sobre a contratação de seguros contra riscos à pessoa. Na década de 1960, o Decreto-Lei 73 de 21/11/1966, tornou clara a preocupação em proteger e amparar as vítimas de acidentes de trânsito, e o artigo 20 deste decreto-lei dizia: Art. 20. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são obrigatórios os seguros de (...) b) Responsabilidade civil dos proprietários de veículos automotores de vias terrestres, fluvial, lacustre e marítima, de aeronaves e dos transportadores em geral. Entretanto, apesar de previsto pelo Decreto-Lei 73/66, o seguro obrigatório para proprietários de veículos passou a ser efetivamente aplicado com a regulamentação introduzida pelo Decreto 61.867, de 7 de novembro de 1967. Entretanto este decreto dizia que o seguro obrigatório cobriria os danos causados pelos veículos ou por sua carga transportada a pessoas, transportadas ou não, e a bens não transportados. Em 1969 foi editado o Decreto-Lei 814, de 4 de novembro de 1969, que alterou o instituto do seguro obrigatório e determinou que as garantias às coberturas se dessem apenas para os danos de natureza pessoal. O seguro DPVAT, cuja sigla significa Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de via Terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não, foi criado pela Lei 6.194, de 19 de dezembro de 1974. O texto desta lei, que revogou expressamente o Decreto-Lei 814/69 e teve dispositivos alterados pelas Leis 8.441/92, 11.482/07 e 11.945/09, garantia e garante (esta lei permanece em vigor) a indenização por morte, invalidez permanente e despesas médicas e hospitalares (DAMS) a todos os envolvidos em um acidente de trânsito que tenha ocorrido em qualquer parte do Território Nacional, sejam pedestres, motoristas e passageiros. SEGUROS DE AUTOMÓVEIS, RCF E APP52 Ressaltamos que o Seguro DPVAT passou a vigorar através da Lei 6.194/74, de 19/12/1974, quando foi acrescida ao artigo 20 do Decreto-lei 73/66, de 21/11/1966, a alínea l. Art. 2o. Fica acrescida ao artigo 20, do decreto-lei 73, de 21 de Novembro de 1966, a alínea l nestes termos: l) danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não (grifo nosso). Desta forma o seguro obrigatório passa ser tratado como um seguro de danos pessoais
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