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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA MÁQUINAS AGRÍCOLAS GERENCIAMENTO DE OPERAÇÕES AGRÍCOLAS MECANIZADAS Carlos Eduardo Silva Volpato Pedro Hurtado de Mendoza Borges UFLA - Universidade Federal de Lavras FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão Lavras - MG 1 INTRODUÇÃO A mecanização das operações agrícolas, tem contribuído para elevar os rendimentos das culturas e conseqüentemente os lucros das empresas agropecuárias. No entanto, quando a referida mecanização não é feita de forma racional, pode trazer grandes prejuízos econômicos, sociais e ambientais, como por exemplo excessiva compactação e erosão do solo, baixa produtividade e elevados custos, dentre outros. Por essa razão, a mecanização das operações agrícolas requer um gerenciamento adequado, que possibilite estabelecer a relação custo-benefício mais apropriada para a empresa, bem como planejar corretamente o número necessário de máquinas agrícolas. 1.1. ASPECTOS QUE TRATA O GERENCIAMENTO DE OPERAÇÕES AGRÍCOLAS MECANIZADAS Visando facilitar o gerenciamento de operações agrícolas mecanizadas, sugerimos dividir o seu estudo em três categorias, a saber: Aspectos técnicos; Aspectos sociais e Aspectos econômicos. Aspectos técnicos: Estão relacionados com as máquinas agrícolas a serem empregadas, regulagens destas e as condições de trabalho. Estes aspectos são considerados na seleção das máquinas agrícolas e a análise do seu desempenho operacional, os quais serão tratados nos capítulos 2 e 3 deste trabalho. Aspectos sociais: Estão relacionados com a qualificação do pessoal da empresa, tanto dos administrativos quanto dos operadores de máquinas. O grau de preparação de uma empresa, dado pela qualificação do seu pessoal, influencia diretamente no planejamento e controle das operações agrícolas mecanizadas, aspectos estes, contidos nos capítulos 4 e 5. Aspectos econômicos: Estes aspectos envolvem os custos das máquinas e as despesas de cada operação executada. Estes aspectos constituem a base fundamental para determinar a relação custo-benefício da empresa, e serão estudados no capítulo 6. 1.2. MÉTODOS PRINCIPAIS EMPREGADOS NO GERENCIAMENTO DE OPERAÇÕES AGRÍCOLAS MECANIZADAS E necessário salientar, que não existe na agricultura um método padronizado para o gerenciamento de operações agrícolas mecanizadas. No entanto, a literatura especializada fornece diversos métodos aplicáveis ao referido gerenciamento, dentre os quais destacam-se: fluxogramas; diagramas em rede (PERT); nomogramas; programação lineal e gráfico de Gantt. Fluxograma é uma técnica de análise operacional que emprega diagramas para indicar a direção de fluxo de materiais ou os caminhos seguidos numa seqüência de operações. Conforme MIALHE (1974), os fluxogramas são utilizados, principalmente, nas seguintes situações: a) levantamento de métodos, condições ou situações existentes; b) planejamento de atividades ou operações a realizar; c) programação de modificações a introduzir num método de trabalho. Os diagramas em rede, como por exemplo o diagrama PERT (Project Evaluation and Review Technique), bem como os nomogramas e a programação lineal são excelentes recursos na análise de sistemas. No entanto, requerem de fundamentos matemáticos que não são objetivos do presente trabalho. Por outro lado, o gráfico de Gantt, é de fácil elaboração e fornece adequadas informações para o planejamento e controle de operações agrícolas mecanizadas. Assim, para estes fins, recomenda-se a utilização do mencionado gráfico, cuja elaboração será objeto de análise nos próximos capítulos. 2 SELEÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS No gerenciamento de operações agrícolas mecanizadas, um aspecto que merece atenção especial é a seleção racional das máquinas e implementos agrícolas. O objetivo básico do processo de seleção é determinar no mercado de máquinas, os modelos que têm possibilidades de executar, eficientemente, as operações requeridas pelo programa de produção da empresa agropecuária, visando obter o máximo rendimento dos recursos disponíveis com um mínimo de custos e sem causar impactos sócio-ambientais. 2.1. FATORES QUE AFETAM A SELEÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS De acordo com FOLLE & FRANZ (1990), a seleção de máquinas agrícolas é realizada em função de fatores qualitativos e quantitativos. Qualitativos são os que não podem ser medidos e dizem respeito às características técnicas das máquinas, como por exemplo, a decisão sobre um arado de discos ou aivecas, pois ambos têm a mesma finalidade. Então, a escolha será em dependência de suas características técnicas. Quantitativos, são os fatores que podem ser medidos. Estes mostram em que tempo e a que custo uma operação poderá ser executada, normalmente são expressos em ha/h ($/h). Conforme os referidos autores, alguns destes fatores são: capacidade de trabalho; assistência técnica; fontes de financiamento; preços; custos; confiabilidade; necessidades pessoais; pressão de vendas; estratégia de reposição; informações técnicas sobre os modelos disponíveis; implementos disponíveis e pressões sociais. Por outro lado, SAAD (1989), considera os seguintes grupos de fatores: Agrícolas, tais como: tipo de solo; declividade do terreno; superfície da área a ser explorada; culturas principais; tipos de trabalho. Técnicos, dentre eles: tipo do trator; potência (motor, polia, tomada de potência e barra de tração); força de tração desenvolvida pelo trator; resistência das máquinas à tração; capacidade de trabalho; combustível; assistência técnica; tratorista; manutenção e conservação; caderneta de controle. Econômicos, a saber: Confronto econômico entre a tração motora com a animal e sua adaptação; Custo do trator e maquinaria. Com base nos trabalhos anteriores, deduz-se que para obter, numa empresa agropecuária, o máximo rendimento com um mínimo de custos, devem ser levados em consideração e analisados detalhadamente os fatores técnico-econômicos relacionados com as máquinas agrícolas (potência dos tratores, custo, capacidade de trabalho, dentre outros), as características da empresa (tamanho, tipo de solo, culturas principais, etc), bem como as relações sociais da região (nível de escolaridade, influência do mercado de máquinas agrícolas, experiências com a mecanização, etc.). Com a finalidade de simplificar a análise da problemática abordada, sugerimos dividir o estudo em dois itens fundamentais, a saber: Dimensionamento da fonte de potência; Estimativa do desempenho de conjuntos motomecanizados. 2.2. DIMENSIONAMENTO DA FONTE DE POTÊNCIA As fontes de potência principais na agricultura são os motores de combustão interna, especialmente os que usam óleo Diesel como combustível. Estes motores fornecem a potência necessária para o trabalho de tratores com máquinas e/ou implementos agrícolas, bem como de máquinas autopropelidas, como, por exemplo, as colheitadeiras de cana-de-açúcar, milho, arroz, café, forragens, etc. Uma vez que os tratores são usados para diversos fins na agricultura (aração, gradagem, transporte, acionamento de máquinas e/ou implementos agrícolas, etc.) e as máquinas autopropelidas realizam funções específicas (limitadas), neste capítulo será tratado, somente, o dimensionamento da fonte de potência dostratores. Para o dimensionamento da potência no motor do trator, é necessário saber que os pontos de potência do trator são: Tomada de potência (TDP); Barra de tração e Rodas motrizes, os quais só recebem determinada porcentagem da potência líquida do motor. Na Figura 2.1. mostra-se, a distribuição da potência líquida do motor nos referidos pontos de potência, conforme ASAE (1983). Com base nesta Figura, estima- se que as potências disponíveis representam as seguintes percentagens: Tomada de Potência (TDP)... De 86,40 até 90 %; Barra de tração... De 74,80 até 81 % e Rodas motrizes (eixo)... De 81,20 até 87 %. 0,96 a 0,98 0,87 a 0,90 0,75 a 0,81 0,90 a 0,92 0,85 a 0,89 0,94 a 0,96 0,92 a 0,93 0,86 a 0,89 FIGURA 2.1: Eficiência máxima na transmissão de potência. FONTE: ASAE (1983) POTÊNCIA LÍQUIDA NO MOTOR TRANSMISSÃO TOMADA DE POTÊNCIA EIXO BARRA DE TRAÇÃO No entanto, FOLLE & FRANZ (1990), recomendaram o método desenvolvido por BOWERS (1978), baseado num fator de conversão de 0,86. De acordo com este método, as potências disponíveis na Tomada de Potência e na Barra de tração, em relação à potência líquida (máxima) do motor são: Tomada de potência (TDP)..... 0,86xPotência líquida do motor; Barra de tração....................... 0,862 x Potência líquida do motor e Rodas motrizes ..................... (Não fornecida). Apesar de estar muito próximos os mínimos valores das percentagens, determinados por ambos os métodos, recomendamos utilizar o método proposto por BOWERS (1978), uma vez que o mesmo forneceria maior segurança na estimativa das potências disponíveis na Tomada de potência e barra de tração dos tratores. Embora, o referido método não sugere uma percentagem direta da potência líquida do motor para as rodas motrizes, a mesma poderia ser estimada em função das condições de operação. Devemos salientar que não toda a potência disponível na Tomada de Potência e/ou na Barra de Tração dos tratores é aproveitada na operação agrícola, uma vez que isto depende da potência real que demandam as máquinas e/ou implementos agrícolas durante a sua execução. Esta potência está influenciada por diversos fatores alheios ao trator, tais como: Tipo de solo e umidade que apresenta/ Presença de restos de culturas anteriores; Altitude; Clima da região; Declividade do terreno; Tipo de operação agrícola (aração, gradagem, etc.); Tipo de máquina e/ou implemento agrícola acoplado ao trator e Velocidade de trabalho requerida. Para um dimensionamento adequado da fonte de potência, é necessário ainda, conhecer e/ou estimar o desempenho do conjunto motomecanizado (trator mais implemento e/ou máquina agrícola), com o objetivo de avaliar o grau de aproveitamento da fonte de potência. Isto é, determinar se a potência no motor está muito acima da requerida pelo implemento ou vice-versa, o que possibilitaria tomar as providências necessárias para executar eficientemente a operação agrícola. Isto é, o dimensionamento racional da fonte de potência está dado pela potência requerida para acionar as máquinas e/ou implementos agrícolas. 2.3. ESTIMATIVA DA POTÊNCIA REQUERIDA PELAS MÁQUINAS E/OU IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS A potência requerida pelas máquinas e/ou implementos agrícolas, pode ser estimada, de acordo com as seguintes fórmulas básicas de Física e Mecânica: Preq = Freq. Vmov (Para máquinas ou implementos tracionados) .................. (2.1) Preq = Mt.n (Para máquinas ou implementos acionados pela TDP) ................ (2.2) em que, Preq : Potência requerida (Watt); Freq : Força requerida na tração (N); Vmov : Velocidade de movimento do conjunto (m/s); Mt : Momento torsor ou torque requerido para o acionamento dos mecanismos (N.m) e n : Velocidade de rotação (angular) do eixo motriz dos mecanismos (rad/s). A força requerida para tracionar e/ou acionar as máquinas e implementos agrícolas pode ser medida ou calculada a partir de fórmulas. Conforme ASAE (1989), adaptado por BALASTREIRE (1990), a Tabela 2.1 apresenta diversas equações para estimar a força de tração em máquinas agrícolas. A velocidade de movimento do conjunto, pode ser calculada, medindo-se no campo o tempo gasto pelo conjunto para percorrer determinado percurso (por exemplo 50 m). Também, poderiam ser medidos o momento torsor e a velocidade de rotação (angular) por meio, respectivamente, de um torquímetro e de um tacômetro. Embora inúmeras máquinas e/ou implementos agrícolas são acionados pela Tomada de Potência (TDP), como por exemplo: enxadas rotativas; colhedoras de beterraba; arrancadoras de batatas, etc., neste capítulo faremos maior ênfases nas máquinas e implementos agrícolas tracionados, uma vez que a força requerida na barra de tração, e portanto, a potência neste ponto, pode aumentar devido fundamentalmente aos seguintes fatores: Declividade do terreno; Condições da superfície do solo; Resistência ao rolamento e Altitude. TABELA 2.1: Equações para estimar a força de tração em máquinas agrícolas. Arado de Aivecas – força por unidade de secção transversal da leiva em N/cm2, velocidade (S) em Km/h Argila siltosa Silt arenoso Franco arenoso Areia 7 + 0,049S2 3 + 0,032S2 2,8 + 0,013S2 2 + 0,013S2 Arado de Disco – força por unidade de secção transversal da leiva em N/cm2, para um disco de 66cm de diâmetro, 22º de inclinação e 45º de ângulo horizontal Argila Franco 5,2 + 0,039S2 2,4 + 0,045S2 Sulcador – força de tração em N/sulcador, para uma largura de 36 cm a 6,76 Km/h, (d) é a profundidade em cm Franco argila siltosa 21,5d2 Grade de discos – força de tração em N, para qualquer velocidade, a profundidades normais, (M) é a massa em Kg Argila Franco siltoso Franco arenoso 14,7M 11,7M 7,8M Arado de cinzel e cultivadores – força de tração em N, para ferramentas espaçadas 30 cm. Profundidade de 8,26cm, velocidade S em Km/h. Franco Franco arenoso Argila 520 + 49,2S 480 + 48,1S 527 + 36,1S Cultivadores rotativos – força por unidade de secção transversal (N/cm2) para um rotor de 45cm de diâmetro, profundidade 10 cm, e rotação de 6,7 a 11,7 r/s, (b) largura de corte em cm Franco sitoso seco Tração negativa para rotor girando para frente 43,9b-0,46 0,14b Subsoladores – força de tração (N/haste) por haste por unidade de profundidade (d) em cm Franco arenoso Médio ou franco argiloso 120 a 190d 175 a 280d Ferramentas para cultivo – força de tração (N/m) por metro. Plaina niveladora Grade de dentes Grade de molas Rolo compactador 4400 – 11600 440 – 730 1460 – 2190 440 – 880 Semeadoras – força de tração (N/linha) Semeadoras para sementes graúdas (só semeadura) Semeadura, herbicida e fertilizantes Semeadoras para sementes miúdas (sulcador comum) Sulcador profundo 450 – 800/linha 1100 – 2000/linha 130 – 450 335 – 670 Cultivo – força de tração (N/m) por unidade de largura a velocidade típicas, (d) é a profundidade em cm e S a velocidade em Km/h Cultivador de linhasCultivador riscador Cultivador rotativo 115 – 230d 730 – 2200d 440 + 21,7S Aplicação de fertilizantes Aplicador de amônia anidra 1800N por facão Continua... ...continuação Potência na tomada ou motor para máquinas rotativas Potência em KW pela unidade expressa, velocidade S em Km/h. Razão de alimentação típica (F) na base úmida e em Kg/s Segadora (alfafa) Segadora-condicionadora (alfafa) Segadora rotativa de facas verticais (alfafa) Condicionadora (alfafa) Ancinho de descarga lateral Enfardadora de fardos retangulares (feno normal) Colhedora de silagem de milho Colhedora de soja e sementes muídas Colhedora de milho Colhedora de algodão Colhedora de beterraba (TDP) + Força de tração (kN) Arrancadora de batatas (TDP) + Força de tração (kN) 1,2/m 3,7 a 4,9/m 2,2 + 2,13F 2,45/m -0,186 + 0,052S 2,95F 1,5 + 3,3F 7,5 + 7,5F 3 (7,5 + 7,5F) 7,5 a 11,0/linha 1,5 – 3,0/linha 2,0 a 4,0/linha 0,75 a 1,5/linha 2,2 a 3,5/linha Declividade do Terreno Para estimar a perda de tração do trator devido à declividade do terreno, em função do seu peso e o da máquina e/ou implemento utilizado, SAAD (1989) elaborou a Tabela 2.2. Nesta Tabela mostra-se a perda de tração em Kgl/ton de peso, de acordo com a declividade ou com o ângulo desta. TABELA 2.2: Perda de tração devido à declividade do terreno. Declividade (%) Valor do ângulo da declividade (o) Perde de tração em kgf por tonelada de peso 1 - 9,06 2 1 18,14 3 - 27,21 4 - 36,28 5 2 45,35 6 - 54,43 7 - 63,50 8 - 72,54 9 - 81,64 10 5 92,72 15 8 134,16 20 11 177,80 25 14 219,99 50 26 405,96 75 36 542,49 100 45 635,93 Exemplo ilustrativo: Qual o valor da perda de força na barra de tração de um trator de 2.122 kgf (peso do trator mais o tratorista) para tracionar uma carreta carregada com 6.745 kgf, em uma declividade de 20 %. Solução O peso total do conjunto é: 2.122 + 6.745 = 8.867 kgf Conforme a Tabela 2.2, para uma declividade de 20 %, o valor da perda é de 177,8 kgf/ton. Portanto : 8.867 kgf x 177,8 /1.000 = 1.576,55 kgf Por outro lado, CHUDAKOV (1977) e JRÓBOSTOV (1977), estimaram a perda mencionada, por meio da seguinte fórmula: Fdec = Wcon. sen (2.3) em que, Fdec : Perda da força de tração devido à declividade do terreno (N); Wcon : Peso total do conjunto (N); : Ângulo da declividade (o). Caso, o ângulo da declividade não for conhecido, porém, a declividade sim, o mesmo poderia ser calculado como: = arctan D/100 em que, D : Declividade (%). Com base na análise dos métodos descritos, recomendamos determinar o valor da perda de força na barra de tração dos tratores devido à declividade do terreno, por meio da fórmula 2.3, uma vez que a mesma fornece um valor maior da referida perda e portanto teremos maior segurança nos cálculos realizados. A seguir a solução do exemplo ilustrativo anterior, usando-se a equação 2.3. Cálculo de : = arctan 20/100 = arctan 0,2 = 11,3o Logo: 8.867 kgf x sen 11,3o = 1.737,45 kgf Condições de Superfície do Solo Evidentemente, as condições de superfície do solo, influem de maneira notável sobre a força de tração do trator, por exemplo os solos com torrões, lamacentos e macios, oferecem uma resistência maior às rodas motrizes do trator que os solos firmes. Estas condições foram classificadas por SAAD (1989) como: - Solo firme e liso; - Solo regular e - Solo ruim. Os valores da perda de tração em kgf por tonelada de peso do conjunto, de acordo com a classificação anterior, foram determinados por SAAD (1989). No entanto, para facilitar os cálculos, os valores da referida perda foram expressos na forma de coeficientes, a seguir: - Solo firme e liso: 0; - Solo regular : 0,022 e - Solo ruim : 0,046. Exemplo ilustrativo: Determinar para o conjunto do exemplo anterior a perda de força na barra de tração do trator, considerando-se um solo regular. Solução A perda seria de : 8.867 kgf x 0,022 = 195,07 kgf Resistência ao Rolamento Outro fator que afeta a força na barra de tração dos tratores, é a resistência ao rolamento. Esta resistência pode ser causada pelo sistema de rodagem que se afunda no solo sobre o qual está operando o conjunto, ou pela terra que amontoa na frente do mencionado sistema. O esforço requerido na barra de tração em kgf por tonelada bruta necessária para vencer a resistência ao rolamento sobre terrenos planos de tipos diferentes foi estimado por SAAD (1989). Por outro lado, observou-se que estes valores foram, em torno de 5 a 8 % inferiores,quando comparados com os valores do coeficiente de resistência ao rolamento (parâmetro equivalente), obtidos por CHUDAKOV (1977) e JRÓBOSTOV (1977). De acordo com esta análise e visando uma segurança adequada nos cálculos, bem como facilitar os mesmos, sugerimos usar os valores do coeficiente de resistência ao rolamento contidos na Tabela 2.3. TABELA 2.3: Valores do coeficiente de resistência ao rolamento, em função do tipo de terreno. Tipo de superfície Rodas de ferro e rolamento plano Pneus de alta pressão e mancais antifricção Pneus de baixa pressão e mancais antifricção Esteiras Concreto liso 0,020 0,017 0,017 0,270 Asfalto 0,035 0,030 0,035 0,035 Estrada de terra seca e poeirenta 0,059 0,049 0,039 0,039 Terreno sem arar 0,084 0,074 0,059 0,049 Terreno arado e seco 0,109 0,094 0,074 0,059 Estrada de terra lamacenta 0,129 0,109 0,089 0,069 Areia solta 0,153 0,133 0,119 0,084 Estrada muito lamacenta 0,198 0,173 0,158 0,111 Exemplo ilustrativo: Determinar para o conjunto do exemplo anterior a perda de força na barra de tração do trator, considerando-se ainda, que a estrada é de terra seca e poeirenta e o trator é de pneus de baixa pressão e mancais antifricção. Solução A perda de força seria de : 8.867 kgf x 0,038 = 336,95 kgf Altitude Este fator possui uma especial importância, quando o terreno está localizado em regiões de excessiva altitude. De acordo com SAAD (1989), a Tabela 2.4 indica as porcentagens de perda na barra de tração do trator devido à altitude, para os tratores com motor de gasolina e de combustível Diesel. As percentagens desta Tabela, estão referidos à demanda total de força na barra de tração, ou seja a resistência oferecida na barra de tração pela máquina ou implemento. Exemplo ilustrativo: Determinar para o conjunto do exemplo anterior a perda total de força na barra de tração do trator, considerando-se ainda, que a altitude é de 1.600 m, e que o trator é de motor Diesel. Solução A perda devida à declividade do terreno: 1.737,45 kgf A perda devido às condições do solo: 195,07 kgf A perda devido à resistência ao rolamento: 336,95 kgf SUB TOTAL : 2.269,47 kgf Logo, a perda total de força seria de : 2.269,47 x 0,10 = 226,95 kgf TABELA 2.4: Percentagens da perda na tração, em função da altitude e do tipo de motor. Altitude (m) Perda na tração (%) Motor com carburador Motor Diesel 330 5 1 660 12 2 1000 16 4 1300 22 7 1600 25 10 2000 30 14 2300 35 18 2600 38 23 3000 43 27 3300 46 34 Em resumo, neste item foram tratados os principais fatores que influenciam a demanda de força na barra de tração dos equipamentos agrícolas. Nesta análise, observou-se que para estimar os mencionados fatores, existem diversas tabelas e fórmulas, o que poderia dificultar aestimativada demanda total de força na barra de tração dos tratores agrícolas. Com a finalidade de facilitar o cálculo da referida demanda, considerando-se os principais fatores que a afetam, sugerimos usar a seguinte fórmula geral: FBTtot = [ Wcon.(f. cos sen + i ) + Ft ]. (1 + a).(1 + s) (2.4) em que, FBTtot : Força total requerida na barra de tração (N); Wcon : Peso total do conjunto (N); Ft : Força de tração requerida pela máquina e/ou implemento agrícola (N); f : Coeficiente que considera a resistência ao rolamento (adimensional); : Ângulo da declividade do terreno (o); i : Coeficiente que considera as condições de superfície do solo (adimensional); a : Coeficiente que considera a altitude do terreno (adimensional); s : Coeficiente de segurança (adimensional);(conforme literatura citada anteriormente varia entre 15 e 25%); : Indica se o conjunto está subindo ou descendo, respectivamente; (para simplificar sugerimos considerar o sinal +, que seriam as piores condições). Nos parágrafos anteriores foram apresentadas diversas sugestões com respeito aos coeficientes da fórmula 2.4, entretanto, para estimar a força de tração requerida pela máquina e/ou implemento agrícola (Ft), não foi definida uma determinada metodologia de cálculo. Como é conhecido, as máquinas agrícolas que maior resistência oferecem à tração, são os arados e grades de discos. De acordo com SAAD (1989), basta calcular apenas a resistência oferecida por essas duas máquinas, desde que as semeadoras, adubadoras e ceifadoras requerem normalmente menos força de tração, mesmo trabalhando em altas velocidades. Por outro lado, consideramos interessante incluir neste capítulo, a estimativa da resistência a tração requerida para o transporte de produtos agrícolas em carretas e/ou caminhões, uma vez que o dimensionamento inadequado da fonte de potência (trator ou caminhão) poderia comprometer o plano de transporte da empresa agropecuária. Isto significa que, se o trator ou caminhão não possui a suficiente potência, a velocidade poderia ser muito baixa, ou se a potência dos referidos meios de transporte é muito elevada, em comparação com a requerida, poderia trazer como conseqüência, dentre outras desvantagens, um desnecessário consumo de combustível. De acordo com a problemática abordada, nos próximos itens seguem algumas equações, bem como sugestões e recomendações para estimar a força de tração requerida por arados, grades e meios de transporte de produtos agrícolas, visando estimar adequadamente a potência necessária no motor da fonte motriz dos referidos equipamentos. 2.3.1. Força de tração requerida pelos arados Apesar de que, as equações da Tabela 2.1. permitem estimar a força de tração requerida por arados (discos e aivecas), as mesmas possuem alguns inconvenientes, tais como: a limitada classificação textural dos solos e o cálculo da referida força, feito em função da velocidade do conjunto. Em relação à classificação textural dos solos, consideramos que é muito geral e portanto o número de equações de acordo com as propriedades do solo é baixo (quatro para arados de aivecas e duas para os de discos). Por outro lado, entendemos que a demanda de força na barra de tração para a aração, não deve ser estimada em função do quadrado da velocidade do conjunto. Inclusive, autores como CHUDAKOV (1977) e JRÓBOSTOV (1977), concluíram que a velocidade do conjunto não influência, significativamente, à demanda de força na barra de tração para operações de preparo periódico dos solos. Entretanto, JRÓBOSTOV (1977), SAAD (1989) e SILVEIRA (1989), propõem para estimar a demanda de força na barra de tração requerida pelos arados, a seguinte fórmula: Ft = Resp. pa. Lt. n (2.5) em que, Ft : Força de tração requerida pelo arado (N); Resp : Resistência especifica do arado (N/cm2); pa : Profundidade de aradura (cm); Lt : Largura de corte dos corpos (discos ou aivecas) (cm);n : Número de corpos do arado (discos ou aivecas) (adimensional). A resistência específica do solo em função da classe textural, tem sido determinada por vários autores, como CHUDAKOV (1977), JRÓBOSTOV (1977), SAAD (1989) e SILVEIRA (1989), dentre outros, os quais afirmaram que estes valores são adequados para estimar a força na barra de tração demandada pelos arados, operando em diversas condições de trabalho. Dos dados encontrados na literatura anterior, consideramos que os apresentados por SAAD (1989), abrangem um maior número de condições de trabalho para os arados, uma vez que a classificação textural dos solos é bastante ampla (Tabela 2.5). TABELA 2.5: Resistência específica dos arados, em função da classe textural dos solos. TIPO DE SOLO Resistência específica (N/cm2) Arenoso (úmido) 2,06 - 2,75 Arenoso (seco) 2,75 - 4,12 Barrento (úmido) 4,12 - 4,81 Barrento (seco) 4,81 - 5,49 Argiloso (seco) 6,18 - 6,87 Argiloso (úmido) 6,87 - 7,55 Argiloso (úmido, terra trabalhada pela primeira vez) 8,24 - 8,93 Argiloso (seco, terra trabalhada pela primeira vez) 9,61 - 10,30 Muito argiloso 10,99 - 12,36 Excessivamente argiloso 12,36 - 13,73 A largura de trabalho, pode ser estimada, de acordo com MANTOVANI et al (1987), citado por SILVEIRA (1989), em função da largura de corte da aiveca e do diâmetro do disco, respectivamente, para os arados de aivecas e de discos disponíveis no mercado (Tabela 2.6). No caso dos arados de discos, o diâmetro destes influencia a profundidade de aradura. Conforme SAAD (1989), a Tabela 2.7 mostra a profundidade de aradura recomendada, em função do diâmetro dos discos. TABELA 2.6: Aivecas e discos de arados disponíveis no mercado. AIVECAS DISCOS Largura Largura de corte Diâmetro Largura de corte Polegadas cm cm polegadas cm cm 12 30 30 24 60 20 14 35 35 26 65 25 16 40 40 28 70 30 30 75 35 TABELA 2.7: Profundidade de aradura recomendada, em função do diâmetro dos discos. Diâmetro dos discos Profundidade recomendada Polegadas Cm Polegadas cm 26 65 6 15 28 70 8 20 30 75 10 25 Exemplo ilustrativo: Determinar a potência total na barra de tração (conforme fórmula 2.4.) de um conjunto motomecanizado, formado por trator com motor Diesel mais um arado de 3 discos de 26 polegadas de diâmetro (65cm), conhecendo-se os seguintes dados: - velocidade do conjunto : v = 5,5 km/h; - altitude do terreno de 1.000 metros: (a = 0,04) (veja tabela 2.4) - condições da superfície do terreno : ruim (i = 0,046); - ângulo da declividade do terreno: = 12o; - coeficiente de resistência ao rolamento: f = 0,038; - peso do conjunto mais o tratorista: Wcon = 900 N;. solos muito argiloso: Resp = 11,55 N/cm2 - profundidade de aradura: pa = 15 cm (veja tabela 2.7) - largura de corte de cada disco: Lt = 25 cm (veja tabela 2.6) - adote um coeficiente de segurança (s) de 20 %. Solução 1º Cálculo de Ft, conforme a equação 2.5 Ft = 11,55 N/cm2 x 20cm x 25cm x 3 Ft = 17325 N ou Ft = 1766,06 kgh 2º Cálculo de FBtot, conforme a equação 2.4 FBTot = 21948,54 N ou FBTot = 2237,36 kgh 3º Logo, calcula-se a potência total na barra de tração, conforme a equação 2.1 OBS: Para empregar a referida fórmula, a velocidade de ser expressada em m/s A velocidade: V = 5,5Km/h x 103m x 1h V = 1,53 m/s 1Km 3600s Finalmente, tem-se: PBTot = 21948,54N x 1,53 m/s = 33532,49W FBTot = 33532,49 W ou FBTot = 45,62 CV 2.3.2. Força de traçãorequerida pelas grades A força de tração demandada pelas grades varia muito, em função do seu tipo e da regulagem do ângulo de trabalho. No entanto, ASAE (1989) propõe diversas expressões para estimar a força na barra de tração requerida pelas grades (Tabela 2.1). Analisando-se esta Tabela, constata-se que ainda não aparecem equações para todos os tipos de solo, de acordo com a classificação textural destes. Por outro lado, JRÓBOSTOV (1977), BOWERS (1978) e SAAD (1989), afirmaram que a força de tração requerida pelas grades pode ser estimada através da seguinte fórmula geral: Ft = Resp. Lt (2.6) em que, Ft : Força de tração requerida pela grade (N); Resp : Resistência especifica da grade (N/m); Lt : Largura de trabalho (m); Apesar de que a resistência específica das grades, tem sido bastante analisada, a equação apresentada não considera o peso da grade. Isto significa que, duas grades com diferentes pesos e igual largura de trabalho, operando em condições semelhantes, demandariam a mesma força na barra de tração, o que não concorda exatamente com a realidade. Inúmeras pesquisas tem demostrado que existe uma relação entre a força necessária para tracionar uma grade e seu peso (SILVEIRA (1988). Todavia, cálculos realizados com ambos os métodos demostraram que as equações da Tabela 2.1, forneceram maior segurança que a fórmula 2.6. Diante desta problemática e visando facilitar a estimativa da força na barra de tração requerida pelas grades, com adequada segurança, propormos a seguinte equação: 2,0104,01325,17046,012cos038,0900 0 xxNxNFBTot Ft = C1. C2. Wgr (2.7) em que, Ft : Força de tração requerida pela grade (N); Wgr : Peso da grade (kgf); C1 : Coeficiente que considera o tipo de solo (adimensional); C2 : Coeficiente que considera o tipo de grade (adimensional). Os coeficientes para considerar o tipo de solo, foram deduzidos dos trabalhos de WILKINSON & BRAUNBECK (1985), ASAE (1989) e SAAD (1989), mostrados na Tabela 2.8. Entretanto, os coeficientes para considerar o tipo de grade (Tabela 2.9), foram obtidos a partir dos trabalhos de JRÓBOSTOV (1977), SAAD (1989) e SILVEIRA (1989). TABELA 2.8: Valores do coeficiente C1, em função do tipo de solo. TIPO DE SOLO VALOR DO COEFICIENTE C1 Argiloso 14,75 Argilo-siltoso 14,31 Franco-argiloso 13,87 Franco-argilo-siltoso 13,42 Argilo-arenoso 12,98 Franco-argilo-arenoso 12,69 Franco 12,39 Franco-siltoso 12,10 Siltoso 11,65 Franco-arenoso 10,33 Arenoso 9,59 TABELA 2.9. Valores do coeficiente C2, em função do tipo de grade. TIPO DE GRADE VALOR DO COEFICIENTE C2 Discos simples 1,00 Discos duplos 1,25 Pesadas 1,75 Super pesadas 2,00 Dentes fixos 0,50 Dentes de molas 1,15 2.3.3. Força de tração requerida pelos meios de transporte de produtos agrícolas O transporte de produtos agrícolas é realizado, principalmente, por meio de caminhões (simples, articulados e conjugados) e de carretas (simples e conjugadas) tracionadas por tratores. Para o caso destas últimas, pode ser utilizada a equação 2.4, na seguinte forma: FBTtot = ( Wcon + Wcar).(f. cos sen + i ). (1 + a).(1 + s) (2.4. A) em que, Wcar : Peso da carga transportada (N); Os restantes parâmetros tem o mesmo significado da equação 2.4. Entretanto, para estimar a força de tração requerida por caminhões, é necessário considerar a resistência do ar, uma vez que esta força aumenta proporcionalmente com o quadrado da velocidade de movimento, principalmente quando a mesma é superior a 50 Km/h. Conforme CHUDAKOV (1977) e JRÓBOSTOV (1977), a partir deste limite a resistência do ar pode ser considerada, por meio da seguinte fórmula: Far = kw. L. H. V2 (2.8) em que, Far : Força de resistência do ar (N); kw : Coeficiente aerodinâmico (N.s2/m4); (De acordo com a literatura, este coeficiente varia para os caminhões entre 0,49 - 0,59) L : Largura do caminhão (m); H : Altura máxima do caminhão (m); V : Velocidade de movimento do caminhão (m/s). Por outro lado, CHUDAKOV (1977), JRÓBOSTOV (1977) e BORGES (1995), afirmaram que a resistência do ar aumenta em torno de 25 % por cada reboco tracionado. Assim, a equação anterior, para o caso geral de caminhões com rebocos, pode ser expressa como sendo: Far = kw. L. H. V2 . [ 1 + n. (0,25) ] (2.8. A) em que, n : Número de rebocos (adimensional); Os restantes parâmetros tem o mesmo significado da equação 2.8. Logo, a força total de tração requerida pelos caminhões pode ser estimada através da equação 2.4., porém, a mesma toma a forma: FBTtot = [( Wcon + Wcar).(f. cos sen + i) + Far]. (1 + a).(1 + s) (2.4. B) em que, os parâmetros foram definidos nas equações anteriores. 3 DESEMPENHO OPERACIONAL DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS De acordo com MIALHE (1974), SMITH (1976), JRÓBOSTOV (1977) e WITNEY (1995), denomina-se “desempenho operacional” um conjunto de informações que definem, em termos quali-quantitativos, os atributos da maquinaria agrícola quando executam operações sob determinadas condições de trabalho. Essas informações podem ser agrupadas da forma seguinte: Características operacionais: abrangendo dados relativos à qualidade e à quantidade de trabalho desenvolvido pela máquina sob determinadas condições de trabalho; Características dinâmicas: abrangendo dados de potência requerida para acionamento e de velocidade de trabalho da maquinaria (dentre outros), sob determinadas condições de trabalho; Características de manejo: focalizando os aspectos relacionados com as regulagens, a manutenção, as reparações, a estabilidade, etc. Uma vez que o último grupo de informações já foi incluído em outros módulos do curso, neste capitulo serão tratados, somente, os dois primeiros grupos de informações. 3.1. CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS DAS MÁQUINAS AGRÍCOLAS Com base nos trabalhos de MIALHE (1974), SMITH (1976), JRÓBOSTOV (1977) e WITNEY (1995), as principais características operacionais das máquinas agrícolas estão dadas pela sua capacidade operacional e pelo seu rendimento. MIALHE (1974) enfatiza, ainda, que na prática, a capacidade operacional tem sido designada erroneamente de “rendimento”, falando-se em rendimento do arado, rendimento da grade, rendimento da colhedora, etc. Tal designação deve ser evitada, pois capacidade operacional e rendimento tem significados bem diferentes, como será estudado seguidamente. Consideramos conveniente incluir neste item, um terceiro aspecto, relacionado com os métodos de percurso no campo, uma vez que estes influenciam diretamente a capacidade operacional e o rendimento das máquinas agrícolas. 3.1.1. Capacidade operacional A literatura especializada, MIALHE (1974), SMITH (1976), JRÓBOSTOV (1977), GALETI (1988) e WITNEY (1995), designa por capacidade operacional de máquinas e implementos agrícolas, a quantidade de trabalho que são capazes de executar na unidade de tempo. Constitui uma medida da intensidade do trabalho desenvolvido na execução de operações agrícolas. A capacidade operacional de máquinas e implementos agrícolas pode ser expressa pela relação: Capacidade Operacional = Quantidade de trabalho executado ou “produção” Unidade de tempo Tipos de Capacidade Operacional A quantidade de trabalho executado ou “produção”das máquinas e implementos agrícolas pode ser determinado de diversas formas e o tempo considerado, em função de vários aspectos. Assim, a literatura MIALHE (1974), SMITH (1976), JRÓBOSTOV (1977) e WITNEY (1995), distingue os seguintes tipos de capacidade operacional: De acordo com o tipo de operação: - Capacidade de campo: Cc - Capacidade de produção: Cp - Capacidade de manipulação: Cm De acordo com as dimensões dos órgãos ativos: - Capacidade teórica: CT De acordo com o tempo considerado: - Capacidade Efetiva: CE - Capacidade Operacional: CO Capacidade de campo (Cc): A capacidade de campo é aplicada a máquinas e implementos que, para executarem uma operação agrícola, devem deslocar-se no campo, cobrindo determinada área. Portanto, o trabalho executado, ou “produção”, é medido em termos de área trabalhada: Capacidade de campo = Área trabalhada Unidade de tempo A capacidade de campo pode ser expressa em alqueires/dia; ha/dia; ha/h; ha/minuto; m2/s, etc., dependendo das unidades adotadas para área e tempo. Capacidade de campo teórica (CcT): Esta capacidade é obtida a partir de dados relativos às dimensões dos órgãos ativos da máquina, especificamente da largura de corte (trabalho) e da velocidade de deslocamento. CcT= largura de corte x velocidade de deslocamento Quando a largura de corte (trabalho) é expressa em metros e a velocidade de deslocamento em metros por segundo, a CcT é obtida em m2/s. Utilizando-se fatores de conversão de unidades pode-se expressar a CcT em ha/h; m2/min, etc., a partir de dados de largura de corte em metros e velocidade de deslocamento em km/h. A largura de corte é medida na projeção, sobre um plano perpendicular à direção de deslocamento, da região abrangida pelo conjunto de órgãos ativos. A velocidade de deslocamento considerada na determinação de CcT é aquela que corresponde ao limite máximo de velocidade sob a qual é possível realizar um trabalho adequado, sob condições de operação definidas pelo fabricante da máquina. Por exemplo, no caso de arados, será a velocidade limite a partir da qual as leivas, ao invés de serem cortadas e invertidas, são atiradas a distância, deixando o terreno irregular e ondulado. Capacidade de campo efetiva (CcE): Representa a capacidade efetivamente demonstrada pela máquina no campo. Corresponde à capacidade básica da máquina, isto é, a capacidade medida no campo durante certo intervalo de tempo: CcE = Área trabalhada ou “produção” Tempo de produção Nesse caso a área trabalhada ou “produção” é medida no campo, diretamente sobre as faixas ou passadas que foram executadas pela máquina, durante o tempo de observação. O tempo de produção, é obtido cronometrando o tempo no qual a máquina efetivamente realizou a operação. Capacidade de campo operacional (CcO): Representa a capacidade da máquina ou implemento no campo que inclui os efeitos de fatores de ordem operacional. Esses efeitos são considerados através dos tempos consumidos no preparo da máquina, em interrupções e requeridos pelo próprio trabalho da máquina quando em operação no campo: CcO = Área trabalhada ou “produção” Tempo de máquina A área trabalhada ou “produção”, é da mesma forma que no caso da capacidade de campo efetiva (CcE), medida no campo diretamente sobre as faixas ou passadas. O tempo máquina (TM ) é um parâmetro que inclui três parcelas: tempo de preparação (TPe); tempo de interrupções (TI) e tempo de produção (TPr), resultando que: TM = Tpe + TI + TPr Capacidade de produção (Cp): A capacidade de produção é aplicada a máquinas móveis ou estacionárias, cujo trabalho produtivo ou “produção” é medido em termos de peso ou volume de produto que sofreu a ação dos órgãos ativos. É expressa pela relação: Capacidade de produção = Peso ou volume de produto que foi tratado pelos órgãos ativos Unidade de tempo O peso ou volume de produto tratado refere-se ao peso ou volume de produto que sai da máquina, isto é, produto que sofreu a ação de seus órgãos ativos. Por exemplo, no caso de uma bomba hidráulica, a capacidade de produção será expressa em litros por minuto ou metros cúbicos por hora; no caso de uma trilhadora, em sacos por hora; no caso de uma colhedora de milho, em kg/h, etc. Da mesma forma que a capacidade de campo, a capacidade de produção poderá ser: teórica (CpT): Obtida em função das dimensões dos órgãos ativos; efetiva (CpE): Obtida através de medições feitas com máquina em operação, considerando o tempo de produção; operacional (CpO): Obtida de forma idêntica a efetiva, porém considerando o tempo de máquina. Capacidade de manipulação (Cm): A capacidade de manipulação tem aplicação semelhante à capacidade de produção, porém é usada de forma mais específica, para máquinas destinadas a separar materiais dissimilares ou provocar modificações no estado do produto agrícola. É o caso de beneficiadoras, classificadores, secadores, etc. É expressa pela relação: Capacidade de manipulação = Peso ou volume de produto a ser tratado pelos órgãos ativos Unidade de tempo O peso ou volume de produto considerado na capacidade de manipulação é diferente daquele levado em conta na capacidade de produção. Enquanto, para a obtenção da capacidade de produção, considera-se o material que sai da máquina, para obter a capacidade de manipulação considera-se o material que penetra na máquina, isto é, material que será submetido à ação dos órgãos ativos. De maneira semelhante à capacidade de campo (Cc) e a capacidade de produção (Cp), a capacidade de manipulação poderá ser teórica (CmT); efetiva (CmE) e operacional (CmO), de acordo com o critério adotado para determinação do peso ou volume de produto a ser submetido aos órgãos ativos da máquina e para determinação do tempo consumido. Há casos em que a capacidade operacional de máquinas e implementos fica perfeitamente definida apenas com a capacidade de campo, como por exemplo os arados e as grades. Todavia, para certos tipos de máquinas, onde se aplica a capacidade de produção, estapoderá ser sensivelmente afetada, pelas condições da cultura onde opera. É o caso de combinadas que poderão apresentar grande variação na capacidade de produção (Cp), quando comparada com a correspondente variação na capacidade de campo (Cc). 3.1.2. Rendimento ou eficiência operacional. Designa-se por rendimento operacional de máquinas agrícolas, a relação entre capacidades operacionais da mesma natureza. É um parâmetro que indica as perdas provenientes do não aproveitamento integral da capacidade operacional da maquinaria. Entre os rendimentos operacionais, destacam-se dois como os mais importantes: o rendimento de campo teórico e o rendimento de campo efetivo. Rendimento de campo teórico (RcT): Estima ou indica as perdas de área trabalhada ou “produção” devidas ao não aproveitamento integral das dimensões dos órgãos ativos ou do potencial de largura de corte da máquina. É importante para o fabricante da máquina, pois o rendimento de campo teórico revela o quanto está sendo realmente utilizado do tamanho dos órgãos ativos. É expresso por: RcT = CcE.100 / CcT Rendimento de campo efetivo (RcE): Estima ou indica as perdas da área trabalhada ou “produção” devidas aos tempos consumidos em preparo da máquina e de interrupções durante a jornada de trabalho. O rendimento de campo efetivo é importante para o empresário rural, pois reflete as condições de aproveitamento do tempo disponível, isto é, quanto menor for, maiores serão os tempos mortos. É expresso por: RcE= CcO.100 / CcE Como pode ser deduzido dos conceitos relacionados com as características operacionais de máquinas agrícolas, o rendimento de campo efetivo, merece especial atenção no gerenciamento de operações agrícolas mecanizadas, uma vez que indica o grau de aproveitamento do tempo disponível. Por outro lado, não tem sido realizadas pesquisas para estimar o referido parâmetro de acordo com as condições da agricultura brasileira. No entanto, para facilitar o gerenciamento de operações agrícolas mecanizadas, a literatura especializada como, BARNES (1961), ASAE (1983), JRÓBOSTOV (1977) e WITNEY (1995), recomenda as faixas de valores do rendimento de campo efetivo e da velocidade de trabalho para diversas máquinas agrícolas, apresentadas na Tabela 3.1. TABELA 3.1: Rendimento de campo efetivo e velocidade de trabalho de máquinas agrícolas. MÁQUINA AGRICOLA Rendimento deCampo (%) Velocidade de Trabalho (km/h) Arado de disco 75 - 90 6 - 12 Arado de aivecas 70 - 90 5 - 10 Grades 70 - 90 5 - 10 Escarificador 70 - 90 6 - 10 Cultivador 70 - 90 5 - 12 Cultivador em linhas 70 - 90 4 - 8 Cultivador rotativo 70 - 90 3 - 6 Semeadoras de precisão: plantio direto preparo de solo convencional 45 - 70 45 - 70 3 - 7 4 - 10 Semeadoras de sementes miudas 60 - 80 4 - 10 Plantadora de batatas 60 - 70 2 - 4 Fertilizadores 45 - 55 5 - 8 Pulverizadores 55 - 65 7 - 12 Colhedora de arrasto 55 - 70 3 - 6 Colhedora autopropelida 60 - 75 3 - 7 Ceifadora 70 - 80 6 - 11 Ceifadora-acondicionadora 50 - 75 5 - 10 Enfardadora 55 - 80 4 - 8 Enfardadora para grandes fardos 55 - 75 5 - 8 Colhedora de forragens de arrasto 50 - 75 2 - 8 Colhedora de forragens autopropelida 55 - 80 3 - 10 Colhedora de beterrabas 55 - 75 4 - 8 Colhedora de batatas 55 - 70 2 - 7 Colhedora de algodão 55 - 70 3 - 6 Ancinho de descarga lateral 80 - 90 6 - 10 3.1.3. Métodos de percurso no campo. Durante a realização de operações agrícolas mecanizadas, são necessários diversos deslocamentos de forma ordenada das máquinas na superfície do terreno. O estudo da distribuição dos percursos seguidos por essas máquinas nos campos de culturas, visando à economia de movimentos e de tempos, é de grande importância no gerenciamento das referidas operações. Apesar, de que os formatos dos campos de culturas podem ser bastante diferentes, os mesmos poderão ser enquadrados, num dos seguintes modelos geométricos básicos: retângulo, quadrado, trapézio, triângulo e faixas sinuosas. Destes formatos, o retangular apresenta-se com maior freqüência, entretanto, os restantes formatos dependem da topografia do terreno e da presença de obstáculos (canais de drenagem, árvores, voçorocas, etc. Por essa razão, neste item, somente, será tratado o formato retangular, cujas deduções tem validade para o formato quadrado, uma vez que este é um caso especial do primeiro. Dentre as operações agrícolas mecanizadas envolvidas na instalação e condução de uma cultura, a de preparo periódico do solo requer a maior demanda energética. Devido a este fato, ela é a de maior significância com relação a métodos de percurso no campo, e será tratada, a título de exemplo, nos próximos itens. Ciclos Operativos de Campo De acordo com MIALHE (1974), denomina-se ciclos operativos de campo ou ciclos de operação aos percursos sucessivos que a máquina descreve no campo, segundo uma mesma orientação. Considere-se por exemplo, o talhão mostrado na Figura 3.1. O primeiro ciclo operativo inclui as distâncias percorridas do ponto A até ao ponto E; o segundo ciclo operativo inicia-se no ponto E e finda no ponto I, e assim sucessivamente, até que todo o talhão tenha sido percorrido pela máquina. Como se observa nesse exemplo, cada ciclo operativo tem uma passada de ida (percurso AB), outra de volta (percurso CD) e dois percursos de cabeceiras (BC e DE). FIGURA 3.1: Ciclo operativo de campo de uma máquina para o preparo de solo. O ciclo operativo apresenta duas características básicas: a) direção e b) sentido. No caso da Figura anterior a direção é única (ciclo unidirecional) e o sentido é horário (ciclo horário). O ciclo é bidirecional quando a máquina executa dois percursos em direções diferentes durante o ciclo, como no caso da pá carregadora frontal (um percurso para apanhar material e, outro, geralmente perpendicular ao primeiro, para descarregar o material no veículo de transporte). O sentido do ciclo poderá ser horário ou anti-horário, conforme acompanhe ou não o movimento dos ponteiros do relógio. Há casos, entretanto, que o ciclo é unidirecional e apresenta dois sentidos opostos, como ocorre com lâminas empurradoras frontais (tipo buldozer ou angledozer). Existe, ainda, um terceiro caso de ciclo operativo unidirecional, cujo sentido é indeterminado, como mostrado na Figura 3.2., denominado ciclo operativo unidirecional aberto. Distinguem-se, assim, duas categorias de ciclo operativo unidirecional: fechado (de sentido horário ou anti-horário) e aberto. FIGURA 3.2: Ciclo operativo unidirecional aberto (sistema de percurso em faixas adjacentes). FONTE: MIALHE (1974) No caso de operação com arados, o último corpo (disco ou aiveca) deixa sempre um sulco aberto, onde irá alojar-se a primeira leiva a ser invertida, na passada seguinte. A necessidade desse sulco livre, após cada passada do arado, é fator limitante do sentido do ciclo operativo, como ilustra a Figura 3.3., quando se trata de arados fixos. Como se observa, tanto no sistema de aração em faixas alternadas (com percurso de cabeceira) como no de faixa contínua (sem percurso de cabeceira), a posição do sulco é determinada pelo sentido do ciclo operativo. FIGURA 3.3: Ciclos unidirecionales fechados de arados fixos. A e B sentido correto: anti-horário;C e D sentido horário. A linha tracejada indica a posição relativa do sulco aberto pelo último corpo do arado. FONTE: MIALHE (1974) No caso de arados reversíveis, que possibilitam a inversão das leivas para ambos os lados (os arados fixos fazem essa inversão apenas para o lado direito da direção de deslocamento), a posição dos corpos é assumida em função da direção do ciclo operativo (Figura 3.4.). FIGURA 3.4: Ciclo unidirecional de arados reversíveis. No sentido horário, os corpos devem posicionar-se à esquerda e, no sentido anti-horário, os corpos posicionam-se à direita. FONTE: MIALHE (1974) À exceção dos arados fixos, os ciclos operativos de campo das demais máquinas agrícolas não são geralmente limitados por fatores associados ao funcionamento de seus órgãos ativos. A análise dos ciclos operativos para essas máquinas assume importância no que diz respeito à minimização dos percursos mortos ou percursos de cabeceiras e manobras nos cantos dos talhões, a fim de aumentar a eficiência do trabalho das máquinas no campo. Métodos padrões de operação para formatos retangulares De acordo com HUNT (1970), citado por BALASTREIRE (1990), os métodos padrões de operação para campos com formatos retangulares, podemser classificados da seguinte forma: a) Contínuo com manobras na cabeceira; b) Fechando o talhão com cantos arredondados; c) Fechando o talhão com manobras na diagonal; d) Fora para dentro e e) Abrindo o talhão com giro de 270o. O principal parâmetro a determinar, no estudo dos métodos acima citados, é a sua eficiência (EfM), a qual pode ser expressa de forma geral pela seguinte equação: EfM = POp/(POp + Pca) (3.1.) em que, Pop : Percurso em operação; Pca: Percurso em cabeceiras. Para o cálculo desta eficiência assume-se que a operação é uma aração e que dispõe-se dos seguintes dados gerais: - C: Comprimento do talhão; - L: Largura do talhão; - l: Largura de trabalho do arado; - v: velocidade de aração. Contínuo com manobras na cabeceira: A 3.5. ilustra este método, cuja eficiência é dada por: Ef = C.L (3.2) C.L + t.v. (L + C - c)/3 em que, t: tempo para cada manobra; c: comprimento do sulco. FIGURA 3.5: Método contínuo com manobras na cabeceira. FONTE: BALASTREIRE (1990) Observe-se que, a eficiência deste método não depende da largura de trabalho do arado. Este método é recomendável, quando utiliza-se arados reversíveis, uma vez que as passadas são continuamente adjacentes umas às outras, de forma que o único tempo perdido é o de manobra nas cabeceiras. Fechando o talhão com cantos arredondados: Este método está ilustrado na Figura 3.6.a, e sua eficiência é dada por: Ef = C (3.3.) C + 2,73. ro + 2,48. r + 6.l em que, r: raio de giro interno; ro: raio de giro externo. FIGURA 3.6.(a): Método fechando o talhão com cantos arredondados. FONTE: BALASTREIRE (1990). À primeira vista este método parece ser altamente eficiente, uma vez que a operação se dá de forma contínua. Todavia, desde que o raio de curvatura é relativamente grande, quando comparado com a largura da máquina, algumas regiões em forma de crescente ficam sem ser movimentadas. No caso particular da aração, estas áreas têm de ser levadas em conta (Figura 3.6.b). FIGURA 3.6.(b): Trajetória nos cantos do talhão. FONTE: HUNT (1970), citado por BALASTREIRE (1990) Fechando o talhão com manobras na diagonal: A Figura 3.7. ilustra este método, cuja eficiência é dada por: Ef = C.L (3.4.) C.L + 2.f.L - 0,5. f2 + 1,828. L. l + C. l em que, f: largura da faixa necessária para os giros de 90o no centro do talhão. FIGURA 3.7: Método fechando o talhão com manobras na diagonal. FONTE: BALASTREIRE (1990) Neste método, uma faixa de largura f, igual a necessária para os giros de 90o no centro do talhão, é deixada sem ser movimentada no seu centro, até o término da sua maior parte, quando então se faz o acabamento das áreas deixadas no centro e nas diagonais do talhão. A distância total dos sulcos a serem trabalhados é calculada dividindo-se a área total a ser trabalhada pela largura de trabalho do arado. Fora para dentro: Este método está ilustrado na Figura 3.8., e sua eficiência é dada por: Ef = c.L / v.l (3.5.) c.L / v. l + L2 / [2. (2.n - 1).ve. l] + (n - 1). c/ v em que, n: número de sulcos; c: comprimento do sulco; ve: velocidade de manobra. FIGURA 3.8: Método de fora para dentro. FONTE: BALASTREIRE (1990) É possível, determinar o número ótimo de sulcos, por meio da seguinte equação: n = 0,5 + (L2. v / 4. C. l. ve )0,5 (3.6.) Abrindo o talhão com giro de 270o: A Figura 3.9.(a) ilustra este método, cuja eficiência é dada por: Ef = C (3.7.) C - 2.l + 13,42. ro FIGURA 3.9.(a). Método abrindo o talhão com giro de 270o. FONTE: BALASTREIRE (1990) Neste caso, como a operação se inicia no centro do talhão, as manobras são feitas em terreno não arado. A geometria do método analisado mostra-se na Figura 3.9.(b). FIGURA 3.9.(b): Geometria para o giro de 270o. FONTE: HUNT (1970), citado por BALASTREIRE (1990) Como resumo deste item, apresentamos uma comparação da eficiência dos métodos estudados, considerando-se os seguintes dados gerais: Comprimento do talhão: C = 400 m; Largura do talhão: L = 320 m Largura de trabalho do arado: l = 1,2 m Velocidade de aração: v = 5,6 km/h Os dados particulares de cada método, bem como as correspondentes eficiências, apresentam-se na Tabela 3.2. É interessante salientar, que os resultados contidos na referida Tabela não significam que o método fechando o talhão com manobras na diagonal é o melhor. Lógicamente, para outros dados, como por exemplo dimensões do terreno, velocidade de trabalho, largura de trabalho do implemento (neste caso arado), etc., a ordem apresentada na Tabela 3.2. poderia mudar, como ilustra o exemplo formulado por BALASTREIRE (1990), contido na Tabela 2.1. da página 39. TABELA 3.2: Comparação dos métodos padrões empregados na aração. Método Dados particulares Eficiência (%) Fechando o talhão com manobras na diagonal F = 9 m 94,88 De fora para dentro C = 380 m N = 7 Ve = 7,4 km/h 92,97 Fechando o talhão com cantos Arredondados Cantos de 90o Ro = 3 m R = 6 m 92,96 Abrindo o talhão com giro de 270o Ro = 3 m 91,35 Contínuo com manobras na T = 10 s cabeceira C = 380 m 87,05 3.2. CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DAS MÁQUINAS AGRÍCOLAS As características dinâmicas das máquinas agrícolas dizem respeito da viabilidade técnico-econômica de realizar uma operação agrícola com determinado equipamento, em função das condições de trabalho. Existem inúmeras pesquisas relacionadas com esta temática, como por exemplo as desenvolvidas por ZOZ (1972), WISMER & LUTH (1974), SOANE & PIDGEON (1975), DOMIER & WILLANS (1978), RAGHAVAN & McKYES (1979), WOLF & LUTH (1979), HAYES & LIGON (1981), SILVA et al. (1984), MANTOVANI (1987), CHAPLIN et al. (1988), ASAE (1989), ASAE (1990), ACUÑA et al. (1991), BIANCHINI (1994), FIGUEIREDO (1994), MIRANDA et al. (1994), BIANCHINI et al. (1996), dentre outros, porém, não foi encontrada uma metodologia padronizada, que possibilite uma avaliação sistemática das características dinâmicas das máquinas agrícolas. Diante desta problemática, foi elaborada uma metodologia, baseada na determinação dos seguintes indicativos: Força requerida na barra de tração; Carga dinâmica nas rodas motrizes; Coeficiente de tração; Coeficiente de patinagem; Velocidade de trabalho; Potência requerida na barra de tração; Potência máxima na Tomada de Potência (TDP); Eficiência tratória; Potência equivalente na TDP; Valores mínimos e máximos (para os valores adequados de patinagem) de força e potência requerida na barra de tração, bem como da eficiência tratória; Consumo de combustível total; lubrificantes e graxas. Força requerida na barra de tração:Este indicativo pode ser estimado, conforme os itens 2.2 e 2.3 do capitulo anterior, ou ser medido diretamente no campo com aparelhos especiais, como células de carga e dinamômetros. Carga dinâmica nas rodas motrizes: Este indicativo, permite determinar a influência das dimensões e do peso do trator, bem como da quantidade de rodas motrizes, sobre a capacidade de tração. O referido parâmetro, pode ser calculado através da seguinte equação: Wdin = Cc. West + Ft. h / b (3.8.) em que, Wdin : Carga dinâmica nas rodas motrizes (N); West : Carga estática nas rodas motrizes, dada pelo peso do trator mais lastros (N); Cc : Coeficiente de carga (adimensional) Para tratores com duas rodas motrizes : Cc = 0,65 Para tratores com quatro rodas motrizes, de esteiras e articulados : Cc = 1 Ft : Força requerida na barra de tração (N); h : Altura da barra de tração (m); b : Distância entre os eixos do trator (m) Coeficiente de tração: Este parâmetro indica a relação percentual da capacidade de tração, em função da carga dinâmica e da força requerida na barra, matematicamente dado por: Ctr = Ft . 100 / Wdin (3.9.) Coeficiente de patinagem: Este parâmetro indica a perda de velocidade de movimento do conjunto, causada pela patinagem das rodas motrizes. De acordo com ASAE (1989), deduz-se que, o mesmo pode ser estimado como: Cpat = 333,33. ln { 0,75 / [ 0,75 - ( Ft / Wdin + 1,2 / Cn + 0,04 ) ] }/ Cn (3.10.) em que, Cpat : Coeficiente de patinagem (%); Cn : Coeficiente adimensional, que considera o estado do solo. Conforme ASAE (1989), este coeficiente tem os seguintes valores típicos: Solos duros: Cn = 50 Solos firmes: Cn = 30 Solos trabalhados: Cn = 20 Solos fofos, arenosos: Cn = 15 Velocidade de trabalho: Indica a velocidade provável de movimento do conjunto, considerando-se a patinagem das rodas motrizes. A mesma pode ser medida no campo, de acordo com os conceitos elementares da Física, dividendo uma determinada distância (50 ou 100 m) pelo tempo gasto para percorre-la, ou estimada como: Vtr = ( 1 - Cpat/100 ). Vt (3.11.) em que, Vtr : Velocidade de trabalho do conjunto (m/s); Cpat : Coeficiente de patinagem (%); Vt : Velocidade teórica (m/s). A velocidade teórica, geralmente, é fornecida pelo fabricante nas especificações técnicas do trator, porém, para determinadas revoluções do motor, por exemplo: 2.600, 1.900 rpm, etc., as quaisnecessariamente não tem que coincidir com as revoluções do motor durante a operação agrícola que o conjunto realiza. Assim, para facilitar a estimativa da referida velocidade, sugerimos empregar a seguinte equação: Vt = Nop. Vtf / Nfab (3.12.) em que, Nop : Revoluções do motor realizando a operação agrícola (rpm); Vtf : Velocidade teórica de movimento, fornecida pelo fabricante (m/s); Nfab : Revoluções do motor, fornecida pelo fabricante, para a velocidade teórica (rpm). Potência requerida na barra de tração: O procedimento para estimar este indicativo, foi exposto no item 2.3. De acordo com o referido item, a potência requerida na barra de tração pode ser estimada como: PBT = FBTtot. Vtr (3.13.) em que, PBT : Potência requerida na barra de tração (W); FBTtot e Vtr : Definidos nas equações 2.4 e 3.11, respectivamente. Potência máxima na TDP: A estimativa deste indicativo foi analisada no item 2.2., no qual foi sugerido empregar o fator 0,86, ou seja: PTDPmax = 0,86. Pnom (3.14.) em que, PTDPmax : Potência máxima na TDP (W); Pnom : Potência nominal do motor, fornecida pelo fabricante (W). Eficiência tratória: Indica a quantidade de potência transmitida pelo rodado motriz à barra de tração do trator. Conforme ASAE (1989), matematicamente se expressa como: em que, Etr: Eficiência tratória (%) Potência equivalente na TPD: Conforme ASAE (1990), a potência fornecida à barra de tração do trator pode ser convertida em potência equivalente na tomada de potência (TPD), empregando-se a seguinte relação: PeqTPD=PBT/(0,96.Etr) em que, PeqTDP: Potência equivalente na tomada de potência (W). CnCpate Cn CpatEtr 003,0175,0 04,0/2,1 101,01100 3.15 Consumo de combustível total: Para estimar o consumo de combustível total foi utilizado a equação proposta por ASAE (1989), na qual considerou-se uma redução de 15% baseado em recomendações da própria literatura e ao se comparar com os trabalhos de HUNT (1970), a seguir: Cctot = 10 –3(2,64.X +3,91-0,2(738.X+173)0,5).PeqTDP (3.17) em que, Cctot: Consumo de combustível total (L/h) O valor da relação X, estima-se como: X=PeqTDP/PTDPmax 3.18) Lubrificantes: O consumo de lubrificantes, segundo ASAE (1983) é calculado por: Club= 0,59. Pnom + 0,02169 em que, Club: Consumo de lubrificantes (L/h). (3.19) 4 PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES AGRÍCOLAS MECANIZADAS No gerenciamento de operações agrícolas mecanizadas é necessário considerar que qualquer trabalho de produção agrícola, executa-se em etapas estabelecidas cronologicamente e em função da periodicidade das condições climáticas e das fases de desenvolvimento das plantas. Estas características do trabalho agrícola, evidenciam a importância de um planejamento adequado, para obter o máximo rendimento dos recursos disponíveis, com o mínimo de dispêndio. A literatura especializada MIALHE (1974), BARNARD & NIX (1976), JRÓBOSTOV (1977), sugere realizar o planejamento de operações agrícolas mecanizadas, com base nos seguintes itens: levantamento das operações a serem realizadas; estimativa do tempo disponível para cada etapa; estimativa do ritmo operacional da empresa agrícola e estimativa do número de conjuntos motomecanizados. 4.1. LEVANTAMENTO DAS OPERAÇÕES A SEREM REALIZADAS O levantamento das operações a serem realizadas requer uma divisão do trabalho em etapas, bem como um estudo individual das etapas. A divisão do trabalho deve ser feita de maneira que se obtenha uma seqüência ordenada de etapas a percorrer, desde uma condição inicial até uma condição final. Para maior clareza destes aspectos, consideramos o exemplo da operação de aplicação de defensivos, apresentado por MIALHE (1974), no qual tem-se: CONDIÇÃO INICIAL: - cultura no campo atacada pela praga; - máquina no galpão; - defensivo estocado no almoxarifado. CONDIÇÃO FINAL: - defensivo recobrindo a cultura; - máquina limpa no galpão; - registro de operação no controle administrativo; - operação contabilizada. Entre essas condições, foram percorridas as seguintes etapas: INÍCIO - preparo da máquina; - regulagem da máquina; - aplicação do defensivo no campo; - limpeza e manutenção da máquina e - controle operacional e custos. FIM O estudo individualizado de cada uma dessas etapas revela a existência de subetapas, a saber: 1 a ETAPA: PREPARO DA MÁQUINA: Subetapas: 1.1 acoplamento do pulverizador ao trator; 1.2 testes preliminares para verificar as condições de funcionamento; 1.3 eliminaçãode vazamentos e/ou entupimentos; 1.4 execução de pequenos ajustes ou reparos 2 a ETAPA: REGULAGEM DA MÁQUINA: Subetapas: 2.1 determinação do espaçamento entre os bicos na barra e respectiva posição; 2.2 aferição da velocidade de deslocamento e características da faixa de deposição; 2.3 cálculos e determinação da proporção da mistura de defensivo mais água. 3 a ETAPA: APLICAÇÃO DO DEFENSIVO NO CAMPO: Subetapas: 3.1 avaliação da área a ser trabalhada; 3.2 verificação das condições de funcionamento da máquina (velocidade, altura da barra, efeito de ventos, etc.); 3.3 registro dos tempos (de preparo, regulagens, transporte, reabastecimento e aplicação); 3.4 avaliação dos tempos mortos e trabalho efetivo da máquina; 3.5 levantamento da quantidade de defensivo aplicado; 3.6 avaliação qualitativa da aplicação do defensivo. 4 a ETAPA: LIMPEZA E MANUTENÇÃO DA MÁQUINA: Subetapas: 4.1 lavar a máquina e/ou descontaminá-la; 4.2 desacoplar o pulverizador do trator; 4.3 fazer a manutanção diária da máquina e do trator; 4.4 preencher a ficha de controle. 5 a ETAPA: CONTROLE OPERACIONAL E CUSTOS: Subetapas: 5.1 registro da operação no controle operacional; 5.2 contabilidade da operação. 4.2. ESTIMATIVA DO TEMPO DISPONÍVEL Após definidos os períodos de execução das operações, torna-se necessário avaliar o tempo disponível de trabalho nestes períodos. Isso porque, na previsão operacional, são consideradas datas limites de início e término, levando em conta apenas os fatores associados ao desenvolvimento das plantas da cultura e ao meio ambiente (solo, clima, etc.). Todavia, no trabalho das máquinas agrícolas, há interferência de fatores que são, do ponto de vista prático, incontroláveis. É o caso das horas de jornada de trabalho dos operadores, dos domingos e feriados, dos dias de chuva, dentre outros. A interferência desses fatores não deverá prejudicar ou limitar os prazos estabelecidos na previsão operacional, pois, se isso ocorrer, ficará comprometido todo o programa de produção da empresa agrícola. O programa de produção poderá ser satisfatoriamente superado através de uma adequada estimativa do tempo disponível de trabalho das máquinas, durante o período em que as operações devam ser realizadas. De acordo com MIALHE (1974), o tempo disponível para cada operação pode ser estimado pela seguinte equação: Td = [ N - (ndf + nu ) ]. Hj (4.1.) em que, Td: tempo disponível no período considerado em horas; N: número total de dias do período; ndf: número de domingos e feriados; nu: número de dias úteis úmidos; Hj: total de horas da jornada dos operadores. Os valores numéricos das variáveis N e ndf da equação 4.1., para um dado período, poderão ser facilmente obtidos consultando calendários. O valor de Hj, que depende do número de horas de serviço de cada turno de trabalho e do número de turnos diários estabelecidos para execução da operação, também é facilmente obtido. Entretanto, a determinação do valor da variável não oferece certas dificuldades e apenas poderá ser feita por aproximação estatística. Por essa razão, é impossível obter o tempo disponível exato, mas apenas uma estimativa. Considera-se em Mecanização Agrícola dia úmido, aquele em que o teor de água no solo impede ou dificulta o tráfico de tratores e o trabalho da maquinaria agrícola. Dada a escassez, em nosso País, até o momento, de pesquisas que tratem especificamente desse assunto, a obtenção de estimativa de nu apenas poderá ser feita indiretamente, utilizando-se dados de disponibilidade da água no solo para fins de irrigação. Esses estudos são feitos com base no conceito de seca agronômica proposto por MORETTI FILHO (1960), citado por MIALHE (1974), que expressa uma condição sob a qual há insuficiente disponibilidade de água no solo, à zona das raízes, para prover um ótimo crescimento da planta. Assim, é considerado dia seco o período de 24 horas durante o qual prevalecem as condições de seca agronômica. A estimativa da ocorrência de dias secos é feita levando em conta o tipo de solo, os dados meteorológicos da região e a profundidade da zona efetiva das raízes. Com base nos trabalhos de MORETTI FILHO (1960), foi elaborada a tabela 4.1., onde constam dados referentes ao número mínimo esperado de dias agronomicamente secos, para várias localidades da região canavieira do Estado de São Paulo. TABELA 4.1: Número mínimo de dias agronomicamente secos, esperado em cada mês do ano e para dois tipos de solo, na região canavieira do estado de São Paulo. MESES CAMPINAS PIRACICABA LIMEIRA RIBEIRÃO PRETO A B A B A B A B Janeiro 9 5 11 7 11 0 11 8 Fevereiro 10 4 11 7 10 0 15 12 Março 16 12 18 15 12 12 15 11 Abril 25 22 25 21 21 17 25 23 Maio 28 28 31 31 31 31 31 31 Junho 26 26 27 26 28 27 30 30 Julho 31 31 31 31 31 31 31 31 Agosto 31 31 31 31 31 31 31 31 Setembro 28 27 29 28 30 30 30 30 Outubro 20 19 22 20 18 17 23 23 Novembro 17 11 19 18 18 16 16 14 Dezembro 14 11 13 10 11 6 11 11 TOTAIS 255 227 268 245 252 218 269 255 OBS: (A: Solo arenoso; B: Solo argiloso) Exemplo ilustrativo: Determine o tempo disponível (Td) para a primeira aração que deve ser realizada no período compreendido entre 1o de Junho e 31 de Agosto, numa usina de cana-de-açúcar na região canavieira de Campinas, cujo solo é arenoso. Solução a) Cálculo de N: junho ................................ 26 julho ................................. 31 agosto ............................. 31 ------ N = 92 dias b) Cálculo de ndf: junho ................................ 4 (4 domingos) julho ................................. 5 (5 domingos) agosto .............................. 5 (4 domingos + 1 feriado) ------ ndf = 14 dias c) Cálculo de nu: número de dias secos: 88 (Tabela 4.1.) % dias secos sobre N: 95,65 % (88. 100/92) % dias úmidos sobre N: 4,35 % (100 - 95,65) número de dias úteis: 78 ( 92 - 14) número de dias úteis úmidos (nu): 4 (4,35. 78 / 100 = 3,39) (aproximação por excesso). d) Cálculo de Hj: jornada ........................ 10 horas turnos diários .............. 2 Hj ................................ 20 horas (10. 2) De acordo com a equação 4.1., tem-se: Td = [ 92 - ( 14 + 4 ) ]. 20 Td = 1.480 horas Para facilitar o cálculo do tempo disponível (Td), de cada operação do programa de produção, MIALHE (1974), sugere tabular os dados, como ilustra a Tabela 4.2. 4.3 ESTIMATIVA DO RITMO OPERACIONAL DA EMPRESA Conforme MIALHE (1974), o ritmo operacional expressa a intensidade do trabalho de execução de uma operação, isto é, a taxa de atividade operacional que permite concluir dada operação em determinado tempo. É obtido através da relação entre a quantidade de trabalho a realizar e o tempo disponível para fazê-lo, dado pela seguinte equação: Rop = Volume de trabalho / Tempo disponível (4.2.) Exemplo ilustrativo: Determine o ritmo operacional para realizar aração numa área de 363 hectares, no prazo de 1.500 horas. Rop = 363 ha/ 1.500 horas = 0,242 ha/hr ou 2.420 m2/hrVisando facilitar os
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