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1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS - UNISANTOS P R I N C I P A I S A S P E C T O S D A D I S C I P L I N A D E G E S T Ã O D E C U S T O S E M S E R V I Ç O S D E A L I M E N T A Ç Ã O CURSO: GASTRONOMIA DOCENTE: PROF. MS. JOSÉ ANTONIO EVANGELISTA 2 PONTO DE EQUILÍBRIO: APLICAÇÃO PARA MÚLTIPLOS PRODUTOS A aplicação do ponto de equilíbrio é mais facilmente entendida quando se trata de: Um único produto; Mais de um produto, desde que todos tenham a mesma margem de contribuição; Uma linha de produção em que se possa estabelecer o ponto de equilíbrio por unidade de produção (horas, toneladas, litros) No entanto, quando se tem produtos com margens de contribuição diferentes, torna-se difícil determinar o mix de produção e vendas no ponto de equilíbrio. Nesse caso, esse ponto de equilíbrio é proporcionado por qualquer combinação que resulte em margem de contribuição igual aos custos e despesas fixos. Se a quantidade de um dos produtos que compõem esse mix for aumentada, deve-se reduzir o equivalente em margem de contribuição de outros produtos para manter o ponto de equilíbrio. Observe-se o exemplo a seguir, em que há produtos com margens de contribuição iguais: Produtos Preços de Venda unitários Custos e despesas variáveis unitários Margens de contribuição unitárias A $ 800,00 $ 400,00 $ 400,00 B $ 1.200,00 $ 800,00 $ 400,00 Supondo-se custos e despesas fixos mensais de $ 30.000, o ponto de equilíbrio ocorrerá em 75 unidades, ou seja: Custos e despesas fixos PE = _______________________________ Margem de contribuição unitária Essa quantidade corresponde a 75 margens de contribuição de $ 400, o que equivale a 75 unidades de produto “A” ou do produto “B”, independentemente das quantidades de cada um. 3 Quando se tem produtos diferentes com margens de contribuição diferentes, a determinação do ponto de equilíbrio torna-se mais complexa. Considere-se o seguinte exemplo: Produtos Quant. vendidas Preços de venda unitários Custos e desps. Variáveis unit. Margens de contribuição unitárias A 50 u $ 655,00 $ 495,00 B 30 u $ 800,00 $ 550,00 C 120 u $ 1.100,00 $ 600,00 Supondo-se custos e despesas fixos mensais de $ 45.300,00, o ponto de equilíbrio pode ser obtido das seguintes maneiras: 1. Mix de produtos Participação nas vendas ou análise vertical da quantidade vendida: Produtos Quant. Análise Vertical A 50 u B 30 u C 120 u Total Margem de contribuição unitária média ponderada: Produtos Margens de Contrib. Unit. Análise Vertical Margem de Contrib. Média ponderada A X = B X = C X = TOTAL Ponto de Equilíbrio: Custos e despesas fixos PE = ________________________________________ Margem de contribuição média ponderada 4 Mix de produtos em que ocorre o ponto de equilíbrio: Produto “A”: 120 unid. X ______ = ________ Produto “B”: 120 unid. X _______ = ________ Produto “C”: 120 unid. X _______ = ________ Além dessa combinação, podem ser obtidas outras por tentativa e erro, que também acabam proporcionando o ponto de equilíbrio. 2. Ponto de equilíbrio em valor de receita Neste caso, considera-se a relação entre os custos variáveis mais as despesas variáveis de um mix de produtos e as receitas correspondentes. Observe-se uma demonstração de resultados para exemplificar: $ AV (%) Receita de vendas 500.000 (-) Custos variáveis dos prods. vendidos 300.000 (-) Despesas variáveis de vendas 50.000 (=) Margem de contribuição 150.000 (-) Custos fixos 100.000 (-) Despesas fixas 30.000 (=) Lucro operacional 20.000 Conforme os índices da análise vertical, os custos e despesas variáveis correspondem a __________ da receita. Assim, a cada $ 1,00 de receita correspondem custos e despesas variáveis de _______, e os __________ restantes constituem a margem de contribuição. Desse modo, podemos formular a equação do ponto de equilíbrio: PE Receita ( R ) = Custos e desps. Variáveis (+) Custos e desps. fixos __________________________________ __________________________________ __________________________________ PE = ______________ 5 4. DIFERENTES TIPOS DE CUSTEIO E SUAS FINALIDADES Quando nos referimos aos tipos de custeio, estamos mencionando os custos operacionais e / ou contábeis e os custos gerenciais. 4.1 – COMPARATIVO ENTRE OS CUSTEIOS CUSTEIO POR ABSORÇÃO Consiste na apropriação de todos os custos (fixos ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos. A distinção principal no custeio por absorção é entre custos e despesas. A separação é importante porque as despesas são alocadas imediatamente contra o resultado do período. Os custos relativos aos produtos em elaboração e aos produtos acabados que não tenham sido vendidos estarão ativados nos estoques destes produtos. Tal custeio é o que é aceito pela Auditoria Externa, porque atende aos Princípios Contábeis da Realização da Receita, da Competência e da Confrontação, sendo ainda o único aceito pelo Imposto de Renda. Quanto aos princípios pode-se destacar: Princípio da Realização da Receita Ocorre a realização da receita quando da transferência do bem ou serviço vendido para terceiros. Princípio da Confrontação As despesas devem ser reconhecidas à medida em que são realizadas as receitas que ajudam a gerar. Princípio da Competência As despesas e receitas devem ser reconhecidas nos períodos a que competirem, ou seja, no período em que ocorrer o seu fato gerador. CUSTEIO VARIÁVEL Só são apropriados à produção os custos variáveis. Os custos fixos são alocados diretamente à conta de resultado (juntamente com as despesas) sob a alegação de que estes ocorrerão independentemente do volume de produção da empresa. Fere os princípios contábeis da Realização, Competência e Confrontação, porque os custos fixos são reconhecidos como despesas mesmo que nem todos os produtos fabricados tenham sido vendidos. É o método de custeio utilizado para tomada de decisões. CUSTO PADRÃO Os custos são apropriados à produção não pelo seu valor efetivo (real), mas sim por uma estimativa do que deveriam ser (padrão). Pode ser utilizado quer a empresa adote o Custeio por Absorção ou o Custeio Variável. As diferenças entre o custo padrão e o custo real será objeto de análise da Contabilidade, com o objetivo de controle dos gastos e medida de eficiência. 6 4.2 – APLICAÇÃO DE CASOS PRÁTICOS 1. Ao final de 19x4 havia 20 unidades do produto X no estoque de produtos acabados, com custo de $ 20.000. Em 19x5 foram produzidas 800 unidades desse produto, e vendidas 810 unidades por $ 1.100 cada. Nesse ano de 19x5 os custos totalizaram $ 800.000 e as despesas $ 50.000. Pede-se: a) O custo dos produtos vendidos; b) O lucro bruto; c) O saldo do estoque de produtos acabados (físico e financeiro); d) O lucro operacional. 2. Uma empresa inicia suas atividades em 01.01.x9. Neste mês ocorre o seguinte: Compra de matéria-prima $ 30.000 Aluguel da fábrica $ 10.000 Mão de obra da fábrica $ 20.000 Despesas administrativas$ 30.000 Despesas de vendas $ 20.000 Custos diversos $ 15.000 Consumo de matéria-prima $ 25.000 Foram fabricadas 100 unidades do produto X, e vendidas 80 unidades por $ 1.625 cada. Determine: a) O custo dos produtos vendidos; b) O saldo do estoque de produtos acabados; c) O lucro operacional. Para isso elabore a D.R.E.. 7 3. Uma empresa fabricante dos produtos Alfa, Beta e Gama, teve os seguintes custos e despesas no ano de 19x8: Matéria-Prima requisitada $ 700.000 Depreciação de equipamentos de produção $ 80.000 Depreciação do imóvel da administração $ 20.000 Depreciação do imóvel do escritório de vendas $ 20.000 Manutenção dos equipamentos da fábrica $ 50.000 Material de propaganda $ 15.000 Materiais auxiliares de produção $ 200.000 Energia elétrica consumida pelos equipamentos da fábrica $ 300.000 Honorários da Diretoria (administrativa e comercial) $ 500.000 Seguros dos equipamentos da fábrica $ 70.000 Salários e encargos da administração $ 400.000 Salários e encargos dos vendedores $ 250.000 Salários e encargos da fábrica $ 1.200.000 Despesas de entrega das vendas efetuadas $ 10.000 Materiais de escritório da administração $ 5.000 Classifique as contas acima em Custos de Produção, Despesas Administrativas e Despesas de Vendas, apurando o montante de cada grupo. A seguir, calcule os custos dos produtos, considerando: a) Dos salários e encargos da fábrica, 70% correspondem à mão de obra direta e 30% à mão de obra indireta; b) O custo da mão de obra direta é alocado aos produtos conforme as horas apontadas de produção, tendo sido neste ano: produto Alfa = 20% das horas apontadas, produto Beta = 50% das horas apontadas e produto Gama = 30% das horas apontadas; c) O custo da matéria-prima é alocado aos produtos conforme requisições do almoxarifado, tendo sido neste ano: produto Alfa = 25% do valor requisitado, produto Beta = 40% do valor requisitado e produto Gama = 35% do valor requisitado; d) Os custos indiretos de fabricação são rateados aos produtos conforme o tempo de fabricação (considere o custo da mão de obra direta como proporção do tempo apontado. 8 6 - CUSTEIO POR ABSORÇÃO 6.1 - CÁLCULO DO CUSTO DA MÃO DE OBRA DIRETA Considera-se Mão de Obra Direta o gasto relativo ao pessoal que trabalha diretamente na transformação da matéria-prima em produto. Porém, o custo que este pessoal representa não pode ser tratado como custo direto sem antes se analisar o trabalho deles e o controle exercido sobre as horas trabalhadas. O custo direto, por definição, é aquele que pode ser medido no produto. Esse pessoal direto pode tanto trabalhar no produto como, temporariamente, executar outras atividades ou mesmo ficar parado. Somente o tempo trabalhado e apontado no produto será considerado custo direto, e o tempo não trabalhado no produto representará um custo que, para ser absorvido pela produção, deve ser agrupado nos Custos Indiretos de Fabricação. Os gastos relativos ao pessoal da produção que necessitam de algum critério de rateio para sua apropriação ao produto são classificados como Mão de Obra Indireta. Assim, por exemplo, um operário que trabalha supervisionando quatro máquinas, cada uma executando uma operação num produto diferente, terá seu custo classificado como MOI, pois inexiste forma objetiva de apropriação a qualquer um deles, devendo ser usado algum critério subjetivo para esta alocação. Da mesma forma, são classificados como MOI os gastos com o pessoal de manutenção das máquinas, com o pessoal da limpeza da fábrica. Inicialmente, poderia-se pensar que o custo da mão de obra direta corresponde à valorização das horas apontadas nos produtos, tendo como base o salário-hora contratado dos funcionários. Exemplificando: se um soldador cujo salário é de $ 4,00 por hora, apontar 3,0 horas de atividades no produto “X”, o custo da mão de obra seria: 3,0 horas X $ 4,00 / h = $ 12,00 Utilizando este critério, estaríamos considerando: a) Que o custo da mão de obra direta se refere somente aos salários dos funcionários; b) Que o custo dessa mão de obra direta se refere somente às horas apontadas nos dias em que os funcionários comparecem à empresa. Diante disto, estaríamos desconsiderando: a) Os encargos sociais e trabalhistas que a mão de obra provoca, ou seja, além das horas trabalhadas, os funcionários recebem os domingos e os feriados, têm faltas que podem ser justificadas e abonadas; b) Que os funcionários recebem da empresa outras formas de remuneração: férias, abono sobre as férias, 13º salário; c) Que, além dos valores pagos aos funcionários, a empresa tem a sua contribuição ao INSS e ao FGTS. Portanto, feitas tais considerações, deve-se entender que o custo da mão de obra corresponde aos salários mais os encargos sociais e trabalhistas. No caso de um funcionário horista, este salário corresponde às horas registradas no cartão de ponto ou em outra forma de controle de presença, ou seja, as horas em que ele esteve à disposição da empresa para trabalhar. Os domingos, os feriados e as horas ausentes justificadas e abonadas serão tratados como encargos pela empresa. Sendo o funcionário mensalista, a remuneração mensal já contempla os domingos e feriados, não sendo, neste caso, tratados como encargo, e sim como salário. 9 Encargos Sociais e Trabalhistas Os encargos sociais e trabalhistas correspondem aos gastos que a empresa tem para com o funcionário, além do salário. São as conquistas contidas em lei, acordos sindicais ou em negociações com a própria empresa. Alguns dos encargos têm sua ocorrência concentrada em certas épocas do ano, como o 13º salário e as férias, ou se acumulam em certas ocasiões, como é o caso da multa do FGTS ocasionada por dispensas sem justa causa, quando ocorrem cortes no quadro de funcionários. Esses custos sazonais precisam ser distribuídos ao longo do ano, e não absorvidos somente pelos produtos fabricados nos meses em que tais custos ocorrem. Para tornar isso possível, desenvolve-se uma tabela de encargos sociais e trabalhistas em que se obtém o percentual de encargos aplicável sobre os salários constantes da folha de pagamentos, de modo a distribuir o custo da mão de obra durante o ano. Apresentar-se-á duas tabelas de encargos sociais. Uma é aplicável aos salários de horistas e outra, aos salários dos mensalistas. Nelas não constam encargos resultantes de negociações coletivas com sindicatos de classes ou mesmo com a empresa. Nas referidas tabelas apresentam-se os encargos básicos e, na seqüência, os critérios utilizados para o cálculo de cada um deles. É importante observar que, para aplicação em uma empresa, há a necessidade de adequação à legislação trabalhista, previdenciária e tributária, pois o que esta atividade procura é oferecer apenas um roteiro básico para o cálculo dos principais encargos incidentes sobre a mão de obra. Visando o desenvolvimento da atividade, falaremos em folha de pagamento, salários e encargos sociais e trabalhistas. Cabe ressaltar, que na folha de pagamento estão discriminados os salários e os encargosque integram o Grupo “B”, e que os percentuais de encargos obtidos pelas tabelas são aplicados somente sobre os salários. Demonstra-se, a seguir, como estão agrupados os encargos referenciados nas tabelas. Grupo A: São as contribuições fixas mensais incidentes sobre a folha de pagamentos. Incidem também sobre os encargos do Grupo B, pois estes integram a folha de pagamentos.Tal incidência está evidenciada na linha 18 da tabela. Grupo B: São aqueles encargos que integram a remuneração da mão de obra e, portanto, estão incluídos na folha de pagamentos e que, por isso, sofrem a taxação dos encargos do Grupo A. Grupo C: Formado pelas obrigações trabalhistas que não incidem sobre outros encargos, nem sofrem influências deles, ou seja, não influenciam, nem são influenciados pelos encargos dos demais grupos. 10 TABELA DE ENCARGOS PARA FUNCIONÁRIOS HORISTAS DISCRIMINAÇÃO Grupos a que pertencem DOS ENCARGOS A B C 1 – INSS 0,2000 2 – SESI, SESC 0,0150 3 – SENAI, SENAC 0,0100 4 – INCRA 0,0020 5 – SEBRAE 0,0060 6 – SALÁRIO-EDUCAÇÃO 0,0250 7 – SAT (Seg. Acid. Trab.) (média) 0,0200 8 – FGTS 0,0800 9 – DSR (Desc.Sem.Remunerado) 0,1884 10 – FÉRIAS + 1/3 FÉRIAS 0,1304 11 - FERIADOS 0,0399 12 – AVISO PRÉVIO 0,0840 13 – AUXÍLIO-DOENÇA 0,0109 14 – 13º SALÁRIO 0,1087 15 – FALTAS ABONADAS 0,0150 16 – DEPÓSITO FGTS (Disp. s/ Justa Causa) 0,0152 17 – TOTAL PARCIAL 0,3580 0,5773 0,0152 18 – INCIDÊNCIAS CUMULATIVAS ( Grupo A x Grupo B ) 0,2067 19 – TOTAL DOS ENCARGOS 1,1572 20 – PERCENTUAL 115,72 OBS.: As contribuições ao INSS que as empresas deduzem dos salários dos funcionários não são custos para elas, não integrando, portanto, a referida tabela. Portanto, seriam acrescidos ao salário-hora 115,72%, relativos aos encargos, para se obter o custo da mão de obra horista. 11 TABELA DE ENCARGOS PARA FUNCIONÁRIOS MENSALISTAS DISCRIMINAÇÃO Grupos a que pertencem DOS ENCARGOS A B C 1 – INSS 0,2000 2 – SESI, SESC 0,0150 3 – SENAI, SENAC 0,0100 4 – INCRA 0,0020 5 – SEBRAE 0,0060 6 – SALÁRIO-EDUCAÇÃO 0,0250 7 – SAT (Seg. Acid. Trab.) (média) 0,0200 8 – FGTS 0,0800 9 – DSR (Desc.Sem.Remunerado) - 10 – FÉRIAS + 1/3 FÉRIAS 0,1212 11 - FERIADOS - 12 – AVISO PRÉVIO 0,0840 13 – AUXÍLIO-DOENÇA 0,0009 14 – 13º SALÁRIO 0,0909 15 – FALTAS ABONADAS 0,0100 16 – DEPÓSITO FGTS (Disp. s/ Justa Causa) 0,0125 17 – TOTAL PARCIAL 0,3580 0,3070 0,0125 18 – INCIDÊNCIAS CUMULATIVAS ( Grupo A x Grupo B ) 0,1099 19 – TOTAL DOS ENCARGOS 0,7874 20 – PERCENTUAL 78,74 OBS.: As contribuições ao INSS que as empresas deduzem dos salários dos funcionários não são custos para elas, não integrando, portanto, a referida tabela. Portanto, seriam acrescidos ao salário-mês 78,74%, relativos aos encargos, para se obter o custo da mão de obra mensalista. Cabe agora, discriminar como os percentuais de cada encargo são determinados. Grupo A: As taxas são fixadas em lei para aqueles encargos discriminados nas linhas de 1 a 8. 12 Grupo B: Para os cálculos dos encargos deste grupo considera-se 276 dias produtivos, ao ano, conforme demonstrado a seguir: Dias do ano = 365 dias ( - ) Domingos = 52 dias ( - ) Feriados = 11 dias ( - ) Férias = 26 dias úteis (*) ( = ) = 276 dias produtivos (*) Considerou-se 26 dias de férias, porque 4 domingos delas já estão no total de domingos do ano. Linha 9 – DSR (Descanso Semanal Remunerado): considerados 52 domingos para 276 dias produtivos: Linha 10 – Férias + 1 / 3 de férias: a) de horistas As férias são fixadas em 30 dias corridos; excluindo-se os domingos (pois eles foram considerados no cálculo do DSR, linha 9), temos 26 dias úteis. Como a remuneração das férias é 1 / 3 maior que a normal, temos de considerá-la no cálculo deste encargo. Esse adicional incide sobre os 30 dias das férias. b) de mensalistas Linha 11 – Feriados: agrupa os feriados nacionais, estaduais e municipais, bem como os dias santificados: 13 Linha 12 – Aviso prévio: o aviso prévio corresponde a 30 dias de remuneração, podendo ser trabalhado ou não. Para determinar o seu percentual, há a necessidade de recorrer ao histórico de avisos prévios da empresa. c) Aviso prévio não trabalhado: o funcionário é dispensado do trabalho durante o período do aviso prévio. Assim, deixa de comparecer à empresa 25 dias: 30 dias – (4 domingos + 1 feriado), considerando-se que tenha 1 feriado durante o período de aviso prévio: d) Aviso prévio trabalhado: o funcionário trabalha 25 dias durante o período do aviso prévio, ausentando-se 2 horas diariamente: Horas diárias não trabalhadas = Dias de aviso prévio (exceto domingos) = Jornada de trabalho (44 h semanais / 6 dias) = Dias trabalhados no ano = Cálculo e) Ponderação, considerando-se que 90% dos demitidos não trabalhem no período de aviso, e que 10% trabalhem: Linha 13 – Auxílio-doença: este encargo representa os 15 primeiros dias de licença, que são pagos pelo empregador. Caso o afastamento dure tempo maior, ele será custeado pelo INSS. Foi considerada que a média dos empregados que recorrem a esta licença seja: Horistas = 20% e mensalistas = 2% f) Cálculo dos horistas g) Cálculo dos mensalistas 14 Linha 14 – 13º Salário: corresponde à remuneração de 220 horas para horistas e 30 dias para os mensalistas. h) Horistas i) Mensalistas Linha 15 – Faltas abonadas: correspondem aos dias em que os funcionários não comparecem por diversos motivos, legais (tirar título de eleitor, doação de sangue) ou pessoais (acompanhar parente ao médico), que são justificados e abonados pela empresa. Considerou-se que as faltas abonadas representam 1,5% dos dias produtivos para os horistas e 1% para os mensalistas. Grupo C: Compreende 40% de multa sobre o montante de depósitos efetuados do FGTS, quando ocorre rescisão do contrato de trabalho sem justa causa. Linha 16 – Depósito do FGTS por rescisão motivada por dispensa sem justa causa: suponhamos que das demissões ocorridas 30% sejam sem justa causa. O cálculo será: j) Horistas k) Mensalistas Linha 18 – Incidências cumulativas: os encargos do Grupo A são aplicados sobre a remuneração do funcionário. Como os encargos do Grupo B integram essa remuneração, eles são taxados pelos encargos do Grupo A; daí o cálculo destas incidências cumulativas. 15 Exemplo Simplificado de Cálculo dos Encargos Uma alternativa simplificada para a tabela de encargos consiste em determinar o montante de encargos suportado por uma empresa para ter um funcionário. Utiliza-se aqui, como exemplo, a situação de um funcionário horista. Considere um funcionário contratado com salário de $ 5,00 por hora para cumprir uma jornada de trabalho de 44 horas semanais. Durante um ano terá custado $ 20.158,72 para a empresa, registrado presença na empresa por 2.023 horas, resultando em um custo de $ 9,96 por hora. Nesse custo-hora os encargosrepresentarão $ 4,96, assim calculados: Custo-hora = ( - ) Salário-hora = ( = ) Encargos = Seu percentual será de 99,20%, assim calculado: Esse percentual é inferior àquele encontrado pela tabela, pois em seu cálculo não são considerados os seguintes encargos do Grupo B: aviso prévio, auxílio-doença e faltas abonadas, bem como a incidência nestes dos encargos do Grupo A, e também, o encargo do Grupo C. Para se chegar a esses resultados considerou-se: 1) Dias comparecidos pelo funcionário durante o ano para trabalhar: Dias do ano = ( - ) domingos = ( - ) feriados = ( - ) férias = ( = ) = 2) Jornada de trabalho: 3) Salários: 4) Férias: 5) Abono de férias: 6) 13º salário: 7) Domingos e feriados: 8) Total da remuneração anual 9) Contribuições fixadas em Lei (Grupo A da tabela) 10) Custo anual 11) Total de horas comparecidas no ano ( 1 x 2 ) 12) Custo-hora ( 10 / 11 ) 16 E X E R C Í C I O S 1. O custo-hora de um funcionário é de $ 18,48. O salário-hora é de $ 8,40. Determine o percentual de encargos sociais e trabalhistas. 2. Na Marcenaria J. D. Caramuru S/A foram montadas 1.300 mesas e 5.070 cadeiras no mês de março/x7. Cada mesa consome 15 minutos, e cada cadeira 6 minutos. Na montagem há 3 funcionários com salários de $ 7,50 por hora cada, e 2 funcionários com salários de $ 8,00 por hora cada. Os encargos sociais e trabalhistas correspondem a 112,5% dos salários. Em março, mês de 31 dias, houve 5 domingos e 4 sábados (nesta empresa não se trabalha aos sábados). A jornada semanal de trabalho é de 40 horas. Durante o mês tivemos 6 faltas abonadas, 4 delas são relativas a funcionários que ganham $ 7,50 por hora. Determine o custo da mão de obra das mesas e das cadeiras. 17 3. Considere que no Departamento Alfa haja apenas 1 funcionário classificado como de mão de obra direta. Seu salário é de $ 10,00 a hora. O percentual de encargos sociais corresponde a 100% dos salários. Em certo mês de 30 dias houve 4 domingos e 1 feriado que caiu em uma 2ª feira. A jornada de trabalho é de 44 horas semanais, sem compensar os sábados. Oitenta por cento do tempo disponível foi apontado como produtivo e o restante como não produtivo. Calcule o custo do tempo produtivo, e o do tempo não produtivo. 18 6.2 – CONCEITOS E OBJETIVOS DA DEPARTAMENTALIZAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS Uma das formas dos custos indiretos serem apropriados aos produtos é através da departamentalização. Os departamentos podem ser utilizados para a acumulação dos custos. Se observarmos o organograma de uma empresa, na sua divisão fabril, encontraremos os departamentos. Tais departamentos são freqüentemente chamados centro de custos. Centro de custos é o menor segmento de atividade ou área de responsabilidade para o qual se acumulam custos. O centro de custo típico é o departamento, mas às vezes, o departamento pode ter vários centros de custos. Diante disto, uma empresa pode subdividir um departamento em setores, cada um sendo um centro de custos. Por exemplo: o departamento de costura pode ser subdividido em setor de calças, setor de camisas. Com exceção da matéria-prima, cujo custo é identificado com o produto, os demais custos de uma empresa são identificados com os departamentos, embora a matéria-prima também seja consumida nesses lugares onde os produtos são elaborados. Segrega-se dos custos dos departamentos aqueles relativos à mão de obra direta, que pode ser imediatamente identificada com os produtos, como também a matéria-prima; o que sobra são custos indiretos. Inicialmente, os custos dos departamentos são decorrentes de suas estruturas, que, como visto anteriormente, compreendem os custos fixos. Em alguns departamentos ocorrem os custos variáveis, decorrentes da produção por eles elaborada. Portanto, podemos subdividir os departamentos fabris em dois grupos: a) Um grupo formado por departamentos que não trabalham os produtos, que podemos denominá-los de departamentos auxiliares (ou de serviços), como, por exemplo, a administração da fábrica, almoxarifado e controle da qualidade; b) Um outro grupo formado por departamentos que trabalham os produtos, os quais denominamos de departamentos produtivos, como, por exemplo, departamento de usinagem, montagem e pintura. Os custos indiretos dos departamentos do segundo grupo podem ser rateados aos produtos por eles trabalhados sem muita dificuldade, como, por exemplo, ratear o custo do departamento de montagem aos produtos, com base nas horas de montagem. Para os departamentos produtivos, sempre haverá uma base que permite realizar o rateio, pois os produtos passaram por eles. O mesmo não acontece com os departamentos auxiliares; eles não trabalham os produtos, e sim auxiliam a produção quer seja gerenciando, planejando, acompanhando e controlando, atendendo às necessidades de materiais dos diversos departamentos, inspecionando os produtos, efetuando manutenção predial e de máquinas. Portanto, não há uma base de rateio dos seus custos aos produtos. No entanto, esses departamentos trabalham para outros departamentos, de tal maneira que seus custos podem ser transferidos para os departamentos beneficiados, em um processo sucessivo de rateios que culmina com seus custos apropriados nos departamentos produtivos. Assim, os departamentos produtivos, além de seus próprios custos indiretos, receberão os custos indiretos dos departamentos auxiliares (serviços). Depois, rateiam-se esses custos aos produtos. Algumas das contas relativas aos custos indiretos são identificáveis com os departamentos e outras não. Aquelas identificáveis com os departamentos chamamos de Custos Próprios dos Departamentos (custos identificados com os departamentos), e as demais de Custos Comuns aos Departamentos. 19 Exemplos de contas identificáveis com os departamentos: Mão de Obra Indireta: reconhecemos o quanto cabe a cada departamento utilizando a folha de pagamento, da qual iremos utilizar o montante de salários e acrescentar os encargos sociais. Depreciação: reconhecemos o custo da depreciação de cada departamento pelo controle patrimonial dos equipamentos ativados. Materiais Diversos (de escritório, higiene, limpeza e auxiliares de produção): reconhecemos o consumo de cada departamento pelas requisições emitidas. Exemplos de contas comuns aos departamentos: Energia Elétrica (supondo não haver um medidor de consumo nos departamentos). Água (supondo não haver um hidrômetro em cada departamento). Telefone (supondo haver uma central telefônica). 6.3 – CRITÉRIOS DE ALOCAÇÃO DOS CUSTOS PELOS DEPARTAMENTOS Determinada empresa fabrica dois produtos: “W” e “Z”. Os C.I.F. foram os seguintes num determinado mês: . Mão de Obra Indireta $ 100.000 . Energia Elétrica $ 60.000 . Manutenção $ 40.000 . Outros $ 50.000 . TOTAL $ 250.000 Sabendo-se que os gastos com mão de obra indireta representam_____________ , a empresa decide ratear os C.I.F. entre os produtos de acordo com o volume de horas trabalhadas pela M.O.D.. que foram os seguintes: PRODUTO HS TRABALHADAS / MOD W 400 Z 600 TOTAL 1.000 O C.I.F. médio, por hora trabalhada será: E o rateio ficará assim: PRODUTO C.I.F. ATRIBUÍDO W Z 20 Entretanto, observa-se que: a) A distribuição dos C.I.F. não é homogênea entre os departamentos; b) Os produtos foram mais trabalhados em alguns departamentos de produção do que em outros, montando-se os seguintes quadros: HORAS TRABALHADAS POR DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO A B C TOTAL W Z SOMA DISTRIBUIÇÃO DOS C.I.F. PELOS DEPARTAMENTOS A B C SOMA M.O.I. ENERGIA MANUTENÇÃO OUTROS C.I. SOMA CUSTO MEDIO POR HORA TRABALHADA E faz o seguinte rateio, baseado na departamentalização dos custos: Produto W - Depto. “A” : Depto. “B” : TOTAL Produto Z - Depto. “A” : Depto. “B” : Depto. “C” : TOTAL 21 COMPARAÇÃO ENTRE OS RATEIOS: SEM DEPARTAMENTALIZAÇÃO E COM DEPARTAMENTALIZAÇÃO PRODUTOS RATEIO DOS C.I.F. VARIAÇÃO SEM DEPTOS. COM DEPTOS. W Z Tal diferença é significativa, podendo ter conseqüências, por exemplo, na fixação do preço de venda de ambos os produtos. Portanto, o rateio com departamentos torna-se mais criterioso. 22 6.4 – APLICAÇÃO DE CASOS PRÁTICOS 1. A fábrica de carrinhos infantis J. D. Campos S/A produz três modelos de carrinhos: luxo, padrão e popular. Seus departamentos produtivos são: Montagem e Acabamento. Em maio, as quantidades fabricadas e os tempos unitários apontados foram: Modelo Quantidade Montagem Acabamento Luxo 40 unid. 3,0 hs 2,0 hs Padrão 60 unid. 2,0 hs 2,0 hs Popular 120 unid. 1,5 hs 1,0 h Os salários pagos pela empresa são os seguintes: no departamento de Montagem, $ 6,00 / h para cada um dos seus três funcionários diretos e, no de Acabamento, $ 8,00 / h para cada um de seus dois funcionários diretos. Em maio, tivemos 4 sábados, 4 domingos e 1 feriado que caiu em uma 4ª feira. A jornada de trabalho é de 40 horas semanais, não se trabalhando aos sábados. Considerando que os encargos sociais representam 120% dos salários, calcule: a) O custo da mão de obra direta apropriada à produção de cada tipo de carrinho; b) O custo das horas improdutivas de cada departamento. 23 2. Considere que no departamento de Costura de uma empresa haja 5 funcionários diretos. No mês de abril, de 30 dias, tivemos 5 domingos e 4 sábados (nenhum feriado). Nesse mês, ocorreram 3 faltas. A jornada de trabalho é de 44 horas semanais, não se trabalhando aos sábados. Supondo- se que ocorreram 77 horas improdutivas nesse mês, determine o número de horas produtivas. 24 3. A Fundição Açomole Ltda. fabrica três tipos de picaretas: picareta pequena, picareta média e picareta grande, em três departamentos produtivos: Fundição, Montagem e Acabamento. Na Fundição há 3 funcionários diretos com salário de $ 12,50 por hora cada. Na Montagem há 4 funcionários diretos com salário de $ 8,50 por hora cada. No Acabamento há 10 funcionários diretos com salário de $ 18,00 por hora cada. No mês de novembro / x2, de 30 dias, houve 4 domingos, 4 sábados e 2 feriados (sendo 1 em uma 2ª feira e outro em uma 3ª feira). No departamento de Acabamento houve 3 faltas justificadas e abonadas. A jornada semanal de trabalho é de 40 horas, compensando-se os sábados. O apontamento das horas produtivas resultou em: 400 horas na Fundição 500 horas na Montagem 1.400 horas no Acabamento Calcule: a) O custo do tempo produtivo de cada departamento; b) O custo do tempo improdutivo de cada departamento. OBS.: Os encargos sociais representam 112,5% dos salários. 25 7 – CUSTEIO VARIÁVEL Custeio Direto ou Variável (gerencial) É uma forma de apropriação de custos onde só os custos variáveis, quer diretos quer indiretos, e tão-somente os variáveis, são alocados aos produtos. Os custos fixos são separados e considerados como despesas do período, recaindo direto no Resultado; para os estoques só vão os custos variáveis. Custos e Despesas Fixos e Variáveis Uma classificação usual é a que leva em consideração a relação entre o custo e o volume de atividade numa unidade de tempo, dividindo-os em fixos e variáveis. Custos fixos são aqueles cujos valores absolutos não variam com os volumes produzidos. Por exemplo, mão de obra ou depreciação não guardam relação com as quantidades produzidas no mês. Unitariamente, os custos fixos são variáveis para diferentes volumes. Custos variáveis são aqueles cujos valores absolutos dependem diretamente do volume produzido. Quanto maior a quantidade produzida, maior será o seu consumo. Dentro, portanto, de uma unidade de tempo – mês/ano -, o valor do custo varia de acordo com o volume de produção, caso específico de matéria prima. Unitariamente os custos variáveis são fixos para diferentes volumes. Despesas fixas e variáveis -Teoricamente a separação entre custos e despesas é fácil: os gastos relativos ao processo de produção são custos, e os relativos à Administração, à Financeira e às Vendas são despesas. Na prática a coisa complica pelo fato de não ser possível a separação de forma clara e objetiva. Como exemplo podemos citar a área de Recursos Humanos com o mesmo efetivo prestando serviços tanto à área produtiva quanto às demais, faz-se a divisão de seu gasto total em custo e despesa, normalmente utilizando-se o critério de rateio. O que ocorre com o RH é extensivo às outras áreas que prestam serviços para toda a empresa. Contábilmente o custo dos produtos vai para o resultado quando de sua efetiva venda (Princípio da Realização), podendo permanecer em estoque ao término do período. Já as despesas recaem no Resultado dentro do período em que ocorrerem. Portanto, devemos sempre avaliar a relevância dos valores envolvidos e o percentual de participação da unidade produtiva no total da despesa antes de optarmos pelo rateio (Princípio do Conservadorismo). 7.1 – COMPOSIÇÃO E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Custos e Despesas Gerenciáveis e Não Gerenciáveis Custos gerenciáveis - São aqueles em que o responsável tem condições de agir sobre os mesmos e interferir no seu desempenho, a exemplo do consumo de suprimento de operação de seus equipamentos. Custos não gerenciáveis - São aqueles em que o responsável não tem condições de agir sobre os mesmos nem interferir no seu desempenho; apenas recaem em seu centro de responsabilidade, a exemplo do seguro sobre sinistros de instalações. É importante lembrar que para a unidade responsável pela contratação da apólice de seguro, este será um custo gerenciável, passível de redução na data-base, quando de sua renegociação. 26 Custos para Decisão: Margem de Contribuição; Ponto de Equilíbrio; Implantação de Melhorias Margem deContribuição – Obtém-se pela diferença entre a Receita de Venda e o Custo/Despesa Variável de cada produto ou de uma linha de produto; é o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de sobra entre a sua Receita e o Custo que realmente provocou e lhe pode ser imputado sem erro. Verificamos aí a não inclusão dos Custos Fixos; logo, da Margem de Contribuição de cada produto multiplicado pelas quantidades vendidas totais, devemos deduzir os Custos Fixos, chegando ao Resultado, que pode ser então o Lucro. A Margem de Contribuição torna mais facilmente visível a potencialidade de cada produto, mostrando como cada um contribui para, primeiramente, amortizar os gastos fixos e, depois, formar o lucro propriamente dito. Os produtos, ao serem fabricados, provocam a ocorrência dos custos variáveis. Além dos custos variáveis, ao serem comercializados, os produtos provocam o surgimento de certas despesas também variáveis, tais como: comissões, fretes, seguros. Assim, temos custos e despesas que ocorrem em virtude de produzir e vender. São os variáveis (custos e despesas). O custeio variável considera que aos produtos devem ser alocados apenas os custos variáveis, diferentemente do custeio por absorção, em que, além dos custos variáveis, os produtos recebem também os custos fixos. Enquanto no custeio por absorção podemos falar em lucro por produto, ou seja, que do preço de venda, deduzidos os custos de produção, temos o lucro, no custeio variável isso não ocorre. Nesse, os produtos geram uma margem denominada margem de contribuição. A margem de contribuição é o quanto resta do preço, ou seja, do valor de venda de um produto são deduzidos os custos e despesas por ele gerados. De outra forma, representa a parcela excedente dos custos e despesas que os produtos provocam (caso o preço de venda de um produto seja inferior aos seus custos e despesas variáveis, temos uma situação de margem de contribuição negativa, que deve ser revista). A empresa só começa a gerar lucro quando a margem de contribuição dos produtos vendidos superar os custos e despesas fixos do exercício. Assim, essa margem pode ser entendida como a contribuição dos produtos aos custos e despesas fixos, e também ao lucro. Em síntese pode-se afirmar, conforme Martins: “A Margem de Contribuição, conceituada como diferença entre Receita e soma de Custo e Despesa Variáveis, tem a faculdade de tornar bem mais facilmente visível a potencialidade de cada produto, mostrando como cada um contribui para, primeiramente, amortizar os gastos fixos e, depois, formar o lucro propriamente dito”. Assim, a obtenção da margem de contribuição obedece ao seguinte cálculo: MC = PV - (CV + DV) Onde: MC = Margem de Contribuição PV = Preço de Venda CV = Custos Variáveis DV = Despesas Variáveis 27 7.2 - UTILIZAÇÃO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO COMO INSTRUMENTO DECISÓRIO A análise da margem de contribuição é outro instrumento que os gerentes usam para tomar decisões. Do ponto de vista da análise da margem de contribuição, as despesas são classificadas como fixas ou variáveis. Os custos variáveis são deduzidos das vendas para obter a margem de contribuição. Os custos fixos são então subtraídos da margem de contribuição para obter a renda líquida. Essa informação ajuda o gerente a: Decidir se deve diminuir ou expandir uma linha de produção; Avaliar alternativas provenientes da produção, de propagandas especiais; Decidir sobre estratégias de preço, serviços ou produtos; e Avaliar o desempenho. Sabe-se, por exemplo, que a análise da margem de contribuição indica como melhorar a utilização da capacidade da empresa, como formular o preço para uma concorrência, e se deve aceitar um pedido, mesmo que o preço de venda seja menor do que o preço normal. A margem de contribuição é um conceito de extrema importância para o custeio variável e para a tomada de decisões gerenciais. Em termos de produto, a margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e a soma dos custos e despesas variáveis. Exemplo: Uma empresa fabrica os produtos “X”, “Y” e “Z”. Em outubro de 2002 foram produzidos e vendidos com os preços e custos abaixo: Produtos Quantidade PV Unitário CV Unitário X 1.000 un. 238,00 183,00 Y 800 un. 404,00 367,00 Z 1.500 un. 382,00 350,00 As despesas variáveis de vendas (comissões) representam 5% do preço. Os custos e despesas fixos totalizam $ 55.000,00 no mês. O resultado dessa empresa é obtido da seguinte maneira: 1) Cálculo da margem de contribuição de cada produto: Produtos Preço Unit. CV Unit. Desps. de Venda Unit. Custo (+) Desps. Variáveis Margem de Contrib. X Y Z 28 2) Cálculo da margem de contribuição total Produtos Quant. Vendida Margem de Contrib. Unit. Margem de Contrib. Total X Y Z TOTAL 3) Cálculo do resultado Margem de Contribuição Total (-) Custos e Despesas Fixos (=) Lucro Operacional Outra maneira de mostrar o resultado seria: Produto “X” Produto “Y” Produto “Z” Total Quantidade Vendida Preço de Venda Unitário Receita Custo Variável Unitário Custo Variável Despesas Variáveis (5%) Total Variável Margem de Contrib. (-) Custos e Despesas Fixos (=) Lucro Operac. 29 Uma empresa pode operar no limite de sua capacidade instalada ou abaixo dela, bem como trabalhar com outros fatores que limitem sua produção, chamados “gargalos”. Para cada caso, é necessário conhecer a margem de contribuição, por produto ou pelo fator que representa o “gargalo” da produção, a fim de maximizar o resultado. QUANDO A EMPRESA ESTIVER OPERANDO ABAIXO DO LIMITE DA CAPACIDADE INSTALADA OU NÃO EXISTIREM FATORES LIMITANTES Sempre que possível, a empresa buscará incentivar as vendas dos produtos que proporcionarem as melhores margens de contribuição, pois, assim agindo, mais rapidamente absorverá os custos e despesas fixos, e consequentemente irá gerar lucro. Observe como ocorre (utilizando o exemplo da apostila 1): Produtos Preços de Vendas Unitários Custos + Despesas Variáveis Unitários Margem de Contrib. Unitária X $ 238,00 $ 194,90 $ 43,10 Y $ 404,00 $ 387,20 $ 16,80 Z $ 382,00 $ 369,10 $ 12,90 Pela ordem, os produtos que proporcionam as melhores margens de contribuição são: 1º lugar, produto “X”; 2º lugar, produto “Y” e em 3º lugar, produto “Z”. Cada unidade de “X” proporciona $ 43,10 de margem de contribuição, enquanto “Y” proporciona $ 16,80, ou seja, seriam necessárias mais de 2 unidades de “Y” para se obter a mesma margem de contribuição de uma unidade de “X”. Se comparado com “Z”, seriam necessárias mais de 3 unidades. Não havendo fatores que limitem a produção ou as vendas, a seqüência mencionada acima costuma ser obedecida. QUANDO A EMPRESA ESTIVER OPERANDO NO LIMITE DA CAPACIDADE INSTALADA OU EXISTIREM FATORES LIMITANTES Conforme mencionou-se, quando não existirem fatores limitantes, a empresa irá buscar produzir e vender os produtos que proporcionam a melhor margem de contribuição. Porém, ocorrendo fatores que venham limitar a produção (conhecidos por gargalos de produção), há necessidade de se fazer um estudo da margem de contribuição pelo fator limitante para tomada de decisão. 30 Admita-se que os produtos “X”, “Y” e “Z” do caso anterior utilizem uma mesma matéria-prima e que, por imposição do fornecedor, são entregues apenas 90.000 kg mensais. Supondo-se que o mercado esteja disposto a consumir as quantidades a seguir,seriam necessários 95.800 kg dessa matéria-prima. Produtos Demanda Mensal Consumo de M.P. Quant. de M.P. Necessária X 1.300 u 50 kg / u Y 900 u 12 kg / u Z 2.000 u 10 kg / u Total 95.800 kg Caso a empresa venha a tomar decisões com base nas margens de contribuição dos produtos, como vimos, procuraria priorizar aqueles de maiores margens. Assim, limitados a demanda e o fornecimento mensal de 90.000 kg de matéria-prima, seu mix de produtos seria: Produtos Produção e Vendas Peso Unitário Quant. de M.P. X 1.300 u 50 kg Y 900 u 12 kg Z 10 kg Total 90.000 kg OBS.: O mix de produção e vendas foi obtido da seguinte maneira: prioridade ao produto “X” por possuir a maior margem de contribuição. Como sua demanda é de __________ mensais, consome __________ kg de matéria-prima. Ainda há um saldo de __________ kg de matéria-prima, que permite produzir “Y” ou “Z”. Como “Y” tem melhor margem de contribuição que “Z”, procura-se atender a sua demanda, exigindo ____________ kg de matéria-prima. Para o produto “Z”, sobram __________ kg de matéria-prima, o que permite uma produção de _________ unidades. 31 Com este mix, o resultado alcançado seria: Produto X Produto Y Produto Z Total Quantidade Vendida Preço de Venda Unitário Receita Custo Variável Unitário Custo Variável Despesas Variáveis (5%) Total Variável Margem de Contribuição (-) Custos e Despesas Fixos (=) Lucro Operacional Esse lucro operacional de _________________ foi obtido a partir do mix de produtos, calculado com base nas margens de contribuição deles. No entanto, esse desempenho poderia ser melhorado se levasse em consideração a margem de contribuição calculada pelo fator limitante, nesse caso, a quantidade de matéria-prima, respeitando o limite imposto pela demanda. Cálculo da margem de contribuição por quilo de matéria-prima: Produtos Margem de Contrib. Unit. Consumo de M.P. por un. produzida Margem de Contrib. por kg de M.P. consumida X $ 43,10 50 kg Y $ 16,80 12 kg Z $ 12,90 10 kg Sem considerar a existência de fator limitante, o produto “X” é aquele que proporciona a melhor margem de contribuição. No entanto, como há restrições no fornecimento de matéria-prima, para maximizar o resultado, a empresa deve buscar um mix de produtos a partir da margem de contribuição calculada pelo fator limitante. Assim, cada quilo de matéria- prima aplicada em “X” proporciona _____________ de margem de contribuição, em “Y”, ___________ e em “Z”, ________, o que resulta em nova seqüência de prioridade. Façamos uma comparação. Se deixasse de fabricar uma unidade de “X”, que consome 50 kg de matéria-prima, seria possível fabricar _________ unidades de “Y” ou ______ unidades de “Z”. Assim seria obtido com a mesma quantidade de matéria-prima, as seguintes margens de contribuição: Produto “X”: ____ kg x ______/kg = ______ (_________________) Produto “Y”: ____ kg x ______/kg = ______ (_________________) Produto “Z”: ____ kg x ______/kg = ______ (_________________) 32 Isso demonstra que com a mesma quantidade de matéria-prima (______) pode-se obter margem de contribuição de __________, se aplicada em “X”; de __________, se aplicada em “Y”; ou de _________, se aplicada em “Z”. Assim, o produto ____ deveria ser priorizado, depois ______ e por último ______. Dessa forma, com os 90.000 kg de matéria-prima, respeitando a demanda, poderia ser obtido o seguinte mix de produção e vendas que maximiza o resultado da empresa: Produtos Produção e Vendas Peso Unitário Quant. de M.P. X 50 kg Y 12 kg Z 10 kg Total 90.000 kg Com esse mix, o resultado alcançado seria: Produto X Produto Y Produto Z Total Quantidade Vendida Preço de Venda Unitário 238,00 404,00 382,00 Receita Custo Variável Unitário 183,00 367,00 350,00 Custo Variável Despesas Variáveis (5%) Total Variável Margem de Contribuição (-) Custos e Despesas Fixos 55.000,00 (=) Lucro Operacional Dessa forma, o lucro operacional passa de __________________ para _______________, quando se leva em consideração a margem de contribuição pelo fator limitante, no caso, a disponibilidade de matéria-prima. 33 9. FIXAÇÃO DO PREÇO DE VENDA 9.1 - INTRODUÇÃO Tal fixação, relativa aos produtos de fabricação da empresa, apesar de ser uma tarefa bastante complexa, que leva em consideração alguns fatores, tais como: - Características da demanda do produto; - Existência ou não de concorrentes; - Haver ou não acordo entre os produtores, é exatamente o custo de fabricação dos produtos uma variável a desempenhar papel importante, principalmente pelo fato da empresa não poder vender por um preço abaixo do custo, a não ser em circunstâncias especiais. Existem vários métodos utilizados para determinar o preço de venda, baseado em considerações de custo, tais como: 1) Com base no Custo Pleno (Custo por Absorção); 2) Com base no Custo de Transformação (Gastos com a produção. Não considerar gastos com materiais. Somente o esforço dispendido pela empresa: mão de obra direta + gastos gerais de fabricação energia elétrica); 3) Com base no Custo Variável. 34 9.2 - FIXAÇÃO DO PREÇO COM BASE NO CUSTO POR ABSORÇÃO Aqui, os preços de venda são iguais ao custo total da produção (determinado pelo custeio por absorção), mais um acréscimo percentual para cobrir as despesas operacionais, e proporcionar uma margem desejada de lucro. EXEMPLO: Uma empresa elabora um determinado produto ( A ), cujos custos unitários de fabricação são: - Material Direto $ 100 - Mão de Obra Direta $ 70 - C.I.F. $ 80 - CUSTO UNITÁRIO TOTAL $ 250 Os C.I.F. foram estimados com base no volume normal de produção e venda da empresa, e rateados para o produto com base em critérios considerados adequados. A experiência prévia da empresa é de que as despesas operacionais representam aproximadamente 40% dos custos, e ela deseja obter um lucro, antes dos impostos, de 30% sobre o total de custos e despesas. A fixação do preço de venda, seria: Custo Unitário Total $ 250 ( + ) Despesas Operacionais (40% dos custos) $ 100 ( = ) Custo + Despesas Operacionais $ 350 ( + ) Margem de Lucro (30% de custos + despesas) $ 105 ( = ) Preço de Venda $ 455 35 9.3 - FIXAÇÃO DO PREÇO COM BASE NO CUSTO VARIÁVEL Aqui, a margem de lucro é calculada sobre a soma dos custos com as despesas variáveis, e não sobre a soma do total de custos com o total das despesas, como verificado no custo pleno. Método muito mais flexível que o baseado no custeio por absorção, uma vez que permite aceitar pedidos de clientes mesmo que os preços propostos de compra sejam inferiores ao custo unitário total de produção. Basta que o preço seja superior à soma dos custos e despesas variáveis por unidade, para que a margem de contribuição unitária seja positiva, e passe a amortizar os custos e despesas fixos, e a dar lucro para a empresa. EXEMPLO:Capacidade Produtiva : 13.000 unid. Prod. Efetiva = Vendas : 10.000 unid. Custos Fixos : $ 18.000.000 Despesas Fixas : $ 12.000.000 Custos Variáveis : $ 4.000 por unid. Despesas Variáveis : $ 600 por unid. Preço de Venda (exclusive ICMS) : $ 9.000 - Empresa recebe proposta de exportação de 2.000 unidades de seu produto por $ 5.000 a unidade. Deve aceitar ou rejeitar ? - Preço de Venda : $ 5.000 - ( - ) Custo Variável Unitário : $ 4.000 - ( - ) Despesa Variável Unitária : $ 600 - ( = ) M.C. Unitária : $ 400 A empresa deve aceitar a proposta, uma vez que a produção adicional de 2.000 unidades trará uma margem de contribuição total de 2.000 X $ 400 = $ 800.000, que ajudará a amortizar os custos fixos, aumentando o lucro.
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