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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO
EQUIPE VIRTUAL DE ALTO DESEMPENHO DA 2ª REGIÃO COORDENAÇÃO DE ADVOGADOS DA PROCURADORIA VIRTUAL JEF
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO(A) 03º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
NÚMERO: 0021988-25.2018.4.02.5151 RECORRENTE(S): UNIÃO FEDERAL
RECORRIDO(S): GODOFREDO LEAL DA SILVEIRA E OUTROS
UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, representado(a) pelo membro da Advocacia-Geral da União infra assinado(a), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor,
RECURSO INOMINADO
com fundamento nos dispositivos legais aplicáveis, requerendo a remessa dos autos à Turma Recursal competente.
MARCUS VINICIUS SARAQUINO VINHOSA ADVOGADO DA UNIÃO
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RAZÕES DO RECURSO INOMINADO
NÚMERO: 0021988-25.2018.4.02.5151 RECORRENTE(S): UNIÃO FEDERAL
RECORRIDO(S): GODOFREDO LEAL DA SILVEIRA E OUTROS
Doutos julgadores, assim restou disposto em sentença:
Por todo o exposto, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS, a teor do art. 487, inciso I, do Novo CPC e condeno a parte ré na obrigação de fazer de implantar o correto pagamento dos anuênios/adicional de tempo de serviço, fazendo-o incidir sobre o total da jornada de 40 horas, apostilando-se onde couber nos assentamentos do servidor e condeno a ré na obrigação de efetuar o pagamento dos anuênios e do adicional por tempo de serviço a que faz jus a parte autora, mensalmente, considerandose o somatório dos dois vencimentos básicos referentes a cada jornada de vinte horas semanais, até fevereiro de 2015, inclusive. Condeno, ainda, a parte ré a apurar e pagar as diferenças decorrentes dessa revisão, que ocorrerá da seguinte maneira: a apuração do quantum debeatur obedecerá ao que consta atualmente no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, conforme entendimento sufragado pelas Turmas Recursais da Justiça Federal do Rio de Janeiro, em seu Enunciado 111.
Contudo, a sentença merece reforma uma vez que informou e comprovou este ente que o autor teve o seu ATS calculado sobre as 40 horas a partir de março de 2015, pelo que descabe a condenação "na obrigação de fazer de implantar o correto pagamento dos anuênios/adicional de tempo de serviço, fazendo-o incidir sobre o total da jornada de 40 horas, apostilando-se onde couber nos assentamentos do servidor".
Mais, e no que trata da correção monetária e juros, igualmente merece reforma o referido pronunciamento.
No caso em análise, os juros e correção monetária devem ser aplicados consoante o art. 1º- F da Lei nº 9.494/97, com a redação incluída pela Medida Provisória nº 457, de 10.02.2009, convertida na Lei nº 11.960/2009, segundo a qual:
Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.
Sobre o assunto, merece destaque o seguinte:
Embora o c. STF tenha declarado a inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei nº 11.960/09, quando do julgamento da Questão de Ordem nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 4357 e 4425, a referida declaração de inconstitucionalidade teve seu alcance limitado à parte em que o texto legal se inspirava no art. 100, § 12, da CF/88, incluído pelo EC nº 62/09, o qual se refere, tão somente à atualização de valores de requisitórios, motivo pelo qual se deve observar a Lei nº 11.960/09 em relação à correção monetária e aos juros de mora até que essa Suprema Corte promova o julgamento DEFINITIVO do RE nº 870.947/SE, que reconheceu a repercussão geral da matéria, nos seguintes termos:
DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.960/09.
Reveste-se de repercussão geral o debate quanto à validade da correção monetária e dos juros moratórios incidentes sobre condenações impostas à Fazenda Pública segundo os índices oficiais de remuneração básica da caderneta de poupança (Taxa Referencial - TR), conforme determina o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09.
Tendo em vista a recente conclusão do julgamento das ADIs nº 4.357 e 4.425, ocorrida em 25 de março de 2015, revela-se oportuno que o Supremo Tribunal Federal reitere, em sede de repercussão geral, as razões que orientaram aquele pronunciamento da Corte, o que, a um só tempo, contribuirá para orientar os tribunais locais quanto à aplicação do decidido pelo STF, bem como evitará que casos idênticos cheguem a esta Suprema Corte.
Manifestação pela existência da repercussão geral.
Aliás, cumpre registrar que, mesmo antes da modulação dos efeitos, em 25/03/2015, essa
E. Corte Constitucional já havia vedado, com efeito vinculante, todas as declarações de inconstitucionalidade do sistema instituído pela EC nº 62/2009 e pela Lei nº 11.960/2009, no tocante à aplicação da TR para débito não inscritos em precatórios. (RE 849418, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 12/12/2014, publicado em DJe-248 DIVULG 16/12/2014 PUBLIC 17/12/2014)
Pode-se extrair da publicação da ata de julgamento que "fica mantida a aplicação do índice
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oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da Emenda Constitucional n.º 62/2009, até 25/03/2015, data após a qual os créditos em precatório deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)".
Nessa linha, a Suprema Corte concluiu o julgamento sobre a modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade das ADIs 4.357 e 4.425, oportunidade em que definiu que a declaração de inconstitucionalidade em tela, alusiva à correção monetária pelo índice da poupança, não afeta a atualização da condenação (período entre o dano e a confecção da conta para expedição do requisitório de pagamento).
Registre-se ainda que, em 27/03/2015 (dois dias após a conclusão do julgamento da questão de ordem), o Supremo Tribunal Federal afetou o RE 870.947/SE à sistemática da Repercussão Geral por entender que se revela necessário e urgente que a Corte Constitucional reitere, em sede de repercussão geral, a tese jurídica fixada nas ADIs n.º 4.357 e 4.425, orientando a atuação dos tribunais em relação à aplicação dos entendimentos formados pela Suprema Corte.
Naquela oportunidade, consigne-se que o Ministro Relator, Luiz Fux, explicitou que, diferentemente dos juros moratórios, que só incidem uma única vez até o efetivo pagamento, a atualização monetária da condenação imposta à Fazenda Pública ocorre em dois momentos distintos:
(a) na condenação, ao concluir-se a fase de conhecimento; e (b) na fase executiva, quando o valor devido é efetivamente entregue ao credor. Nesse contexto, entendeu o relator que a "norma constitucional impugnada nas ADIs (art. 100, §12, da CRFB, incluído pela EC n.º 62/09) referia-se apenas à atualização do precatório e não à atualização da condenação ao concluir-se a fase de conhecimento".
Logo, o próprio Supremo Tribunal Federal, na repercussão geral reconhecida no RE 870.947/SE, limitou o alcance da declaração de inconstitucionalidade das referidas ADIs aos créditos inscritos em precatório, sendo portanto necessária ainda a orientação daquela Corte quanto aos entendimentos formados nas referidas ADIs.
Outrossim, não se pode desconsiderar que, não obstante em recentíssima decisão proferida no referido RE 870.947/SE, essa c. Corte tenha sido favorável à inconstitucionalidade da atualização monetária segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, ainda é desconhecido o alcance de tal decisão, encontrando-se pendente de interposição de recurso, cujo julgamento, certamente, irá determinar os exatos limites objetivos e temporais do julgado.
Será apresentada pela União a medidaprocessual adequada sobre a necessidade de modulação dos efeitos da decisão proferida no citado RE 870.947, no que diz respeito à correção monetária, a fim de que, em nome da segurança jurídica, a TR vigore até o julgamento do citado Recurso Extraordinário, qual seja, setembro de 2017.
Isso porque na Sessão Plenária em que foi finalizado o julgamento, o e. STF não deixou claro qual seria o termo inicial para a incidência dos efeitos do julgado, fazendo-se necessária a modulação pela Suprema Corte, dos efeitos do pronunciamento por ela proferido, com esteio também em razões de segurança jurídica.
Frisa-se que até a expressa declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo, com efeitos vinculantes, pairava sobre o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 a presunção de constitucionalidade inerente a todo texto legal, de modo que o referido índice vinha sendo utilizado normalmente pela União.
Atentaria contra a segurança jurídica afirmar agora, cerca de oito anos após a edição da Lei nº 11.960/09, que conferiu a atual redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97, que a declaração de sua inconstitucionalidade surtiria efeitos ex tunc, retroagindo à data da alteração legislativa.
Destaca-se, por oportuno, que a r. decisão proferida em controle difuso de constitucionalidade possui, em regra, efeitos ex nunc (prospectivos), salvo expressa previsão em contrário, o que inexiste no caso concreto.
Assim, caberá ao e. Supremo estipular o termo final da utilização da TR, a partir do qual os débitos judiciais da Fazenda Pública passarão a ser atualizados pelo IPCA-E.
Ressalva-se ainda que o Pretório Excelso pode, inclusive, fixar uma data futura que figurará como marco inicial para a produção dos efeitos da tese fixada no recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida.
De tal modo, até que a matéria seja julgada em definitivo, a inconstitucionalidade do 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009, é restrita à atualização monetária do precatório.
Desse estilo, faz-se mister que se promova a adequação do julgado, a fim de ser aplicado o art. 5º da Lei nº 11.960/09, no tocante à correção monetária, até que sejam modulados os efeitos do RE nº 870.947/SE.
Já os juros de mora devem observar o índice de remuneração da caderneta de poupança
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(0,5% ao mês), segundo o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09.
CONCLUSÃO
Requer o conhecimento e provimento integral do presente recurso.
MARCUS VINICIUS SARAQUINO VINHOSA ADVOGADO DA UNIÃO
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